Prosa A confiança renovada Marcos Vinicios Vilaça Ocupante da Cadeira 18 na Academia Brasileira de Letras. O uvimosaliçãodeEduardoPortella.Comosempre,umfa- chodeluz;comosempre,lâminadefogoqueclareiainteli- gências. Ele diz o que sabe, mas sabe ainda muito mais do que diz. Com ele falou a Academia. DeixemqueeufaleagoraparanãoparecerqueoPresidenteéme- nos do que possa parecer ou não passa de um mero pirronista. Outra vez encontro-me aqui, na poltrona de Machado de Assis. ReconduzidopelasmãosdetodososAcadêmicos,cabe-meagrade- cer. Agradecer aos confrades a confiança renovada. DizerobrigadoaMariadoCarmo,filhosenetos,que,namedida de cada um, deram-me confiança para cumprir deveres que, como disse tempos atrás, podem ser servidão mas, indiscutivelmente, são servidão jubilosa. *DiscursodepossenaqualidadedepresidentereeleitodaAcademiaBrasileiradeLetras para o ano de 2011, proferido em 17 de dezembro de 2010. 15 Marcos Vinicios Vilaça Semaminhamulhernãoacontecenada,nãosounada.Detãoirmana- dos quesomos “queum não ésem o outro, napaisagem/defilhos etra- balhos ajustados” como Drummond falou de Nazareth e Odylo Costa, filho. ÀAcademiacompetetransformarsentimentosemideiaseideiasemação.É assimquelhecaberealizardestinos,mesmocomosespantosquotidianoseos riscos de desânimo. Comoadmitirqueotrabalhodeumacasadeculturaperverta-senumfaze- dor de fraturas? Isso, não. AAcademiaestánabocadopovoporquefoifeitaemmaisde100anospor quase300brasileiros.Tínhamosquemostraraqueviemos.OPresidentepor- tou-secomopregoeiro.Tãosomentepregoeiro.QuemtudofezfoiaAcade- mia. É obra de todos os seus membros. A mim ninguém peça para dizer se nestas passagens pela presidência fiz bem, fiz mal. No Quincas Borba está escrito que a vida não é completamente boa, nem completamente má. Só tenho certeza de que fiz como pude. A Academia deve trabalhar com parâmetros aquecidos, aqueles que suge- remvida.Viverédesenvolver,nãoéestacionar.EcomoaAcademianãopode sermonocultural, quenãodesaprume amão,quenãodesprezesopros deso- nhos. Afinal de contas, é o ativo cultural mais destacado do país. A Academia não tem cara de “segunda mão”. KarlPopperensinouqueanobrezadaHistórianãoresidenoesgotamento, mas na manutenção de sua natureza inesgotável. Temos que seguir buscando essa natureza inesgotável de sua abertura ao sincretismo da diversidade. A Academia não poderia ser apenas artesanal. Buscamos e obtivemos até parceria tecnológica contemporânea. A Academia não se rende aos antolhos do localismo, por isso pesquisa cartas de navegação para cruzar mundos. Só este ano 19 acadêmicos estiveram em missões culturais no exterior, fazendo mais respeitados os valores e as ideias da nossa Casa. 16 A confiança renovada Estaremos cada vez mais juntos a outras culturas e a outras línguas, sem perder a noção de que é bom mostrarmos a individualidade de nossa expres- são, sem conceder espaço a cacoetes tribalistas. Sempredigo–eagora,repito–souinsistentenaesperança,nãosoucarente desonhos.Aquicontinuoplenodesonhosedeesperanças.Retreineiosolhos paraenxergarbemestemomento.Saibamtodos,estoufelizdavida.Aspossí- veis murmurações de incompreensão não me machucam, quando muito, me levam a conferir a