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A acção armada e os métodos militares. Para uma melhoria das nossas Forças Armadas PDF

20 Pages·1988·0.568 MB·Portuguese
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19 COMEMORAÇÃO DO X ANIVERSÁRIO DA MORTE DO CAMARADA AMILCAR CABRAL A acção armada e os métodos militares Amilcar Cabral DT 613.8 ara uma melhoria das nossas Forças Armadas C27 1988 V.19 Colecção “Cabral ka muri" Edição do Departamento de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC STANFORDVEPRARIES INSTITUTION Amílcar Cabral A Acção Armada e os Métodos Militares HIFIALWIND WAT2 Para uma melhoria das nossas Forças Armadas «...Camaradas, eujurei a mim mesmo, nunca ninguém me mobilizou, trabalharpara o meupovo, eujurei a mim mesmo, que tenho que dar a minha vida, toda a minha energia, toda a minha coragem , toda a capacidade que posso ter como homem , até ao dia em quemorrer, ao serviço do meu povo, na Guiné e Cabo Verde. Ao serviço da causa da humanidade, para dar a minha contribuição, na medida do possível, para a vida do homem se tornar melhor no mundo. Este é que é o meu trabalho.» Colecção «Cabral ka muri» 16 Título:AAcçãoArmadaeosMétodosMilitares Ediçãodo Departamentode Informação, PropagandaeCulturadoC.C. do PAIGC Execução gráfica da Editorial «Avante!»,SARL, Portugal, 1988 Impressãoeacabamento: Guide ArtesGráficas, Lda. Tiragem: 3000 exemplares PARA A MELHORIA DAS NOSSAS FORÇAS ARMADAS Juntamente com a melhoria do trabalho político nas regiões liber tadas, devemos melhorar cada dia mais as nossas Forças Armadas. Os camaradasdas Forças Armadas que estão aqui, e outros mesmo que foram ou serão amanhã das FARP, sabem que temos melhorado sempre a organização das nossas Forças Armadas. Hoje em dia sabemos todosque as nossas ForçasArmadassãoum instrumentodo nosso Partidoque, comojádisse, nasceudo nosso Partido,comoaflor sai duma planta, parafazera lutaarmada,tiro nostugas, corrercomos colonialistas da nossa terra. A flor sai da planta para dar fruto, para poder perpetuar a exis tência da planta. As nossas Forças Armadas saíram do Partido, quer dizer, nasceram do Partido, como um instrumento, para dar tiros nos tugas, para atacar os tugas, para pô-los fora da nossa terra e para defender a vida nova do nosso povo. É isso, mas elas são Partido também. Nanossa terra não há o problema de saberquem vale mais, se são as Forças Armadas ou se é o Partido. O Partido e as suas Forças Armadas sãoum só, porqueas ForçasArmadassãouma parte do nosso Partido. Assim comoos Comités Inter-Regionais, Regionais, de Zonas, de Tabancas, etc. são um braço do Partido, as Forças Armadas são o outro braçodo Partido. Um braço paradarnostugase todos os inimigos armadosdo nossopovo,outroparaconstruiranossa terra. Quem não entende isso claro, quem vem, por exemplo, com 1 Exposição no Seminario de Quadros, em Novembro de 1969. 3 manias de militarismo ou coisa que o valha, está perdido no nosso meio, no nosso Partido, porque não entendeu nada e não quer andar no caminho recto. Já fizemos a crítica e o elogio do trabalho das nossas Forças Armadas. Elas têm sido, em Africa, das melhores Forças Armadas de africanos, e hoje podemos dizer que temos na nossa terra uma das principais Forças Armadas da África. E temos sabido de facto lutar. Temos lutado com coragem, às vezes até com demasiada coragem , que nos sacrifica, temos feito actos maravilhosos, temos conseguido, numa terra pequenina como a Guiné, enfrentar um inimigo com mais de quarenta mil homens, com aviões, com tanques, com barcos, com tudo, com bombas da pior espécie. Temos sido capazes de fazer emboscadas destruindo centenas de carros do inimigo, temos sido capazes de afundar barcos, fomos capazes de entrarnumafase nova, de atacar os quartéis inimigos, de tirar os tugas de mais de vinte quartéis durante um certo tempo e vamos tirá-los de mais. As nossas Forças Armadas e os corajosos combatentes da nossa terra merecem grandes elogios. Os nossos responsáveis, sobretudo aqueles que se têm dedicado mais profundamente ao trabalho de cumprir as palavras de ordem da Direcção do nosso Partido em relação às Forças Arma das, merecem todosos elogios, todoo respeitoetodaaconsideração, 3 no máximo. Mas não devemos esquecer que há erros, faltas e atrasos nas nossas Forças Armadas. Muitas emboscadas mal feitas, muito atraso em chegar ao ponto onde se deve chegar, muita falta de vi gilância nos rios, apesar de terem boas armas nas mãos para ati rar nos barcos, falta de coragem para atirarem contra os aviões, apesar de sabermos que quanto mais tiros se der contra os aviões, mais medo têm os aviadores. Embora saibamos que em Quitafine e nalgumas outras áreas, como no Boé, os nossos ca maradas foram capazes de combater contra os aviões tugas com uma coragem extraordinária, outros não têm seguido esse exem plo. Temos atrasado os nossos ataques em muitos lugares, temos deixado a nossa Infantaria parada durante muito tempo. 