GEORGIA PATRIGNANI CALDATTO PIOVESAN SUBCONTRATAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Direito, sob a orientação do Professor Doutor Paulo Eduardo Vieira de Oliveira. FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO São Paulo – 2013 Autorizo a reprodução e divulgação parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. 2 Nome: GEORGIA PATRIGNANI CALDATTO PIOVESAN Título: Subcontratação como instrumento de violação ao princípio da proibição ao retrocesso social Dissertação apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Direito. BANCA EXAMINADORA: Prof.(a) Dr.(a): _________________________________________________________ Instituição:_____________________________________________________________ Julgamento: ____________________________________________________________ Assinatura:_____________________________________________________________ Prof.(a) Dr.(a): __________________________________________________________ Instituição:_____________________________________________________________ Julgamento: ____________________________________________________________ Assinatura:_____________________________________________________________ Prof.(a) Dr.(a): __________________________________________________________ Instituição:_____________________________________________________________ Julgamento: ____________________________________________________________ Assinatura:_____________________________________________________________ 3 Dedico este trabalho à memória de minha bisavó materna, Durvalina de Souza Coelho, que, com sua altivez e humildade, soube me ensinar, ao longo dos vinte e três anos em que esteve presente em minha vida, os conceitos de força, determinação, fé e coragem. 4 AGRADECIMENTOS Árdua é a tarefa de agradecer a todas as pessoas que participaram desta longa caminhada até a conclusão do presente trabalho, pois é grande a possibilidade de que me olvide de alguém, embora tão importante quanto aqueles que aqui menciono. Contudo, é digno de nota que este trabalho é resultado da somatória do esforço pessoal e de incontáveis amigos, professores e colegas de trabalho. Necessário, entretanto prazeroso, expressar minha sincera gratidão, especialmente: - À minha mãe, Silvia Maria Patrignani, que, demonstrando seu amor incondicional, sempre me considerou vencedora, mesmo diante dos obstáculos e percalços enfrentados. - Ao meu marido, André Charles Bruschi Piovesan, pela paciência e inestimável incentivo concedidos durante os três anos desta pesquisa, coadunando comigo, ademais, nas teorias de distribuição de igualdade e justiça por mim empreendidas nesta pesquisa. - Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, pelo compartilhamento do precioso tempo, pelas lições que me foram conferidas, pela demonstração do que é lecionar com amor e segurança, pela compreensão e, acima de tudo, por acreditar no meu trabalho e esforço. - Ao Prof. Dr. Manoel Carlos Toledo Filho, professor e inestimável amigo, que reconheceu em mim, despretensiosamente, alguém que poderia realizar um bom trabalho tomando lições nesta Faculdade. Seus ensinamentos, lições compartilhadas, livros emprestados e incontáveis diálogos foram imprescindíveis ao resultado que ora se demonstra. - Ao Prof. Dr. Jorge Luiz Souto Maior, fonte de inspiração; de quem um dia gostaria de seguir os passos, tanto em sua brilhante carreira acadêmica como de magistrado, na qual demonstra inabalável coragem, sabedoria e, sobretudo, senso de justiça. - À irmã que escolhi, minha grande amiga Tábata Gomes Macedo de Leitão, que me incentivou ao desbravamento da pesquisa, à persistência na luta e me presenteou com a sua companhia incondicional, que mudaram, para sempre, a pessoa que sou. - Aos amigos e colegas de trabalho, Salvador Eugênio Junior e Pedro Alexandre Matsu Martins da Silva, que, comprometidos com o aprimoramento deste trabalho, iluminaram meu caminho fornecendo-me ensinamentos valiosos sobre método, pesquisa científica, filosofia e sociologia. - À Dra. Antonia Regina Tancini Pestana, Desembargadora Federal do Trabalho, que, com amor maternal, auxiliou-me pessoalmente nos momentos mais difíceis desta batalha. 5 - Aos demais amigos e colegas de trabalho do Gabinete do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região da Dra. Antonia Regina Tancini Pestana – pessoas iluminadas – pela paciência em ouvir-me falar, a todo tempo da hora do café diário, deste trabalho e também pelo recorrente incentivo, em nome de Veridiana Pieroni, Naira Brasil, Filipe Fernandes, Raquel Ramos, Bruno Hiroshi e Maria Angélica Pinaud. 6 “A gente vai contra a corrente Até não poder resistir.” Roda Viva – Chico Buarque 7 RESUMO Esta pesquisa tem por escopo analisar de modo crítico o fenômeno da subcontratação à luz do pós-positivismo e dos princípios sociais que, inexoravelmente, incidem e lastreiam as normas de direito do trabalho. Para tanto, pretende-se proceder à análise das técnicas de produção introduzidas no Brasil na década de 80, em especial o “toyotismo”, verificando se acaso configuraram novas formas de exploração do trabalho humano; isto é, se, de fato, caracterizam forma de precarização das condições de trabalho, colidindo com o a evolução histórica dos direitos e garantias individuais e coletivos. Tais constatações, por certo, ensejam estudos ainda mais específicos, como a responsabilidade da empresa principal nos casos de subcontratação, o desenvolvimento dos direitos sociais e dos direitos humanos no contexto global e mesmo a hermenêutica decorrente do influxo entre realidade e previsão normativa – consolidada pela jurisprudência pátria e regional. De fato, a conclusão pretende ser instrumento de auxílio aos profissionais do direito, da filosofia, da sociologia e de áreas afins, de forma que se possa posicionar de modo contundente e coerente a respeito da subcontratação enquanto fenômeno contemporâneo da sociedade brasileira. Palavras-chave: Subcontratação; relações de trabalho; responsabilidade; princípios; pós-positivismo. 