Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 1 – O Primeiro dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. O que é o Partido Comunista? A Sombra de Mao: Mãe e filho andam através da entrada do Museu Militar de Pequim e são saudados pela grande estátua do ditador chinês Mao Tsé-tung. 1/206 Introdução Já faz mais de 5.000 anos desde que o povo chinês surgiu e se estabeleceu sobre a região regada pelos rios Amarelo e Yang-tsé. Um povo que criou uma cultura esplêndida. Ao longo de mais de dez dinastias, a cultura chinesa teve períodos de florescimento e declínio como imensas ondas que se formam e se desfazem; um espetáculo de comover corações. O ano de 1840 é geralmente considerado pelos historiadores como o início da China contemporânea; ano que marca o início do caminho da China tradicional para a modernidade. A civilização chinesa passou por quatro grandes desafios de grandes repercussões. Os três primeiros são: a invasão de Pequim pelas forças aliadas anglo-francesa durante a década de 1860; a guerra entre China e Japão em 1894; e, em 1906, a guerra entre a Rússia e o Japão, a noroeste da China. A China respondeu a esses desafios com o Movimento de Ocidentalização, caracterizado pela importação de bens e armas, as reformas institucionais (o Movimento de Reforma de 1898 e a Lei Constitucional da Dinastia Qing) e, mais adiante, a Revolução Democrática de 1911. Como depois da I Guerra Mundial, os interesses da China – um dos países vitoriosos – não foram respeitados pelas demais potências, muitos chineses consideraram como totalmente ineficazes as três respostas dadas àqueles três desafios. Assim, surgiu o Movimento de Quatro de Maio, que encabeçou uma nova resposta que culminou com a completa ocidentalização da cultura chinesa e, pouco depois, com a revolução extrema através do movimento comunista. Os Nove Comentários falam sobre as conseqüências desta última resposta: o movimento comunista e o surgimento do Partido Comunista Chinês, o PCCh. Fala dos desdobramentos da escolha do comunismo feita pela China, melhor dizendo: de algo imposto à força. Será feita uma detalhada análise dos últimos 160 anos da história da China, nos quais cerca de 100 milhões de pessoas morreram de forma não natural e nos quais desapareceu por inteiro a tradicional civilização chinesa junto com sua cultura. I. A utilização da violência e do terror para tomar e manter o poder. “Os comunistas não se rebaixam para dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda ordem social existente”. É assim que termina o Manifesto Comunista, o principal documento do Partido Comunista. A violência é o método pelo qual esse partido obtém o poder e, além disso, o recurso que mais utiliza. Essa é a imutável característica herdada por todas as vertentes do comunismo desde o seu nascimento. Na realidade, o primeiro partido comunista foi fundado muitos anos depois da morte de Karl Marx. O segundo, o “Partido Comunista de Todos os 2/206 Russos” (Bolchevique, e posteriormente conhecido como Partido Comunista da União Soviética), surgiu depois da Revolução de Outubro de 1917, através do emprego da violência contra os “inimigos de classe”, e se manteve pelo uso da violência contra seus próprios membros e o próprio povo. Durante as “purgas” stalinistas da década de 1930, o comunismo soviético matou mais de 20 milhões de pessoas, entre elas os chamados “espiões” ou “traidores”, aqueles que tinham opiniões diferentes. O Partido Comunista Chinês (PCCh) surgiu de um desdobramento da Terceira Internacional Comunista que foi encabeçado pelo Partido Comunista Soviético. Portanto, herdou de forma natural o uso da violência e brutalidade. Durante a primeira guerra civil entre os comunistas e o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês), entre 1927 e 1936, a população da província de Liangxi caiu de uma população de 20 para cerca de 10 milhões de habitantes; um exemplo das terríveis perdas decorrentes do uso de violência. Diz-se que o uso da violência é inevitável quando se trata de obter o poder político. Entretanto, nunca existiu um regime que matou tanto quanto esse do PCCh, especialmente em tempos de paz. Desde 1949, quando o PCCh chegou ao poder, o número de mortes causadas pela violência do PCCh já superou o total de mortes ocorridas durante