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processo arbitral e sistema PDF

391 Pages·2009·2.3 MB·Portuguese
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Faculdade de direito da universidade de são Paulo dPc – d ePartamento de direito Processual eduardo de albuquerque Parente PROCESSO ARBITRAL E SISTEMA SÃO PAULO Dez. 2009 EDUARDO DE ALBUQUERQUE PARENTE PROCESSO ARBITRAL E SISTEMA Tese apresenTada à Faculdade de direiTo da universidade de são paulo como requisiTo para a obTenção do TíTulo de douTor em direiTo processual orienTador: proF. dr. carlos alberTo carmona SÃO PAULO Dez. 2009 II “Para ser grande, sê inteiro: Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.” (Fernando Pessoa) Aos meus pais, a quem tudo devo. Aos nossos filhos, a quem tudo faço. III AGRADECIMENTOS Concluída mais esta etapa acadêmica, é o momento de agradecer. Nenhuma tese pode ser finalizada sem a ajuda de uma série de pessoas. Os sacrifícios são muitos, e de muita gente. Agradeço à minha família, especialmente à minha esposa Tatiana e ao nosso pequeno filho Matheus, que suportaram os inúmeros momentos em que os privei de companhia para completar este trabalho. Nada foi mais difícil do que isso! Agradeço aos meus pais Eduardo e Cecília, pela formação como pessoa e pelo apoio de sempre. Sem o amor de todos, nada seria possível. Agradeço à Universidade de São Paulo, em nome da Faculdade de Direito, pela oportunidade de finalizar mais esta fase da vida acadêmica. Agradeço aos integrantes de Departamento de Direito Processual da Faculdade de Direito, especialmente aos professores e amigos, cujo convívio durante a última década nos permitiu evoluir, com divergências e convergências, mas sempre com fraternidade. Agradeço especialmente aos Professores Cândido Rangel Dinamarco, José Ignacio Botelho de Mesquita, José Roberto do Santos Bedaque, José Rogério Cruz e Tucci, Flávio Luiz Yarshell, Antonio Carlos Marcato, Kazuo Watanabe, Ada Pellegrini Grinover, Carlos Alberto de Salles, Paulo Henrique dos Santos Lucon, Ricardo de Barros Leonel e José Carlos Baptista Puoli, pelas lições de vida e de academia. Agradeço aos Professores Carlos Alberto de Salles e Maristela Basso pelas decisivas contribuições quando estive perante a banca de qualificação, as quais procurei incorporar ao trabalho. Agradeço também aos inúmeros amigos que a vida acadêmica me brindou, cujos todos os nomes seria impossível mencionar. O convívio com eles foi e sempre será parte de um patrimônio comum. Merecem especiais agradecimentos por esta etapa do doutoramento o amigo Sidnei Amendoeira Jr., quem primeiro me estimulou no estudo da arbitragem, assim como Ricardo Aprigliano, Marcos Montoro, Ana de Lourdes Coutinho e Heitor Mendonça IV Sica, pelo companheirismo nesta última jornada, cujas discussões, estímulos mútuos e amizade foram fundamentais. Ao trilhar o caminho desta tese, deparei-me com uma verdadeira comunidade de pessoas muito especiais. São aqueles que fazem o processo arbitral se realizar no País. Esse grupo de amigos tem feito a diferença. Por conta de suas qualidades pessoais e profissionais, a arbitragem é cada vez mais expressiva em nosso país. Entre esses ilustres colegas, dedico especial agradecimento a José Emilio Nunes Pinto e a Adriana Braghetta, pelas discussões e sugestões, que procurei aqui agregar. Agradeço também ao nosso escritório Neumann, Salusse, Marangoni Advogados, nas pessoas de meus sócios e da minha equipe, pelo apoio durante a elaboração desta tese. Deixei para o fim o meu principal agradecimento. Ao meu orientador, Professor Doutor Carlos Alberto Carmona, que, entre tantos atributos, carrega a característica inata de inspirar os que estão à sua volta, com seu exemplo de ser humano e profissional. Sua obra é a grande referência desta tese. É muito mais fácil trilhar o caminho descoberto por um visionário. E talvez não haja nada que melhor comprove a qualidade de um verdadeiro Mestre do que fazer escola. Ao fim deste caminho, de tudo levo o orgulho e a satisfação em dela fazer parte. V SUMÁRIO APRESENTAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO TEMA ..................................................... 1 CAPÍTULO 1. O DIREITO COMO SISTEMA ........................................................... 5 1.1 O conceito de sistema para o direito na visão tradicional ...................................... 6 1.2 A teoria dos sistemas ............................................................................................. 11 1.2.1 O direito na teoria dos sistemas .................................................................. 1 4 1.2.2 A aplicação da teoria a variados ramos do direito ..................................... 1 8 1.2.3 A aplicabilidade da teoria ao direito processual ......................................... 2 3 CAPÍTULO 2. O PROCESSO ARBITRAL COMO SISTEMA .................................. 3 9 2.1 O subsistema arbitral ............................................................................................. 3 9 2.1.1 O fechamento operacional ........................................................................... 