8 ABSTRACT The purpose of this work is to analyze critically the phenomenon of subcontracting on the perspective of post-positivism and social principles that inexorably focuses and embases the rules of labor law. Therefore, it is intended to analyze the production techniques introduced in Brazil in the 80s, notedly the "Toyotism", checking if they’re new forms of exploitation of human labor; if, in fact, characterize a way of precarious working conditions, colliding with the historical evolution of the individual and collective rights and guarantees. These findings certainly have inspired even more specific studies, such as the main company's responsibility in case of subcontracting, the development of social rights and human rights in the global context and even hermeneutics arising from the influx of reality and normative forecast - consolidated by brazilian and regional jurisprudence. In fact, the conclusion is intended to be a tool to aid professionals, scholars, workers, operators and researchers of law, philosophy, sociology and related fields, so they could stand more forceful and coherent about the subcontracting phenomenon in the contemporary Brazilian society. Keywords: Subcontracting; work relationship; responsability; principles; post- positivism. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................11 1. Subcontratação ..................................................................................................................................14 1.1. Descentralização produtiva: fordismo, taylorismo e toyotismo ...................................................14 1.2. A relação de emprego no Brasil ....................................................................................................44 1.3. Flexibilização e globalização ........................................................................................................53 1.3.1. Paradoxo flexibilização e criação de novos empregos .......................................................55 1.3.2. Flexibilização versus desregulamentação ...........................................................................61 1.4. Subcontratação: conceito e delimitação ........................................................................................69 1.4.1 Precarização das condições de trabalho e o dano social ......................................................73 1.4.1.1 Precarização ........................................................................................................73 1.4.1.2 Dano Social .........................................................................................................88 2. Análise jurídica da subcontratação – responsabilidade do subcontratante .................................98 2.1. Brasil .............................................................................................................................................98 2.1.1. Isenção ................................................................................................................................98 2.1.2. Subsidiariedade .................................................................................................................103 2.1.3. Solidariedade ....................................................................................................................113 2.1.4. Vínculo de emprego – subordinação estrutural e reticular ...............................................118 2.1.5. Projetos de lei em trâmite .................................................................................................137 2.2. Direito comparado .....................................................................................................................141 2.2.1. Chile .................................................................................................................................142 2.2.2. Argentina ..........................................................................................................................146 2.2.3. Uruguai .............................................................................................................................152 2.2.4. Espanha .............................................................................................................................157 3. O princípio constitucional da proibição ao retrocesso social .......................................................164 3.1. Crise e nova hermenêutica constitucional ..................................................................................164 3.2. Conceito e função dos princípios: o princípio como norma .......................................................180 3.2.1. O princípio da proibição ao retrocesso social ...................................................................189 3.2.2. O princípio justrabalhista da proteção e sua intersecção com o princípio da proibição ao retrocesso social ................................................................................................................199 4. Considerações finais: Subcontratação como instrumento de violação ao princípio da proibição ao retrocesso social ...........................................................................................................................205 5. Referências bibliográficas ...............................................................................................................229 6. ANEXOS ...........................................................................................................................................236 10
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