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A Coluna Prestes – Rebeldes errantes PDF

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lBTIIIIAS ' JoséAugusto Drummond ~@~[(]~ DEDALUS - Acervo - FFLCH-HI 905 A coluna prestes rebeldes errantes. T912 v.103 Coleção Tudo éHistória 3.ed. 11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 A Coluna Prestes Revolução de 30 21200041118 Anita Leocádia Prestes ,. A dominação ocsdta Italo Tronca 1930 A COLUNA PRESTES OsIlêncio dos vencidos Edgar de Decca rebeldes errantes Pequena História da República 3!ledição João Cruz Costa A Questão Nacional na Primeira República Lucia Lippi Oliveira A Revolução de 1930 Boris Fausto TOMBO: 119576 •• SBD-FFLCH-USP editora· brasiliense Copyright © by JoséAugusto Drummond, 1985 Nenhuma parte desta publicação pode sergravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do editor. ~os \~l" \j,\()'3 ISBN: 85-11-02103-5 Primeiraedição, 1985 3~ 31'edição, 1991 ÍNDICE Revisão: Suely Bastose CarlosTomioKuraia Capaeilustrações:Gilberto Miadaira 5.0g '6. O\{-~ Introdução 7 50': Os tenentes serebelam. .. .... . .... ... ..... .. 19 Nasce aColunaPrestes 26 A grande marchapelo Brasil .. ..... .... .... .. 4S Indicações para leitura ~.. .. 93 ~G~ Jp o;; I! I•.• .ca ( Rua da Consolação, 2697 " 01416 São Paulo SP Fone(011) 280-1222 -Fax881-9980 Telex: (11) 33271 DBLM BR IMPRESSO NO BRASIL ) .., INTRODUÇÃO A Coluna Prestes e o movimento tenentista Entre julho de 1924e março de 1927, a organi- zação política brasileira sofreu (e venceu!) um longo desafio: uma série de rebeliões militares armadas vi- sando derrubar o presidente da República e introdu- zir algumas modificações institucionais. O fiounifi- cador e também ponto máximo dessas rebeliões foi uma grandiosa marcha militar de 2S mil quilôme- II tros, através de catorze estados, chamada Coluna Prestes. Ela foiobra deum pequeno grupo de oficiais do Exército brasileiro que, no comando de algumas centenas desargentos, praças e civis, deram singular "A guerra no Brasil, qualquer que seja o expressão dramática à maior crise política nacional terreno, é a guerra de movimento. Para brasileira desde osprimeiros anos do regime republi- nós, revolucionários, o movimento éa vi- cano. AColuna Prestes foioepisódio mais marcante de tória." um movimento militar que depoisganharia onome de Luís Carlos Prestes, fevereiro de 1925. 8 JoséAugusto Drummond A Coluna Prestes: Rebeldes Errantes 9 tenentismo, Pretendo aqui estudar a Coluna Prestes ciais etambém asmúltiplas posições assumidas pelos sobesseaspecto; cabem, portanto, observações sobre tenentes (e diferentes aliados civis) a partir de 1930. otenentismo ou o movimento tenentista. Seusprota- De qualquer forma, tentarei resumir·os objetivos dos ) Ir gonistas foram algumas centenas de oficiais doExér- tenentes. Na oposição, entre 1922e 1930,foram anti- cito brasileiro e da Marinha de Guerra. Ele passou oligárquicos, exigindo medidas como voto secreto, 1...- por diversas fases. De 1922a 1930foi um grupo mili- justiça eleitoral, proibição de reeleições, educação tar jovem de oposição armada que pretendeu derru- pública obrigatória, moralidade política e adminis- bar pela força osgovernos de três presidentes da Re- trativa, maior independência do Legislativo e do Ju- pública e todo o sistema de alianças que os susten- diciário, revisão das leis pelo Judiciário e outras rei- tavam. Já em outubro de ~~30quase todos os oficiais vindicações comuns àsdissidências oligárquicas. Que- rebeldes, os tenentes, integraram a coalizão político- riam "republicanizar a República" dentro da Consti- militar vitoriosa no movimento armado que depôs o tuição vigente. No ano de 1930, os tenentes se divi- presidente Washington Luís eempossou Getúlio Var- diram: um pequeno número, liderado por Luís Car- gas, pondo fim à fase clássica do sistema oligárquico los Prestes, passou a defender uma mudança social brasileiro. Depois de 1930, os tenentes vitoriosos es- bem, próxima do comunismo revolucionário; mas a / tiveram no poder: foram ministros, interventores em maioria esmagadora acompanhou a dissidência oli- estados e municípios, secretários de Estado, coman- gârquica civil chamada Aliança Liberal. Essa maio- dantes de unidades militares e chefes de polícia em ria, vitoriosa no movimento de outubro de 1930, co- diversos estados. Foram importanté força de susten- mandaria um setor reformista da nova coalizão no " tação do Governo Provisório de Getúlio Vargas.