c E E M E 17o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL “O corpo reflete o que há no Espírito, sendo assim, o Espírito precisa ser curado primeiro. A Medicina Espiritual há de ser associada à Medicina Humana, em função de que uma vai cuidar do corpo e a outra do Espírito. A Medicina socorre o perispírito, mas também socorre o corpo, ela não se sobrepõe ao remédio, porque cada um age no seu campo; cada um tem a sua esfera de ação; cada um tem o seu momento.” Ignácio Bittencourt (Patrono do Encontro: 19/04/1862 – 18/02/1943) Reuniões de Estudo para o Encontro Seção Técnica de Passes (Estudos realizados em 2006) 2 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 Índice Fluidos............................................................................................................................3 Princípios Científicos Básicos ao Entendimento da Medicina Espiritual – A Matéria Invisível...............................3 Magnetismo Humano – Conceitos Básicos, Diferenças entre Magnetizador e Médium de Cura.............................8 Propriedades dos Fluidos – Ciência e Medicina Espiritual, Características Gerais dos Fluidos, Fluido Espiritual...19 Perispírito.....................................................................................................................25 O Homem Encarnado – Espírito, Perispírito e Corpo. Funções e Propriedades..................................................25 Perispírito e a Etiologia das Doenças...............................................................................................................33 Os Efeitos do Remorso no Perispírito – Fenômenos Fisiológicos e Patológicos..................................................39 A Ação do Passe no Perispírito.......................................................................................................................47 Passes............................................................................................................................56 Anatomia Aplicada ao Passes.........................................................................................................................56 Centro de Força............................................................................................................................................71 O Passe – Instrumento do Médium................................................................................................................84 Condições Básicas para o Trabalho de Passes...................................................................................................89 Técnicas de Passes – Classificação e Definição.................................................................................................94 Passes Longitudinais e Perpendiculares.........................................................................................................100 Passes por Imposição de Mãos e Insuflação....................................................................................................109 Passes Transversais e Rotatórios...................................................................................................................115 Passes no Serviço da Cura............................................................................................................................120 Passes no Serviço da Desobsessão.................................................................................................................125 Experiências no Trabalho de Passes..............................................................................................................132 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 3 Fluidos Princípios Científicos Básicos ao Entendimento da Medicina Espiritual – A Matéria Invisível Aula dada por Alexandre Lobato em 16/03/2006 Nós temos dois objetivos para atingir hoje. Um é o tema mesmo, que fala da matéria invisível, que é como nós, na Seção Científica, chamamos o fluido. O outro objetivo é aproveitar esse intercâmbio e apresentar uma seção para a outra. No caso, vou falar da Seção Científica 1, onde estudamos o fluido, o magnetismo e um pouco de perispírito, preparando o pessoal que no ano seguinte vai estudar a Seção Científica 2. Na Seção Científica vivenciamos dois problemas: um com as pessoas que dizem não saber nada e outro com as que, porque são de alguma área profissional técnica, acham que sabem alguma coisa. O que pensa que não sabe nada diz: “Eu até que gostaria de estudar lá, mas não vou não, porque a científica é um negócio técnico, não vou entender nada. Meu negócio é só Doutrina Espírita”. E acaba não indo. E o que vem, porque