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81 - A emoção corinthians PDF

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-- --' - =====,lIITURAS~= Juca Efouri ffi[f~~~ DEDALUS - Acervo - FFLCH-HI 905 A emocao corinlhians. T912 , v.81 11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 Coleção Tudo éHistória 21200041246 • História Política do Futebol Brasileiro - Joel Rufino dos Santos A EMOÇÃO CORINTHIANS ./' 'rOMBO: 11959'7 mIIIDI SBD-FFLCH-USP IWS3 r 40anos debons livros Copyright ©Juca Kfouri Capa: Newton Mesquita Fotos: 1a 7- Revista Placar, Editora Abril. 8- Agência Estado. 9 a2S- RevistaPlacar, Editora Abril. 1'1\ Revisão: Elvira da Rocha ÍNDICE Vladimir A. Sachetta ~os \~j;) PRIMEIRA PARTE \j ~~ Perdão, objetividade 7 II A glória que Pelé não teve 10 b Ob 10 60·t/ 11 No Mineirão nunca mais 14 No Maracanã nunca mais 17 • E no Morumbi? Bem, no Morumbi... 19 No Beira-Rio nunca mais . .. . . . .. . . .. . . ... .. 22 '+tr Um éótimo, dois éestupendo, três émagnífico. 2S Não chorem por mim, Osmar eMauro . . . . . . .. 30 a fantasma corintiano .. . . .. . ... . . .. . . . .. .. 32 a Corinthians precisa ser explicado? ... . .. . .. 34 1lP SEGUNDA PARTE a torcedor dentro do campo. . . .. . . .. . .. . . .. 42 A pequena grande história. . .. . . . . ... . .. . . .. S9 editora brasiliense s.a. 01223 - r. general jardim, 160 são paulo - brasil Jf PRIMEIRA PARTE PERDÃO, OBJETIVIDADE Esta história, diferente de tantas outras, não tem começo, meio efim. Não tem começo porque principia numa data muito especial para toda a geração que nasceu da ~ década de 50 para cá. Não tem meio porque está em pleno curso enão tem fim porque se pretende eterna. Éahistória do nosso Corinthians. Será uma heresia, talvez, dizer que o início dela não foi em 1910, ano da fundação do clube mais apaixonante do país. Mas, para nós, não. O nosso Corinthians nasceu numa linda, ines- Para o André, Daniel e Camila, os três corin- quecível noite do dia 13 de outubro de 1977, exatos tianinhos mais querido do mundo; " 22 anos, oito meses, sete dias, quatro horas e 36 para a minha mãe rubro-ríegra, porque afinal minutos depois de o alvinegro ter conquistado o úl- ninguém éperfeito; timo título paulista de sua vida, num longínquo 6 de para o velho que me ensinou a maravilhosa pai- fevereiro de 1955, ganhando, assim, o campeonato xão pelo futebol; e para a Ledinha, companheira que, além de de 1954, o dol VCentenário. tudo, ajudou a fazer de 19"77um ano inesquecível. 8 Juca Kfouri A Emoção Corinthians 9 Foi aos 36 minutos do segundo tempo, contra a Ponte Preta, no Morumbi, que nasceu o novo Corin- thians, o nosso, o vitorioso. Seu fundador chamava- se Basílio, a quem ainda haveremos de homenagear erguendo uma estátua no meio da avenida Paulista. Seu gol, o gol da libertação, responsável por uma explosão popular jamais vista, foi sofrido, sua- do, arrancado do fundo do peito, foi heróico como são os grandes momentos, foi assim: Zé Maria cobrou uma falta na altura do bico direito da grande área, centrando a bola na marca do pênalti. Basílio cabeceou quase na pequena área para Vaguinho que chutou de esquerda no travessão. A bola voltou para Vladimir, que cabeceou na ca- beça de Oscar, na frente do gol vazio. O rebote foi apanhado pela santa perna direita de Basílio. O delírio foi indescritível e suas imagens estão até hoje embaçadas. Um grito tomou conta da cidade na madrugada da sexta-feira: "Corinthians cam- peão! Pau no eu do meu patrão!". Ninguém foi trabalhar. .a ' Gol de Basílio. Gol da libertação. I I A Emoção Corinthians 11 o jogo era o penúltimo de um campeonato em que o Corinthians esteve sempre na liderança. Era ganhar do Santos, bater no São Paulo e pronto! Já se jogava o segundo tempo, e gol que é bom não saía. O tal Pelé não fazia nada e parecia até que voltara machucado à partida. Olavo era um paredão eassustava ogarotinho. De repente, não mais, o negrinho investe para cima dele, faz uma falta desnecessária, irritante mes- A GLÓRIA QUE PELÉ NÃO TEVE mo, o experiente zagueiro perde a cabeça, e os dois vão expulsos. Minutos depois oponta-direita