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A beleza como experiência de Deus PDF

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2 Índice INTRODUÇÃO CAPÍTULO I 1.1 A arte sacra como comunicação 1.1.1 O que os símbolos nos comunicam? 1.1.2 A “igreja é símbolo da Igreja" 1.1.3 A simbologia e seus fundamentos 1.2 A experiência cristã da beleza 1.3 A diferença entre arte sacra e arte religiosa CAPÍTULO II 2.1 Como o Concílio tratou da arte sacra 2.1.1 No espírito do Concílio 2.1.2 A CNBB e a arte sacra 2.2 A iconografia bizantina 2.2.1 “Voltar às fontes" 2.2.2 O ícone e a arte em geral 2.2.3 A arte do ícone 2.3 O ícone e o artista 2.4 A imagem de Cristo 2.4.1 Emanuel: o menino Deus 2.4.2 A Sagrada Face 2.4.3 O Pantokrator 2.4.4 A imagem de Jesus em diversos ícones 2.5 A imagem da Trindade 2.5.1 A Trindade de RUBLEV 2.5.2 A Trindade de MASACCIO 2.6 Beleza e unidade CAPÍTULO III 3.1 A função da arte sacra 3.2 A arte sacra na contemporaneidade 3.3 A Teologia do Ícone, uma Teologia da Beleza 3.3.1 A Teologia da Presença 3.3.2 A beleza salvará o mundo? 3.3.3 A beleza fugaz 3.3.4 A redenção da beleza 3.3.5 Testemunhas da Beleza CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 3 INTRODUÇÃO O grande Aristóteles já dizia que não podemos viver sem felicidade. Da mesma forma, podemos dizer que não podemos viver sem beleza: “Sim, porque a grandeza e beleza das criaturas fazem, por comparação, contemplarmos o Autor delas” (Sb 13,5). Contemplamos a beleza das criaturas sustentadas pela Luz de sua Face (cf. Sl 139,7). A contemplação do Sentido último de toda criatura nos coloca num lugar privilegiado da criação. Partimos do pressuposto de que, pela Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, a pessoa humana é renovada, restaurada em sua Imago Dei. O cristão passa a ter uma nova visão do mundo criado, contempla-o com novos olhos. A partir disso, fundam-se novas formas de agir criativamente sobre a matéria que está cristificada, como diz Teilhard de Chardin. A arte sacra é um lugar epifânico, de revelação da beleza do Criador. A experiência cristã da beleza passa por essa percepção de um olhar transfigurado e transfigurador da realidade. Assim, o objetivo deste estudo é abordar a experiência cristã da beleza através da iconografia resgatando a experiência estética mais genuína do Cristianismo que aponta para prolegômenos de uma “Teologia da beleza”. Além de recolher várias bibliografias sobre o assunto, o trabalho surge a partir de uma experiência pessoal da pintura sacra que busca inspiração na arte cristã dos primeiros séculos. Para a organização do material, dividiu-se o assunto em três capítulos: num primeiro momento trataremos sobre o simbolismo na arte em geral, onde algumas linhas de pensamento serão abordadas no campo da filosofia, da psicologia junguiana e até da biologia, mas a base para o discurso sobre a arte é o conceito de L. TOLSTOI, ou seja, a arte como comunicação simbólica dos sentimentos e sua relação com a experiência cristã da beleza; num segundo momento, mais exaustivamente, o tema de reflexão será a arte sacra depois do Concílio Vaticano II e da redescoberta da arte bizantina. O Vaticano II, ao propor uma eclesiologia genuína, que voltasse às origens, influenciou também uma arte que voltasse às fontes do cristianismo tendo a iconografia como modelo, e se inculturasse nas diferentes realidades; no último capítulo, abordar-se-á a experiência cristã da beleza hoje, tratando mais especificamente da arte sacra e sua função na contemporaneidade. Da beleza criada, o cristão passa à experiência da Beleza divina, presente na criação. Com isso, pode-se falar de uma Teologia da Beleza, a partir do ícone. É uma Teologia da Presença, do Deus sumamente verdadeiro, bom e belo. Cristo, Face da Beleza em si, como Redentor de todo o cosmos, redimiu também a beleza criada. Nesse caso, a beleza salvou, salva e salvará o mundo! Os cristãos são testemunhas da Beleza. 