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A Arte da Performance : do Futurismo ao Presente PDF

156 Pages·2007·30.758 MB·Portuguese
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rii"."t,,"":","< RDSELEE GDLDBERGéhistoriadoraecriticadearte.Foi Lonlodr:~e:s',:e~:~!~'j21n;;i daRoyal CollegeArt Gallery,em Kitchen CenterforVídeo Music Et P universidade~d~e'~~Nf;o~va~: ~~~M~~~~~~j eIorfqrueeq.uleenctcelmoneannteaconvidadaa é âmbitoda históriaecuradoriada entreoutraspublicações.na r~vista f'lnIn.mCOIVI, Actualmentedírectoraecuradora dofestivalnerforma: SINCCE:~:;~~a:~~u~{!~'~il!~~~~~i tambémautora dePERFORMANCE:L1VEART Em2006,RoseLeeGoldberg recebeuotitulodeC Letras,atribuidopeloministériodaCulturafranc~ futurismO'::::~(itJ~~~~~ AARTEDAPERFDRMAIICE:do daperformancenoOcidentedesdeosseus AlfredJarry,eosfuturistas italianos,atéàs norte-americanoMathewBarney,Origirlalrnerltepul,liC,dclel estelivrotem sidoobjectodesucessivas actualizadaspelaautora) eéhojeuma estudosdaperformance. lili1mI 11m ROSElEE GOlOBERG ' l i •I ParaestaediçãoportuguesadeAArtedaPerformance:dofuturismoaopresenteutilizámosa traduçãobrasileiradeJeffersonLuizCamargo.Tendoemcontaasconhecidasdisparidades naenunciaçãodiscursivaentreoportuguêsdoBrasileodePortugal.procedemosnestetexto, alémdarevisãopelooriginaleminglês.aumaadaptaçãoqueincidiunasparticularidades ortográficas,díacrítícas.Iexícalsesintácticasdavariantebrasileira. TíTULOORIGIN....L ParaaPaulineeoAllan PerformanceArt fromfuturismtolhepresent AUTOR.... Rosel.eeGoldberg TR....DUÇÃO JeffersonLuizCamargo ADAPT....ÇÃOEREVISÃO CarlaOliveiraeRuiLopes CAP.... AlfaiatariacIilustraçõesdeRicardoCastro DESIGN Alfaiataria COPYRIGHT Ediçãopublicadaporacordocomlhames&HudsonLrd,Londres. @1988e2001lhames&HudsonLtd.Londres Todososdireitosreservados I- EDiÇÃOPORTUGUESA Lisboa.2007 DEPÓSITOLEG....l 0.0265248/07 ISBN 978-989-95565-0-8 ORFEUNEGRO RuadaTrindaden."5-2."fte. 1200467LisboaIPortugal tel213244170Ifax213244171 www.orfeunegro.orgIínfogiorfeunegro.org ORFEUNEGROéumachanceladeAntígona,editoresrefractários \ PREFÁCIO I Aperformance passa a ser reconhecida como meio de expressão artística indepen dentenadécada de 1970.Nessa época. aarteconceptual - que privilegiava umaarte das ideiasemdetrimentodo produto. umaarte que não sedestinasseasercomprada ou vendida -,estava noseu apogeu.ea performance,frequentementeuma demons tração,ouexecução.dessas ideias,tornou-seassim aforma dearte maisvisíveldeste período.Surgiramespaçosdedicadosàartedaperformancenosmaiorescentrosartís ticos internacionais.osmuseuspatrocinavamfestivais.asescolasdearteintroduziram aperformancenosseuscursos efundaram-serevistasespecializadas. Estaprimeira históriadaperformanceépublicada precisamentenessaaltura (1979), vindonãosósublinharaexistênciadeuma longatradiçãodeartistasqueoptaram pela performanceaovivocomomeiodeexpressãodassuasídeías,mastambémaimportância do papel desseseventos na históriadaarte.Éinteressante observar queaperformance fora,atéaí,insistentementedeixadadeladonoprocessodeavaliaçãododesenvolvimento artístico,sobretudo noqueserefereaoperíodomoderno,oquesedeveumaisàdificul dadedeconseguirsituá-Ianahistóriadaartedoqueaqualqueromissãodeliberada. Aamplitudeeariquezadestahistóriatornaramaindamaisevidenteoproblemadasua omissão.Afinal.os artistas nãoseserviam daperformance para,pura esimplesmente, atrair publicidadesobre si próprios.mas com oobjectivode pôrem prática asdiversas ideiasformaiseconceptuaisnabasedacriaçãoartística.Aliás.asdemonstraçõesaovivo IIJ sempreforam usadascomoarmacontraosconvencionalismosdaarteestabelecida. UJOfasciniodeRaymondO'Oalypelodesenhoi:visívelemlheConversionofPost-Modffnism,1986. 