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A defesa dos réus: processos judiciais e práticas de justiça da Primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil (1591-1595) PDF

454 Pages·2020·3.138 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA A DEFESA DOS RÉUS: processos judiciais e práticas de justiça da Primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil (1591-1595) ALÉCIO NUNES FERNANDES BRASÍLIA 2020 ALÉCIO NUNES FERNANDES A DEFESA DOS RÉUS: processos judiciais e práticas de justiça da Primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil (1591-1595) Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade de Brasília como requisito parcial obrigatório para a obtenção do grau de doutor em História. Linha de Pesquisa: Política, Instituições e Relações de Poder. Orientadora: Profa. Dra. Maria Filomena Coelho. Coorientador: Prof. Dr. Bruno Feitler. BRASÍLIA 2020 Aos meus filhos, João Vitor, Juliana, Matheus, Antônio e Luísa. À Camila. AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília, PPGHIS-UnB, pela oportunidade de realizar a investigação histórica apresentada nesta tese de doutorado. À Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, FAPDF, pela concessão de bolsa que permitiu custear em parte os valores gastos em Portugal, na pesquisa que fiz como investigador visitante do CIDEHUS, Universidade de Évora, em janeiro de 2019. Ao Programa de Estudos Medievais, PEM-UnB, pela possibilidade de ouvir e ser ouvido nos eventos e reuniões de pesquisa de que participei, diálogo determinante para a maturação das ideias aqui discutidas. Aos Professores Maria Filomena Coelho e Bruno Feitler. No que tem de bom, eu devo sobretudo a eles o resultado do estudo aqui apresentado. Leram, releram e discutiram pacientemente cada frase da tese, sendo dela, para a minha sorte, os mais rigorosos juízes. Foram várias as reuniões, muitas as ideias e grande a generosidade de ambos em me permitir a elaboração da pesquisa dentro de meu tempo, de acordo com minhas possiblidades e limitações. Devo-lhes o meu principal agradecimento. Aos Professores Ronaldo Vainfas e José Reinaldo de Lima Lopes pelas importantes críticas e sugestões apresentadas nas bancas de qualificação e de defesa, determinantes para o aperfeiçoamento da tese. Ao Professor André Gustavo de Melo Araújo, pela forma generosa com que criticou o estudo, ainda em seus momentos iniciais, contribuindo decisivamente para o resultado alcançado, bem como pelas contribuições dadas na defesa. À Professora Fernanda Olival, por supervisionar a pesquisa que fiz como investigador visitante do CIDEHUS, Universidade de Évora, apresentando contribuições de grande valor para o encaminhamento da investigação. À Professora Roberta Stumpf, por organizar a apresentação que fiz no CHAM, Universidade Nova de Lisboa, possibilitando a troca de ideias com seleto grupo de historiadores. À Professora Sonia Siqueira, pelas diversas conversas que tivemos, essenciais para o amadurecimento das questões aqui discutidas. Aos Professores do PPGHIS-UnB, especialmente ao Professor Estevão de Rezende Martins, pelas instigantes discussões promovidas na disciplina “Teoria e Metodologia da História”. Aos vários Colegas dos diversos eventos de que participei desde o ingresso como doutorando no PPGHIS-UnB, pelas críticas, contribuições e sugestões oferecidas. Agradeço especialmente a Afrânio Carneiro Jácome, Angelo Adriano Faria de Assis, Carlos André Macêdo Cavalcanti, César Augusto Mendes Cruz, Ferdinand Almeida de Moura Filho, Isabela de Andrade Pena Miranda Corby, Marcelo Andrade Cattoni de Oliveira, Michelle Carolina de Britto, Miguel Rodrigues Lourenço, Monique Marques Nogueira Lima, Raquel de Lourdes de Miranda e Silva Carmona, Susana Bastos Mateus e Yllan de Mattos. À Raíssa Toledo de Oliveira pela importante ajuda na transcrição de documentos e digitalização de textos. Às funcionárias e funcionários do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Biblioteca Nacional de Portugal, Biblioteca da Ajuda e da Biblioteca Pública de Évora, pela forma respeitosa e gentil com que fui atendido nestas instituições. Àqueles que contribuíram direta e indiretamente para a realização da investigação que culminou nesta tese de doutorado. A todos vocês: muitíssimo obrigado. Tereis advertência que daqui por diante não façais semelhantes prisões sem ter prova bastante para isso, pelo muito que importa não se desacreditar o procedimento do Santo Ofício, além dos danos e perdas que recebem as partes em suas pessoas e fazendas de que lhe socrestam. (Do inquisidor geral ao visitador do Santo Ofício no Brasil) RESUMO Tema pouco abordado pela historiografia, a defesa dos réus constituía importante recurso da Inquisição para assegurar a legalidade de seus processos e a legitimidade de suas sentenças. A instituição buscava construir a imagem de um tribunal justo e misericordioso, que primava pela retidão de seus procedimentos, pela observância do direito e pelo cumprimento de suas normas – o que também passava por assegurar um mínimo de defesa aos réus. Por outro lado, ao valorizar a ameaça representada pela heresia e se apresentar como instituição responsável pela defesa da fé católica e pela salvação das almas – inclusive dos incriminados –, o Santo Ofício procurava afirmar sua importância como tribunal da fé, estratégia igualmente usada para justificar a necessidade de uma visitação a terras brasílicas. Nesta tese, apresento uma história da Primeira Visitação do Santo Ofício português ao Brasil, problematizando em perspectiva histórico-jurídica o que a defesa dos réus significava para os juízes do Tribunal e para a própria instituição. O amplo corpus documental que fundamenta o estudo é composto por mais de duzentos e quarenta processos, livros da Primeira Visitação, regimentos inquisitoriais e por cartas do Conselho Geral. As discussões apresentadas nesta investigação têm como foco problemas diretamente relacionados à defesa dos réus, tais como as circunstâncias atenuantes, o defeito da prova, o arbítrio judicial, a prova testemunhal, o peso da confissão, o segredo que deveria preservar os assuntos do Santo Ofício e a defesa da salvação. Palavras-chave: Santo Ofício português. Primeira