4 O tema da iconografia está começando a ser explorado no Ocidente, principalmente na área da espiritualidade. Há pouca bibliografia na área. Mesmo assim, procurou-se enfatizar o assunto de uma forma que o leitor, mesmo o não iniciado na linguagem estética acadêmica, possa tirar proveito e sirva-se de uma introdução para um posterior aprofundamento. Apesar de ser um tema que rende muito discurso, nada se compara à experiência de contemplar o ícone em si. Em suma, é a partir da fé na Encarnação, que este estudo apresenta a beleza como experiência de Deus. O ícone é a expressão mais genuína da expressividade cristã. É a partir do ícone que a arte sacra encontra sua identidade como arte litúrgica, evangelizadora, comunicadora da profunda experiência de Deus. O artista sacro, rompendo com o seu egocentrismo, é instrumento de ação criativa e comunicativa que Deus misteriosamente quis associar à sua ação criativa e comunicativa, tornando-o cocriador e transfigurador da matéria expressa na arte litúrgica. A arte tem um sentido na mão do iconógrafo, como a história da matéria o tem na mão do Divino artista, o de expressar a Beleza/Amor que se manifesta na comunicação perfeita da Trindade. Beleza é comunicação, pois só há beleza em relação de alguém para alguém. A iconografia é sacramento dessa comunicação misteriosa. 5 CAPÍTULO I A FORÇA DO SIMBOLISMO NA ARTE E m toda a história da arte ocidental, nunca houve uma pluralidade tão grande de estilos e de manifestos em sua defesa, como se verificou no século XX. Tivemos tantos conceitos do que seria o belo, a obra-prima, a arte, que encheríamos muitos livros apenas discorrendo sobre conceitos. Todavia, não poderíamos estabelecer uma estrutura de pensamento ou um discurso sobre a arte se ficássemos no extremo relativismo. Há possibilidades de unidade dentro dessa pluralidade? Quem fala a verdade? Onde estão os fundamentos? O que é o belo? O que é a arte? Na aurora do terceiro milênio, experimentamos a pós-modernidade com a pregação do fim das utopias, das metanarrativas, dos ideais, do sonho. Resta-nos o presente. Depois da arte pós-religiosa, da cultura de massas, fala-se da cultura e da arte do pós-humano, a cibercultura, o ciberespaço e a ciberarte. Nesse campo, há muitos discursos e muitas incertezas. Porém, negar essa realidade é retroceder à obscuridade. Isso não é inteligente, se concebemos a pessoa como um ser aberto à autotranscendência e que, num processo de assimilação e acomodação, evoluiu segundo sua natureza. Construindo, desconstruindo e reconstruindo, a pessoa faz a experiência de sua própria sacralidade, que consiste em ser alguém capaz de criar e reinventar, espelho de um Outro, que é o sentido dessa ação. Por isso vimos, no decorrer dos tempos, tantos conceitos de arte. Entretanto, os teóricos quiseram demonstrar mais o dinamismo do processo de se compreender o que é belo do que querer compreender o que é a arte. Isso se aguçou com a fundação da Estética (Aisthesis = faculdade de sentir, compreensão pelos sentidos de modo totalizante) por BAUMGARTEN (1750). Tivemos conceitos desde os mais “sublimes” até os mais fisiológicos do que seria a arte. Se HEGEL afirmava que a arte era o “abrandamento da barbárie” (1806), DARWIN, SPENCER e SCHILLER dirão que ela “emerge do mundo animal, acompanhada por uma excitação agradável da energia nervosa”. Os conceitos de arte, pelo que percebemos, obedeceram a dois ramos: o da concepção da arte tendo como objetivo o prazer pelo prazer (subjetivismo) e o da arte tendo como objetivo a contemplação do belo ideal (objetivismo). As duas correntes tiveram grandes representantes: a primeira, David HUME e NIETZSCHE, e a segunda, I. KANT, HEGEL e outros. Porém, levadas a cabo, as duas correntes desvinculam o real do ideal, a pessoa situada historicamente do universal, a pessoa do objeto contemplado. Não há interação. Segundo L. TOLSTOI (1828-1910), “[...] a razão disso é que o conceito de beleza foi colocado na base do conceito de arte” (2002, p. 69). 