4 2 2.1.1.1 A flexibilidade do procedimento ................................................. 4 6 2.1.1.2 A construção do procedimento .................................................... 5 3 2.1.2 A abertura cognitiva .................................................................................... 5 7 2.1.2.1 A relação com o direito material .................................................. 6 0 2.1.2.2 A relação com o direito processual .............................................. 6 6 2.1.2.2.1 Relação com normas e princípios ................................. 6 6 2.1.2.2.2 Relação com o processo judicial .................................. 7 4 2.2 Fundamentos do processo arbitral .......................................................................... 8 6 2.2.1 Por que processo arbitral? ........................................................................... 8 7 2.2.2 A autonomia da vontade como pressuposto e princípio do processo arbi- tral ................................................................................................................ 9 2 2.2.3 O devido processo legal arbitral ................................................................. 101 2.2.3.1 A integração do conceito .............................................................. 101 VI 2.2.3.2 O idioma no processo arbitral ...................................................... 105 2.2.3.3 A limitação da prova .................................................................... 108 2.2.3.4 A preclusão no processo arbitral .................................................. 116 2.2.3.5 Os regulamentos como normas processuais ................................ 123 2.2.3.6 A macroestrutura do processo arbitral ......................................... 128 2.3.4 A efetividade do processo arbitral ............................................................... 130 CAPÍTULO 3. O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO ARBITRAL COMO UM SISTEMA ............................................................................................................... 137 3.1 A instauração e a fase postulatória do processo arbitral ........................................ 137 3.1.1 A interrupção da prescrição e a fraude de execução ................................... 141 3.1.2 A aceitação do encargo e o início do processo arbitral ............................... 152 3.1.3 Os pressupostos do processo arbitral ......................................................... 156 3.1.4 O termo de arbitragem ................................................................................. 164 3.1.5 A demanda no processo arbitral .................................................................. 170 3.1.5.1 A forma do pedido ........................................................................ 170 3.1.5.2 O aumento/alteração do pedido ................................................... 173 3.1.5.3 Os pedidos do requerido ............................................................... 177 3.1.5.4 A tutela antecipada ...................................................................... 178 3.1.6 A defesa no processo arbitral ..................................................................... 181 3.1.6.1 A defesa processual ..................................................................... 183 3.1.6.2 As matérias do art. 20, caput, da Lei de Arbitragem .................... 186 3.1.6.3 A defesa de mérito ....................................................................... 188 3.2 Aspectos incidentais do processo arbitral ............................................................. 191 3.2.1 A prejudicialidade no curso do procedimento ............................................. 192 3.2.1.1 A relação entre demanda arbitral e judicial .................................. 192 VII 3.2.1.2 A relação entre demandas arbitrais .............................................. 199 3.2.1.3 O direito indisponível superveniente (art. 25) .............................. 203 3.2.2 Os poderes do árbitro .................................................................................. 206 3.2.2.1 Poderes executórios lato sensu ..................................................... 209 3.2.2.2 Poderes instrutórios ..................................................................... 213 3.2.2.3 Função pública versus objeto ilícito ............................................ 217 3.3 A instrução do processo arbitral ............................................................................. 222 3.3.1 A antecipação de prova .............................................................................. 225 3.3.2 A desformalização do procedimento ........................................................... 229 3.3.3 Autonomia das partes versus poderes do árbitro quanto à prova ................ 231 3.3.4 A inversão da ordem das provas .................................................................. 238 3.3.5 A prova documental .................................................................................... 240 3.3.6 A prova oral ................................................................................................ 