Daniel Perdigão Nass Gráficos como representações visuais relevantes no processo ensino-aprendizagem: uma análise de livros didáticos de Química do Ensino Médio Dissertação apresentada ao Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo, obrigatória para a obtenção do título de Mestre em Ciências (Química Analítica). Orientadora: Profa. Dra. Salete Linhares Queiroz São Carlos 2008 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E A DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADOS AUTOR E FONTE. Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob a exc lusiva responsabilidade do autor. São Carlos, 22 de agosto de 2008. Daniel Perdigão Nass Ficha catalográfica elaborada pelo autor e pela Seção de Atendimento ao Usuário do Serviço de Biblioteca e Informação do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo N265g Nass, Daniel Perdigão Gráficos como representações visuais relevantes no processo ensino- aprendizagem: uma análise de livros didáticos de Química do Ensino Médio. / Daniel Perdigão Nass. São Carlos, IQSC, 2008. 237p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Química de São Carlos / Universidade de São Paulo Orientadora: Profa. Dra. Salete Linhares Queiroz 1. Gráficos. 2. Ensino Médio. 3. Livros didáticos. I. Título. CDD 371.34 À Dama da Lâmpada AGRADECIMENTOS Inicialmente, agradeço à minha orientadora, Salete Linhares Queiroz, por facilitar tudo o que está relacionado ao meu curso de mestrado, desde o primeiro momento. Compreensão, paciência, humanidade, competência, dedicação, espírito trabalhador, enfim, tudo o que um mestrando pode desejar em um orientador em seus estudos de pós-graduação. Institucionalmente, agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, pela concessão da bolsa de estudos, e ao Instituto de Química de São Carlos, pelo suporte acadêmico. Também agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar, por possibilitar o acesso às disciplinas àquele programa vinculadas. Agradeço, também, a todas as pessoas que contribuíram diretamente para a realização deste trabalho. Àqueles que forneceram, por empréstimo ou doação, livros para esta análise: Elenir, Angelina, Keila, Renata, Henrique, Bianca; aos colegas do grupo, pela troca de experiências neste período de estudos e de pesquisas; aos funcionários da USP. Por fim, agradeço a todas as pessoas que colaboram positivamente para fazer de mim o que sou, no trabalho e na vida. O bom exemplo, o ombro amigo, o conselho oportuno valem muito mais que este singelo, mas cordial, agradecimento. “o destino das coisas que dizemos e fazemos está nas mãos de quem as usar depois” Bruno Latour (2000, p. 52) RESUMO O uso de representações visuais constitui parte fundamental da prática de ensino de Ciências. Vários pesquisadores constatam que tais representações desempenham papel pedagógico essencial no processo ensino-aprendizagem das disciplinas científicas. Desta forma, surpreende notar que pouco se tenha investigado sobre o uso e o papel dessas representações no ensino-aprendizagem de Química. Diante deste quadro, a presente dissertação analisa uma forma de representação visual, o gráfico cartesiano, existente em livros didáticos de Química destinados ao nível Médio de ensino. Buscamos conhecer a prevalência, a função, a estrutura e a relação dos gráficos com os textos nos quais se encontram inseridos. As categorias de classificação destes gráficos, algumas originais, foram definidas em concordância com o marco teórico da Semiótica Social, área da Semiótica que considera, além do estudo intrínseco dos sinais, a sua inter-relação com as interações sociais, políticas e culturais. Foram também utilizados conhecimentos advindos da área de Educação em Ciências e da Ciência como prática social. Analisamos, também, qualitativamente, gráficos de alguns dos temas mais ricos neste tipo de representação não-verbal. Nossa análise concluiu que muitos dos gráficos apresentam deficiências estruturais, e que a sua relação com o texto não é suficientemente estabelecida, de modo que estes gráficos tendem a não ser adequadamente interpretados pelos alunos. Palavras-chave: gráficos, Ensino Médio, livros didáticos ABSTRACT The use of visual representations constitutes a main aspect of the practice in science learning. Various researchers agree that such form of representation has an essential pedagogical role in science teaching-learning process. Thus it is remarkable that so little investigation on the use and role of these representations in Chemistry teaching has been conducted. In face of this situation, this study concerns a kind of visual representation, the Cartesian graph, available in Brazilian high school Chemistry textbooks. This work investigated the prevalence, the function, the structure, and the relation of the graphs with the context in which they are inserted. Some of the categories of the graph