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A clínica da psicose PDF

109 Pages·1988·13.501 MB·Portuguese
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AURÉLIO OE ANDRADE SOUZA FILHO DURVAL CHECCHINATO OSCAR ROSSIN SOBRINHO REGINA STEFFEN A CL1NICA DA PSICOSE r;f ·: · L·�, rara: Stud10 Francis Rodngue� 1/ ··�( -··- ·�·---,·.. rc,·i.wío; CJMoli�aririaaincnec dSPeai omC pRaamoionaw rgVrlni,l lar ! F_ i'°�IS T. RC_O_J:(. ___ ,.,� _ JJ 76. 1 J, ✓· . ·e· .�.. ..Y. ._ · . -·J / Sandra Vieira Alves '··O i .l.l:'ZJj L·_é.Y ?l��J CIP-Brasil. Catalogação-na-Publicação •i Câmara Brasileiro do Livro, SP A clínica da psicose / Aurélio de Andrade Souza Filho ... C572 [et ai.] ; Durval Checchinato ( coord.) - Campinas, SP Papirus. 1988. 2.ª cd. 2. a ed. t Coleçào Campo Freml-Lacan) 1. Freud, Sigmund, 1856-1939 2. Lacan, Jacques, 1901 · 1981 3. Psicoses 1. Souza Filho, Aurélio de Andrade. IJ. Checchinato, Durvat. 1936 - Série: Campo Freud-Lacan. .. ISBN-85-308-0005-2 CDD-157.2 88-1300 NLM-WM 200 lndiccs para catálogo sistemático: 1. Psicoses : Psicologia do anormal e clínica 157 .2 DIREITOS RESERVADOS PARA A L1NGUA PORTUGUESA: @ M. R. Cornacchia & Cia. Ltda. =· pap1ru/ EDITORA Av. francisco Glicério, 1314 . z0 .and. Fone: (0192) 32-7268 - Cx. Postal 736 1301 � · Campinas • SP • Brasil proibida a reprodução total ou parcial por qualquer meio de impressão. cm forma idêntica, resumida ou modificada, em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. ÍNDICE Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Referências Históricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1 A paranóia do Dr. Schreber segundo Sigmund Freud Duri-al Checchinato 19 A função da mãe Usc:ar Rossin Sobrinho 37 A 1ópica do imaginário Regina Stelfen 49 A metáfora paterna Aurélio de Andrade Souza Filho 65 Análise e Psicose Vurval Checchinato 103 INTRODUÇÃO UURVAL CHECCHINATO Este livro se destina a dar uma visão teórica e clínica da aborda­ gem da psicose segundo os conceitos elaborados por Freud e Lacan. Freud embora alimentasse certo receio senão certa repugnância confessa cm tratar de psicóticos, não deixou de pensar sobre o problema da p:;icosc. E. paradoxalmente. suas intuições geniais deram aos pósteros subsídios inestimáveis para destrinçar os enigmas da estrutura psicótica. Foi a partir dos anos 50 que os psicanalistas se voltaram fran­ camentt.: ao tratamento da psicose. A tal ponto que em 1968 Lacan chegou a afirmar categoricamente: '' a psicose é aquilo diante do qual um psicanalista jamais deverá recuar" .1 A análise do caso do Presidente Schreber efetuada por Freud, é sem dúvida o modelo clínico mais importante. Desde sua publicação ( 191 1 l, ele tem intrigado os psicanalistas. Esse mesmo estudo tor­ nou-st.: objeto de numerosos trabalhos e publicações. Mas há duas de maior importância: os trabalhos de um grupo de psicanalistas ingleses 1.: americanos, publicados cm diversos periódicos e reunidos numa coletânea. cm francês. por Eduardo Prado de Oliveira, abrangendo o período de 1949 a 1962 � e, de muito maior importância teórica por causa de sua originalidade, o Seminário de Lacan sobre "As Psico­ ses" ". condensado de próprio punho em seus l:.crits. 4 Além do caso Schrebcr há várias histórias clínicas de tratamento e cura de psicóticos que tornaram-se célebres. E, exempli grátia, o caso de "Renée ", tratada por Madame A. Séchehaye 5• Seu belo livro, infelizmente não traduzido e1,1 português, conta a histúria de uma jovem suíça. que estando cm férias numa chácara, aos S anos de idade, ao passar perto de uma escola alemã onde os alunos l.nsaiavam um canto, teve seu primeiro surto. Após seu primeiro trajeto pelo asilo, graças à mãe que impediu que ela fosse reinternada, tem a for­ tuna de encontrar a psicóloga Madame Margueritte Séchehaye. Ma­ damc a recebe e permite que ela faça sua viagem onde "as realizações 7 simbólicas mostravam as mudanças sobre a vida afetiva'' (p. 5). Livro criticável sob o ponto de vista teórico onde se alimenta a fantasia de poder conjugar Freud e Piaget, mas muito apaixonante do ponto de vista clínico. No tocante à demitização da psicose temos que ressaltar a grande importância do movimento antipsiquiátrico. No Brasil como alhures ele provocou muito medo nos psiquiatras e psicanalistas instalados. 