todas as guerras dos últimos 30 anos. Um exemplo disso foi o apoio dado pelo PCCh à Khmer Vermelho no Camboja. Quando o Khmer Vermelho tomou o poder, 1/4 da população do Camboja – sendo boa parte de ascendência chinesa – foi exterminada. Até hoje, a China Comunista se esforça para impedir que a comunidade internacional julgue publicamente o Khmer Vermelho, com o propósito de esconder a evidente participação do PCCh nesse genocídio ocorrido no Camboja. Cabe assinalar que muitas das forças armadas e dos regimes mais brutais dessa região têm laços estreitos com o PCCh. Além do Camboja, os partidos comunistas da Indonésia, Filipinas, Malásia, Vietnã, Birmânia, Laos e Nepal, foram estabelecidos com o apoio do PCCh. Muitos líderes desses partidos comunistas nasceram na China, e alguns estão escondidos na China. Além disso, outros partidos comunistas de origem maoísta, como o Sendero Luminoso (Peru) e a Armada Vermelha (Japão), foram condenados pela comunidade mundial devido às suas ações violentas e brutais. Uma das raízes teóricas do comunismo baseia-se na teoria da evolução de Darwin; uma forma de darwinismo social. O Partido Comunista transportou o pensamento de Darwin sobre competição entre as espécies animais para as relações sociais e o desenvolvimento histórico: ele sustenta que a luta de classes sociais é a força impulsionadora do desenvolvimento social. A luta, portanto, se converteu na “crença” fundamental do Partido Comunista para obter e manter o poder político. A famosa frase de Mao Tsé-tung: “Com 800 milhões de pessoas, como 3/206 poderia dar certo sem a luta?!”; é uma declaração dessa lógica do domínio do mais forte. Tão famosa como essa, é outra frase de Mao: “Uma Revolução Cultural deveria ser realizada a cada sete ou oito anos”. O uso constante da força é o método preferido do PCCh para manter o controle. O propósito dessa violência é criar o medo. Cada luta ou movimento do PCCh serve para reforçar o terror; serve para intimidar, dominar e subjugar o povo chinês até ao ponto de convertê-lo em escravo do terror e do medo. Hoje em dia, o terrorismo se converte no principal inimigo do mundo civilizado e livre. Entretanto, o brutal terror exercido pelo Partido Comunista, amparado pelo aparato do Estado, se converteu em algo de proporções e duração ainda maiores; algo com conseqüências ainda mais nefastas. Hoje, em pleno século XXI, não devemos nos esquecer que a característica da violência herdada do Partido Comunista, no seu devido tempo, será determinante para o destino do PCCh. II. O uso de mentiras para justificar a violência O grau de violência de um sistema social é um dos critérios para se medir o grau de civilização dos seres humanos. Ao recorrer sistematicamente ao uso da violência, os regimes comunistas representam um grande retrocesso para a civilização humana. Claro, há pessoas que acreditam que a violência é fator indispensável para o avanço social e, portanto, elas consideram o Partido Comunista como um movimento progressista. Sem dúvida, ter feito com que chineses aceitassem a violência foi uma obra de mestre no uso da manipulação e da mentira, característica inerente ao Partido Comunista. “Desde o início consideramos os Estados Unidos como um país especialmente amável. Isso não se deve somente ao fato de ele jamais ter usado seu poderio para invadir ou atacar a China. Os chineses, em especial, têm uma boa impressão dos Estados Unidos em razão de sua tradição democrática e pelo caráter generoso e aberto mostrado pelo povo americano”. A citação acima foi extraída de um editorial publicado em 4 de junho de 1947 no diário oficial do PCCh, o Xinhua Ribao. Apenas três anos depois dessa declaração, o PCCh enviou soldados para lutar contra as tropas americanas na Coréia do Norte, e descreveu os norte-americanos como os imperialistas mais cruéis do mundo. Qualquer habitante da China continental se surpreenderia ao ler referido editorial escrito há mais de 50 anos. Tanto é fato, que o PCCh proibiu a publicação de citações como essa, divulgando versões ajustadas à sua nova realidade. Desde que chegou ao poder, o PCCh tem se utilizado desses métodos para eliminar os contra-revolucionários: cooperação entre empresas públicas e privadas, a promoção de movimentos anti-direitistas, a Revolução Cultural, o Massacre na