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A Autobiografia de Martin Luther King PDF

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A autobiografia de Martin Luther King Organização: Clayborne Carson Tradução: Carlos Alberto Medeiros Sumário Prefácio do organizador 1. Primeiros anos 2. Morehouse College 3. O seminário Crozer 4. Universidade de Boston 5. Coretta 6. Igreja Batista da Avenida Dexter 7. Começa o movimento em Montgomery 8. A violência de homens desesperados 9. Enfim a dessegregação 10. A luta se expande 11. O nascimento de uma nova nação 12. Encontro com a morte 13. Peregrinação pela não violência 14. O movimento dos sit-ins 15. Prisão em Atlanta e política presidencial 16. O Movimento de Albany 17. A campanha de Birmingham 18. Carta da cadeia de Birmingham 19. Liberdade agora! 20. A marcha sobre Washington 21. A morte das ilusões 22. St. Augustine 23. O desafio do Mississippi 24. O Prêmio Nobel da Paz 25. Malcolm X 26. Selma 27. Watts 28. A campanha de Chicago 29. Poder Negro 30. Além do Vietnã 31. A Campanha pelos Pobres 32. Sonhos irrealizados Sobre o organizador Agradecimentos de Coretta Scott King Agradecimentos do organizador Notas sobre as fontes Índice remissivo Prefácio do organizador FOI À DISTÂNCIA que vi Martin Luther King pela primeira vez. Ele estava na plataforma em frente ao Memorial Lincoln, último orador da Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, em 1963. Eu estava em meio à grande multidão de ouvintes em torno do lago espelhado, um estudante universitário de dezenove anos participando pela primeira vez de uma manifestação por direitos civis. Ele se tornaria Homem do Ano, ganhador do Prêmio Nobel e ícone nacional. Eu me tornaria um soldado raso no movimento que ele simbolizava e atravessaria as portas da oportunidade que esse movimento tornou possível. Mais de duas décadas depois, após me tornar historiador na Universidade Stanford, a sra. Coretta Scott King inesperadamente me chamou para oferecer a oportunidade de organizar os documentos de seu falecido marido. Desde que aceitei a oferta e assumi a função de diretor do King Papers Project, mergulhei nos documentos que registram a vida de Martin Luther King e pouco a pouco vim a conhecer um homem com quem jamais havia me encontrado. O estudo da vida e obra de King tornou-se o foco central de minha trajetória acadêmica, e esse projeto é a culminância de minha carreira como organizador de acervo. A Marcha sobre Washington colocou-me no caminho que levaria à Autobiografia de Martin Luther King. Este livro é um produto do legado intelectual de King, tal como sou beneficiário de seu legado em termos de justiça social. A narrativa da vida de King que se segue é baseada inteiramente em suas próprias palavras. São pensamentos dele sobre os eventos de sua vida como ele mesmo os expressou, de várias maneiras, em momentos distintos. Embora nunca tenha escrito uma autobiografia abrangente, King publicou três livros importantes, bem como numerosos artigos e ensaios focalizando períodos específicos de sua vida. Além disso, muitos de seus discursos, sermões, cartas e manuscritos inéditos fornecem informações reveladoras. Em conjunto, todo esse material proporciona a base para esta abordagem da autobiografia que King poderia ter escrito caso sua vida não tivesse sido subitamente interrompida. No geral, este livro consiste em textos autobiográficos publicados em vida por King e pessoalmente organizados por ele. Em muitos casos, ele teve ajuda de outras pessoas, já que fazia uso considerável de colaboradores. Não obstante, seus documentos fornecem amplas evidências de seu envolvimento ativo nos processos editoriais que resultaram em suas publicações mais importantes. Com efeito, a preparação desta autobiografia envolveu o exame de rascunhos preliminares (vários deles escritos à mão) de textos por ele publicados, a fim de determinar suas intenções. Incluí trechos desses rascunhos quando continham informações reveladoras ou esclarecedoras que não aparecem nas versões publicadas. Embora os textos autobiográficos de King que chegaram a ser publicados forneçam a estrutura básica deste livro, eles