trajetória. Vouprosseguir,voucontinuar,massemcontinuismo.Vouprosseguircom a obra dos meus antecessores, vou persistir no apelo pela orientação e ajuda dos confrades. T.S.Eliotnoslegouestesversospreciososquevivemnaminhamentecomo balizamento: “O ciclo sem fim da ideia e da ação, Insustentável invenção, interminável experimento, Conhece o movimento, não o repouso; O conhecimento das palavras, não o do silêncio: Conhecimento do verbo, mas ignorância do mundo”. Agradeço vivamente a Ana Maria Machado, a Domício Proença Filho, a MuriloMeloFilhoeaLuizPauloHorta,aindormidaparticipaçãonoqueme tocouconduzir.Elescontinuarão,apenasoLuizPauloHortapassaopostoa GeraldoHolandaCavalcantievaisededicar,comacompetênciadetodosre- conhecida,àquiloquejácuidouaolongodessesanos:apautamusicaldenossa programaçãoacadêmica.GeraldoHolandaCavalcantinosdaráosaberdeex- periência feito sua vida de cidadão do mundo. Quando, porimperativodasaúde, afastei-medaPresidência, adoençame incomodava;contudoeraacolitadapeladedicaçãodeDomícioProençaFilho, Ana Maria Machado me sossegava com a mão amiga e o braço forte, ambos tãoúteisàgestãoacadêmica.Empúblicoproclamo,empúblicoagradeçoasua 17 Marcos Vinicios Vilaça participaçãorelevantenostrabalhosdesteano.“Amigoécoisaparaseguardardebai- xodesetechaves” saibam Ana Maria e Domício. Agora, vamos continuar a trabalhar. Conto com o entusiasmo visível do nosso inteligente quadro de servidores, à frente Dona Carmen, que, além de tudooquejáera,esteanoacumulouaoserhumanoexcepcionalosertambém sinônimo de Sala. Vamos trabalhar e continuar a aprender. Afinal de contas temos que dar razão a Paulinho da Viola: As coisas estão no mundo, a gente é que precisa aprender. 18 Prosa É preciso imaginar Albert Camus feliz Eduardo Portella Ocupante da Cadeira 27 na Academia Brasileira de Letras. A França, todoomundo acadêmico ecultural vemregistran- do, sem pompas, porém com circunstância, o cinquentená- rio da morte do escritor Albert Camus (1913-1960). Aofalardele,nósvamosnosocupardeumautorincompreendi- do.Incompreendidoporserplurívoco,porcultivaraambiguidade, porbuscarafelicidadecomtodasassuasfrágeisforças,porrecusar todoequalquerviésideológico.Sobretudoporseoporàviolênciae à opressão. Não saberia afirmar se ele contribuiu ou não para esse desenten- dimento. Muito menos se foi ele quem descobriu o absurdo, ou se foioabsurdoqueorevelou.EmLeMalentendu,tragédiamoderna,por algunsconsideradamalograda,elemetaforizaosruídosdoentendi- mento. Em todo caso, há muito do próprio Albert Camus nesse mal-entendido.Daquelequetrocouapassagemdetremqueolevaria devoltaaParispeloautomóvelvelozdoseuamigoMichelGallimard, que o deixou para sempre no Le Grand Fossard de Villeblevin. Em 19 Eduardo Portella Lourmarinvisiteioseutúmulo,emumdiadesoldeverão,muitoaoseugosto,e pudelerasinscriçõessimples,comoseunome,sobrenomeedatas. OpercursodeAlbertCamusfoiumpercursoacidentado,partidoaomeio,di- lacerado,sempreenfrentandoarepressãoeoterrorismo.Asuabiografiaaponta paraopaiprematuramentemorto,amãemeiosurdaebatalhadora,otiodeficien- tefísico,enelearenitentedoençapulmonarquetantasvezesolevouàinternação hospitalar.Mesmoassimjamaiscedeuaoderrotismo,oudeixoudecompreender “aexigênciadafelicidadeesuabuscapaciente”.AcertaalturadoL’ÉtatdeSiège,ele exclama:“Eudevomededicaraserfeliz”.MasCamus,porqueacreditafortemen- tenoamor,temdúvidas,enãoasevita.Prefereacreditar,eminstantescruciais,que ahistóriaearevoluçãosãoincompatíveiscomoamor.Eleéenfático,depoisde haverpassadoporexperiênciaspartidáriastraumáticas,nacríticadoidealderevo- lução.Emnenhummomentodeixouderessaltaracontradiçãoinsuperávelentre revoltaerevolução.