vê no nome “Científica” um ponto atrativo, é um problema porque temos dificuldade em fazer com que ele fale de Doutrina Espírita. Formamos o grupo para estudar e a tendência é o pessoal dar uma viagem sem fim. Repetem incansavelmente alguns termos técnicos que nós não usamos no Encontro, porque o Encontro é um encontro espírita sobre Medicina Espiritual. Falamos de Medicina Espiritual na visão de Kardec. A Seção Científica, obrigatoriamente, traz conceitos da ciência atual para o Encontro. Por exemplo: semanas atrás passou na TV um programa sobre as teorias da criação do Universo. Tem a do Big-Bang que teve uma explosão e começou tudo e tem uma que se chama Teoria das Cordas, que afirma que a criação do mundo começou de vibrações nascidas de pequenas estruturas. Aí o pessoal diz: “Isso aí não é novidade nenhuma, sou espírita e sei disso há muito tempo. Léon Denis no livro No Invisível já falava isso: no Universo tudo é vibração, tudo vibra. O espírita já sabe.” Não é para falar assim, é para ficar com aquela firmeza que os codificadores como Kardec, Léon Denis, Gabriel Dellane sempre sinalizaram: toda religião tem que crescer, tem que acompanhar o avanço da ciência, do raciocínio do homem, das necessidades do homem da Terra. Quando a gente estuda o Espiritismo e vê que na ciência encontramos respaldo para aquilo que os espíritos trouxeram para Kardec, a sensação tem que ser sempre assim: minha religião é moderna, ela está crescendo. Daqui a cem anos o Espiritismo vai estar mais forte do que hoje. Nos Estados Unidos há uma verdadeira discussão sobre a evolução da espécie humana. Estão querendo colocar na escola, de novo, que nós viemos de Adão e Eva, que teve a Arca de Noé. Isso é uma discussão institucional, envolvendo Governo dos Estados, as instituições de educação. E tem outra corrente, a evolucionista, que fala de Darwin, que viemos do macaco, é o que a ciência mostra. Não tem diminuição nisso não, porque tudo faz parte da criação de Deus. O fato de eu vir do macaco, da ameba ou de uma costela, não quer dizer absolutamente nada, porque eu sou criatura de Deus. A nossa religião não está parada no tempo, não briga por conceitos ultrapassados, pelo contrário, ela está sempre acompanhando aquilo que a ciência, que a evolução do pensamento humano vai descobrindo para nós. Esse é um dos principais aspectos que a Seção Científica procura passar para o encontrista. Vamos pensar como Kardec pensava há 160 anos. Na época dele não tinha televisão, celular, fax, calculadora, nada do que temos das facilidades da vida do homem moderno. O que ele estudava na escola de ciências, os nossos filhos, hoje, na 4a série, sabem muito mais. No tempo de Kardec, o raciocínio em relação à matéria nas suas representações mais pequeninas era pouco diferente do que havia 450 anos antes de Jesus. Kardec viveu em 1850 e o que ele estudava de Física, de Ciência não era muito diferente do que os gregos sabiam 2300 anos antes, não tinha diferença quase nenhuma, em se tratando de matéria. Eles pensavam assim: qual o menor pedaço dessa câmera? Vou pegar a câmera e, quebrando, quebrando, quebrando, vou encontrar o menor pedaço dela e depois não tem nada, acabou. Kardec já conhecia as moléculas, os átomos, mas não as partículas menores da matéria. O que os espíritos escreveram tem um valor excepcional, porque era uma revelação. Ninguém tinha conhecimento daquilo naquela época. Kardec morreu sem conhecer sobre elétron, 4 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 átomo. Alguma coisa de carga elétrica ele conheceu. No Livro dos Espíritos ele pergunta: “fluido é fluido elétrico?” (Porque estava na moda na época.) Kardec pergunta em O Livro dos Espíritos sobre molécula e não sobre átomo, porque ele não conhecia. 33 – A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades? “Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!” O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são meras modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para nós verdadeiros elementos e podemos, sem maiores conseqüências, tê-los como tais, até nova ordem. a) Não parece que esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria senão duas propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as demais propriedades não passam de efeitos secundários, que variam conforme a intensidade da força e a direção do movimento? “É acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme a disposição das moléculas, como o mostra, por exemplo, um corpo opaco, que pode tornar-se transparente e vice-versa.” 