-Em poder: defendeu, por exemplo, reforma agrária local fins de 1932otenentismo começou aperder sua iden- e parcial, modernização da infra-estrutura do país, tidade.política: muitos oficiais (e aliados civis) se in- qualificação técnica dos administradores públicos, tegraram à ordem política situacionista e à política industrialização, federalização das milícias esta- tradicional; outros retomaram suas carreiras milita-· duais, nacionalização das minas edasquedas d'água, res; outros ainda ingressaram em organizações polí- estímulos à siderurgia e à produção de petróleo, for- 1-" ticas civisoposicionistas, de caráter socialista ou co- talecimento das forças armadas nacionais, etc. Sua munista. posição foi centralizadora, autoritária, elitista e mo- Tema já abundantemente estudado hoje em dia, dernizante. o tenentismo é quase sempre acusado de indefinição Mas aordem política varguista incorporou gran- ideológica ou programâtica. O motivo é ãpoüCaori- de parte dessas reivindicações à sua retórica e essa ginalidade e consistência de suas reivindicações ini- rotinização fez os tenentes perderem sua especiíici- --" k - 10 José Augusto Drummond A Coluna Prestes: Rebeldes Errantes 11 dade. Principalmente apartir de 1933, uma pequena Os levantes militares de novembro de 1935 em parcela dos tenentes começou a reencontrar oscami- Natal, Recife eRio deJaneiro representaram um irô- nhos da oposição democrática, socialista ou comu- r nico ponto final nolongocicloderebeliões dosjovens nista. Alguns chegaram a formar um grupo muito oficiais: as propostas mais radicais (comunistas) to- influente na Aliança Nacional Libertadora, em 1935, maram a mais ineficaz das formas de ação antes ten- I cujas reivindicações eram do seguinte teor: instala- tadas pelo movimento tenentista - levantes de uni- ção de um governo nacional, popular e revolucioná- I dades militares isoladas. rio, suspensão dopagamento da dívida externa, den- AColuna Prestes, no meu modo de ver, foiuma I,.... núncia de tratados comerciais lesivos, nacionalização \ grande síntese da rebelião tenentista. Para melhor dos serviçospúblicos, distribuição de terra a campo- avaliá-Ia, quero colocar algumas observações sobre a neses pobres, etc. origens dotenentismo. Luís Carlos Prestes, ex-comandante da Coluna Prestes, foi presidente de honra da ANL, já como I Origens e características I, I membro do Partido Comunista do Brasil. Ele sim- I I bolizava oreencontro detenentes antigos enovoscom do tenentismo aoposição política, mas agora comuma postura nada parecida com o moderado antioligarquismo tenen- A crise do sistema oligárquico é a circunstância tista dos primeiros tempos. Significativamente, tinha histórica mais citada nas análises sobre otenentismo, '\ ,I sido Prestes ochefe 'do minúsculo grupo de tenentes ecom bons motivos. Nas décadas de 1910-20e 1920- que em 1'930não acompanhou a Aliança Liberal, 30 os militares (e não apenas os rebeldes), funcioná- acusou seu programa de "anôdino" e propôs medi- rios públicos urbanos bem qualificados, eram par- I i\' das mais radicais. Foi na Coluna Prestes, expedição cela pequena mas institucionalmente organizada de militar tenentista feita sob seu nome ecomando, que um setor emexpansão numa sociedade ainda agrária 'i Luís Carlos Prestes iniciou as reflexões que o leva- e exportadora. Asbases sociais das oligarquias esta- I:-,- riam a concluir pela insuficiência das moderadas re- vam na majoritária população rural, enquadrada po- i tI-. " :' formas institucionais por éfe defendidas de armas na , • lítica e eleitoralmente pelos mecanismos do mando- ' mão. Pouco tempo depois dessa marcha, Prestes co- nismo local dentro de uma ampla rede de alianças, ,r1' ':', I~ meçaria a seafastar dos demais companheiros. de re- patronagem e clientelismo. As populações das cida- I;.