'Í Estamos longe de poder circunscrever a enorme influência desse movimento na conceituação da loucura e, conseqi.icntcmentc no ques­ tionamento da validade das instituições psiquiátricas. De qualquer maneira é preciso levar cm conta a diferença específica dos diversos movimentos na Itália, na Inglaterra, nos Estados Unidos e cm França. Embora todos os antipsiquiatras empunhem a bandeira da denúncia do poder policialesco da psiquiatria, eles se caracterizam por enfoques teóricos e clínicos distintos. No movimento inglês a história corno­ vente de Mary Barnes 6 se tornou exemplo lúcido de que a loucura precisa ser recebida. Esse caso vem ilustrar mais uma vez que a clinica­ da loucura não é algo que possa ser generalizado e, sim, que importã descobrir o caminho de cada louco na reconstituição de sua história. A propósito de psicanálise e instituição gostaríamos de nos refe­ rir ao belo trabalho de Maud Mannoni em Bonneuil 7, França, à rica experiência de Jean Oury na clínica "La Borde"" e, finalmente, ao esforço teórico e prático de Ginette Raimbault 9 em explicitar a função do psicanalista no hospital geral. -- Outro estudo deveras pertinente é "L'enfant de Ça" 10 onde os autores Jean Luc Donnet e André Green, a partir de uma entrevista gravada apresentam uma análise do discurso psicótico e, conseqüente­ mente, tecem considerações sobre a psicanálise num serviço multidis­ ciplinar e sobre as vicissitudes da psicanálise às voltas com a psicose. Acreditam dar uma nova contribuição à abordagem da psicose através de um "estudo o mais profundo possível de uma primeira e única entrevista. . . gravada e transcrita sob a forma de um texto submetido a análise a posteriori" (p. 225). Dizem ter escolhido um paciente que ilustra o que chamam de "psicose branca", a saber, "o germe da psico­ se". Trata-se de um paciente que é filho do genro e da sogra "sou um filho disso(ça)". A partir daí sua mãe e sua :rmã se divorciam. A mãe se une a um português e mais três crianças entram em cena. Aos 18 anos, após uma mudança, passa a dormir em companhia da mãe e do padrasto num mesmo quarto. � aí que a depressão se instala e começa seu drama. Do ponto de vista teórico o livro é sem dúvida interessante. 8 Gostaríamos de mencionar o trabalho de Heitor O. de Macedo, "Ana K. ou A Conjugação do Corpo, História de uma Análise" 11• Trata-se de um trabalho emocionante. Tirante r;ertas limitações teóri­ cas e de apresentação que poderiam bem ser evitadas, uma série enor­ me de galicismos desnecessários, o livro atrai pela simplicidade e pelo rigor ético em conjugar teoria e prática. Além disso. a posição do autor a respeito da terapia ocupacional me parece a mais precisa: ela só tem sentido se acolhida pelo trabalho da análise. O livro tem o grande mérito de expor uma prática. Finalmenti.:, entre nós, o exemplo comovente de simplicidade do terapeuta ocupacional Rui C. Jorge 1� a contrastar com o psiquiatra que o introduz defendendo (por que será?) a hospitalização como não cronofkante. O que importa é que M. S., esquizofrênica crônica, encontrou em Rui o fulcro para voltar à n:alidadc e redimensionar o seu desejo. Quem diria que as pirâmides de Pfister chegassem a tanto! O trabalho de Rui vem mais uma vez provar que o ecletismo é a pior forma de abordagem clínica, porque fragmentada, perversa, ilusória, sendo que toda clínica tem o dever ético de gerar uma praxis comprovada. Agindo na linha de Winnicott, Rui defende "a crença em que um ambiente de trabalho e carinho, aliado ao relacionamento com pessoas de boa vontade e treino adequado, podem salvar o outro da angústia e do desespero que o levam à loucura" (p. 18). É curioso notar que as várias curas de esquizofrênicos publicadas são efetuadas por psicólogos, psicoterapeutas ocupacionais ou por psi­ canalistas. Rarissimamente por psiquiatras. De maneira alguma pretendemos ser completos ao delinear esse horizonte. Ele marca apenas um decote efetuado pelo autor. Voltemos agora àquilo que nos entreterá ao longo dessas pá­ ginas. O trabalho que ora publicamos tem dupla origem: de um lado é o resultado de anos de reflexão sobre contribuições de Freud, Lacan et alii e, de outro, é o resultado de uma perquirição constante e impla­ cável da melhor coerência com a prática. Disso resultou uma praxis que eticamente norteia por vários anos uma atividade clínica com psicóticos em Campinas (SP) e Salvador (BA). Seus efeitos se com­ provam alentadores. Todos os pacientes que recuperaram sua saúde, e já são bastantes, não mais tiveram