classification are original and were defined in agreement with the Social Semiotics theoretical approach, a semiotic field that works not only with signs intrinsically, but also with their interrelation with social, political and cultural interactions. The knowledge of science education and science as social practice were also considered. Some graphs of the subjects that made use of this type of non-verbal representation more frequently were analyzed qualitatively. The findings show that the majority of the graphs present structural deficiencies and that their relation with the main text is not sufficiently established; thus these graphs tend not to be adequately interpreted by the students. Keywords: graphs, high school, textbooks LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Exemplo fictício de gráfico de barras 49 Gráfico 2 – Exemplo fictício de gráfico de linhas 50 Gráfico 3 – Exemplo fictício de gráfico circular 50 Gráfico 4 – Exemplo de gráfico 2D temporal. Reprodução traduzida de Tufte (2001) 52 Gráfico 5 – Exemplo de gráfico 2D “forçado” a ser 1D. Reprodução traduzida de Tufte (2001) 54 Gráfico 6 – Exemplo de gráfico 2D “forçado” a ser 1D. Reprodução traduzida de Tufte (2001) 55 Gráfico 7 – Gráfico 5 disposto sob a forma de gráfico 2D ou dispersão 56 Gráfico 8 – Gráfico 6 disposto sob a forma de um gráfico 2D ou dispersão 57 Gráfico 9 – Gráfico de Halley, considerado o primeiro a relacionar duas variáveis a partir de dados experimentais. Relação teórica entre pressão barométrica (y) e altitude (x). Reprodução de Halley (1686) apud Friendly e Denis (2005) 59 Gráfico 10 – Exemplo de gráfico de rosa produzido por Florence Nightingale. Reprodução traduzida de Nightingale (1859) apud Brasseur (2005) 62 Gráfico 11 – Número absoluto de gráficos cartesianos por coleção e volume 125 Gráfico 12 – Razão entre o número de gráficos em exercícios e em parte teórica, por obra 127 Gráfico 13 – Razão do número de gráficos na parte de exercícios pelo número de exercícios por coleção e volume 128 Gráfico 14 – Distribuição dos gráficos cartesianos por assunto - volume 1 (Química Geral) 134 Gráfico 15 – Distribuição dos gráficos cartesianos por assunto - volume 2 (Físico-Química) 135 Gráfico 16 – Distribuição dos gráficos cartesianos por assunto – volume 3 (Química Orgânica) 136 Gráfico 17 – Classificação pelas características do gráfico cartesiano: proporção em relação ao total de gráficos da obra 141 Gráfico 18 – Percentual de modelos gráficos (G3 a G6) em relação ao total de gráficos cartesianos 141 Gráfico 19 – Relação entre o tema do gráfico e suas características estruturais para os oito temas mais ricos em gráficos 144 Gráfico 20 – Distribuição percentual dos gráficos de acordo com os descritores sobre sua estrutura 146 Gráfico 21 – Relação entre o tema do gráfico e suas características estruturais para os oito temas mais ricos em gráficos 152 Gráfico 22 – Distribuição percentual dos gráficos de acordo com os descritores sobre sua função 154 Gráfico 23 – Relação entre o tema do gráfico e sua função 157 Gráfico 24 – Distribuição percentual dos gráficos de acordo com os descritores sobre elementos informativos do próprio gráfico 161 Gráfico 25 – Relação entre o tema do gráfico e seus elementos informativos para os oito temas mais ricos em gráficos 164 Gráfico 26 – Distribuição percentual dos gráficos de acordo com os descritores sobre sua relação com o texto 167 Gráfico 27 – Relação entre o tema do gráfico e sua relação com o texto 169 Gráfico 28 – Distribuição percentual dos gráficos de acordo com os descritores sobre elementos informativos do texto principal 173 Gráfico 29 – Relação entre o tema do gráfico e a presença de elementos informativos do texto principal 176 Gráfico 30 – Reprodução da página 183 do volume 2 de Tito: dados “redondos” para facilitar a leitura 180 Gráfico 31 – Reprodução da página 37 do volume 2 de Tito: base experimental para o diagrama de fases 185 Gráfico 32 – Reprodução da página 70 do volume 2 de Feltre: um único gráfico mostra as três propriedades coligativas 187 Gráfico 33 – Reprodução da página 306 do volume 2 de Lembo: erro na indicação da diminuição da temperatura de congelação 187 Gráfico 34 – Reprodução da página 212 do volume 2 de Lembo: descrição das concentrações de reagentes e produtos desde o início da reação 192 Gráfico 35 – Reprodução da página 373 do volume 1 de Lembo: dados literais no gráfico 196 Gráfico 36 – Reprodução da página 174 do volume 1 de Usberco: relação entre energia de ionização e a família 200 Gráfico 37 – Reprodução da página 546 do volume 2 de Reis: cinturão de estabilidade nuclear203 Gráfico 38 – Reprodução da página 138 do volume 1 de Reis: escala logarítmica 206 Gráfico 39 – Reprodução da página 470 do volume 2 de Usberco: uso de ilustração no corpo do gráfico da curva de decaimento 207
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