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A acção armada e os métodos militares. Dez anos depois do Massacre de Pidjiguiti PDF

20 Pages·1988·0.559 MB·Portuguese
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20 COMEMORAÇÃO DO X ANIVERSÁRIO DA MORTE DO CAMARADA AMILCAR CABRAL A acção armada e os métodos militares Amílcar Cabral en s o DT 613.8 Dez anos depois do Massacre de Pidjiguiti C27 1988 V.20 Colecção "Cabral ka muri" Edição do Departamento de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC STAMFORDYBRARIES INSTITUTION Amílcar Cabral A Acção Armada e os Métodos Militares 20 Dez anos deBelleMassacledePidniguiti do ', «...Camaradas, eujurei a mim mesmo, nunca ninguém me mobilizou, trabalhar para o meu povo, eujurei a mim mesmo, que tenho que dar a minha vida, toda a minha energia, toda a minha coragem , toda a capacidade que posso ter como homem , até ao dia em que morrer, ao serviço do meu povo, na Guiné Cabo Verde. Ao serviço da causa da humanidade, para dar a minha contribuição, na medida do possível, para a vidado homem se tornar melhor no mundo. Este é que é o meu trabalho.» Colecção «Cabral ka muri» STEAK འབ:. 1:01.11 Título: AAcçãoArmadaeosMétodosMilitares Edição do Departamento de Informação, PropagandaeCulturadoC.C. do PAIGC Execução gráficada Editorial «Avante!», SARL, Portugal, 1988 Impressãoeacabamento: Guide ArtesGráficas, Lda. Tiragem: 3000exemplares DEZ ANOS DEPOIS DO MASSACRE DE PIDJIGUITI1 1. SÍNTESE DA SITUAÇÃO GERAL DA LUTA A partir da mudança de «governador» militar em Maio de 1968, quando o general Arnaldo Schultz, depoisdoseu fracasso natentativa de liquidaranossa luta, foisubstituídopelogeneralAntóniode Spinola, militar formado na repressão em Portugal e em Angola, a política portuguesa em relação ao nosso país sofreu algumas alterações. Na verdade, se no fundo esta política é amesma, mudou contudo de forma por uma tão vasta quanto vă tentativa de desmobilizar o nosso povo e minar o nosso movimento. Uma tal política caracteriza-se, por um lado, por actos de falsas gentilezas e atenções para com as populações das zonas e centros urbanos ainda ocupados, de concessões nos planos social e religioso com a construção activa deescolas, de postossanitáriosede mesqui tas assim como na organização de viagens a Portugal, atribuição de bolsas de estudo, etc. A propagandaescritae radiodifundidaglorificao «mundo português» e o paraíso das «provincias ultramarinas», onde não há ódio racial, onde « todos os homens, qualquer que seja a sua cor, são iguais perante a lei e perante Deus». O próprio «governador» fez apelos à «reconciliação», à «construção de uma Guiné melhor que a de ontem e que a de hoje». Fala-se de paz, de evolução para uma situação « em que os filhos do país, enfim preparados, poderão decidir 1 Relatório sobre a situação da luta, Janeiro de 1970 (extractos). 3 do seu próprio destino». Nós, oscombatentes, somosacusadosde ser promotoresdeguerra, de nãoquererapazquepermitiriaconstruiruma vida melhor, etc. Em Abril, quando da sua « visita» de algumas horas, feita àcapital 9 do nosso país, o chefe do governo português imprimiu o seu cunho a este aspecto da política actual apelando para a reconciliação, ofere cendo a «paz dos bravos» aos combatentes, a todos os que querem uma «Guiné melhor, à sombra da bandeira portuguesa». Ele deve todavia reconhecer ele, a quem o estadomaior desaconselhou a saída da cidade de Bissau porque ninguém poderia garantir a sua segurança —, deve reconhecer que « só um milagre poderia mudar a situação» em que se encontram os colonialistas no nosso país! Além disso, o inimigo enviatodasas semanas novoscontingentes de tropas para o nosso país, intensifica os bombardeamentos crimino sos e os assaltos terroristas contra as populações das regiões liberta das, queima as colheitas, matao gado e, sempre quepode, massacra 3 civis, nomeadamente velhos, mulheres e crianças. É com esta políticadeduasfaces— desorrisoesangue que os colonialistas pretendem , inutilmente, isso é verdade, impedir o cami nho à marcha vitoriosa do nosso combate libertador. Ela é contudo o reflexo ou a consequência mais brilhante da nossa luta, dos sucessos do nosso combate e da inutilidade da guerra colonial portuguesa no nosso país. Os sorrisos e gentilezas prodigalizados nas zonas ainda ocupadas, como os crimes e a devastação que procuram perpetrar nas regiões libertadas, são a prova da confusão em que se encontram as autoridades coloniais, do seu desespero face aos progressos inces santes da nossa luta, apesar dos esforços e sacrifícios que temos de enfrentar. Pela nossa parte, seja pelo trabalho político directo e quotidiano junto das massas populares das regiões libertadas seja pelas antenas da nossa estação emissora Rádio-Libertação, combatemos esta polí tica, denunciamos os actos e as manobras do inimigo. Reforçamos a organização do Partido a todos os níveis, e procuramos melhorar as condições de vida das populações porque, sejaqual forasituação, um povo não luta só pelas ideias. 