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Projeto Arqueológico Alto Canoas – PARACA, Um Estudo da Presença Jê no PDF

342 Pages·2013·33.49 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA RAFAEL CORTELETTI PROJETO ARQUEOLÓGICO ALTO CANOAS – PARACA um estudo da presença Jê no planalto catarinense São Paulo 2012 RAFAEL CORTELETTI PROJETO ARQUEOLÓGICO ALTO CANOAS – PARACA um estudo da presença Jê no planalto catarinense Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Arqueologia do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Arqueologia Área de Concentração: Arqueologia Orientador: Prof. Dr. Paulo DeBlasis Linha de Pesquisa: Cultura Material e Representações Simbólicas em Arqueologia Versão original São Paulo 2012 ii Resumo Nesta tese vou apresentar novos dados sobre padrões de ocupação dos Jê Meridionais e minhas interpretações sobre a história deste povo, com base em meu estudo de caso, do Alto Rio Canoas, região de Urubici, em Santa Catarina, Brasil. No planalto, os campos de altitude e a mata de araucária dominam a paisagem. Nas serrarias de Urubici, as nascentes de vários arroios e rios começam em zonas húmidas, com solos rasos e pedregosos, na área dos campos, a cerca de 1800m de altitude. Estas águas correm através de vales incisos florestados pela mata de araucária criando cachoeiras e corredeiras, que acabam por se transformar no meândrico Rio Canoas, que flui no meio de um vale largo e plano, em torno de 1000m acima do nível do mar. A montanhosa região de Urubici foi intensamente pesquisada na década de 60, mas depois disso, a pesquisa ficou estagnada. Os principais pontos deste projeto foram: Primeiro, foram revisadas e atualizadas as pesquisas anteriores, revisitando a maioria dos sítios arqueológicos mapeados na década de 60, atribuindo-lhes coordenadas geográficas, fotos e mapas, e descrições ambientais recentes. Segundo, além da visita aos sítios mapeados previamente, foi realizado um mapeamento oportunista de novos sítios, baseado em entrevistas com membros da comunidade local, o que gerou um novo mapa arqueológico da região. Terceiro, com base nessas informações e nas novas escavações em sítios específicos, iniciou-se a reflexão sobre as paisagens Jê do Sul, com o objetivo de compreender a história de longo prazo e o sistema de assentamento da tradição arqueológica Taquara-Itararé. Quarto, a partir das análises de grãos de amido de fitólitos, a partir de restos carbonizados de alimento aderidos a parede da cerâmica coletada na escavação do sítio Bonin, foram obtidos novos dados, importantíssimos para pensar novas formas de interpretação na arqueologia da tradição Taquara-Itararé. Tais análises trouxeram evidências de produção de alimentos como Zea mays, Cucurbita sp., Manihot sp., e o consumo alimentar de Phaseolus sp. e Dioscorea sp. entre outros, o que, sem dúvida, é uma chave para pensar em outro tipo de organização social, mobilidade e economia para os povos proto-Jê Meridional. Em quinto lugar, no sentido de pensar uma "estratigrafia paisagem do Jê Meridional" um banco de dados SIG foi utilizado como uma ferramenta para criar modelos virtuais de, por exemplo, a análise visibilidade acumulada entre sítios e análise de rotas de menor custo. Palavras Chave Tradição Taquara-Itararé – Jê Meridional – Análises de Grão de Amido e Fitólitos – Arqueologia da Paisagem e SIG – Santa Catarina iii Abstract In this thesis I will present new data on Southern Jê settlement patterns, and my interpretations regarding the history of these people, based on my case study, from the Upper Canoas River, Urubici region, in Santa Catarina state, Brazil. On the highland plateau, the High Altitude Grasslands (or Campos) and the Paraná Pine Forest dominate the landscape. In the Urubici hills, various headwaters begin in wetland areas, with shallow and rocky soils, on Campos, around 1800m altitude. These waters flow through incised valleys forested by Paraná Pine and create waterfalls and rapids, which eventually turn into the meandering Canoas River that flows in the middle of a wide and flat valley, around 1000m above sea level. The mountainous Urubici region was intensively researched in the 60's, but after that, research was stagnated. The main points of this project were: First, I reviewed and updated previous research, which involved relocating the sites mapped in the 60's, assigning them geographical coordinates, photos and maps, and improving environmental