6 7 I Devido àsuaposturaradical,aperformancetornou-seum catalisadornahistóriada osseusconceitosdearteeasuarelaçãocomacultura.Ointeresserecíprocodopúblico artedo século XX;cadavezquedeterminadaescola- quersetratassedo cubismo,do portalmeio deexpressãoartística,sobretudo na décadade 1980,provém deumaapa minimalismo ou da arte conceptual - parecia ter chegado a um impasse. os artistas rentevontadedeteracessoaomundodaarte,desetornarespectadordosseusrituaise recorriam àperformanceparademolircategoriaseapontarparanovasdirecções,Além da sua comunidade diferenciada,de se deixar surpreender pelas criações inusitadas, do mais,no âmbitodahistóriadavanguarda - refiro-meaquiaos artistasque.sucessi sempretransgressoras,destesartistas.Aobrapodeteraformadeespectáculoasoloou vamente,lideraramoprocessoderupturacomastradições-,aperformancesituou-se, em grupo,com iluminação,música ou elementos visuaiscriadospelo próprio perfor aolongodo século Xx,no primeiroplano dessasactividades: umavanguardadavan merouem colaboração com outros artistas,e ser apresentada em lugarescomo uma guarda.Muito emboraa maior partedo queactualmenteseescrevesobreaobra dos galeriadearte,um museu, um"espaçoalternativo",umteatro,um bar,um caféou uma futuristas,construtivistas,dadaístasesurrealistascontinueacentrar-senosobjectosde esquina.Aocontráriodo queacontecenatradiçãoteatral,operformeréoartista,quase arte produzidosem cada um dos respectivosperíodos,foisobretudo na performance nuncaumapersonagem,comoacontececomosactores,eoconteúdo raramentesegue queessesmovimentosencontraramasuaorigem,utilizando-aparadarrespostaaques um enredo ou uma narrativa nosmoldes tradicionais.A performance podetambém tões controversas. A performance serviu igualmente aos membros desses grupos, consistir numa série degestos íntimosou numa manifestação teatral com elementos quandoainda tinham apenas entre vinte atrintaepoucosanos, para testarem assuas visuaisem grandeescalaedurarapenasalgunsminutosouváriashoras;podeserapre ideias,àsquaissó maistarde deram expressão sob a forma de objectos.Os primeiros sentadaumaúnicavezou repetidadiversasvezeseseguirounão um guião;tantopode dadaístasde Zurique,porexemplo,eram maioritariamentepoetas,artistasdecabarée serfrutodeimprovisaçãoespontâneacomodelongosmesesdeensaios. performersque,antesdecriaremosprópriosobjectosdadaístas,apresentavamobrasdos Quer se trate de um ritual tribalista,de uma representação medieval da Paixão de movimentosprecedentes,comooexpressionismo.Similarmente,quasetodososdadaís Cristo, de um espectáculo renascentista ou das soiréesorganizadas pelos artistas da tas esurrealistas parisiensesforam poetas,escritoreseagitadores antesdepassarem à década de 1920 nosseusateliersde Paris,aperformanceconferiu ao artistaumapre criaçãodeobjectosepinturassurrealistas.OtextodeBretonSurrealismoepintura,escrito sençanasociedade.Consoanteanaturezadaperformance,chamamosaessapresença em 1928,foiumatentativatardiadeencontrarumapossibilidadedeexpressãopictórica