4 Podemos afirmar – e os testemunhos dos visitantes são disso prova irrefutável — que o nosso Partido está mais forte que nunca e o - nosso povo firmemente ligadoà nossaorganização,aoserviçoda luta. Paralelamente, desenvolvemos o trabalho político clandestino nas zonas ainda ocupadas, tanto na Guiné como em Cabo Verde, e acele 1 ramos a desmoralização das tropas coloniais por uma propaganda constante e adequada. Intensificámos a nossa acção nos planos económico, social e cultural. A situação política, que condicionou o desencadear da nossa acção armada face à agressão colonialista portuguesa, é no presente fortemente influenciada pelo desenrolar do nosso combate. E este avança sem parar, apesardasdificuldades, votandoáderrotatodasas «mudanças de atitude» easmanobrasdoscolonialistascujafinalidade é destruir a nossa luta libertadora. A situação militar caracteriza-se, de maneira geral, pela retirada crescente das tropas colonialistas paraos principaiscentros urbanose pela intensificaçãodosataquestravadospelasnossasforçascontraos quartéis fortificados portugueses e estes mesmos centros urbanos. No âmbito do «movimento » de conjunto e das contradições em mutação que definem a guerra, estes factos caracterizam umafaseavançadae bem definida da evolução duma guerra de libertação nacional face à agressão colonialista ou imperialista. Com efeito, chegámosa umafaseemque asituaçãoparecesera > oposta da quecaracterizaoinícioda luta. Oeixoprincipalou aespinha dorsal estratégica do inimigodesloca-seediminui, incluindo presente mente apenas troços de estradas que ligam os principais centros urbanos (Bissau-Mansoa, Bafatá-Gabu, Bissau-Canchungo e Bambadinca-Bafatá), bem como alguns rios sobre os quais estão situados os portos essenciais ao abastecimento de determinados acampamentos do interior. O inimigo, muito móvel nocomeço da luta, já quase não ousa sair dos quartéis, ou porque controlamos a quase totalidade das estradas ou porque estas tentativas de avanço (sem veículos) se saldam em geral por grandes baixas em vidas humanas. À dispersão generalizada dos primeirosdias corresponde actualmente uma concentração apressada das forças inimigas que, tendo sofrido 5 pesadas derrotas provocadas pelos ataques aos acampamentos, refugiam-se nos principais centros urbanos. O inimigo já não tenta retomarocontrolodaspopulaçõesdasregiões libertadas, masdebate -se desesperadamente a fim de preservar a sua influência sobre as populações das zonas queainda ocupa. Àsvastasoperaçõesditasde limpeza, apoiando-se em tropas motorizadas ou a pé, substituem-se os bombardeamentos aéreos e as tentativas de assaltos terroristas: a antiga «potência administrativa» do início da guerra tornou -se um terrorista que se esconde de dia e noite nos abrigosdos acampamen tos entrincheirados. Paralisado, atacado, perturbadoondequerquese encontre, o inimigo perde progressivamente toda a capacidade de ofensiva, isola-se na defensiva e prepara -se para resistir nos seus últimos bastiões aos assaltos das nossas forças. Evidentemente, a solução duma situação destas, que constitui o prelúdio da derrota total e certa do agressor, depende das nossas próprias capacidades, das possibilidades concretas que possuímos, nos planos intelectual e material, para ultrapassar esta fase, provocar mudançasqualitativas das nossas acções, aprofundarascontradições no seio do inimigo e criar-lhe definitivamente umasituação insustentá vel, ou mesmo inultrapassável, nos centros urbanos. Para isto, preci samos de reforçara acçãode obstruçãodos riosqueaindaservem de vias de abastecimento de certos centros, fazer face com mais eficácia aos aviões e helicópteros, reforçar o isolamento dos centros urbanos ocupados e criar uma insegurança crescente e permanente nestes centros, ou a partir do exterior ou do próprio interior. O ano de 1969- o dacelebração, com dignidadee acerteza da vitória, do décimo aniversário do cobarde crime cometido pelos colo nialistas portugueses, no Cais de Pidjiguiti, contra os estivadores do porto de Bissau foi um bom ano para a nossa luta. As vitórias alcançadas pelo nosso Partido, portanto pelo nosso povo, foram a maior homenagem que prestamos aosmártiresde Pidjiguiti bem como a todos os que sejam ou não nossos camaradas– sacrificaram as suas vidas pela libertação do nosso povo, na Guiné e nas ilhas de Cabo Verde. 