Écadavezmaisolivreatiradorsempapasnalíngua. Apesar da sua dupla nacionalidade, se assim se pode dizer, Albert Camus nãoéumserfronteiriço,porquehabita,comigualintensidade,qualqueruma das geografias que lhe foi destinada. Na verdade, habita a pátria do homem: absurdo, insubmisso, revoltadoe,aomesmo tempo,ternoetolerante.Sefoi, emdiasmatinaisdesuatravessia,umexistencialista,terásidoumexistencialis- ta conflitado, sintagma tão pleonástico quanto verdadeiro. Tornou-seimpossívelviverempermanenteestadodeguerra.Desdequese reconheçamafelicidade,aspaixõesinesperadas,oamor,abeleza,anaturezae queserejeiteapolíticadopior.Maisatédoqueabsurditéestessãoostemaspri- oritários da agenda explícita de Albert Camus. Com eles podemos superar a solidão do homem, a toda hora acossado pela ação corrosiva das coisas. Nãoéfácilserfeliztendoqueremoveroabsurdoeadministrararevolta.No entanto, o sol mediterrâneo e a sabedoria da razão permeabilizada têm razões queaprópriarazãodesconhece,masqueMeursault,aquelepersonagemindife- rentedoL’Étranger,queassassinouoárabeporcausadosol,conhecemuitobem. 20 É preciso imaginar Albert Camus feliz Asuaorigemdeserdada,daquelesmarcadospara“desaparecersemdeixartra- ços”, soube evitar qualquer tipo de ressentimento e promover o elogio, radioso, solar, caloroso, o que emerge da terra e das águas mediterrâneas. Motivado pela paisagemdossonhosmatinais,edasadiadaspromessasdefelicidade,Camusexal- taavidaatéaerotizaçãodalinguagem,oamoràvida,atodasassuasmanifesta- ções.Avidaéaprocuraincessanteeinfatigáveldafelicidade.Emfrancodissídio contraqualquerformadeassassinato,políticoounão.Contraapenademorte. Camusé,naúltimamodernidade,umdosprimeirosfundadoresdopartido davida:oúnicopartidointeiro.Voltadoparaainterminávelcontendadeho- mememundo.Seniilismohouver,talvezsopradopeloimpulsovitalizadorde Zaratustra,seráoniilismoativo.Asuarevoltaenvolveahumanidade,einverte afamosasentençacartesiana:“Jemerevolte,doncnoussommes”. Daífazerquestão dedeixarbemclaro:“Todovalor–diz–nãoimplicaarevolta,mastodomo- vimento de revolta invoca tacitamente um valor”. OquadroficcionaldeAlbertCamussedesdobraemduasvertentesbásicas. Deum lado atrilogiado absurdo, L’Étranger(1942), LeMythedeSisyphe (1942), Caligula(escritoem1938eapresentadoem1945);edooutroociclodarevolta, La Peste (1947), L’Homme Revolté (1951), La Chute (1956), intermediada, como umaespéciedeponte,peloLeMalentendu,escritoem1942eencenadoem1944, tendonoprimeiropapelfemininoaatrizMaríaCasarès,suagrandepaixão. Sartre considerava, não por acaso, LaChutecomo o seu “mais belo livro”. NoL’Étrangercaminhamdemãosdadasacuidadosaestilísticadasimplicidadee amoraldahonra.AlainRobbe-Grilletdestacaaíacompetênciaemnivelarobjetos eacontecimentos,noencalçodaconsciência.OrtegayGassetjádisseradeMarcel Proustque“essegêniodeliciosamentemíopecriouumanovadistânciaentrenóse