4 Muitos carregadores de Patchangaz que se estragaramé porque esti veram muito tempo carregados sem afrouxar a mola, quer dizer, esti veram muito tempo sem dar tiros. Não temos feito reconhecimentos como deve ser, antes de fazer mos os ataques. O resultado éque muitasvezes vamosfazerataques e caímos nas minas. Nãotemos sabidofazerplanoscomodeveserna prática concretade umataque, porqueodirigente podefazerum plano geral para um ataque, mas na realidade concreta de colocar os ho mens no terreno, no momento do ataque, alguns comandantes não têm sabido fazercomo deve ser. O resultado é que nãotemostiradoo devido rendimento desses ataques. Devemos, por exemplo, reconhe cer que, até hoje, só em dois ataques a quartéis inimigos, é que 9 prendemos tugas, em Catancundaeem Bissassema. Ora issoé muito pouco comtantosataquesaquartéis.Quandoostugassaíramdevinte e tal quartéis, vejam as oportunidades que perdemos de matar uma quantidade de inimigos.Afaltadevigilância, deconstânciaede persis tência navigilânciaé infelizmente umadascaracterísticasdasgrandes faltas das nossas Forças Armadas. A primeiracondiçãoparamelhorarmosasnossas ForçasArmadas é que os nossos comandantes melhorem o seu trabalho. Temos que acabar de uma vez para sempre com aqueles comandantes que não comandam nada, queestão apenasagozaro comando. Com aqueles coordenadores que não coordenam nada, que coordenam apenas a sua vida privada, e com aqueles responsáveis da luta armada que, estando pertodafronteira, passam a maiorpartedotempofora do seu posto. Temos que acabar de uma vez para sempre com isso, porque senão estão a enganar-se a si mesmos e a enganar-nos. Temos, portanto, como primeira condição, que melhoraros próprios responsá veis, porque qualquerum devocêsaqui presentesabequeovalordos nossos combatentes depende muito daqueles que estão à sua frente. Se o que está àfrente é bom , oscombatentessãomuitobons. Sequer ataques, há ataques todos os dias. Vejam, por exemplo, o camarada 2 Alcunha dada pelos combatentes a uma arma automatica de fabrico sovietico. 5 Nino, o camarada Quemo, o camarada Pansau e o camarada Bobô durante muito tempo na área de Sambuia. Desde que se ponham os combatentes a atacar, elesquerem atacar. Seo chefe passa à frente, se tem coragem, eles atacam. Mas nós sempre dissemos que não é indispensável que os comandantes vão dar tiros nos quartéis, o que é 5 fundamental é que levem a sua gente para dar tiros. Claro que vocês podem dizer: «Cabral, não é sempre assim, há ? aqueles que quando se lhes falaem atacar, caem no chãocom dores de barriga.» Isso é verdade, sei que também há desses, mas há também em todas asterras domundo,em todas asguerras,genteque na hora da verdade tem medo. Gente que, às vezes, só com uma pescoçada. Mas aí temos direito de dar pescoçadas, temos direito de matar até. Qualquer um que mandamos avançar e que foge para desorientar o grupo, podemos matá-lo. Qualquer exército no mundo faz isso. Exército invasor, ou sobretudo o exército que defende a sua terra. Mas em geral os bons comandantes têm boas tropas com eles. Essa é a nossa característica.No espaço de menos um mês, o Barô Seidi entrou duas vezes com os seus homens em Pitche. Isso mostra que de facto quando o comandante é bom , os homenssão bons. Mas esses mesmos homens chegaram a passar três meses no Gabu sem dar um tiro. Para melhorarmosas nossaForçasArmadas, temosquemelhorar e garantir o sistema logistico como deve ser, quer dizer o abaste cimento em material de guerra. Temos que fazer força para que o nosso material de guerra, as nossamunições, cheguem àsmãosda nossa gente. Não ficar mal guardados no mato, paraostugas apanha rem. Devemosconfessarqueostugastêm-nosapanhadoalgummate rial. Há pouco tempo, por causa dum erro do nosso camarada José da Silva na Frente Norte,mastambém errodetodososcamaradasque lá estavam, os tugas apanharam -nos uma quantidade importante de material. Mas material que nos custou muito conseguir levar até lá e que, como todos sabem , é muito difícil. O José da Silva e outros cometeram erros tão grandes que os tugas vieram apa nhar esse material, talvez mesmo tenha havido conluio com os tugas. 