Numa cidade à beira do rio Amazonas, um passante vem procurar abrigo à sombra de um jatobá e, incauto ou curioso, dispõe-se a ouvir um velho com fama de louco. É o que basta para Arminto Cordovil começar a contar a história de Órfãos do Eldorado, num vaivém entre a miragem e a matéria: a história de seu próprio amor desesperado por Dinaura, em primeiro lugar, mas também, em círculos concêntricos que se expandem e se contraem, a crônica de uma família, de uma região e de toda uma época que, à base de seiva de seringueira e crédito inglês, quis encarnar os sonhos seculares de um Eldorado amazônico. Com as figuras admiráveis de Arminto e Dinaura, Florita e Estiliano, Juvêncio e Denísio Cão; Milton Hatoum concentra numa novela de sonho e pesadelo a vasta matéria romanesca que vem explorando, cada vez mais fundo, desde Relato de um certo Oriente, Dois irmãos e Cinzas do Norte.