6 Lev Nikolaievitch TOLSTOI desenvolveu um raciocínio sobre a arte diferente daquele biologicista e do idealista, partindo de uma perspectiva mais existencial. Antes de discorrer sobre o Belo (ideal), ou ficar no discurso da arte como mero prazer, o autor russo exalta o cotidiano da relação com a natureza, a mística, a história dos simples, os milhões de anônimos, que não são objeto ou modelos dos “artistas oficiais”. Para ele, a arte é essencialmente comunicação dos sentimentos coletivos. Ao abordarmos a arte sacra, estamos falando de uma arte que deve ser comunicativa, que facilita a experiência do Sagrado. Ela funda o âmbito de presença do Sagrado. O Ocidente, ao querer libertar a arte dos ditames da religião e dos cânones da natureza, assumiu uma posição elitista, onde se tornou produto apenas de uma classe de “iniciados”. Poucas pessoas têm acesso à compreensão e experiência de beleza na arte dita contemporânea. Fala-se até da “morte da arte” no Ocidente pós-moderno. Depois da “morte de Deus”, assistimos à “morte do humano"? A arte sacra como expressão simbólica do que o homem e a mulher de hoje buscam pretende, não negando o presente, buscar nas raízes do cristianismo a essência da comunicação com Deus, que é o sentido perante uma era supostamente sem sentido. 1.1 A arte sacra como comunicação Apesar da cultura ocidental testemunhar o oposto, na maioria das vezes a arte não é apenas prazer, entretenimento. Ela é um órgão constitutivo da vida humana, transmitindo a percepção racional das pessoas para o campo dos sentimentos. Ela faz parte daquilo que define o ser humano e o integra ao seu mundo e à transcendentalidade. Por isso, a tarefa da arte é enorme. A arte, por ser ação humana (do latim ars = ação), não está desvinculada das outras dimensões da pessoa: “O artista, portanto, é alguém que age concretamente, não abstrata e universalmente” (ROHDEN, 1990, p. 29). Toda a ação humana que promove a própria humanidade é integradora, faz união, comunhão. A arte, então, quanto mais comunicativa, mais exercerá seu papel. Essa comunhão transcende o tempo e o espaço: “[...] há alguma coisa na arte que expressa uma verdade permanente. E é essa coisa que nos possibilita – nós que vivemos neste século – o comovermo-nos com as pinturas pré-históricas das cavernas e com antiquíssimas canções” (FISCHER apud GRAÇA,1983, p. 35). Muitos anos antes, L. TOLSTOI, contrariando muitos gigantes da estética, mesmo BAUMGARTEN, HEGEL e SCHILLER, redarguiu que a “[...] arte é a atividade humana que consiste em um homem conscientemente transmitir a outros, por certos sinais exteriores, os sentimentos que ele vivenciou, e esses outros serem contagiados por esses sentimentos, experimentando-os também” (2002, p. 76). A arte, quanto mais 7 comunicativa, mais atinge sua função, nesse conceito. O presente estudo tem tal definição de arte como fundamento do seu discurso. A arte funciona como um intercâmbio humano, necessário para a vida e para o movimento em direção ao bem de cada pessoa, unindo-os em um mesmo “sentimento”. Assim, a capacidade humana de “contagiar-se” por meio da arte proporciona à pessoa acesso a tudo o que a humanidade experimentou antes dela, há milhares de anos, sendo assim possível para ela transmitir isso a outras pessoas. Daí a constatação de E. FISCHER de que há algo na arte que nos comove, que com palavras não podemos expressar – é algo inefável. Perante esse inefável, esse mistério, como não se consegue exaurir em explicações conceituais, o ser humano estabeleceu símbolos. Esses elementos são inspirados em realidades visíveis, que expressam o inefável, o mistério insondável, o transcendente. Por isso, o artista sacro, ou iconógrafo, tem de ser alguém que procura ter profunda experiência do transcendente. Assim, ele “escreve” o que vivenciou através dos símbolos, transmitindo a outros sua experiência de transcendência. 