34 – As moléculas têm forma determinada? “Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá-la.” a) Essa forma é constante ou variável? “Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras. Porque, o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar.” (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Editora F.E.B.) Quando Kardec estuda sobre perispírito, os espíritos dizem que o corpo espiritual, para ele, é vaporoso, pois não consegue ver, porque é feito da matéria muito pequenina que ele não conhecia. Mas, para os espíritos, é grosseiro, porque eles conheciam. Essas substâncias que para Kardec eram menores, não eram menores, a menor coisa chama-se Fluido Cósmico Universal. Que na Gênese, cap. XIV Kardec estuda melhor. Para quem se propõe ser médium espírita, que dá passe, isto não é possível sem conhecer de fluido. Claro que é possível ser médium, claro que é possível dar passe. Magnetizador dá passe sem estudar a doutrina. Mas a nossa proposta é ser médium espírita, o médium que Kardec mostrou que temos que ser. Esse médium tem que conhecer o material que usa para dar passe, que é o fluido. É um material muito sutil, tão sutil que eu não consigo ver, a maioria de nós não vê mesmo, mas é um material. É invisível, pequenino, mas existe e é material. Na ciência a gente comprova a existência de coisas invisíveis, o que os instrumentos não conseguem ver, pelos efeitos que elas causam. Por exemplo: nós descobrimos planetas Júpiter, Urano muito antes do telescópio Hubble. Uns deu para ver mesmo (no caso de Júpiter deu), mas outros não. Como se viu? Porque fizeram cálculos e os cálculos diziam que neste local do espaço não deveria ter nada, mas tem algo lá. É exatamente o raciocínio que usamos na doutrina espírita, nós não conseguimos ver o fluido, mas percebemos os efeitos dele. Quando damos passe as pessoas dão um retorno: “Quando o médium chega perto de mim sinto um calor.” O próprio médium fala: “Quando ponho a mão sobre a mão doente, minha mão fica gelada, ou dormente, formiga. Parece que tem um peso quando se coloca a mão num copo com água.” São efeitos de uma matéria que não vejo, é invisível, mas que eu sei que está ali, pelos efeitos dela passando pela minha mão e chegando na pessoa. É o mesmo raciocínio que a ciência usa. As afirmativas que estão nos livros da codificação, para a Seção Científica tem um valor de vibração: “Olha só que coisa legal!” Isso que na época de Kardec foi uma revelação, e ele foi corajoso porque publicou, não ficou só na cabeça dele não. Porque o elétron foi descoberto em 1898 e vamos à Internet e vemos que Fulano de tal em 1870 e pouco já estudava, mas não contou para ninguém. Kardec não tinha embasamento científico na época, nada que apontasse nessa direção e colocou em livro, jornal, fazia estudo na Sociedade de Estudos Parisiense. Para nós da Seção Científica é motivo de vibração: “O codificador teve essa coragem, nós vamos ter que ter uma semelhante, porque vamos vir a público 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 5 falar de conceitos científicos, mas dentro do meio filosófico, cristão, religioso.” Sem levar para o lado extremamente técnico, porque não convém. Mas não ficar falando só do que está escrito no livro, porque para falar o que está no livro, vende-se o livro, as pessoas lêem e está tudo certo. Temos que aprofundar o que está ali. Na Gênese diz que o fluido cósmico elementar é a matéria elementar do Universo. Elementar é o que está na origem, é o mais simples. Tudo o que existe no universo material, tirando Deus e o espírito, tudo o que sobra tem origem no que Kardec batizou de Fluido Cósmico Universal. Hoje a ciência fala a mesma coisa, até a expressão é a mesma, matéria elementar. O próprio Kardec já alertava para isso: “Se quiser chamar de fluido elementar chama, se quiser chamar de fluido universal chama, se quiser chamar de fluido cósmico universal chama, só nos entendamos quanto a uma coisa, é a manifestação mais simples que existe na matéria.” Os homens da ciência dizem, ao pegarem do momento em que houve a explosão até hoje, e dividirem em dias: “Nós sabemos como é a matéria 15 milionésimos de segundos depois dela ter sido criada.” Eles sabem como é a matéria bem perto do ponto zero, do Fluido Cósmico Universal. Eles não sabem como é o momento zero da criação, mas sabem que tem uma matéria muito simples, e chamam de matéria elementar, matéria escura. Um cientista suíço fazendo uma pesquisa sobre outras galáxias, chegou à conclusão que, pelo que se conhece de matéria, aquilo deveria estar andando muito mais rápido, no entanto, está muito devagar, deve ter mais matéria do que se conhece. Ele provou por cálculos que existe algo que não conseguimos mensurar, mas existe. No texto da Gênese Kardec diz que, além do ponto