constituem uma narrativa incompleta. Para completar a narrativa e incluir relatos feitos por ele de eventos que não são discutidos em seus textos publicados, incorporei trechos de centenas de documentos e gravações, incluindo muitas afirmações que não se destinavam a ser divulgadas nem pretendiam ter um caráter autobiográfico. Esses trechos reforçam os relatos publicados e servem de transição entre narrativas mais extensas. Em alguns casos, fiz alterações editoriais, explicadas a seguir, a fim de construir uma narrativa legível e compreensível. Esse exercício da arte editorial destina-se a fornecer aos leitores um conjunto prontamente acessível dos textos e declarações gravadas de King que de outra forma só estaria disponível a um punhado de intelectuais devotados a sua vida e obra. Acredito que os leitores vão reconhecer e compreender o fato de que uma narrativa como esta jamais poderia atingir a coerência e a amplitude que teriam sido possíveis se King tivesse conseguido escrever um relato completo de sua existência. Assim, o livro minimiza a importância da família em sua vida. Embora ele sempre reconhecesse o papel central desempenhado pela esposa, Coretta Scott King, em sua vida pública e privada, os documentos subsistentes raramente registram o grau em que ela participou das manifestações de protesto e de outros eventos públicos. Da mesma forma, os íntimos laços de King com os pais, os filhos, sua irmã, Christine King Farris, e seu irmão, A.D. King, não estão de todo refletidos nesses documentos, embora eles tenham tido um papel fundamental em sua vida. A autobiografia de Martin Luther King é, portanto, muito mais uma obra religiosa e política do que o estudo de uma vida privada. Limita-se necessariamente aos aspectos que ele escolheu revelar em seus documentos, mas King nunca foi muito comunicativo em relação a sua vida privada e dificilmente teria usado sua autobiografia como oportunidade para revelar detalhes íntimos da própria vida. Em seus documentos pessoais, contudo, ele por vezes superava sua reticência em expor ao público seus sentimentos. Deixou documentos que oferecem informações nunca publicadas e que, no conjunto, definem seu caráter. Embora King pudesse selecioná-los ou utilizá-los de forma distinta da minha, ele (ou os pesquisadores e coautores que trabalhassem com ele) decerto os teria reconhecido como pontos de partida essenciais para a compreensão de sua vida. Este livro é uma extensão de minhas tarefas, no espólio de King, de reunir e organizar seus documentos. Beneficiei-me do longo esforço coletivo de dezenas de colegas de equipe e pesquisadores que ajudaram na busca de trechos autobiográficos em meio a centenas de milhares de documentos a ele relacionados e identificados pelo King Papers Project (ver Agradecimentos). A autobiografia de Martin Luther King é um subproduto do esforço contínuo desse projeto de publicar uma edição definitiva e comentada da obra em quatorze volumes intitulada The Papers of Martin Luther King, Jr. O fato de A autobiografia de Martin Luther King ter sido compilada e organizada após sua morte justifica uma explicação sobre a forma como foi construída. Embora muitas autobiografias sejam escritas com alguma ajuda editorial – de pequenas alterações ortográficas, gramaticais ou de estilo à ampla reelaboração das informações cruas (com frequência gravadas em fita) fornecidas pelo autor –, os leitores raramente têm consciência da importância desse tipo de apoio. O papel de Alex Haley na produção da Autobiografia de Malcolm X é uma demonstração bem conhecida do valor da assistência editorial feita nos bastidores para alguém que careça de tempo ou habilidade para escrever uma narrativa autobiográfica convincente e com valor literário. O trabalho de organização de textos autobiográficos é bem-sucedido quando a narrativa que dele resulta convence os leitores de que representa com exatidão os pensamentos do autor. A autenticidade desta autobiografia de Martin Luther King advém do fato de que segui uma metodologia consistente a fim de preservar a integridade das declarações e textos de King, ao mesmo tempo que os fundia numa única