descriptions. Second, I carried out an inspection of previously recorded sites and carried out opportunistic survey, based on interviews with members of the local community, looking for new sites, and making a new archaeological map of the region. Third, based on this information and my new excavations at targeted sites, I aimed to think about the Southern Jê landscapes, with a view to understanding the long-term history and the settlement pattern of the Taquara-Itararé archaeological tradition. Fourth, starch grain and phytoliths analysis from charred food remains founded in pottery, collected at Bonin site excavation, achieved important new data for new interpretive ways on Taquara-Itararé archaeology, bringing to us food production evidences of Zea mays, Cucurbita sp., Manihot sp., and food consumption of Phaseolus sp., Dioscorea sp. and others, what is a key to think another kind of social organization, mobility and economy for southern proto-Jê people. Fifth, in a way to think the “southern Jê landscape stratigraphy” a GIS database were used like a tool to create virtual models of, for example, cumulative viewshed analysis and least coast pathway analysis. Keywords Taquara-Itararé Tradition – Southern Jê –Starch Grains and Phytoliths Analysis – GIS and Landscape Archaeology – Brazil iv Agradecimentos Este trabalho é resultado de um esforço individual, mas que não seria possível sem a participação direta e/ou indireta de uma série de pessoas e instituições. Por isso, primeiramente é necessário agradecer a oportunidade de realizar o doutoramento na universidade com maior produção científica na América Latina, fato que eu devo ao Professor Paulo DeBlasis. Antes disso, o caminho até a USP foi apontado pelo Professor Pedro I. Schmitz que, além de ter me apresentado formalmente a DeBlasis na SAB 2007, manteve as portas do IAP abertas para que eu pudesse usar os laboratórios e, assim, analisar o material proveniente das sessões de campo em um local mais próximo da minha residência. Depois desta conexão veio outra que foi muito decisiva na realização da pesquisa. O elo com o Professor José Iriarte, iniciado na SAB 2009, possibilitou a realização do intercâmbio na Universidade de Exeter e o contato com a arqueologia além das fronteiras do Brasil. Nesta passagem pelo velho mundo também foi importantíssimo o auxílio de Ruth Dickau, que na prática me “alfabetizou” em arqueobotânica. Não fosse a paciência e a perseverança dessa canadense, talvez pouco dos dados que apresento aqui seriam possíveis. Os recursos financeiros provenientes do CNPq, CAPES, FAPESP e PROAP, nessa ordem de relevância, foram vitais e sem eles nada teria acontecido. O apoio de uma série de parceiros também foi e continua sendo importante: o GRUPEP-UNISUL, que é o responsável legal por salvaguardar as coleções coletadas em Urubici; o Parque Nacional de São Joaquim, que além de ter sido meu endereço nas várias sessões de campo em Urubici, é local de encontro de amigos como Michel Omena, Marcos Taniwaki, Edinho, Eriovan, Silvia e tantos guardas-parque e brigadistas; o Instituto Serrano de Conservação da Natureza, que foi realmente o primeiro contato com a região de Urubici e também ponto de encontro com pesquisadores do bioma serrano como o Jordan e o Luiz; e a Superintendência do IPHAN/SC, que sempre foi muito solicita desde os tempos de André Penin (in memoriam) e Edenir Bagio Perin, até hoje com Sonia Rampazzo e Fabiano Teixeira dos Santos. A partir destas instituições e pessoas vieram outros contatos vitais para a pesquisa como com Álvaro Costa e Arto Anderman que me guiaram pelos caminhos de Urubici e literalmente “abriram porteiras” ao me apresentar para inúmeras pessoas enquanto estávamos em busca de sítios arqueológicos. Em Urubici também foi importante a participação de Marcelo Sabiá, Sandra Borba, Maryella Masselli, Sérgio José Lima, Ricardo Maciel, v Boaventura, Eliete, Gentil de Souza, Poli, João Bonin, entre outros. A realização de algumas etapas de campo também contaram com participações especiais, como a presença do pessoal do IAG/USP e de Tiago Atorre na campanha de geofísica no sítio Anderman e a presença de Rafael Milheira, Aluísio Alves, Vagner Aires e Maicon Einhardt na escavação do sítio Bonin. O pessoal do MAE também teve sua participação: Vanusa, Hélio, Regina, Cleberson em diferentes momentos sempre que solicitados ajudaram prontamente. A rapazeada toda que conheci em São Paulo, especialmente o Márcio