zero, ocorrem infinitas transformações e ponderações, gerando tudo aquilo que conhecemos no Universo. Aqui é a matéria no estado mais simples, ela vai combinando, recombinando até chegar no mundo material que nós conhecemos. No Encontro fazemos experiências bem simples, pegamos a água, esquentamos, ou seja, colocamos energia, ela vira vapor. Mudou uma propriedade, mas continua sendo água. Uma está no copo, eu vejo; a outra eu esquento e não vejo mais, criamos uma propriedade nova para a água a invisibilidade. Igual à matéria que num estágio eu vejo, posso pôr a mão e no outro, o fluídico, não tem peso, não consigo ver, mas é matéria também. Isso somos nós, o homem, imagine os Espíritos superiores, que são os ministros de Deus na criação, combinando as coisas para montar o Universo. O físico Marcelo Gleiser faz um cálculo para mostrar a mesma coisa que está na Gênese. No livro Retalhos Cósmicos ele diz assim: “Quantas moléculas podem existir? Usando apenas 103 átomos (outros forma sintetizados recentemente) e descontando os oito gases nobres, pois estes não se combinam com outros átomos, temos 95 átomos para formar moléculas. Se uma molécula tem dois átomos, existem 95 possibilidades para o primeiro e 95 para o segundo, ou seja, 95 x 95 = 952 = 9025 moléculas diferentes. Para moléculas com n átomos, temos 95n possibilidades. Na realidade, o número é bem menor, porque nem todos os átomos forjam ligações entre si. Levando em conta essa limitação (conhecida como “valência”), o número de moléculas com n átomos é, numa aproximação grosseira, 95n/2. Esse número é extremamente grande, mesmo para moléculas com um número relativamente pequeno de átomos. Por exemplo, se n = 112, o número de moléculas é 9556, que é aproximadamente igual a 10110 (1 seguido de 110 zeros)! O físico Walter Elsasser cunhou o termo imenso para descrever números maiores do que 10110. Portanto, o número de moléculas possíveis é certamente “imenso”. O número 10110 não é arbitrário. Imagine que você tenha que compilar uma lista contendo 10110 moléculas. Elsasser mostrou que, para armazenarmos a informação contida nessa lista, precisaríamos de um computador cuja memória utilizaria todos os átomos de hidrogênio do Universo. Mais ainda, para examinarmos o conteúdo da lista precisaríamos de um tempo maior do que a idade atual do Universo, em torno de 15 bilhões de anos!” (Retalhos Cósmicos – Marcelo Gleiser – Ed. Companhia das Letras) Olha quanta coisa tem no Universo que a gente não conhece ainda. O fluido é um desses bilhões de matéria que existe por aí. Tem a madeira, o papel, o plástico, o couro, o tecido, todas são substâncias, tão reais quanto o fluido. Na Gênese Kardec diz que os homens manipulam os gases no laboratório da mesma forma que os espíritos manipulam os fluidos. Só que os homens usam as mãos e os espíritos o pensamento 6 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 para manipular essa matéria, que é tão tênue, tão simples, que com a simples força do pensamento pode-se agir sobre ela. Vai nascendo a idéia de responsabilidade. Imagine que eu seja um químico responsável por criar um produto de limpeza. Eu posso criar qualquer negócio e colocar na prateleira e vender? Poder posso, mas pela ética não se deve fazer isso. Com o médium é a mesma coisa, pensar qualquer coisa na hora do passe eu posso, mas não devo, porque tenho um compromisso com a responsabilidade. Além das múltiplas transformações, nós temos um outro ponto que os espíritos trouxeram e que nós encontramos respaldo na ciência. Os espíritos falaram para Kardec que se a matéria se transforma, ela ganha propriedades diferentes. Tangibilidade – Nós podemos colocar a mão no fluido? Na hora do passe não, mas no espírito materializado sim. Depende do fenômeno que estou analisando. Para a técnica de passes quase sempre será não. Na materialização é sempre sim, porque o espírito está materializado, coloca a mão na parafina para fazer o molde, para comprovar a imortalidade. Ponderabilidade – O fluido tem peso? O perispírito tem peso? Sim. Nas experiências de materialização pesava a médium e durante a materialização pesava novamente e verificava que perdia peso pela doação de fluido. Em determinadas circunstâncias posso medir. Na hora do passe não dá para medir, mas dá para perceber o efeito que é a fome, cansaço, fraqueza. Temperatura, gosto, odor, cor, brilho – Propriedades organolépticas, que são aquelas que sentimos com o corpo. Na Terra, o fluido está sempre modificado ele vai ter sempre alguma coloração, brilho, mas nem sempre vamos perceber. Tem médiuns que percebem isso. Tem pessoas que falam que não sentem nada na hora de dar o passe, porque a