esotérica,xamanística,educativa,provocatória,ou mero entretenimento.Osexemplos paraoideáriosurrealista e,comotal,continuouacolocaraquestão:"O queéapintura renascentistas chegam mesmo a mostrar o artista no papel de criador e director de surrealista?"aindadurantealgunsanosapósasuapublicação.Afinal, omesmoBreton espectáculos públicos, desfiles fantásticos e triunfais, que frequentemente exigiam a afirmara, quatro anos antes, que o aetegratuit surrealista por excelência seria pegar construção deprimorososedifícios temporários,oude eventosalegóricosque recor numapistolaedispararaesmoparaumarua cheiadegente. riam aos talentos multimédia atribuídos ao homem do Renascimento. Uma batalha Osmanifestosda performance,desdeosfuturistasatéaosnossosdias,representam navalsimulada,concebida por Polidoro daCaravaggio em 1589,foirepresentada no a expressão de dissidentes que têm procurado outros meiosde avaliar a experiência átriodo Palácio Pitti,em Florença,especialmenteinundadoparaaocasião; Leonardo artística no quotidiano.A performance serve para comunicar directamentecom um da Vinci vestiu osseusperformerscomo planetase pô-losa declamarversos sobre a grande público,bem comoparaescandalizarosespectadores,obrigando-osareavaliar Idade de Ouro num quadro vivo intitulado Paradiso(1490);eo artistabarrocoGian 8 9 LorenzoBerninimontouespectáculosparaosquaisescreveuguiões,desenhouocenário deperformersedeespaçosdedicadosàrealizaçãodaperformance.nãoapenasnaEuropa eosfigurinos,construiuelementosarquitectónicosechegouacriarcenasrealistasdeuma enosEstadosUnidos,masem todoomundo,àmedidaqueelasefoi tornandoomeio inundação,comoemElnondazionedeiTevereIAinundaçãodoTibre),de1638. deexpressãoescolhidoparaaarticulaçãoda"diferença"nosdiscursossobreomulticul xx Ahistóriadaperformancenoséculo éahistóriadeummeiodeexpressãomaleável turalismo eaglobalização.Revelatambématéquepontoomundoacadémico passou a eindeterminado,cominfinitasvariáveis,praticadoporartistasinsatisfeitoscomaslimi reconheceraarte daperformancecomoumareferênciaimportantenosestudosculturais taçõesdasformasmaisestabelecidasedecididosapôrasuaarteemcontactodirectocom - quernafilosofia,naarquitecturaounaantropologia-.tendodesenvolvidoumalingua opúblico.Poressemotivo,tem sempretidoumabaseanárquica.Devido àsuanatureza, gemteóricaparaprocederaoexamecríticodoseuimpactonahistóriaintelectual.Talcomo aperformancedificultauma definição fácilouexacta, quetranscendaasimplesafirma na primeira edição, mantém-se a advertência de que este livro não pretende ser um çãodequesetratadeumaartefeitaaovivopelosartistas.Qualquerdefiniçãomaisrígida registo detodososperfarmersdo século xx.Eleacompanha.principalmente,o desen negaria de imediato a própria possibilidade da performance, pois os seus praticantes volvimento de uma sensibilidade; e o seu objectívo continua a ser o mesmo:colocar usamlivrementequaisquerdisciplinasequaisquermeioscomomaterial-literatura,poe questõesedescobrirnovospontosdevista.Davidaqueestáparaalémdassuas páginas, sia,teatro,música,dança,arquitecturaepintura,assimcomovídeo,película,slidesenar sóconseguirádarumavagaideia. rações,utilizando-osnasmaisdiversascombinações.Defacto,nenhumaoutraformade expressãoartísticatem umprogramatãoilimitado,umavezquecadaperfarmercriaasua NOVA IORQUE,Outubrode2000. própriadefiniçãoatravés dos processosemodosdeexecuçãoadoptados. A