1.1.1 O que os símbolos nos comunicam? A história mostra que tudo pode assumir uma significação simbólica: objetos naturais (pedras, plantas, animais, homens, montanhas, astros etc.) ou mesmo formas abstratas (números e figuras geométricas). Todo o cosmos é símbolo em potencial. Urbano ZILLES (2001, p. 11) nos diz: “O símbolo é um fenômeno originário do ser humano que corresponde a sua estrutura corpóreo-espiritual e social fundamental. O perceptível pelos sentidos é capaz de expressar algo para além do sensível”. Esses sinais, entretanto, pressupõem compreensão de uma comunidade. Se não conhecemos o ser humano em sua intimidade a não ser por meio dos seus gestos e suas palavras, muito maior é a necessidade dos símbolos, para que possamos nos aproximar da intimidade de Deus. Deus se nos revela através dos símbolos. A religião pode ser considerada como “[...] um sistema de símbolos para a comunicação com Deus” (idem, p. 12). O símbolo pertence à categoria dos signos ou sinais. Quando tais sinais constituem unidade com o que significam, são chamados símbolos. Etimologicamente, o símbolo (symballo) é um objeto partido em dois, cujas partes confrontadas, unidas, permitem-nos reconhecer quem as possui. Ele é bipolar, conjuga visível e invisível, o presente e o distante. É sempre um objeto ou gesto que tem seu valor não em si, mas no que representa. Ele participa, porém, da realidade para a qual indica. Na arte sacra ocorrem símbolos espontâneos decorrentes da vinculação com a natureza, com a mística, com a caminhada eclesial, com a doutrina. 8 A relação da humanidade com Deus necessita de símbolos. Toda a criação apresenta-se à pessoa de fé como vestígio de Deus, é a primeira revelação da Palavra. Através da beleza da criação entramos em contato com o Criador e entendemos nossa pequenez e simultaneamente a nossa grandeza (cf. Sl 8). Ao contemplarmos os seres criados, um se destaca como imagem viva do Criador: a pessoa. No mistério humano, descobrimos o mistério divino. A fé cristã tem um símbolo decisivo para compreender o sentido da história: Jesus Cristo. Ele é a imagem plena do Pai (cf. Rm 8,28-30). A Igreja é portadora das palavras e sinais de Cristo, celebrando o mistério de sua encarnação, morte e ressurreição. Ela expressa esse mistério através de uma linguagem simbólica. Os fiéis alimentam a fé, a esperança e a caridade se unindo a Cristo através desses símbolos. Todavia, quando as coisas são despidas de seu sentido simbólico, tornam-se obsoletas, triviais. Uma liturgia ou vida rotineira faz com que muitos símbolos se desprendam do psicológico das pessoas e não comuniquem mais os valores absolutos e as experiências de transcendência. A religião, a cultura, a vida, enfim, dependem de seus símbolos. “Ao destruírem-se os símbolos de um homem ou de um povo, mata-se sua história, os seus projetos e sonhos, ou seja, sua capacidade de transcender” (NASSER, 2003, p. 10). Por isso, a Igreja sempre deu valor à arte para a glorificação de Deus e a transformação dos corações: “Entre as mais nobres atividades do espírito humano, contam-se, com todo direito, as Belas-Artes, especialmente a arte religiosa e sua melhor expressão, a arte sacra [...]” (SC 122). Enfim, a religião precisa de poetas, artistas e místicos que criam, recriam e interpretam os símbolos de sua vivência de fé no dia a dia. Há uma grande necessidade, hoje, de revitalização dos símbolos, reinventá-los e buscar novas expressões da vida cristã para comunicarmo-nos com Deus e comunicar Deus ao mundo. 