Dorval entra pela região em que Olavo deveria estar e dá a vitória ao Quem' veio ao mundo em 1910 (ano oficial da Santos. fundação, certo?) gosta de futebol e viu Pelé nascer Ali o Corinthians começava a perder o campeo- em 1940, sabe que naqueles trinta anos nada menos nato (depois se saberia que era mais um campeo- do que onze títulos paulistas foram morar no Parque nato), ePelé deixava claro que já entrava no segundo São Jorge. tempo c9m a firme determinação de causar a expul- Quem continuou a acompanhar futebol até 1956 são de Olavo. - ano em que ele começou no Santos - sabe que Depois, o crioulinho, cada vez mais crescido e naqueles 16anos mais quatro campeonatos paulistas melhor, começava a se fazer presente no angustiante foram ganhos pelo Corinthians. drama corintiano. Ecomo! Quem viu Pelé jogar até encerrar a carreira no Os anos foram passando sem que ninguém desse Brasil, em 1974, sabe que naqueles 18 anos o Corin- muito pela coisa. Mas o fato é que o Santos não thians não ganhou nenhum título importante. perdia para o Corinthians. Quem estivesse atento, Tudo começou num domingo de 1957. A torcida porém, perceberia que sempre que jogavam, o nú- corintiana lotava a Vila, Belmiro para ver seu time, mero 10santista era o primeiro a entrar em campo. invicto: há 35jogos, e nem ligava para um crioulinho No mínimo, uma pessoa estava atenta. Era ele, o de apenasI? anos. Afinal, lá estavam Gilmar, Olavo, Pelé. Cláudio, Luizinho, os grandes campeões do IV Cen- Terá sido culpa de Ari, que foi responsável pela tenário, uma conquista ainda bem viva. ausência nos dois primeiros jogos do Brasil na Copa , .' 12 Juca Kfouri A Emoção Corinthians 13 de 58, ao machucâ-lo num simples amistoso prepa- ratório? Ou terá sido o espírito do grande artista que adorava jogar com casa cheia? Até hoje não se sabe. Só se sabe que em toda era Pelé o Corinthians jejuou. Só se sabe que das 41 partidas que disputou contra o Corinthians Pelé ga- nhou 23 e perdeu apenas cinco. Só se sabe que ne- nhum outro time sofreu tantos gols dele, nada menos que 49. A verdade é que torcida alguma padeceu tanto com ele como a corintiana. Nenhuma outra torcida chegou a torcer para que ele fosse vendido ao exterior '[ depois que marcou os quatro gols santistas num jogo que acabou empatado. Ninguém pôde jamais olhar para ele como na noite de 6 de março de 1968, quando Paulo Borges e Flávio quebraram o tabu de onze anos sem vitórias sobre o Santos, e dizer: "É, Pelé, dessa vez você perdeu". E foi por isso tudo que nunca uma torcida foi capaz de amá-lo e odiá-lo tanto. Ou de desejar que seu milésimo gol fosse feito numa partida em que o; Corinthians ganhasse por 5 a 1.,",<~ Étambém por isso que só o corintiano poderá dizer ao maior jogador de todos os tempos: "Penas, Pelé, que pena. A única glória que você não poderá contar a seus netos é a de ter visto, de dentro do ~ .campo.. a massa corintiana explodir seu grito' de os campeã ... ". o.U..JJ (O complemento da frase fica por conta do es- z « tado de espírito de cada corintiano, Tanto pode ser ::;; o "que pena", "azar seu" ou ·"bem feito.). • algozsónãoteveum orgulho. A Emoção Corinthians 15 ramoO Corinthians acordava a cidade, ali pelas sete da matina. Os cruzeirenses desdenhavam, os atleticanos jamais. Mineirão tomado, um gol deles. Eram tempos de Piazza, Tostão, Dirceu Lopes, um inferno. A gente reagiu, empatou, foi roubado e tomou o se- gundo, uma jogada diabólica do Dirceu, driblando Ditão e Luís Carlos e deixando o Ado a ver navios. Uma catástrofe. NO MINEIRÃO NUNCA MAIS A humilhação maior, porém, ainda estava por • acontecer. Em São Paulo, no Morumbi, o Palmeiras batia o Botafogo e assim, com a nossa derrota, eram campeões osinimigos mais tradicionais. Fazer oquê? Corria o ano de 1969. A campanha corintiana Nossa heróica caravana saiu do estádio can- na então chamada Taça de Prata - um verdadeiro tando Palmeiras campeão, só para irritar os minei- Campeonato Brasileiro - era empolgante. ros, numa demonstração de como obairrismo atinge Em dezembro, a dúvida: matar o simulado no asraias da loucura total. cursinho