terceira edição deste livro é uma actualização do texto que, em 1978, procurou reconstituirasetapas deuma históriaquenuncatinha sidocontada. Comestecarácter deprimeiraabordagem histórica,colocavaquestõessobreanaturezadaarteeexplicava oimportantepapeldaperformancenodesenvolvimentodaactividadeartísticadoséculo xx. Mostravacomoosartistasoptaram pelaperformanceparaselibertaremdosmeios deexpressãodominantes- apintura eaescultura- edaslimitaçõesimpostaspelo sis temadosmuseusedasgalerias,usando-atambémcomoforma provocatóriadereagiràs mudanças- quer políticas.no sentidomaisamplo,quer culturais.Numa edição poste rior,observou-seo papeldesempenhado pelaperformance nadestruição dasbarreiras entreasbelas-arteseacultura popular.Aíseassinalavacomo apresençavivadoartistae afocalização noseucorpo setornaram cruciais paraoconceitode"real':além deconsti tuírem uma base para o desenvolvimento das instalações,davideoarte eda fotografia xx. artísticanofinaldoséculo Estaúltimaediçãodescreveoenormeaumentodonúmero 10 11 FUTURISMO LE FIGARO .1.oot,.....-.:=-..J:'~"r_-=:t1::=-"":~- ,.-­ ! : -_ LaFuturisme ..-=-.,:_.-:-:.: ..~ .1.....I....."'_~__""."onI- ~.-..-., ,....S_-Ot.a-••.J'.Iri."IIo-..""."Ro~;_uu_)~ou• w_."".'l"ia. ,_1..ovou._...,...Nilott.a..o.,_ _y..<.loI11&m.._.bIooa"'~UAIncw..a_.....Y.,"Il<">_- J'~'_""..r ld""l·'" .'cpNe.-e<It"oo.H,...r..o......._....._- __..- dp.a•"_O1f_t'S·•.•I.I.I....c""I"<-............ ..............·.._,..............-.j.or J -_I<p1....,........... ...~.....".X.'I.I'aI'x,fUI.l..r..il'.o...1I-o~,"'".',.81Dso1_sn,o'._".t>1p_IdIo.y_lt_.Sr~-"'"_...ll.oo ..lI.Io.o!<I., '-rillM~.IVCIlttomp11eondg.lt,..m..l.'S.. .:,.:..:......e..,..'.k....:JI":'o<_r'.«..':U:n.:_:..~,.~f_;=".d.."."'~•.~. ~~4001q:'f,,::,:'!p<.>'l...f~do~;":"..j.v.I"~C,~lus.~1 ............N..c...,....e.d.- pl.lQ..-."....,..,.,__ "'". -"4,~.,."..-..,l"".O'.'.''."f''"'''',«'f''t;'""''.'>It'"I.r.."""p".,,~"i<f''.I,".;;d.'.po'.o'..'.'M.d''&.''s.'eM.'.1.'1."'01."...'".'..'' ""lJ'>.~'",__I'_.".".".'.,.._..·..0,.k...,.,...."."_.''ti,,_.....,...<,l0..-..'",,;4-,.l_....o.v,\... ,~.' n.' ~"::::.":~,~~c::r~~~~:: ;f\W' . :_U:l:.~,':r.h.~r~..-eor_u..".I..ot..n.":n.'.~''k''';f.ldo'r'.:::f~,n,'.t,... ·".•:._.:_........~....~....,~."l.I·..,.c.h..'..·"~_'...'"','''0fOR:.-.~·":"..·'(.O'J-'1.·.,"._,·,·,~,..~...·.: .1."..l'.I.I."o...'....~..,.."......".~..r...'.'.'.r..,11.on.lI.e._a6"•ahw1l.<"l.'1..'"ln,,I,.e"C-r>wino"'adI.nf1'f..-l .._....."..,..u.O.~H•,...,..._".l.".._,.I••"'_"'.;~.o",•~."'"~11'_"_",,•'•_",'· , .J Noinício,aperformancefuturistaeramaismanifestodoqueprática,maispropagandado queproduçãoefectiva.Asuahistóriacomeçaem 20deFevereirode1909,em Paris,com .J apublicaçãodo primeiromanifestofuturistanumjornaldegrandecirculação.LeFigaro. Oautordotexto.oricopoetaitalianoFilippoTommasoMarinetti,escrevendodaluxuosa [3J VillaRosa,emMilão,escolheraopúblicoparisiensecomoalvodoseumanifesto de"violência incendiária"Este tipo de ataque aosvaloresestabelecidosda pinturaedasacademiasliteráriaserafrequentenumacidadequedesfrutava dareputaçãode"capitalculturaldo mundo':Nãoerasequeraprimeiravez que um poeta italiano procurava publicidade pessoal de forma tão ruidosa: D'Annunzio, compatriota de Marinetti, apelidado Il Divino lmaginijico, recorreraapráticasigualmenteextravagantesem Itália,novirardoséculo. [21PáginacomoManifestofuturista.publicadonoIeFigaroemFevereirode1909.