Os maias possuíam um difícil e complicado sistema de escrita glífica, na qual se identificaram recentemente 862 caracteres distintos. Empregavam o zero em seu engenhoso sistema trinumeral e vigesimal, com o qual podiam escrever quantidades até o infinito. Tiveram quatro calendários: um ritual (Tzolkín) de 260 dias, um civil (Haab) de 360 dias – formando os dois a famosa Roda Calendárica –, e outros dois para uso exclusivamente científico. Seus conhecimentos astronômicos eram extraordinários: não só encontraram a rotação do planeta Vênus em sua órbita com um erro de apenas 14 segundos, mas também a sua rotação sinódica, e representaram em seus códices tabelas de eclipses e os signos zodiacais.
Sua arquitetura, pela beleza e suntuosidade, não teve rival entre as civilizações pré-hispânicas, como é atestado pelos inúmeros templos em metrópoles como Teothihucán e Monte Alban, Palenque, Copán e Yaxchillán, na área central, Uxmal e Chichén Itza, no Yucatán, Tikal, a cidade dos Deuses, onde se encontra a maior pirâmide de toda a América.
O professor Paul Gendrop dedica esse volume ao povo que foi capaz de tantas realizações num território inóspito de 325 mil quilômetros quadrados que abrange cinco estados do México atual, quase toda a Guatemala, parte de El Salvador, parte de Honduras e Belise. Descreve o que se sabe de suas origens, o período formativo, desde 2.500 a.C. até 200 d.C., com destaque para o impacto olmeca nos antecedentes da civilização maia, e concentra-se então nas diversas fases do período clássico, o qual culmina com a Idade do Ouro dos Maias. Os dois últimos capítulos ocupam-se do declínio do clássico e do período pós-clássico (de 1.200 a 1.540, correspondente à absorção mexicana). A economia, a organização social e política, a religião e os rituais são tratados aqui com admirável poder de síntese, apoiado em recentes elementos arqueológicos e etnológicos, e enriquecido por ilustrações.