e ir a Belo Horizonte ver a final contra' o . A provocação rendeu. Apedrejaram o ônibus, Cruzeiro ou não? quebraram todas as janelas, houve quem reagisse, Prevaleceu obom senso. todo mundo pra delegacia. Horas depois, toca o arre- O jogo estava marcado para domingo, como medo de veículo estrada afora, no duro caminho da devem ser as grandes decisões. Acaravana partiu do volta amarga. Parque São Jorge, exatamente à meia-noite do sá- Os restaurantes, precavidos, estavam fechados. bado. Lá pelas tantas da madrugada, a mão negra aperta a Eram, digamos modestamente, coisa de 60 ôni- perna, e o crioulo fala pela primeira vez, cúmplice, bus. Bàndeiras desfraldadas na Fernão Dias, urp. arrasado: "Esse time sóme dá problemas. Gastei 3S sem-número de restaurantes literalmente saqueados cruzeiros que não tinha, briguei com minhas duas no caminho, e aquele crioulo ao lado não abria a muié para viredá nisso. Ébroca, irmão". boca. Aalgazarra não lhe dizia respeito. Azar. Incontinenti se põe de pé e solta o berro, gutu- A chegada na capital mineira foi épica. Por ral, do fundo d'alma: "É o Coringão, caralho!". ,/,< onde passava a cruzada alvinegra as janelas se abri- li! 16 Juca Kfouri A solidariedade é geral, irrestrita. Todo o ôni- bus assume o gesto e povoa a noite com o grito de guerra. Mais. Em pleno Anhangabaú, ao raiar da segunda-feira paulistana, no coração da cidade que tinha seu campeão mais uma vezerrado, a caravana entrava festiva, corintiana, para o pasmo dos pas- santes, incrédulos indo ao trabalho, como se uma delegação de marcianos acabasse de desembarcar. A promessa ·foi feita naquele momento, en- quanto o Corinthians não for campeão nunca mais para oMineirão, NO MARACANÃ NUNCA MAIS Deu para entrar na faculdade. Foi uma má troca. Três anos depois tudo se repetiria. Uma cam- panha brilhante, com Sicupira fazendo pela direita o que Rivelino fazia na esquerda, levou o Corinthians ao Maracanã para disputar a semifinal contra o Bo- tafogo. Um empate seria suficiente para chegar à finalíssima contra o Palmeiras ou o Internacional que, na mesma quarta-feira, jogavam em São Paulo, com osgaúchos brigando pelo empate. A ida ao Rio só foi decidida na hora do almoço de um dia de trabalho normal. O chefe entendeu as razões superiores, e oVolks vermelho voou pela Du- tra, chegando às arquibancadas pouco antes do iní- ciodas hostilidades. Saímos na frente, e no intervalo os planos se resumiam a Porto Alegre no domingo, pois o Inter também venciano Pacaembu. Então, a desgraça. Um desses amigos famosos , Jl pelo pé-frio descobre aquele cantinho do maior está- 18 Juca Kfouri dio do mundo e incorpora-se ao sonho da derradeira cartada nos pampas. Foi obastante. Enquanto o Palmeiras virava o jogo para 2 a 1, o Botafogo fazia o mesmo, não sem a ajuda do juiz pernambucano que, entre outros crimes, anulou um gol de Baldochi no último minuto, legitimamente feito com a mão. Na volta, comAOO quilômetros de desespero e E NO MORUMBI? sono pela frente, uma parada no Bob's da avenida Brasil para o pior queijo-quente jamais engolido e BEM, NO MORUMBI. .. uma vontade louca de morrer na serra. Como enfrentar a vida daí para frente? Como enfrentar a cara dos companheiros de trabalho na quinta-feira praticamente sem dormir? E daí veiooano de 1974. Fazia 20anos... Maracanã? Maracanã nunca mais enquanto o O Corinthians havia ganho o primeiro turno do Corinthians não fosse campeão. Campeonato Paulistà ao vencer o São Paulo por 1 a O, gol de Zé Roberto. Logo no primeiro jogo do segundo turno, no Parque São Jorge, contra o Botafogo de Ribeirão Preto, um espigado estudante de medicina com o es- tranho nome de Sócrates faz um lançamento longo para o centroavante Geraldão que acaba na rede corintiana. Rivelino corre para o bandeirinha e reclama impedimento. O infeliz não atende a justa reivindi- cação eé, por assim dizer, agredido. O time desmorona ante a perspectiva do julga- mento resolver pela suspensão do único tricampeão titular alvinegro efaz péssima campanha. Afinal, Riva é absolvido e poderá jogar a final !f

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