\,', i'; belião numa trajetória que, depois de vários anos, o des maiores (funcionários, operários, autônomos, pe- li: levou aocomunismo ea uma posição de liderança no quenos proprietários) eram virtualmente excluídas I. Partido Comunista doBrasil. do sistema e o pressionavam com demandas especi- D I If •••••• ,,~~ I .•.-',-- ~- .J I'c' ·1 12 JoséAugusto Drummond , A Coluna Prestes: Rebeldes Errantes 13 ~ ficas. "inimigos doExército" . Em 1921-22essesistema foitensionado pela dis- Esse elemento do ideário tenentista é derivado puta eleitoral pela sucessão de Epitâcio Pessoa. Os especialmente dos militares republicanos radicais da I candidatos eram Artur Bernardes (oficial) e Nilo Pe- década de 1890-1900, os "florianistas", que atri- çanha (oposicionista). A coligação oposicionista, a buiam ao Exército a própria implantação da Repú- 1 Reação Republicana, tentava vencer a hegemonia de blica. Os tenentes rebelados apartir de 1922também I Minas Gerais, São Paulo e a maioria dos demais es- I diziam lutar contra os políticos que "corrompiam" tados. Ela estimulou a formação de urna oposição as instituições republicanas e ainda "insultavam" militar a Bernardes com a falsificação (mais tarde seus guardiães, os militares. O paralelo termina ai, comprovada) e publicação de documentos com sua pois os tenentes rebeldes atuaram isoladamente: ao assinatura ofensivos a alguns chefes.militares, mas desafiar o poder político civil, tiveram que enfrentar Bernardes venceu a eleição de março de 1922, frus- antes de mais nada a oposição moral de quase todos trando seus opositores fardados. Foi precisamente osseus superiores (de generais a majores) ede muitos entre a eleição e a posse desse "inimigo do Exército" colegas mais jovens (capitães e tenentes). O movi- que se deu o primeiro feito tenentista: a frustrada mento tenentista enfrentou sempre a oposição ou a tentativa de golpe de 5 de julho de 1922, no Distrito indiferença da maioria dos oficiais do Exército e de Federal eemMato Grosso. quase todos osda Marinha. Embora se considerasse ,I Poucos políticos da Reação Republicana apoia- "o Exército" em missão "salvadora" (arbitral), o te- } I ram ou se solidarizaram com os rebeldes militares. ) nentismo não conseguiu mobilizar acorporação, Não No entanto, até 1927oficiais do Exército e da Mari- resolveu a contradição básica entre assumir um papel \ '!" nha continuaram a produzir revoltas cujos manifes- i corporativo e fracassar na mobilização corporativa. ~ I tos incluíram sempre um elemento que considero Ao contrário, ele sempre cindiu a organização mili- fundamental para a compreensão do tenentismo: a I tar: mesmo depois de 1930, continuou a ser apenas defesa de um papel político especial para o Exército I uma corrente política dentro doExército. Sua impor- brasileiro, como árbitro e salvaguarda última dore- tância maior é a de ter sido o principal protagonista gime republicano eda própria sociedade. Éaí que as do que foi a mais longa e grave cisão vivida até hoje explicações centradas nas origens sociais dos milita- pelo Exército brasileiro. res e na crise política civil se mostram insuficientes. O ideário tenentista partia dessa premissa arbi- ~ Épreciso examinar o caráter corporativo com que os trâria (mas nada inconsistente ou amorfa, e muito ~ militares rebeldes procuravam - e ainda procuram menos liberal-democrática) da excepcionalidade ins- ~ - legitimar suas arbitrárias intervenções contra os .titucional do Exército brasileiro. Coerentemente, as ., 1r. .)1 ~: ~ 111 ,~ 14 José Augusto Drummond A Coluna Prestes: Rebeldes Errantes IS intervenções tenentistas foram via de regra concebi- param dos tenentes enquanto profissionais de uma das "de dentro para fora" desse Exército, A ação re- corporação militar dotados de forte vinculo valera- belde dos oficiais sebaseou nos cargos e nas funções tivo em relação a ela. Bastava declarâ-los "represen- militares exercidos e nos recursos de violência (ar- tantes" de certas