Praça Celestial e a perseguição ao Falun Gong. Seu feito mais infame foi a perseguição aos intelectuais em 1957. O PCCh 4/206 pediu aos intelectuais daquela época que expressassem suas opiniões, mas logo depois usou essas mesmas opiniões como evidência para incriminá-los, prendendo os intelectuais com a acusação de “direitistas”. Quando alguns declararam que tal ato havia sido um complô desonesto, Mao Tsé-tung disse abertamente: “Não foi um complô desonesto, mas sim uma estratégia aberta”. Enganar e mentir desempenhou um papel muito importante para que o PCCh pudesse chegar ao poder e se manter nele. Desde tempos imemoriáveis, os intelectuais chineses sempre depositaram grande confiança na sua história. A China tem a história mais longa e completa do mundo; seu povo sempre a utilizou para analisar os fatos de uma época ou para o desenvolvimento espiritual. Por isso, para que a história sirva aos propósitos do seu regime, o PCCh vem escondendo e alterando a história da China. Em suas propagandas e publicações, o PCCh vem reescrevendo a história de épocas distantes como o período Primavera e Outono (770 – 476 a.C.) ou o período dos Estados em Guerra (475 – 221 a.C.), e até mesmo algo recente como a Revolução Cultural. O PCCh vem fazendo essas adulterações na história de forma ininterrupta desde 1949, bem como impedindo com violência qualquer iniciativa no sentido de que seja restabelecida a verdade. Quando a violência não é suficiente, é necessário ocultar ou alterar a verdade; o PCCh recorre ao engano e à mentira. A mentira é um outro lado da violência e também seu combustível. Deve-se reconhecer que enganar e mentir não foram inventados pelo Partido Comunista. É um comportamento mafioso de longa data que o PCCh vem utilizando sem o menor constrangimento e com a máxima competência. O PCCh promete terra para os camponeses, fábricas para os trabalhadores, liberdade e democracia para os intelectuais, e paz para todos. Até hoje, o PCCh não cumpriu nenhuma dessas promessas. Uma geração de chineses enganados já está morta e outra ainda continua a ser enganada pelas mentiras do PCCh. Isso é motivo de máxima tristeza para o povo chinês e um aspecto sombrio para a nação. III. Constantes mudanças de postura e princípios Durante um debate televisivo de candidatos à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2004, um deles disse que uma pessoa pode mudar sua opinião sobre algo, porém não pode mudar seus princípios; de outra forma, não seria uma pessoa confiável. Essa frase gera profundas reflexões. O Partido Comunista Chinês é um exemplo típico disso: desde sua fundação, ele realizou 16 congressos de representantes nacionais e mudou seu estatuto 16 vezes. Em mais de 50 anos, desde que assumiu o poder político, o PCCh realizou cinco importantes modificações na Constituição Nacional chinesa. O ideal do Partido Comunista é a igualdade social; sua meta final é a 5/206 realização da utopia comunista. Sem dúvida, hoje, a China, sob o controle do PCCh, se converteu num dos países com a maior distância entre pobres e ricos, e, sobre uma base de 800 milhões de pobres, muitos dos membros do PCCh se tornaram milionários. A ideologia do PCCh começou com o marxismo-leninismo, agregou as idéias de Mao Tsé-tung, depois as de Deng Xiaoping e, depois, as de Jiang Zemin (Três Representantes). O marxismo e o maoísmo são incompatíveis com as idéias de Deng e Jiang. Na realidade, são completamente opostas. O fato de terem sido colocadas e cultuadas juntas e em um mesmo cenário, é realmente algo único na história. Os princípios pelos quais o PCCh evoluiu são extremamente contraditórios. Da ideia da expansão internacional para a do extremo nacionalismo de hoje; do confisco de toda propriedade privada e eliminação da classe exploradora para o atual conceito de atrair capitalistas. Isso mostra que seus princípios vêm mudando em todos os sentidos. Princípios antes defendidos com firmeza, hoje já não servem mais, e os de hoje tampouco servirão amanhã. Não importa o quanto o PCCh mude seus princípios, sua meta segue sendo sempre a mesma: tomar e manter o poder, e exercer controle total sobre a sociedade. Ao longo da história do PCCh, houve mais de dez lutas de “vida ou morte” pelo poder do PCCh e que, na realidade, coincidiram com mudanças nos postulados