mão não esquenta como a do Fulano, não fica gelada como Cicrano, é médium de pedra. Mas se a pessoa se concentrar bem vai ter um outro canal de percepção. É que ela está se comparando aos outros, mas cada um tem o seu canal de percepção. Vai perceber isso observando o seu próprio comportamento dando o passe. Como eu fico quando uma pessoa chega perto de mim? Como fico dando passe em tal ou tal ambiente? Tem que estar sempre ligado nisso para perceber a própria condição sensitiva, magnética. Elasticidade – Fluido estica? Pense no elástico que a gente usa para prender o dinheiro e o cabelo. Estica o elástico, prende o cabelo e quando solta, o elástico volta a seu tamanho normal. O fluido estica e volta? Sim. Na médium Florence Cook o fluido esticava para fazer a materialização e depois voltava para ela ao final da materialização. Na hora do passe o fluido estica e volta? Estatisticamente não. Por que Fulano veio tomar passe? Porque ele está doente. Do ponto de vista do magnetizador a doença é desequilíbrio de fluido. Por que estou doente? Ou porque tenho muito fluido ou pouco fluido. Se tenho muito, um desequilíbrio ou excesso, como vou fazer para curar Fulano? Tiro o excesso, boto para doar fluido. Se tem pouco, para equilibrar coloco fluido. Por exemplo, ele tem pouco fluido. Doei fluido meu, dos espíritos, dos guias que trabalham na casa, dos espíritos interessados na cura da pessoa, que gostam dela, que a acompanharam até a casa espírita, interessados na sua saúde. Eu doei para Fulano e ele vai me devolver o fluido? Não. Senão ele vai ficar doente de novo, porque veio para pegar fluido. Foi e não voltou, por isso ficamos com fome quando acabamos de doar fluido. Se fosse e voltasse não ficava desgastado. As propriedades existem, mas têm que ser estudadas caso a caso. Cada passe é um passe. Expansibilidade – É o aumento de volume. Quando paro na frente da pessoa para dar o passe expande ou não o fluido? Sim. Ignácio Bittencourt diz que há situações em que eu estou emanando, emitindo ou irradiando fluidos. A gente gasta energia, como se fosse evaporando. Estamos irradiando fluido o tempo todo. Há um espaço imediatamente ao nosso redor, que é esta expansão de fluido, que ainda somos nós. Por isso que, só de chegar perto de uma pessoa, se temos sensibilidade para isso, dizemos que ela é muito nervosa, porque percebemos isso nos fluidos que se expandem ao redor. Emitir é acompanhado da nossa vontade, é o passe mesmo. Estou em prece, o fluido cresce. Não é uma coisa solta, estou direcionando. No trabalho da irradiação, o endereço é lido, mentaliza-se o socorro, coloca-se o fluido para fora. Se você conhece o endereço, a mente vai lá e ajuda na condução do fluido. Se não conhece, só 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 7 vai colocando para fora, desejando socorrer aquela pessoa e os espíritos é que vão pegar e levar até lá essa energia. Vemos os dois casos, pondo para fora, expandindo, emanado e emitindo. O passe sem vontade não é passe, deixou de ser passe. Penetrabilidade – Capacidade do fluido de penetrar todos os outros materiais que existem no nosso mundo. O fluido faz parte desse domínio da matéria muito pequenino, muito sutil. A matéria está numa fase em que nós não percebemos, é muito fina e atravessa os espaços que existem entre as outras substâncias. O fluido, por ser muito fino, ultrapassa qualquer matéria que existe na Terra. Na hora do passe não precisa tirar a bolsa do colo, porque o fluido passa por ali. Kardec na Revista Espírita de 1858 diz que o médium que não acredita nisso (que o fluido pode passar em qualquer lugar), é o médium de fluido “mole”. É o médium que duvida que seu fluido possa atravessar obstáculos. Quando a gente duvida enfraquece a vontade e fica sem força para fazer o fluido atravessar. Tenho que ter convicção e então o fluido vai chegar lá. No nosso mundo não há obstáculos para o fluido que usamos no passe, fluido magnético animal, fluido dos espíritos, porque ele vai passar pelos obstáculos que colocarem na nossa frente. As pessoas estão vestidas na hora de tomar passe, tem a pele cobrindo os órgãos. Eu posso dar passe na pele? Posso, uma queimadura, por exemplo. Mas se for uma lesão abaixo da pele, eu tenho que mentalizar o fluido passando ali. O Nagae dá uma sugestão: imagine que é uma pomada, mentalize que está colocando a pomada fluídica no ferimento, o fluido vai chegar no ponto que tem que atingir. Nós temos a garrafa para fluidificar e as pessoas perguntam se devemos ou não destampar as garrafas para fluidificar. É melhor não destampar, porque entram outras coisas. O fluido ultrapassa qualquer obstáculo, vai passar em tudo. Uma