(3]F.T.Marinetti. 15 REIDBDELEROIRDMBIJICE TodaaParisliteráriasepreparouparaanoitedeestreia.Antesdesubiropano,foicolo Marinetlitinhavividoem Paris de 1893a 1896.Nos cafés,salões, banquetesliteráriose cadano palcoumamesatosca,cobertacomumtrapo"sórdido"OpróprioIarryapareceu salasdebailefrequentadosporartistasexcêntricos,escritoresepoetas.ojovemMarinetti, comorostopintadodebranco,bebericandodeumcopo,e.durantedezminutos,preparou comdezasseteanos,sentiu-seimediatamenteatraídopelocírculoqueseformavaemtorno a plateia para o que ela devia esperar. "A acção que está quase a ter início': declarou, do periódicoliterário LaP/ume- Léon Deschamps,RemydeGourrnont, Alfred Jarrye "passa-sena Polónia,ouseja,emlugarnenhum."Eopanosubiu.pondoàvistaocenário outros.FoiaíqueMarinetticonheceuosprincípiosdo "versolivre" prontamenteadapta único- concebidopelo próprioJarrycomoauxíliode PierreBonnard,Vuillard,Toulouse dosnosseus escritos.Em 11de Dezembrode 1896, oanoem quevoltoude Paris para -LautrecePaulSérusier-,pintadodeformaarepresentar.naspalavrasdeumobservador Itália, foiapresentada uma performance admi inglês,"ointerioreoexterior,einclusiveaszonastórridas,temperadaseárcticasaomesmo rável e criativa por Alfred Iarry, poeta e entu tempo':Então,Ubu(oactor FinninGémier),comumaroupaquelhedavaaformade~ma siastado ciclismo,que tinhavinteetrêsanosna pêra, declamou aprimeirafaladapeça,naverdade umaúnicapalavra:merdre.Umpan época em que a sua produção absurda e bur demónioinstalou-seno teatro.Mesmocomoacréscimode wn"c':apalavra "merda"era lesca, Rei Ubu,estreou no Théâtre de I'Oeuvre rigorosamente proibida nos espaços públicos;de cadavez que Ubu repetia a palavra, a I" deLugné-Poé.Apeçaseguiaomodelodas farsas reacçãoeraviolenta:EnquantooPaiUbu,orepresentantedapatafísicade]arry,"aciência nasquaisIarryparticiparanosseusanosdeescola dassoluçõesimaginárias':iaabrindocaminhoatéaotronoda Polóniaporentreachacina em Rennes eos espectáculos de marionetas que generalizada,osmúsicosdaorquestrapegavam-seaossocoseosmanifestantesaplaudiam produziraem 1888,nosótãodacasaemque viveu evaiavam,demonstrandooseuapoioouoseu repúdioperanteoquealisepassava.Bas durante a infância, com o título de Théãtre des taramduasapresentaçõesdeReiUbuparaoThéâtredel'Oeuvreficarfamoso. Phynances.Iarryexplicouascaracterísticasprincí Não surpreende, portanto. que em Abril de 1909,dois meses depois dapublicação do paisda produção numa carta a Lugné-Poê,tam- manifestofuturistanoLeFigaro,Marinettiapresentassenomesmoteatro asuaprópriapeça bém publicada como prefácio dapeça.A perso- 141 LeRoiBombance.SemconseguirocultarainfluênciadeJarry,oantecessordeMarinettinaarte nagemprincipal,Ubu,viriaidentificadaporumamáscara:umacabeçadecavalofeita daprovocação,LeRoiBombanceeraumasátiraàrevoluçãoeàdemocracia.Apresentava-se depapelão presaaopescoço,"comono antigoteatroinglês': Haveriaapenasumcená comoumaparáboladosistemadigestivo,eopoeta-protagonista,l'ldiot,oúnicoareconhecer rio, eliminando-se assim o subir e descer do pano, e, ao longo da encenação, um aguerraentre"oscomedoreseoscomidos':suicidava-seemdesespero.LeRoiBombancenão cavalheirovestidoarigorergueriacartazesindicativosdacena,comonos espectáculos causoumenosescândalodoqueopatafísicodeJarry.Asmultidõesenchiamoteatroparaver demarionetas.A personagem