classes sociais ou do próprio Exér- mas, munições e soldados) reunidos pelo Exército, cito edaí derivar sua condição de inimigos da oligar- Por isso, suas rebeliões explodiam independente- quia. mente do apoio de políticos civis. Os tenentes valori- Mais recentemente, desde os estudos de Bóris zavam mais as adesões improváveis de colegas mili- Fausto e, especialmente, deJoséMurilo de Carvalho, tares do que aparticipação certa de simpatizantes ci- foram colocadas outras variáveis explicativas antes vis.Tentaram, inutilmente, comprometer generais e esquecidas e referentes ao caráter corporativo das coronéis de prestígio em suas rebeliões e assim adia- Forças Armadas: a situação profissional dos oficiais, ram ou comprometeram suas conspirações. Os te- oscurrículos dasescolas militares, ospadrões de car- nentes têm uma posição crucial na hierarquia: são os reira, as doutrinas militares, osefetivos, osorçamen- oficiais com maior contato direto com a tropa ar- tos, os padrões de recrutamento, a importância das mada (sargentos, cabos e soldados). Como discorda- policias militares estaduais, o esprit de corps, etc, vam da "acomodação" de seus superiores com a Não vou estudar aqui o,movimento tenentista, mas "corrupção política", os tenentes tentaram "substi- minha avaliação do caráter militarista da Coluna tuí-los" em revoltas onde empregavam os recursos Prestes ficará mais clara se eu tratar brevemente de institucionais de violência sob sua guarda direta, alguns condicionantes militares na formação dos ofi- rompendo a hierarquia. Toda a rebeldia tenentista se ciais rebeldes. A Coluna Prestes expressou com má- vinculava ao Exército e, em especial, ao comando de xima clareza omilitarismo dos tenentes, ou seja, sua tropa. valorização da excepcionalidade atribuída ao Exér- Até o fim da década de 1960, osestudos sobre o cito brasileiro enquanto "patrocinador dos direitos tenentismo foram influenciados por Virgínio Santa do povo". O sentido dado pelos tenentes à sua ação 1/ I Rosa, cujo clássico OSentido do Tenentismo (publi- sempre passou pela sua concepção do papel político cado em 1933) divulgou a tese de que os tenentes re- excepcional do Exército, mas os estudiosos esquece- !I<, ,,,~presentavame defendiam .os interesses da classe mê- ram de avaliar omilitarismo dessesmilitares. ,,:~:\i,diae da pequena burguesia,brasileiras, nas quais es- Nelson Werneck Sodré diz que os tenentes for- ~:;:,;tariarn suas origens sociais. Privilegiando essas ori- mavam uma nova geração militar que vivenciou a, 'I" , , gens(ignorando, aliás, muitos dados contrários à hi-. inviabilidade de um Exército forte num país agro- , n, :', p'Óte,se),Santa Rosa e seus seguidores pouco se ocu- exportador. Êcerto que os tenentes queriam apertei- ,11I '" 16 José Augusto Drummond A Coluna Prestes: Rebeldes Errantes 17 çoar oExército, mas é problemático afirmar que te- Carvalho mostra que, empoucos anos, a Missão Mili- nham percebido desde cedoas dificuldades represen- tar Francesa ajudou abloquear aação tenentista, pois tadas pelo "latifúndio" e pelos oligarcas. Mesmo as- lil introduziu procedimentos centralizadores desfavorá- ~, sim, oidealismo modernizador não foimonopólio da veis a oficiaisjovens com tendências a tomar inicia- "geração" tenentista; quase na mesma época houve i tivas autônomas. Nada indica que a Missão Militar outro grupo de oficiaisjovens cujo ímpeto moderni- ~ Francesa tenha sido divisor de águas entre legalistas zante não os conduziu à rebelião armada, Falo dos erebeldes. "germanófilos", ou "jovens turcos", que estagiaram Um dos fatores mais citados como antecedente I· no Exército alemão a partir de 1908, se organizaram do tenentismo éo ambiente especial da Escola Mili- como "grupo de pressão" modernizador e profissio- tar do Realengo, onde se formaram quase todos os nalizante e fundaram a revista A Defesa Nacional oficiais rebeldes. Criada em 1913, quase isolada na (1913),·ondeexpunham suas opiniões e projetos. Das zona rural doentão Distrito Federal, o currículo des- várias dezenas deativistas dessegrupo sósaiu um re- saescola