pessoa vem à casa espírita pela primeira vez, traz a sua garrafa e aí vem um fulano que ela não sabe de onde veio, utilizando a mão que ela não sabe se está higienizada. Já repararam que acaba a reunião pública e ficam várias garrafas lá? Imagine alguém que olhou, viu o médium sair do banheiro e abrir a garrafa para fluidificar. “Será que ele lavou as mãos?” Pelo sim pelo não, a pessoa larga a garrafa lá. Questão de higiene, não coloque a mão numa coisa que não é sua. No passe, temos orientação para não colocar a mão nas pessoas, para manter o respeito pela integridade delas. A água é da pessoa e, sabendo que meu fluido ultrapassa obstáculos, mentalizo-o entrando na garrafa e faço meu trabalho. É obrigatório o conhecimento de tudo isso? Obrigatório não é. O Mário Coelho falava, no curso de magnetismo, que, do ponto vista espírita, para dar passe é bom saber de anatomia, mas não é obrigatório. Que Pedro e João conheciam anatomia de peixe e curavam as pessoas. Não é obrigatório, mas, sabendo dá mais segurança para nós que não temos a condição espiritual deles. Cada coisa que conseguimos acrescentar ao nosso conhecimento nos dá segurança dentro do trabalho. Estamos chegando à nossa conclusão do papel da Seção Científica, que é mostrar o embasamento atual das revelações, das informações que Kardec trouxe, mostrar que o fluido é matéria mesmo, que trabalhamos, manipulamos, temos resultados objetivos, diretamente ligados à nossa atuação como trabalhador. E conforme vamos acrescentando essas informações é como se fossemos um trabalhador de uma indústria. Quando se tem ferramentas que conhecemos melhor, o rendimento vai ser muito maior, vai-se gastar menos para fazer um trabalho de melhor qualidade. Porque nós prestamos um serviço às pessoas, quando elas vem tomar passe com a gente. Nosso serviço tem que ser cada vez melhor. Cada passe que se dá tem que ser melhor que o último que se acabou de dar. Tem que se buscar a excelência como médium. Não aprender só o que está no livro não, nem em estudos como este. No Livro dos Médiuns, no capítulo que fala do método de se fazer seguidores, Kardec diz que ensina todo aquele que conversa, que troca experiências. Cada vez que sento para conversar com alguém que já deu 700 passes mais que eu, estou absorvendo conhecimento, porque ele já experimentou 700 vezes mais situações que eu nunca vi na minha vida. Tem coisas que não estão no livro, se aprendem com a troca de experiências. 8 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 Magnetismo Humano – Conceitos Básicos, Diferenças entre Magnetizador e Médium de Cura Aula dada por Carlos Cunha – 30/03/06 O que vocês entendem por Magnetismo Humano? Resposta: “— Uma força de atração. Alguns chamam de carisma.” Temos então força de atração, energia e carisma. Vamos pensar nas atividades, no trabalho mediúnico e no passe. Existe a força de atração, energia, o carisma. Como vocês acham que isso funciona? E o magnetismo onde entra? Segundo a história, a palavra magnetismo vem de uma região chamada Magnésia. Os homens, andando por lá, descobriram que tinha uma pedrinha e que uma grudava na outra. Deu-se o nome de magnetita por causa da região que se chama Magnésia. O nome dessa força de atração passou a ser magnetismo. A descoberta do magnetismo vem mais ou menos por aí. Quando falamos de magnetismo lembramos do imã. O imã é o material em que nós conseguimos visualizar, de forma patente, os efeitos do magnetismo. Tem uma experiência que fazemos na seção científica: nós temos duas argolas imantadas. Circula uma energia por aqui, existe um magnetismo, e esse componente magnético que atrai e repele está presente na natureza. Porque o magnetismo é uma força atuante e muito presente na natureza. Nós conseguimos perceber o efeito dessa energia com o imã. Mas o que isso tem a ver com os seres humanos? O que essa energia que circula aqui tem a ver com a energia do passe que estamos aplicando? Qual a relação que conseguimos encontrar nesse componente material com o componente espiritual e perispiritual que somos nós? Será que tem uma coisa a ver com a outra? A exemplo do imã, eu tanto posso combinar, ou seja, atrair, juntar, unir, como posso dispersar, repelir. Vamos partir de um princípio natural das forças que atuam na natureza. Para falarmos de magnetismo, dessa força que circula, que interage conosco, estamos falando de um efeito natural da vida, porque o magnetismo é uma lei de Deus. A diferença do imã para nós é muito grande. A base, o princípio material é o mesmo, mas o desenvolvimento, a capacidade de atração e repulsão, o poder de irradiação, o campo de ação dessa energia é limitado. Temos dois imãs: quando aproximo