recaída. Ao longo desses textos tentamos guardar a melhor coerência interna, de tal maneira que o leitor possa ter um testemunho de nossa prática. É apenas um dos caminhos. Há tantos outros. Há mesmo a 9 rem1ssao espontânea. O nosso propõe aceitar a interrogação da lou­ cura sobre nós mesmos e viver com o paciente a aventura desse im­ pacto. f um caminho sofrido: seguimos de dia ou de noite as angústias da loucura em aberto. Paciente, família, psiquiatra, psicanalista, tera­ peuta ocupacional, assumem plenamente o ritmo descompassado dos delírios e alucinações. Numa palavra, não fazemos outra coisa que acolher ó louco na trama e no drama de sua dolorida história h11mana. Que o leitor tenha aqui um testemunho de nosso mister. REFEReNCIAS BIBLIOGRAFIC' AS J Ornicar? N.0 9, p. 12 - avril 1977. Overture de la Section Clinique -­ Bulletin Périodique du Champ Freudien; 31. rue de Navarin. 75009 - Paris. 2 Le Cas Schreber - Contributions Psychanalytiques de Langue Anglai�e - Baumeyer F. et alii - Presses Universitaires de France, Paris. 1979. En\,, português, dessa coletânea, "O Caso Schreber, um Perfil Psicanalítico de umlT Personalidade Paranóide. ., traduzido e editado pela Ed. Campus - Rio de Janeiro. estampa apenas os trabalhos de Willian G. Niederland. 3 É<litions du Seuil -- Paris - 198 I. 4 Lacan, J. - Ecrits, Editions du Seuil, Paris, 1966. "Este artigo contém. diz ele à p. 531, o mais importante daquilo que demos em nosso seminário durante os dois primeiros trimestres do ano escolar 1955-56, ficando então fora o terceiro". 5 Séchehaye. M. - Journal D'une Schizophrene - Presses Universitaires de France - Paris - 1978. 6 Barnes, M. e Berke, J. - Viagem através da Loucura. Francisco Alves. SP. Brasil, 1977. 7 Mannoni, M. - Un Lieu pour Vivre - Éditions du Seuil, Paris. 1976. A autora afirma que "é preciso ser Lacan para suportar Bonncuir'. Vide outrossim da mesma autora. "Educação Impossível", Francisco Alves Edi­ tora - Rio de Janeiro - 1977. 8 Michaud G., Laborde, Gauthiers - Villars - Paris - 1977. 9 Raimhault G. - Médecins d'enfant� (Onze Pédiatres. une Psychanalyste), Editions du Seuil, Paris, 1984. Vide outrossim: Raimbault G. - Clinique du Réel - La Psychanalyse et les Frontiêres du Médica! - É<litions du Scuil, Paris, 1982. 10 Donnet J. L. et Green A. - L'enfant de Ça - Les É<litions de Minuit - Paris - 1973. 11 Macedo de H.O. - Ana K. ou A Conjugação do Corpo - História de uma Análise - Francisco Alves - Brasil - 1983. 12 Jorge Rui C. - Chance para uma Esquizofrénica - Belo Horizonte - MG - Brasil. 1980. 10 Referências históricas tradução e adaptaçào: DURVAL CHECCHINATO REFERÊNCIAS HISTÓRICAS Conceito A análise que aqui fazemos se vale de um texto de "Discours Psychanalytique" n." 10, março de 1984, revista da "Association Freu­ dienne" de França 1• Na realidade esse texto faz parte do projeto de um novo dicionário de conceitos psicanalíticos após o "retorno a Freud operado por Lacan". O termo em pauta é: Verwerfung, cuja tradução em português efetuamos pelo neologismo: Foraclusão !!. Para tanto nos valemos da série latina ex-cludere (excluir), in-cludere (incluir) . . . e elaboramos para o verbo "verwerfen" o vocábulo foras-cludere (foracluir), entendendo-se por ele aquilo que ficou "fora" da signi­ ficação ou mais radicalmente ainda, aquilo que não pôde se significar. A tradução "fo rclusão". por vezes encontrada em português, não se justifica lingüisticamente; é puro galicismo. Esse termo aparece em Freud pela primeira vez em 1894 quando em "Psiconeuroses de Defesa" tenta uma primeira distinção entre neurose e psicose. Assim se exprime: "Existe uma espécie de defesa bem mais enérgica, bem mais eficaz consistindo em que o ego rejeita ( "verwirft ") a representação insuportável simultaneamente com seu afeto e se conduz como se a representação insuportável não tivesse jamais chegado ao ego" ª. Em 191 1, paradoxalmente, ao analisar o texto do Presidente Schreber como exemplo típico de um caso de psicose, ele não emprega o termo "Verwerfung". É em 1915, em "O Homem dos Lobos", que Freud nota serem seus referenciais teóricos insuficientes. Acreditava-se tratar de um neurótico. Mas os termos Verwerfen - Verwerfu ng voltam em várias passagens do texto. O que é importante é que a foraclusão marca a relação do sujeito com a castração. "Nós já sabemos que atitude nosso 13

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