ascoisas”.Apredominarahipóteseorteguiana,Camusseriaumherdeiroconvin- centedaestratégiaproustiana.Massãotambémlembrançasafetivaseolfáticasda AlgerdeMeursaultquesesobressaem. Ahonra,visceralmenteacompanhadada justiçaedaliberdade,aídespontaeprosseguepelavidaafora,maisatédoquena 21 Eduardo Portella peçaLesJustes,nopersonagemDiego,deL’ÉtatdeSiège,enacontracorrentedo“rea- lismopolítico”.Camusreafirmaasuacondiçãodeartista,deescritor. Calígulavemaseroprotagonistamaiordoabsurdo.Dessevírusqueseespa- lha por todas as partes. Caïus Caesar Augustus Germanicus, dito Calígula, TerceiroImperadorRomano,eraaencarnaçãodopoder:superlativo,arbitrá- rio,perverso,incestuoso.Costumavabradar:“Minhaliberdadenãotemlimi- tes”.Eraamegalomaniaemmarchabatidaparaofracasso.Umououtrosein- clinaporinterpretá-lo comoo“tiranointeligente”,quepôsemxequeopró- prio poder. Tenho dúvidas. Ohomemnãoestácompletamentelivreporquea“peste”,doençametafori- zadaporCamus,podeapareceraqualquermomento.Apareceusobaégidedo acidentefatal,em1960,emcujosderradeirosdestroçosforamencontradosos manuscritosdasuanarrativainacabadaLePremierHomme,portantosconsiderada asuaobra-prima,sópublicadaem1994.Éumdesfiledesensações,nãoraroso- fridas,emesmoassimotimistas.Ainfânciapobre,aorigem,opercurso,vazados nomaisaltolirismo.Osescrivinhadoresburocráticos,asbritadeirasverbais,sem- pre se apressaram em condenar o seu “escrever bem”, modulado, tenso, fluente. Nãopouparam,nuncadeixaramdepenalizarocrimede“escreverbem”. PrecisamentenaprimeirafrasedoensaioLeMythedeSisypheestácravadauma formulação emblemática: “É preciso imaginar Sísifo feliz”. Sísifoforacondenadopelosdeusesarealizarumtrabalhoinútilesemespe- rança por toda a eternidade: empurrar sem descanso uma enorme pedra até o altodeumamontanha,deonderolariaencostaabaixoparaqueoabsurdoherói mitológicodescesseemseguidaatéosopéeempurrassenovamenteorochedo até o alto, e assim indefinidamente, numa repetição monótona e interminável atravésdostempos.ParaCamus,esteéomomentodaconsciênciaadquirida.O inferno deSísifo éatrágicacondenação deestar ocupado por algo queanada leva.Eleamaraavidaemenosprezaraosdeuseseamorte.Portalinsolênciafora castigado a realizar um trabalho sem esperança. Sua rebeldia poderia ter sido 22 É preciso imaginar Albert Camus feliz motivodereverênciaporinsurgir-secontraoespectrodamorteeopoderdos deuses,masforacastigadoporumajustiçaduvidosa.NãoseríamostodosSísifos ao fazer de nossa vida diária uma enorme pedra que levamos ao topo de uma montanhaparaqueroleladeiraabaixoevolteasererguidanodiaseguinte,na rotinadotrabalhorepetitivosemvariaçãoourenovação?Nãoestaríamosempe- nhados num grande esforço, numa grande luta, num grande sacrifício que não estariaconduzindoanada,comoosisifismodamitologia?Talveznossotraba- lhosejaumacondenação,enossavida,umatragédiarotineira.Talvez,numlam- pejodeconsciência,Sísifotivessereconhecidoopesodeseuinfortúnio,repre- sentado pelo enorme rochedo da materialidade e da inutilidade; consideraria queelepróprio,comasuamenteesuasensibilidade,estariaassemelhando-seao rochedo,equeserianecessárioreverteraqueleprocesso,monótono,cíclico.Tal- vezfossepossívelmudararotinaabsurdadedias,anoseséculos.Preso,noen- tanto,àmitologia,criadoqueforaparacumpriressafinalidadepedagógica,nada