principal faria"um tomdevoz especial"eos figurinos comooautoproclamadoautorfuturistapunhaempráticaosideaisdoseumanifesto.Naver teriam "o mínimo de cor eexactidão histórica possível': Esses elementos, acrescen dade,oestilodaapresentaçãonâoeraassimtãorevolucionário:apeçajáforapublicadaalguns tava Iarry,seriam modernos, "urnavezquea sátira é moderna': esórdidos,"porque anosantes,em 1905.Eemboracontivessemuitasideiasexpressasnomanifesto.deixavaape tornamaacçãomaisignóbilerepugnante[...l". nasentreverotipodeperformancesqueposteriormenteviriamadarfamaaofuturismo, 141DesenhodeAlfredJarryparaocartazdeR~iUbu.1896. 16 17 vociferavacontraocultodatradiçãoedacomer cialização daarte, entoando louvores ao milita rismo patriótico e àguerra, enquanto o corpu- lento Armando Mazza declamava o manifesto (6] futurista àquelepúblico provinciano. A polícia austríaca,ou os "mictórios ambulantes': como eramofensivamenteapelidadososseusmembros, ~ tomouconhecimentodo quese passavae,desde então,osfuturistasadquiriramasólidareputação dearruaceiros.Oconsuladoaustríacoqueixou-se formalmenteaogovernoitaliano,eossarausfutu I ristas subsequentes foram observados de perto 16' pelosbatalhõesdapolícia. PIITORESFmmSTlSTORllAM-SEPERFORMERS "' opmMEIRO SARAUFUTUmSTI Marinetti,inabalável,arregimentoupintoresdeMilãoearredoresparaacausadofuturismo, AoregressaraItália,MarinettinãoperdeutempoecomeçouaproduzirasuapeçaPoupées organizandooutroSaraunoTeatroChiarella,emTurim,nodia8deMarçode1910.Um électriques[Bonecaseléctricas]noTeatroAlfieri,emTurim.Prefaciada,aoestilodeIarry, mêsdepois,ospintoresUmbertoBoccioni,CarloCarrà,LuigiRussolo,GinoSeverinieGia porumaexplosivaintroduçãoemgrandepartebaseadanomanifestode1909.aobrator comoBâna,comoomnipresenteMarínetti,publicaramoManifestotécnicodapinturafutu rn nouMarinettiurnacuriosidadenomundodaarteitalianaeinstituiua"declamação"como rista.Tendojáusadoocubismoeoorfismoparadarumaspectomodernoàssuaspinturas.os umanovaformadeteatro,queviriaatornar-seamarcaregistadadosjovensfuturistasnos jovensfuturistastransformaramalgumasdasideiasdomanifestooriginalsobre"velocidadee anosseguintes.Itália,porém,estavaemconvulsãopolítica,eMarinettiapercebeu-sedas amoraoperigo"numprojectoparaapinturafuturista.Em3DdeAbrilde1911,umanodepois possibilidadesdeutilizarainquietaçãopública,associandoasideiasfuturistasdereformu dapublicaçãodomanifestoconjunto,aprimeiraexposiçãocolectivadepinturasobaégide laçãodasartesàgrandeagitaçãoemvoltadasquestõesdonacionalismoedocolonialismo. futuristafoiinauguradaemMilão,comobrasdeCarrà,BoccionieRussolo,entreoutros.Essas EmRoma,Milão,NápoleseFlorença,osartistasfaziamcampanhaafavordeumainter obrasmostravamcomoéqueummanifestoteóricosepodia,defacto,aplicaràpintura. vençãocontraaÁustria.Assim,Marinettieosseuscompanheirosforam paraTrieste, a "Ogestonuncamaisserá,paranós,ummomentofixodedinamismouniversal,mas, cidadefronteiriçadeimportânciacentralnoconflitoaustro-italiano,eali,em12deJaneiro definitivamente,asensaçãodinâmicaeternizada",declararamessesartistas.Comafir de1910,apresentaramoseuprimeiroSarau(seTata)FuturistanoTeatroRossetti.Marinetti maçõesigualmenteobscurassobrea"actívidade",a"mudança"eumaarte"queencon- 15JumcertcBoccioni.caricaturadeumSarauFuturista.1911. 161ümbertoBoccíco,caricaturadeArmandoMaua.1912. 18 19

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