foideliberadamente profissional eapolítico. belde na década de 1920 (Olinto Mesquita de Vas- ~ Aalta oficialidade defato pretendeu" despolitizar" o concellos), em contraste com inúmeros legalistas fa- ensino militar depois de um ciclo de rebeliões de ca- mosos como Bertoldo Klinger, Euclides de Oliveira detes entre 1895e 1904. Mas deu-se o paradoxo: se I Figueiredo e Pedro Aurélio de Góes Monteiro. Fica até 1921 não há registro de revolta ou conspiração, patente a insuficiência da explicação "geracional" em5dejulho de 1922a quase totalidade dos cadetes I quando sepercebe que dois grupos militares ativistas se declarou "conscientemente" rebelada, sendo pu- II tão próximos não sejuntaram na rebelião. nida com a expulsão. O currículo "apolitico" da Es- I Uma Missão Militar Francesa chegou ao Brasil cola Militar do Realengo acabou produzindo a mais em 1919e atuou até 1939no aperfeiçoamento de ofi- politizada geração de oficiais que o Exército já teve: ciais e instituições do Exército. Apesar de muitas ve- eles colocaram, durante muitos anos, suas concep- zescitada comoantecedente do tenentismo, não con- ções políticas acima das de seus superiores, a um '''s.,,~ seguidescobrir uma única ligação concreta entre eles. custo altíssimo para sua vida profissional e pessoal e Os oficiais rebeldes de 1922 e 1924 não estudaram para a instituição que tanto prezavam. com os mestres franceses; e não descobri evidências Analistas civispor vezesfalam da "lentidão das nem de uma influência indireta. A "guerra de movi- promoções" comomotivo da revolta dos tenentes. Na mento" adotada pela Coluna Prestes foifrancamente verdade, os principais líderes tenentistas vinham fa- contrária à doutrina militar francesa da época, que zendo carreiras bem mais rápidas do que as duas preconizava a"guerra detrincheiras". JoséMurilo de "gerações" anteriores de oficiais e nos documentos ~.- 11 f;~ 1 18 JoséAugusto Drummond da época não há ênfase nesse "injustiçamento" como justificativa para a revolta. Epitácio Pessoa, em 1919, nomeou dois civis para as pastas militares, Fato inédito nos governos r republicanos, a iniciativa desse antigo inimigo do "florianismo" parece ter incomodado apenas os ofi- ciais superiores com ambições políticas. Os tenentes f ' não fizeram desse fafo um tema de suas duras críti- cas ao presidente e ao poder político civil. É flagrante a singularidade do tenentismo na OS TENENTES SE REBELAM história das intervenções militares no Brasil: muitos li oficiais jovens, num movimento coletivo e duradou- : ro, promoveram revoltas violentas para alterar a vida A revolta de 1922 política nacional, enfrentando a cúpula militar. Sob e as conspirações seguintes .esse ângulo, otenentismo não foi amorfo, nem incon- sistente, nem liberal-democrático. A rebelião tenen- A Coluna Prestes viveu um ciclo que foi de abril tista se nutriu das circunstâncias citadas acima, mas de 1925 a março de 1927. Seus antecedentes foram as cimentou-as como uma interpretação ortodoxa da revoltas de 1922 e, especialmente, de 1924. O .movi- excepcionalidade institucional atribuída ao Exército mento tenentista nasceu em 5 de julho de 1922 com brasileiro. A defesa da legitimidade de um papel es- um golpe frustrado: levantes militares ou tentativas , pecial para os militares foi o elemento mais forte e em diversos quartéis do Distrito Federal e de Campo mais constante nas revoltas tenentistas. E a Coluna Grande (Mato Grosso), prontamente vencidos. Oepi- h Prestes foi o episódio mais expressivo desse milita- sódio do levante do Forte de Copacabana rendeu logo I' ~'I rismo dos tenentes. dois mártires e dois heróis: os tenentes Mário Car- penter e Newton Prado morreram e Antônio de Si- j" queira Campos e Eduardo Gomes foram feridos gra- vemente quando marcharam com um pequeno grupo ,'r'"I oS , contra uma numerosa tropa legalista. O episódio teve .- " .i o impacto emocional pretendido: nasceu nos meios , militares uma legenda de coragem e idealismo que :~ fixou os ressentimentos entre militares rebeldes e au- B .~ 'j • -~ ,,.

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