fundamentais do Partido. Toda mudança de postura e princípios ocorreu em momentos de inevitável crise, ocorreu em momentos em que estava ameaçada a legitimidade e sobrevivência do PCCh. Tenha sido colaborar com o Partido Nacionalista chinês, Kuomintang, seja uma política de se aproximar dos EUA, seja uma reforma econômica e de abertura para o mercado, ou a promoção do nacionalismo, todas essas decisões foram tomadas em momentos de crise, e todas buscaram manter ou consolidar o poder do PCCh. Cada período de perseguição a determinado grupo e seu extermínio sempre esteve ligado a mudanças nos princípios orientadores do PCCh. Há um provérbio ocidental que diz: “As verdades são firmes e imutáveis, mas as mentiras sempre mudam”. Há muita sabedoria nisso. IV. A natureza do PCCh toma o lugar da natureza humana e a destrói O PCCh é um regime leninista totalitário. Desde o começo, o PCCh estabeleceu três linhas básicas: a política, a estratégica e a organizadora. Usando uma linguagem simples para descrevê-las: a linha política é a base ideológica de sustentação do Partido; a linha estratégica estabelece os objetivos do Partido, e a linha organizadora determina a forma de se organizar para alcançar tais objetivos (uma rígida organização). A primeira e mais fundamental exigência, tanto para os membros do PCCh como para o povo, é a obediência total. É disso que trata a linha organizadora. 6/206 Na China, as pessoas conhecem a dupla personalidade dos membros do PCCh. No âmbito privado eles são como qualquer pessoa comum: sentem alegria, raiva, preocupação, momentos de tranqüilidade ou outras emoções humanas. Têm virtudes e fraquezas como qualquer pessoa comum. São pais, maridos, amigos, etc. Porém, sobrepondo-se a essa natureza humana está a natureza do Partido. Ela segue as exigências do Partido e está acima de tudo. A natureza humana é contraditória e mutável, mas, a natureza do PCCh não pode ser posta em dúvida nem questionada ou desafiada. Durante a Revolução Cultural, era comum ver cenas de pais contra filhos, de marido e esposa lutando entre si, de mães e filhas delatando umas às outras, e de inimizade e hostilidade entre alunos e professores. A natureza do Partido fomentava o conflito e o ódio entre as pessoas. No período inicial do regime do PCCh, houve muitos casos de familiares de altos funcionários do PCCh que foram considerados inimigos de classe e não puderam ser salvos. Essa é outra manifestação da natureza do Partido. A predominância da natureza do Partido sobre o indivíduo resulta de um longo processo de doutrinamento por parte do PCCh. Um doutrinamento que começa logo no jardim da infância, onde as respostas ditadas pelo Partido, ainda que não concordem com o bom senso nem com a natureza de uma criança, são usadas como parâmetro para se obter boas notas. Durante a educação primária, secundária e universitária, os alunos recebem uma formação política segundo a qual devem aprender as respostas ditadas pelo Partido. Se não acatam essa orientação, não passam nos exames e nem podem se graduar. Qualquer membro do Partido quando fala, tem que ser coerente com a “linha organizadora”, sem importar o que ele mesmo pense como pessoa. A estrutura do Partido é piramidal, com um poder central que controla toda a hierarquia. Esse tipo de estrutura é uma das características mais marcantes do regime comunista, já que permite impor e obter obediência absoluta. Hoje, o PCCh se transformou por completo em uma organização que protege seus próprios interesses. Deixou de ter como meta a ideologia comunista. Sem dúvida, a estrutura organizadora do comunismo continua a mesma: exigir total obediência. O Partido Comunista Chinês sobrevive porque se coloca acima da condição humana e porque elimina todo e qualquer grupo ou pessoa que ele considere prejudicial ao seu poder, não importando se é um cidadão comum ou um funcionário do Partido. V. Um perverso fantasma1 que se opõe à Natureza e à natureza humana Tudo que está debaixo do Céu passa pelo ciclo: nascimento, maturidade, degeneração e morte. 1 N.T.: Fantasma → Termo utilizado no Manifesto Comunista ao se referir ao Partido Comunista. 