1.1.2 A “igreja é símbolo da Igreja" Para o cristão, não existe um único lugar sagrado. Toda a criação é lugar da experiência de Deus. Apenas no século IV, com o Edito de Milão (313), de Constantino, começam a aparecer os “templos” com construções autônomas. Apesar disso, pode-se designar “igreja” como “casa de Deus”. A comunidade necessita de um lugar para se reunir em assembleia (ekklésia). A igreja não é só casa de Deus, mas “casa da Igreja”. O edifício-igreja é a imagem da Igreja Povo de Deus, Igreja viva. Por isso, a sua construção, na arte ali empregada nos seus diversos símbolos, deve estar em harmonia com o que ela representa. O edifício é extensão da liturgia. Assim, dizemos que a “igreja é símbolo da Igreja”. 9 O sentido simbólico da igreja nos ajuda a entender e experienciar o que somos (Povo de Deus) e o que celebramos (Eucaristia). Experienciamos a realidade de templos vivos do Espírito Santo (cf. 1Cor 3,16) na casa da Comunidade dos filhos de Deus. “As igrejas construídas pelos homens são sinais visíveis da Igreja, Povo de Deus convocado e reunido em torno do Cristo” (PASTRO, 1999, p. 51). No decorrer da história, houve uma evolução dos critérios da construção de igrejas: desde o século IV, o estilo do edifício “[...] salientava a hospitalidade longitudinal com a via-sacra que encaminhava para o presbitério” (ZILLES, 2001, p. 57); no florescimento do Império Romano do Oriente o que mais se caracterizou foi o estilo bizantino, que optou por uma arquitetura centralizada, com uma cúpula circular (Santa Sofia); no Ocidente, prevaleceu o estilo românico, voltado para o estilo basilical, que apostou nas linhas horizontais conjugadas às verticais, com muitas colunas e torres. Mas nenhum estilo privilegiou tanto o vertical como o gótico, na alta Idade Média (Catedral de Milão, de Colônia e a de Notre-Dame de Paris); o barroco, como arte da Contrarreforma, privilegiou o triunfo, a ostentação, o volume com uma abundância quase sensual. Entretanto, a arte sacra é expressão do sentimento religioso de uma época. E em nosso tempo, o gosto moderno privilegia o simples, o sóbrio e o prático, deixando que o mistério fale por si só ao coração. O Concílio Vaticano II (1962-1965) foi uma “virada copernicana” que surtiu um efeito fortíssimo também na arquitetura, na pintura sacra e na disposição do espaço sagrado. Hoje, destaca-se e se facilita a participação da assembleia celebrante, o que só acontece quando uma assembleia compreende os símbolos que lhe passam pelos sentidos e elevam-na ao mistério, ao sagrado. Enfim, a igreja como símbolo da Igreja de Cristo deve ser um sinal profético, não um sinal de domínio imperante e castigador. Há um despertar do clero e dos leigos para que o ambiente da reunião da assembleia seja amável e convidativo, a começar pela arquitetura, pela cor e a disposição dos objetos simbólicos, bem como da pintura sacra. Em nosso tempo, a Igreja é chamada a ser símbolo dos valores que Cristo nos trouxe. Por isso, parafraseando a Instrução Geral do Missal Romano n.° 253, os edifícios sagrados destinados às celebrações devem ser dignos e belos, porque são símbolos das coisas divinas. 1.1.3 A simbologia e seus fundamentos A simbologia tem sua origem na experiência profundamente existencial do ser humano ante o universo e o Deus infinito. “O sentimento do 'maravilhar-se', do 'tremendum', vem-nos de uma simples e grandiosa descoberta: diante da perfeição, da harmonia, da incrível ordenação em tudo, desperta em nós o maravilhoso” (PASTRO, 1999, p. 15). O Ilimitado emerge nos limites. Como o Infinito não cabe no finito, Deus não pode ser “colocado” num espaço limitado, então este espaço está n'Ele. Deus é “o Lugar” (idem). É n'Ele que nós somos, vivemos e nos movemos (cf. At 10

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