um do outro sinto uma força puxando muito forte, mas se afasto um do outro, já não percebo isso, embora essa energia exista. Qual o princípio desse magnetismo? O imã é composto por dois pólos: norte e sul. A energia que circula, que flui, sai do pólo norte no sentido do pólo sul. E o que faz essa força de atração? O pólo norte de um está em contato com o pólo sul do outro. Existem linhas de forças que saem do pólo norte e dirigem-se ao pólo sul. Elas vão procurar o melhor caminho para poder atrair um outro componente. Como sabemos, pólos opostos se atraem. Mas se inverto a polaridade, estarei repelindo. Porque os pólos estariam iguais: sul com sul e norte com norte se repelem. Tenho o fator distância. Quanto mais próximo, maior o poder de atuação. E em nós, será que a coisa funciona da mesma forma? Vamos nos comparar ao imã. Nós, seres humanos, espíritos encarnados no corpo físico somos seres dotados de magnetismo. 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 9 O que vem a ser magnetismo humano? O magnetismo humano é a energia que flui, é essa capacidade que temos de interagir com o outro, de ser agradável ou desagradável com alguém, esse chamado carisma, esse poder de atração. Existem pessoas que quando chegam num determinado ambiente, os outros não sabem nem explicar porque, ficam impactados. O que é isso? É o magnetismo que a pessoa exala, é o poder de atração, é a capacidade de imponência que a própria figura humana tem e, naquele instante, todas as atenções se voltam para ela. Existe uma certa energia que circula, que flui pela criatura e que isso consegue atrair. Em contrapartida há pessoas que chegam a ser desagradáveis, chegam ao ambiente e a presença delas repele as atenções. É o magnetismo humano. Então, nós somos como verdadeiros imãs, temos pólo norte, pólo sul? O meu pólo norte foi com o teu sul, é isso que acontece? Não, não é por aí. Mas o princípio está nessas forças que vão e vem, que se conjugam, que se atraem ou repelem. Temos que levar em consideração que estamos encarnados. Todo material é formado por átomos. Os átomos formam as moléculas e a junção dessas moléculas formarão os corpos, em geral. Todo átomo é formado por partículas. Tem as partículas de prótons, elétrons e neutrons. Prótons e neutrons estão no centro do núcleo e os elétrons na periferia, são as bolinhas que ficam circulando. P+ N O que faz o imã ser imã? Existem materiais em que os elétrons circulam na última camada, chamada de valência. Tudo está girando, nada está parado. Nós estamos rodeados de átomos, prótons, neutrons, elétrons, enfim, esta matéria que não enxergamos compõe o nosso organismo e compõe tudo aquilo que a gente vê e aquilo que não conseguimos visualizar. Os elétrons giram em torno de si mesmos e em torno desse núcleo. Vamos lembrar do sistema solar. O planeta Terra gira em torno de si mesmo e em torno do sol. Movimento de rotação e movimento de translação. Os elétrons giram em torno do núcleo, o que é comparado ao movimento de translação, e em torno de si mesmos, o que é comparado ao movimento de rotação da Terra. E esse movimento de rotação em torno de si mesmo é chamado SPIN. Spin é a rotação que o elétron dá em torno de si mesmo. O que faz o material ser um material magnético? Os elétrons da última camada giram no mesmo sentido. Temos dois elétrons chamados spins paralelos, estão girando no mesmo sentido. A tendência é a força se unir, é como se a energia se somasse e aquilo provoca um campo. Nos materiais que não são magnéticos os spins giram em sentido contrário, a tendência é um anular o outro. Então, nem todos os materiais são magnéticos ou magnetizáveis? Existem materiais que basicamente são magnetizáveis, porque os spins estão girando no mesmo sentido. Em outros, os spins estão girando em sentido oposto, o campo magnético está nulo. Mas, na verdade o nulo não é zero, é quase zero. Todo o material que conhecemos tem uma capacidade magnética. O ferro, o níquel e o cobalto são elementos em que conseguimos constatar o efeito do magnetismo, outros materiais não. Existem materiais que isolam isso daí. Somos espíritos, temos um perispírito e estamos presos num corpo físico. Nessa junção de espírito e matéria. Quando a gente fala de matéria, fala do elemento, que de uma certa forma, sendo visível ou invisível, é composto por átomos. Existem partículas atômicas, que estão ali se movimentando. A própria movimentação da matéria cria em si um campo magnético. Nós temos o nosso campo magnético. Claro, não somos um imã. Mas pelo simples fato de sermos compostos por matéria e a matéria ter átomos e os átomos tem prótons, elétrons e nêutrons, isso se movimenta. Lembrem do