245 3.3.7 A prova pericial ........................................................................................... 252 3.3.8 A prova emprestada ..................................................................................... 258 3.3.9 A valoração da prova pelo árbitro ............................................................... 260 3.4 A fase final do processo arbitral ............................................................................ 263 3.4.1 A sentença arbitral ....................................................................................... 264 3.4.1.1 A estrutura da sentença arbitral .................................................... 268 3.4.1.2 A sentença terminativa e sua patologia ....................................... 273 3.4.1.3 Sentença extra, ultra e citra petita ............................................... 278 3.4.1.4 A sentença parcial ......................................................................... 280 3.4.1.5 A decisão sobre questão constitucional ........................................ 286 3.4.1.6 O julgamento e a súmula vinculante ............................................ 291 3.4.1.7 O julgamento por equidade .......................................................... 293 VIII 3.4.1.8 Os efeitos e a eficácia da decisão ................................................. 296 3.4.1.9 A sucumbência e a litigância de má-fé ......................................... 301 3.4.1.10 A liquidação da sentença .............................................................. 303 3.4.1.11 As impugnações internas à sentença ............................................ 305 3.4.2 A coisa julgada arbitral ................................................................................ 308 3.4.3 A jurisprudência arbitral e a sua uniformização .......................................... 311 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 315 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 318 RESUMO ...................................................................................................................... 380 ABSTRACT .................................................................................................................. 381 RIASSUNTO ................................................................................................................ 382 IX APRESENTAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO TEMA O conceito de sistema tem sido aplicado em diversos ramos do conhecimento jurídico, com algumas variações na doutrina. Afora áreas mais teóricas, como a filosofia, sociologia e teoria geral do direito, aplicações concretas têm ocorrido em alguns setores. Esse lado da consequência objetiva nos é relevante porque não temos a pretensão de um trabalho exclusivo de busca por uma hipótese teórica. Quer nos parecer fundamental que em qualquer pesquisa jurídica algum grau de concretude, de conseqüências práticas, se faz essencial. Especialmente na cadeira de direito processual, localizada uma hipótese, ela deve ser colocada à prova em ambiente de situações práticas. E que desse expediente saiam resultados úteis. Como disse o filósofo Jacques Derrida, todo começo é aleatório. Assim, havíamos iniciado o caminho teórico da hipótese da tese que ora se apresenta questionando como a ideia de sistema, segundo a teoria de Luhmann, bem desenvolvida em algumas áreas do direito, se sairia no ambiente do direito processual. Apenas a título de exemplo, pois esse não será objeto do estudo, poderíamos perguntar: como o sistema processual tem se comportado perante o movimento reformista dos últimos anos? É possível dizer que ele vem sendo quebrado pelas alterações da lei processual? E que por isso se tornou assistemático? Para se chegar a alguma conclusão seria necessário dar um passo atrás e responder à seguinte questão: reunidos e ligados entre si, no aspecto geral, os institutos processuais formam um sistema? O direito processual é (ou pode/deve ser) sistêmico? Superada essa premissa, e sendo positiva a resposta, as recentes alterações pontuais – ou nem tanto – teriam o condão de descaracterizá-lo, de quebrá-lo? Esse foi, no geral, o impulso inicial que nos levou à intenção de estudar processo à luz de um conceito de sistema. A iniciativa parecia-nos uma abordagem diferenciada das que até então se fizeram acerca das alterações do processo estatal. Mas aquela primeira intenção alterou-se. Desviamos a rota para não mais abordar a teoria geral do processo, se sistêmica ou não, se quebrada ou não, mas para focalizar o que entendemos ser um ramo específico dessa teoria. Com isso, detectar características que distinguem este microcosmo processual do modelo do processo estatal. Logo, a tese entrará no ambiente de um instituto que, embora sabidamente multidisciplinar, atua num formato e com princípios processuais. Falamos do processo arbitral. 1

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Yarshell, Antonio Carlos Marcato, Kazuo Watanabe, Ada Pellegrini Sobre os instrumentos dos juizados, cf., por todos, DINAMARCO, Manual das Como apontam FOUCHARD-GAILLARD-GODMAN, “the principle of due
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