podemudar.Eleprosseguenoseutormentoparaquepossamossuperarosnos- sos; é um herói trágico e absurdo. Para o ser humano existe a possibilidade de modificararotina,elamesmaabsurda,delançarlongeorochedodasmisérias, daignorânciaedainconsciência;deixarderepetirosdias,osanoseasvidassem variação alguma para construir o próprio destino. A pedra de Sísifo tem, nos diasdehoje,outrosnomes,maséinútilotrabalhodeerguê-la. Sísifo, como o homem, é rebelde, mas incapaz, e é naqueles momentos de consciênciaqueeleconseguetranscendênciasobreosdeuses.Nofinaldascontas, CamusvêemSísifonãoaimagemdeumtrabalhoduro,contínuo,cansativoein- cessante,masadeumhomemalegrequereconhecequeseudestinolhepertence. Ele, esomenteele, podedeterminar aessênciadaexistência. Camus terminaseu ensaiocomSísifonopédomonte,preparadoparasuportarexercíciotortuosoe inútilderolarapedraladeiraacimaumavezmais,porémnãovêSísifocomoator- mentado,castigado;pelocontrário,vê-lofeliz.Felizporquedescobriuosegredo davida. 23 Eduardo Portella Deixemos que o rochedo role ladeira abaixo e que Sísifo prossiga como mito.EqueopensamentodeAlbertCamus,antesinterrogativoquehesitante, possacontinuarasuajornadasemmágoasesemqueixasoutras.Distantedos sistemasfilosóficosabstratos,desesperadamentepróximosdosaberincendia- do, e certamente incendiário de Friederich Nietzsche. São retratos sem retoques, mesclados de uma ironia antecipadamente pós-metafísica. AlbertCamusserevoltacontraapolíticadeumanotasó,praticadatantoà direitaquanto àesquerda, eque chegouaseduzir Jean-Paul Sartre. Indagado se era de esquerda, Albert Camus, que a essa altura se opõe aos radicalismos, respondedemodoironicamenteexemplar:“sim,apesardemimeapesardela”. ÉprovávelqueSartreeCamusseidentificassempelosmesmosfins,emborase afastassem em função dos meios a disporem. Camus acreditava nos valores “mediadores”.Sartre,não.Sartreeraperemptório.Porissoaliteraturaosuniu eapolíticaosseparou.AíentãoAlbertCamusvaialinhandoassuasdivergên- cias.DiscordadeJean-PaulSartrepoliticamente,deRolandBarthesestetica- mente,deFrançoisMauriacreligiosamente.Oscamusianospassaramaconsi- derarSartreumcategóricomercadordecertezas.Dequalquermaneirapersiste emCamusumreconhecimentodiantedomundoqueSartrejamaisassinaria. Camusmantémoseucompromissoinegociávelcomaverdade,nuncaprede- terminadanemlacradaemalgumcofrefechado.Repeleaideologiaparareforçaro pensamento.Tambémnãorecusaalógicaaberta,porémaideologiaquesubstitui arealidadeviva.Foidospioneirosnaidentificaçãodo“fimdasideologias”.Refu- ta,comomesmoímpeto,a“sociedadepolicial”ea“sociedadedosmercadores”,o capitalismoselvagemeo“socialismototalitário”.Revolta,sim.Violênciaeopres- são,não.“Ohomemrevoltadodevesabermedirasuarevolta”.EnquantoSartre preferearevolução,ouseja,arevoltadesmedidaedescalibrada. Não podia ser mais transparente o inconformismo camusiano. É nitida- mentecontraatortura,acorridaarmamentista,apenademorte,oterrorismo cego.Nãobemcompreendido, evidentemente,pelastropasdechoque,oude elite,acionadasportodosostotalitarismos.Nocasodaliteratura,ocultivoda polissemia o protegeu da clausura ideológica. 24
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