6 1. A ACÇÃO DO INIMIGO Desesperados perante os progressos e os êxitos da nossa luta e da resistência heróica do nosso povo em todos os planos, os colo nialistas portugueses, cujo primeiro representante na Guiné é um ho mem que já tinha as mãos sujas de sangue dos povos português e angolano, procuram fazer-nosopiorpossível. Destaformaprocederão cada vez mais até que sejam definitivamente expulsosdaGuiné e de Cabo Verde. Devemos pois estar prontos a enfrentarsacrifícios ainda maiores, a fim de dominarcom coragem todosos actoscriminosos do inimigo do nosso povo e da África. Na Guiné, quando o inimigo, com a sua falsa política, tenta desmobilizar o nosso povo por meio de falsas promessas da sua «campanha psico-social» bem como pormeiodoespantalho neocolo nialista de uma «Guiné melhor», os seus agentes armados tentam, através dos poucos meios aos quais podem ainda recorrer (principal mente através dos bombardeamentos aéreos), prejudicar o mais possível as nossas populaçõeseos nossoscombatentes.Chegarama queimar uma parte das nossas colheitas em Como, Corubal, Kinara e Tombali, com o fim de reduzir as populações à fome e, deste modo, impedir a nossa luta. Aquando de algumas incursõeseacções combi nadas, chegaram ao ponto de não apenas raptar ou matar vários elementos da população mas também de roubar arroz, gado e fruta para alimentação das suas tropas, cercadas nos acampamentos. Alguns combatentes, responsáveis e militantes, caíram ou foram feridos no campo de honra, batendo-se heroicamente pela libertação do nosso povo e pela realização do Programa do nosso Partido; os seus nomes ficam para sempre gravados na história do nosso país. Como é hábito, o número das nossas baixas no decorrer do ano será comunicado a todos os militantes nas reuniões do Partido ou em comícios com as populações. Em Cabo Verde, como já dissemos, a luta toma novas forças e desenvolve-se rapidamente, provocando o pânico no seio dos colo nialistas portugueses, estescometeramcrimesgravescontraostraba lhadores de SantoAntãoem revoltae prenderam,julgarame condena 7 ram um número importante de patriotas. Apesar de este ser um facto que encaramos com muita apreensão, porqueconhecemos a natureza criminosa dos colonialistas portugueses, a prisão ou a condenação de compatriotas como Lineu Miranda e os seus companheiros não pode riam contudo interromper a marchada nossa luta noarquipélago. Pelo contrário e a nossa experiência na Guiné provou -o claramente o aumento da repressão contribuirá para dar um novo impulso à luta, para consolidar a posição do nosso Partido e para interessar cama das mais vastas da população na causa da libertação do nosso povo. 2. A NOSSA ACÇÃO Vitórias importantes foram com efeito alcançadas pelo nosso Partido durante 1969. Mas estamos todos de acordo ao afirmarmos que, de todas as vitórias, a mais significativa é o próprio facto de termos continuado a nossa lutacom êxito, de atermos desenvolvido e reforçado em todos os planos, nomeadamente no plano da acção política e armada. A continuidade e o desenvolvimento vitorioso da nossa lutaarmadade libertaçãonacional, apesardeoinimigoauxiliado pelos seus aliados ter recorrido a todos os meios para nos esmagar, constituem não só o maior sucesso do nosso Partido e do nosso povo mas ainda, faceàsperspectivasfavoráveisquenospróprioscriamos,o garante da derrota fatal dos criminosos colonialistas portugueses na Guiné e Cabo Verde. Este facto reforçou em nós todos a coragem de sempre e é o melhor presente de Ano Novo que podíamos receber nestes dias de festa em quetodosos homensdeboavontaderenovam as suas esperanças numa vida de justiça, e em que entre nós se encontram tantos afastados das suas famílias, integrados nesta fa milia maior que é o nosso Partido, agindo unicamente ao serviço do nosso povo. Todavia, chamamos muito particularmente a atenção para certos factos ocorridos durante 1969, dada a sua importância e o seu signifi cado no âmbito da nossa luta. Esta luta cujo objectivo não é unica mente expulsar astropas estrangeiras do nosso país eterminarcom a 8

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