Bastos, a Debora Leonel Soares, a Erendira Oliveira, a Tatiane Souza e o Rafel Brandi. Dos dias de São Paulo também devo uma agradecimento a Karina Sirtori e ao Marcelo Seligman por terem me aceito como o inquilino que pagou o aluguel com uma barra de chocolate. A análise do material, realizada em São Leopoldo, não teria sido possível sem a ajuda do Suliano Ferrasso, da Natália Mergen, da Fabiane Rizzardo, do Ismael Raup, do Jairo Rogge, do Marcos Vinicius Beber e da Maria Salete Marchioretto. Em Exeter conheci muitas pessoas, de muitos lugares, porém os que realmente ajudaram, tanto na pesquisa como no dia a dia inglês, foram Jamie Moren, Jenny Watling, Ben Pears, Efstathia Karageorgopoulou, Phil Riris e Priscila Ulguim. Obrigado à Marivone Cechett Sirtoli pela leitura e revisão do texto. Obrigado a toda a minha família por não perguntar se a tese já estava pronta. Obrigado à Tatiana, minha esposa, que além de aturar minhas variações de humor nestes anos todos de pesquisa, foi a campo, escavou, peneirou, encontrou microlascas e me ajudou a desenhar croquis de sítios. Sem dúvida, a mais especial de todas as participações. E por último, obrigado à Poty, que só não foi a campo por ser muito ansiosa, mas em compensação esteve comigo na redação do texto e compartilhou minhas ideias em nossas caminhadas. Obrigado à Teresa que não atolou uma vez sequer. E obrigado ao Skype e ao MSN. vi Para Tati vii Sou o futuro imperfeito De um passado sem lugar Com a missão de olhar pra tudo E em tudo viajar Indo ao Pampa – Vitor Ramil (1997) viii Sumário Introdução 1 1 Os Jê Meridionais e Tradição Taquara-Itararé 5 1.1 História da Arqueologia no Alto Canoas 24 2 A área de Estudo do Projeto Arqueológico Alto Canoas (AE-PARACA) 33 3 O Mapeamento de Sítios na AE-PARACA 40 3.1 As Categorias e os Tipos de Sítio 41 3.1.1 Sítios com Engenharia de Terra 44 3.1.2 Sítios Superficiais 49 3.1.3 Sítios com Petróglifos 49 3.1.4 Sítios em Substrato Rochoso 53 4 As Intervenções nos Sítios 60 4.1 Sítio Mazzon 2 63 4.2 Sítio Bonin/Urubici 31 65 4.2.1 A escavação 74 4.3 Sítio Copetti 88 4.4 Sítio Anderman/Urubici 21 94 5 Análises do Material Cerâmico e Lítico 101 5.1 Cerâmica 101 5.2 Lítico 114 6 Análises Arqueobotânicas 118 6.1 Materiais e métodos 120 6.1.1 Metodologia para extração de grãos de amido 123 Observações sobre as amostras para extração de grãos de 6.1.2 126 amido do Sítio Bonin 6.1.3 Metodologia para extração de fitólitos 130 Observações sobre as amostras para extração de fitólitos do 6.1.4 132 Sítio Bonin 6.1.5 Metodologia para recuperação de macrovestígios 133 6.2 Resultados 134 6.2.1 Amostras para extração de grãos de amido 134 6.2.2 Amostras para extração de fitólitos do Sítio Bonin 136 6.2.3 Amostras para recuperação de macrovestígios botânicos 139 6.3 Discussão 147 ix 6.3.1 Economia e territorialidade 147 6.3.2 Vegetação de fundo e alternativas 156 6.3.3 A preparação dos alimentos, a dieta e a cozinha 161 6.4 Palavras finais 166 7 Estratigrafia da Paisagem 168 7.1 Paisagem como ambiente 170 7.2 Paisagem como sistema 176 7.3 Paisagem como poder 193 7.4 Paisagem como experiência 202 Conclusões 220 Referências Bibliográficas 223 Anexos 244 Anexo 1 – Catálogo de Sítios 245 1 Setor Serra 245 1.1 Canudo Casa de Pedra, Ocorrência Bino 245 Urubici 12, Ocorrência Oliveira, 1.2 São Pedro 249 Ocorrência Wolf, Ocorrência São Pedro Urubici 15, Urubici 32, Ocorrência 1.3 Rio Cachimbo 250 Cachimbo 2 Setor Canoas 250 Furna, Luchtemberg, Urubici 06, Bar do 2.1 Santa Terezinha Didi, Warmeling 2, Warmeling 1, 251 Warmeling 3, Capistrano Urubici 11/Wiegers 2, Urubici 10/Wiegers 3, Urubici 16/Wiegers 1, Da Silva, Urubici 19, Urubici 20, Mazzon 1, Mazzon 2, 2.2 Santo Antônio 253 Mazzon 3, Serra Bela, Ocorrência Canadas, Canadas 1, Canadas 2, Urubici 31/Bonin, Borguezan, Bonin 2 Urubici 18, Urubici 33, Derner, Urubici 9, 2.3 Rio dos Bugres 263 Sítio Rubio, Onda, Foz dos Bugres, J. Baldessar, Urubici 21/Anderman, 2.4 Esquina Nehues, Urubici 17, Urubici 22, Urubici 267 23, Urubici 24, Urubici 25, Urubici 29 Urubici 5, Urubici 38, Urubici 13, Urubici 2.5 Águas Brancas 269 39 3 Setor Traçado 270 x

Description:
Rio Canoas, região de Urubici, em Santa Catarina, Brasil. No planalto .. 6.08 Limpeza com água destilada e escova macia da amostra L160 no copo de béquer WB. 128 viveriam no planalto em função da colheita do pinhão; na primavera e verão circulariam entre como um pomar de maçãs.
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