Visitação. Defesa. Circunstâncias atenuantes. Defeito da prova. Segredo processual. Prova testemunhal. Arbítrio judicial. Confissão. Salvação. Heresia. ABSTRACT A matter hardly ever addressed by historiography, the defense of defendants was an important means used by the Inquisition to ensure the lawfulness of its procedures and the legitimacy of its rulings. The institution strove to portray the image of a fair and merciful tribunal, one that strongly favored the faultlessness of its proceedings, fulfillment of the law, and observance of its norms — which likewise comprised ensuring the least of defense to defendants. On the other hand, when aggrandizing the value of a threat posed by heresy and presenting itself as the institution responsible for the safeguard of Catholic faith and the salvation of souls — including those incriminated —, the Holy Office sought to affirm its importance as the tribunal of faith, a strategy also used to justify the need for a visit to Brazil. In this thesis, I depict a history of the First Visitation of the Portuguese Holy Office to Brazil, discussing from a historical-legal perspective what the defense of the defendants represented for Inquisition judges and the institution itself. The vast number of documents on which the study is based upon consists of more than two hundred and forty files, books from the First Visitation, inquisitorial rules and letters from the General Council. Besides, the discussions presented in this investigation focus on problems directly related to the defense of defendants, such as the extenuating circumstances, faulty proofs, judicial arbitrium, testimonial evidence, the importance of the confession, the Holy Office matters’ secrecy, and the defense of salvation. Keywords: Portuguese Holy Office. First Visitation. Defense. Extenuating circumstances. Faulty proofs. Procedural secrecy. Testimonial evidence. Judicial arbitrium. Confession. Salvation. Heresy. ABREVIATURAS ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa) CGSO – Conselho Geral do Santo Ofício IC – Inquisição de Coimbra IE – Inquisição de Évora IL – Inquisição de Lisboa SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12 CAPÍTULO 1 Revisitando a Primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil .............................................. 24 1.1 A justiça da Primeira Visitação: um tribunal colegiado ................................................ 27 1.1.1 O visitador .............................................................................................................. 33 1.1.2 O bispo ................................................................................................................... 42 1.1.3 Os juízes assessores ................................................................................................ 44 1.1.4 Os promotores. Os advogados ................................................................................ 46 1.2 Os números da Primeira Visitação ................................................................................ 47 1.3 As críticas do Santo Ofício às sentenças proferidas na Mesa da Visitação .................. 57 1.4 Repensando a imagem do visitador ............................................................................... 64 1.5 A defesa dos réus, a defesa do Tribunal ........................................................................ 68 CAPÍTULO 2 “Culpas hereticais” .............................................................................................................. 70 2.1 A doença pelo remédio ................................................................................................. 71 2.2 Blasfêmia ...................................................................................................................... 73 2.3 Proposições heréticas ................................................................................................... 76 2.4 Proposições ................................................................................................................... 79 2.5 Comer carne em dias proibidos .................................................................................... 82 2.6 Gentilidades .................................................................................................................. 85 2.7 Bigamia ......................................................................................................................... 88 2.8 Luteranismo ................................................................................................................... 90 2.9 Judaísmo ........................................................................................................................ 93 2.10 Uma leitura institucional da heresia ........................................................................... 95 CAPÍTULO 3 A prova testemunhal ........................................................................................................... 96 3.1 Funções das testemunhas nos processos 3.1.1 Testemunhas ligadas ao crime a) denunciantes ........................................................................................................... 97 b) referidas por réus e denunciantes ........................................................................... 106 c) reperguntadas ......................................................................................................... 109 3.1.2 Testemunhas ligadas aos réus a) nomeadas pela defesa ............................................................................................. 115 b) requeridas pelo juízo .............................................................................................. 120 c) apresentadas pelos réus: testemunhas posteriores à sentença ................................ 121 3.1.3 Testemunhas ligadas às testemunhas de acusação a) de informação sobre o crédito dos denunciantes ..................................................... 123 3.1.4 Testemunhas ligadas ao procedimento inquisitorial a) de ratificação ........................................................................................................... 125

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