7/206 Fora o regime comunista, todas as sociedades não comunistas, não importa o quão totalitárias ou ditatoriais sejam, concedem a seus cidadãos certo grau de auto-organização e autodeterminação. Na antiguidade, na China, a sociedade era governada na forma de uma estrutura bipolar: nas regiões rurais, o clã era o centro de uma organização social independente; já nas áreas urbanas, essa organização se dava em torno das comunidades. As autoridades do governo só cuidavam de assuntos em nível acima de condado. Até mesmo o nazismo – depois do comunismo, talvez o regime mais cruel que existiu – permitia o direito à propriedade privada. Os regimes comunistas eliminaram qualquer outra forma de organização que não seja a do Partido, substituindo-a por uma estrutura vertical controlada por um poder central. Nas sociedades onde o poder se estrutura de forma natural, da base até o topo, a autodeterminação de indivíduos ou grupos ocorre de forma natural e espontânea. Portanto, o regime comunista é essencialmente antinatural. O Partido Comunista não dá sustentação aos padrões universais próprios da natureza humana. O conceito de bem e mal, assim como leis e princípios tidos como universais, são coisas que o Partido manipula e altera arbitrariamente. O comunismo não permite matar; entretanto, isso não vale quando se trata de pessoas consideradas inimigas do Partido Comunista. A afeição entre pais e filhos é bem vinda, exceto quando os pais são tidos como inimigos de classe. Benevolência, retidão, dignidade moral, sabedoria e lealdade são valores respeitados, porém não se aplicam quando não convêm ao Partido Comunista. O PCCh jogou na lata do lixo valores universais à natureza humana, construiu seus próprios princípios e valores os quais se opõem à natureza humana. As sociedades não comunistas levam em conta a dualidade humana quanto ao bem e o mal, e, assim, estabelecem regras sociais para manter o equilíbrio social. As sociedades comunistas, sem dúvida, negam essal condição da natureza humana; tampouco reconhecem a coexistência do bem e do mal. Eliminar a noção de bem e mal, segundo Karl Marx, serve ao propósito de enfraquecer a estrutura dominante da velha sociedade. O comunismo “não crê em Deus”, sequer respeita a natureza: “Lute contra os Céus, conquiste a natureza e elimine os inimigos: viver assim é cheio de sentido”. Esse foi o lema do PCCh durante a Revolução Cultural. O povo chinês e a Natureza foram aqueles que mais sofreram as conseqüências disso. Os chineses tradicionalmente acreditam na unidade entre os Céus e os seres humanos. Lao Tse disse: “Os humanos seguem a Terra, a Terra segue os Céus, os Céus seguem o Tao2, e o Tao segue conforme sua própria Natureza”. Humanos e Natureza existem em harmoniosa relação no indivisível universo. 2 Tao (Caminho), leis e princípios do universo. 8/206 O Partido Comunista é uma forma de entidade que se opõe aos Céus, à Terra e à Humanidade; se opõe à Natureza. É um fantasma que maldosamente se opõe à Natureza do universo. VI. Característica da possessão malvada Os órgãos do Partido Comunista jamais desempenham atividades produtivas ou criativas. Uma vez que se colocam no poder, se aderem aos cidadãos para controlá-los e manipulá-los. Temendo perder o poder, controlam até mesmo a unidade mais básica da sociedade. Os órgãos comunistas controlam os meios de produção e se nutrem de suas fontes de riqueza. Na China, não há local onde o PCCh não se ramifique ou exerça controle; nada fica fora de seu controle. Porém, ninguém conhece a contabilidade dos órgãos do Partido. Só se tem acesso à contabilidade do Estado, de órgãos locais de governo e de empresas. Do governo central aos órgãos rurais, os funcionários administrativos estão subordinados aos quadros comunistas. Assim, os governos locais têm que acatar ordens e diretrizes dos comitês do Partido. Os gastos do Partido são pagos pelos governos locais sem que exista qualquer tipo de transparência contábil. A organização do Partido é um fantasma que parasita, como a sombra que acompanha o corpo; se adere a cada célula da sociedade. Ramifica-se por cada célula da sociedade para que assim possa se nutrir dela e sugá-la para poder controlá-la e manipulá-la. Na história da humanidade, esse tipo de estrutura maligna e parasítica já ocorreu, porém teve alcance parcial e de menor duração. Nenhuma dessas estruturas se sustentou durante tanto tempo ou controlou a sociedade do mesmo modo que o comunismo. Por tal razão, os