6 Vocês sabem muito bem de outros casos em que os camaradas têm cometido erros desse género. Não podemos permitir que com tanta canseira para pormos material deguerra no Nortedanossaterra venham os tugas apanhar material em Faquina, em Biambi, em Bula, no Chão dos Manjacos – tanta dificuldade para levar material da fronteira para o Norte da nossa terra até ao Chão dos Manjacos, para deixar os tugas apanhar. Isso não pode ser. Nós demos a ordem seguinte: armas, só as que estão nas mãos dos nossos camaradas devem estardentroda nossaterra.Asque não estão nas mãos dos camaradas, tanto estragadas como boas, devem ser postas fora da terra. Até hoje, ainda, no entanto, há armas nas arrecadaçõesda nossaterra que nãoestão nasmãosdoscamaradas. Nós sabemosquandoostugasasapanhamequevemanotíciadeque foram apanhadas. Munições, divididas em pequenasquantidades, em depósitos pequeninos, debaixo daterra, dentroda nossaterra. Assim , os tugas nunca as apanhariam, mesmo às vezes, depósitos grandes, mas bem feitos e bem escondidos, bem disfarçados debaixo da terra. Já houve momentos em que os tugas estiveram em cima deles, sem terem conseguido ver. Se cumprirmos de facto as palavras de ordem do Partido, como deve ser, os tugas nãoterão material para apanhar, porque as armas estão nas nossas mãos, e as munições de reserva estão divididas em pequenas quantidades, longe dos quartéis dos tugas, enterradas. Como éque elevai apanhar? Masnão, os camara das chegam com material, a esta ou àquela área, e juntam -no lá. Os tugas um dia chegam em helicópteros, apanham e levam , ou então queimam. Isso tem de acabar. Temos que garantir os nossos serviços de logística temos de ser capazes de levaro material paraoNorte, parao Leste, paraoSul,para o Oeste, ondeforpreciso, eosnossoscamaradaspolíticostêmqueser capazes de mobilizar o povo paracarregar material para se defender. Os nossos camaradas militares têm que ser capazes de mobilizar as Forças Armadas para carregar material, para poderem lutar. Temos conseguido levar muito material, para sítios longe como Quinara, Nhacra, como o Chão dos Manjacos, mas temos que fazer mais. E temos que sercapazesdefazerofornecimentodo materialda nossa 7 terra, a partir do Sul parao Norte. Isso é possível, nós sabemos queé possível, se pegarmos noduro. Nocomeçoda luta, asprimeirasarmas quechegaram, foiassim, nãoéverdade? Foi indodoSulparaoNorte. Temos que procurar que as nossas Forças Armadas sigam ao máximo as palavras de ordem, os planos, as directrizes dadas pela Direcção superior do Partido. Felizmente a Direcção do Partido, em particular, nunca tivemos preguiça de trabalhar nesse campo, nunca um camarada nos pediu uma opinião que não lhe déssemos. Estu dando e dando opiniões, ajudando a fazer planos, fazendo planos inteiros para operações. Se alguma coisa há, é que grande parte dos planos que fizemos, ou só se cumpriram metade, ou sóum quarto, ou não se cumpriram, não foram cumpridos. Nenhuma força armada nossa pode dizer que parou porque não sabe o que é que deve fazer. Não. Está indicado claramente o que deve fazer, e não há nenhuma vez que eu me tenha encontrado com um responsável desta luta, com um dirigente da luta armada, sem lhe ter dado palavras de ordem concretas, escritas, para poder saber e fazer como deve ser. Não há vez nenhuma. Perante mim, não podem dizer que nãofizeram porque não sabiam o que fazer. Devemos cada dia fazer mais força para cumprir aquilo que nos mandam fazer, mas também para termos iniciativa propria, dentro do âmbito da nossa capacidade, do nosso campo de acção. Seguindo a linha do Partidotraçada pelaDirecção,masfazendocominiciativa, rico de iniciativa, porque nenhum dirigente, nenhuma Direcção, pode indi car numa luta armadatodas as coisasque se devem fazer, só se for fazer com as suas próprias mãos. Temos que seguir, o mais rigorosa mente possível, nas nossas Forças Armadas, os principios gerais da acção das nossas ForçasArmadas. Ligação intimacomonossopovo, mostrar ao nosso povosempre, que as nossas FARPsãoas FARPdo nosso povo de facto, não é só de nome Forças Armadas Revolu - cionárias do Povo filhos do povo, com armas nas mãos, comba tendo pelo povo, para o povo. Temos que recrutar gente sempre, e nunca devemos enganaro nosso povo, dizendo-lhe quevai buscartal coisa, para depois oapanharmose recrutarmos, não. Temosdireitode recrutar os filhos da nossaterra os tugas recrutam -nos à força, por 8

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