dínamo, que é um componente material, há uma bobina que começa a rodar e na 10 17º Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual – Técnica de Passes – 2006 movimentação daquele material se forma um campo. O campo é o raio de ação que o material tem. Por exemplo: o imã tem um campo de ação. Nós, seres humanos, espíritos, seres dotados de razão, de inteligência, temos um campo de ação, não só fisicamente falando, porque vamos lembrar que estamos unidos a um corpo físico e nessa própria união à matéria, pelo simples fato de estarmos encarnados, este corpo tem um campo de ação. A própria vibração da matéria física, orgânica, tem uma vibração e a vibração vai ser ampliada com aquilo que somos, com o que trazemos, com nosso pensamento, sentimento e emoção, que é o que nos diferencia do imã. Nós temos o nosso magnetismo, humano, a nossa capacidade, o nosso poder de influenciação, o nosso poder de atração, de persuasão, isso é do magnetismo humano, mas podemos ampliar o nosso campo. O imã é imã e acabou, ponto final. Nós, mesmo tendo a característica físico-orgânica, podemos ampliar isso em nós. O que pensamos, sentimos, fazemos interfere nesse nosso campo. E o que isso tem a ver com o trabalho do passe? Qual seria a diferença com a nossa atuação? Através do nosso pensamento, do nosso magnetismo, do nosso poder de influenciação, nossa energia sendo levada a outras criaturas, porque querendo ou não, isso é uma coisa tão natural que, ao longo dos milênios, começando no princípio inteligente, passando pelos três reinos: mineral, vegetal, animal, até a condição hominal. Ao longo dessas eras todas, nós começamos a trabalhar em nós e a aprimorar esse nosso campo de ação, esse nosso campo de atuação. Então, se hoje nós chegamos numa condição tal que conseguimos influenciar alguém, seja com a nossa palavra, com a nossa presença, com o passe que aplicamos, isso tudo é uma construção do espírito ao longo dos milênios, das eras, dos tempos. Agora, independente de estar conscientemente pensando em atuar sobre alguém, eu estou atuando, isso é o meu campo. Cheguei num local, eu não só como a minha matéria física, orgânica, perispirítica, mas tudo aquilo que eu trago nas minhas experiências, chego aqui com o meu campo de ação. Independente de eu estar conscientemente direcionando minha energia, meu magnetismo para alguém, ele está saindo naturalmente. E isso pode ser ampliado. No momento do trabalho do passe, eu posso não estar pensando, mas de uma certa forma a energia está fluindo, está saindo. Mas a partir do momento que eu amplio, abro minha mente, sintonizo com o mais alto, abro meus sentimentos, amplio meus canais de sensibilidade, eu amplio esse meu campo também. Qual seria a diferença entre magnetizador e médium curador? Existem pessoas que têm a consciência, que sabem e até estudaram o magnetismo humano, que já conseguem comprovar essa energia humana que flui através de nós. Isso não foi a doutrina espírita que descobriu. A ciência já comprovou desde muito tempo. A doutrina espírita vem explicar, ampliar e dar uma visão espiritual desse estudo. O magnetismo humano existe desde que o mundo é mundo e os homens vêm estudando e conseguem comprovar. Mesmer foi um dos grandes divulgadores do magnetismo. Existem pessoas que não acreditam no Espiritismo, não aceitam a Doutrina Espírita, não querem saber de espíritos, mas atestam e comprovam a existência do magnetismo humano, e usam essa energia para curar alguém, são os chamados magnetizadores. Aqui, no Brasil, não é muito comum, mas lá fora é difundido, você encontra pessoas que desenvolvem a técnica de manipulação energética e doam essa energia para outro. O magnetismo requer a capacidade de influenciação, eu interfiro no campo do outro. A base do passe está no estudo e aplicação do magnetismo. Claro que nós, conscientes da existência dessa força, dessa energia, unimos isso à ajuda espiritual, coisa que os magnetizadores não fazem. Para eles, estão doando aquilo que é deles. Exemplo: a pessoa caiu, machucou e teve uma contusão. Eu vou fazer uma massagem nela. Estou magnetizando. Posso não estar conscientemente pensando, mas estou magnetizando, transferindo energia minha para o outro. É um efeito natural. A própria energia, aquilo que em eletrônica a gente chama de diferença de potencial, onde esses elétrons fluem naturalmente, de onde tem mais para onde tem menos. Exemplo: eu tenho um imã e um prego. Essa energia do imã flui naturalmente e consegue atrair o preguinho. À medida que vou distanciando não consigo fazer com que essa energia atue. Veja exemplo retirado da apostila da Seção Científica.
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