narrativa. Embora tenha havido muito cuidado para garantir que este relato da vida de King se baseasse em suas próprias palavras, ele também é resultado de muitas avaliações editoriais desafiadoras. Entre elas a decisão de construir uma narrativa que mostrasse a vida de King do começo ao fim combinando fontes textuais de muitos períodos distintos. A abrangência do livro dá a entender que King o escreveu, com considerável ajuda editorial e de pesquisa, bem no final de sua vida. Embora muitas das fontes textuais apresentem suas atitudes e perspectivas em momentos anteriores de sua vida, os pontos de vista de King sobre temas importantes permaneceram bastante estáveis durante sua fase adulta; creio ser justificado acreditar que o relato final de King sobre suas crenças não seria significativamente diferente de suas recordações de períodos anteriores. O material utilizado para construir esta narrativa consiste nos tipos de elementos documentais que King (ou seus assistentes) teria sem dúvida consultado ao preparar uma autobiografia. Essas fontes textuais, que são a matéria-prima deste trabalho, incluem seções e trechos extraídos dos seguintes tipos de material: • livros (e rascunhos manuscritos) autobiográficos importantes: Stride Toward Freedom: The Montgomery Story (1958), Why We Can’t Wait (1964) e Where Do We Go from Here: Chaos or Community? (1967); • artigos e ensaios (publicados e inéditos) que descrevem períodos e eventos específicos; • discursos, sermões e outras declarações públicas contendo passagens autobiográficas; • declarações autobiográficas contidas em entrevistas publicadas ou gravadas; • cartas de King; • comentários de King em documentos oficiais, transcrições de encontros e variado material audiovisual. Sempre que possível, tentei localizar os responsáveis originais pela publicação desse material, mas em alguns casos isso foi praticamente inviável. Para garantir que o texto reflita de maneira precisa os pensamentos autobiográficos de King, as intervenções editoriais limitaram-se ao necessário para produzir um texto legível, lúcido e com coerência interna. Preservei a integridade e a contiguidade de certos textos inserindo na narrativa adaptada, em itálicos, passagens reproduzidas literalmente. Outras citações extraídas de documentos da autoria de King foram colocadas em boxes apropriadamente posicionados dentro da narrativa autobiográfica. As recordações de episódios da vida de King, como todos os textos autobiográficos, foram distorcidas pela passagem do tempo e pelos caprichos da memória. Assim, não tentei corrigir imprecisões históricas em seus relatos. Em vez disso, quando havia múltiplas fontes textuais para determinado evento, procurei determinar qual delas representava a lembrança mais nítida e confiável de King. A narrativa resultante harmoniza diversas considerações na seleção das fontes textuais, incluindo a preferência por relatos feitos perto da época do fato em relação a lembranças posteriores e por descrições mais precisas em relação a outras mais genéricas e abstratas. Depois de as fontes textuais terem sido selecionadas e dispostas, aproximadamente, em ordem cronológica, escrevi relatos, do tamanho de capítulos, que cobrem períodos da vida de King. Nesse processo, condensei algumas de suas fontes textuais retirando palavras e detalhes considerados redundantes ou supérfluos no contexto de uma narrativa ampla. Outras intervenções editoriais incluem o seguinte: tempos verbais foram alterados (geralmente do presente para o pretérito perfeito ou mais-que-perfeito); palavras ou pequenas expressões foram acrescentadas para indicar ou precisar tempo, lugar ou nome (como “Em junho”); conjunções e outros conectivos foram incluídos quando necessário; pronomes foram substituídos por nomes próprios, e vice-versa, quando as referências não estavam claras (“Ralph Abernathy” em vez de “ele”) ou quando o contexto o exigia; a ortografia foi corrigida; a pontuação e a construção de sentenças foram alteradas para esclarecer o significado e aumentar a legibilidade. CLAYBORNE CARSON Stanford, Califórnia 1º de agosto de 1998

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