camponeses chineses vivem na indigência e sob as mais duras condições de trabalho. Eles não somente têm que manter com seus trabalhos os “funcionários de carreira” do país, como também um número não menor de burocratas do Partido. Pela mesma razão, os trabalhadores chineses sofrem com o alto índice de desocupação, porque o PCCh está, em todas as partes, sugando os recursos das fábricas. Pela mesma razão, os intelectuais chineses encontram tão grande dificuldade para desfrutar de liberdade de pensamento. Além disso, somado ao controle direto, há sombras por todas as partes que não fazem outra coisa além de vigiar as pessoas. Esse fantasma possessor precisa ter controle total sobre a mente dos possuídos, para assim obter a energia que lhe permite sobreviver. De acordo com a moderna ciência política, o poder provém de três fontes: da força, da riqueza e do conhecimento. O Partido Comunista se utiliza da força para estabelecer o seu controle total e tomar as propriedades dos cidadãos. E, o que é mais grave, cerceia a liberdade de expressão do povo e a liberdade de imprensa. Viola o espírito de liberdade das pessoas para assim atingir o objetivo de exercer um total controle. À luz do exposto, a possessão maléfica do PCCh exerce um tipo de controle sobre a sociedade como nunca antes visto na história. 9/206 VII. Reflita e se livre dessa possessão malévola No Manifesto Comunista, o principal documento do Partido Comunista, Marx disse em 1848: “Um fantasma ronda a Europa - o fantasma do comunismo”. Mais de um século depois, o comunismo já não é mais um fantasma. Ele possui um corpo de carne e osso, se materializou. Como uma epidemia, espalhou-se por todo o mundo, matou milhões de pessoas e tomou a propriedade de outras tantas. Cerceou a liberdade de espírito e possuiu a alma de outros milhões. O princípio básico do Partido Comunista é confiscar toda propriedade privada e assim eliminar todas as “classes exploradoras”. Mas a propriedade privada é a base de todos os direitos sociais, a base da cultura. O povo cuja propriedade privada é tomada, também perde a autodeterminação e liberdade de espírito, chegando finalmente a perder a liberdade de lutar por seus direitos políticos e sociais. Na década de 1980, a China atravessou uma grave crise que obrigou o PCCh a levar adiante uma reforma e abertura econômica. Foram restituídos ao povo alguns direitos à propriedade privada. Isso gerou um buraco na estrutura de controle que o PCCh necessita. Um buraco que se torna cada vez maior na medida em que os próprios membros do PCCh se esforçam para acumular fortunas pessoais se aproveitando dessa abertura econômica. O PCCh - um fantasma maligno que mantém sua possessão pela violência, mentiras e pelas mudanças frequentes de fachadas - mostra agora claro sinais de decadência. Assusta-se diante do menor problema, como um pássaro diante de um gato. Para tentar prolongar sua existência, o PCCh tenta ainda mais acumular recursos, riqueza e apertar o controle. Sem dúvida, são ações que somente servem para agravar crise. Hoje, a China aparenta prosperidade, porém os conflitos sociais são sérios; como nunca antes visto. Com base em estratégias políticas do passado, o PCCh talvez tente alguma tática usada no passado, como se desculpar publicamente ou fazer alguma reparação com relação às vítimas que eles fizeram tanto no Massacre da Praça Celestial quanto aos cultivadores de Falun Gong. Ou, entre outras possíveis, fabricar um inimigo para que assim possa continuar a exercer seu poder de terror. Quando se viu diante de grandes crises, a nação chinesa respondeu com a importação de bens e armas, com reformas institucionais e com revoluções radicais e violentas. Pagou isso com incontáveis vidas, além da perda da maior parte de sua tradição cultural. Parece que tais respostas não foram eficazes. Quando o caos e o desespero se apoderam do povo chinês, o PCCh sabe tirar vantagem disso para entrar em cena e se apoderar do povo chinês. O PCCh aproveita cada oportunidade para entrar em cena e poder controlar a última civilização de tradição antiga que ainda existe no mundo. Quando surgirem novas crises, o povo chinês deverá voltar a escolher. Porém, não importa como escolham, os cidadãos devem ter em mente 10/206
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