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I. ASPECTOS ANATÔMICOS DOS FRUTOS E SEMENTE PDF

21 Pages·2015·1.37 MB·Portuguese
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MORFOLOGIA DOS FRUTOS, SEMENTES E PLÂNTULAS DE Platonia insigms MART. (CLUSIACEAE). I. ASPECTOS ANATÔMICOS DOS FRUTOS E SEMENTES EM DESENVOLVIMENTO1. Káthia Socorro Mathias MOURÃO2, Celia Massa BELTRATP RESUMO — São descritos aspectos morfológicos e estruturais dos frutos e sementes, em desenvolvimento, de Platonia insignis (Clusiaceae), visando principalmente esclarecer a origem da camada comestível presente no fruto. Concluiu-se que a camada carnosa branco-amarelada, que envolve as sementes, é de origem endocárpica e começa a se diferenciar já nos estádios iniciais do desenvolvimento do fruto, através de um acentuado alongamento radial das camadas mais internas do endocarpo. Estas, juntamente com as células dos septos, que também se alongam à medida que o fruto se desenvolve, vão se aderindo à testa por meio de interdigitações. Posteriormente, no fruto maduro, o endocarpo destaca-se do restante do pericarpo, permanecendo firmemente ligado à semente. Palavras-chave: Platonia insignis Mart.; anatomia do fruto e semente. Fruit, Seed and Seedling Morphology of Platonia insignis Mart. (Clusiaceae). I. Anatomical Aspects of Fruits and Seeds in Development. SUMMARY — Morphological, structural and developmental features of fruits and seeds of Platonia insignis (Clusiaceae) are described, with the purpose of elucidating the origin of the pulp present in the fruit. The pulp, which involves the seeds, emerges early in fruit develop ment. The sept and the inner endocarp cell layers undergo accentuated radial elongation and be come firmly attached to the testai outer layers. At maturation the endocarp is released from the pericarp, remaining attached to the seeds. Key words: Platonia insignis Mart.; fruit and seed anatomy. INTRODUÇÃO vulgarmente conhecida por "bacuri", "bacuri-açu", "pakoori" e "wild mamme Platonia insignis é uma espécie aple" na Guiana, "pakoelie" e "geelhart" arbórea comum em estado silvestre na no Suriname, "parcori" na Guiana Região Amazônica, abundante nos Francesa e "matazona" no Equador Estados do Amazonas e Pará, onde (LOUREIRO era/., 1979). ocorre em quase todos os municípios, Essa espécie destaca-se por sua sempre em áreas mais ou menos grande importância econômica nas descampadas ou de vegetação baixa. Regiões Norte e Nordeste. Seus frutos Ocorre ainda nos Estados de Goiás e são muito consumidos pela população, Mato Grosso, no Paraguai, no Suriname e nas mais variadas formas. O óleo nas Guianas (CAVALCANTE, 1976), extraído das sementes pode ser usado sendo encontrada nos babaçuais e em como matéria prima nas indústrias de regiões de cerrado do Estado do sabão e a madeira é bastante utilizada Maranhão (KULHMANN, 1977). É para diversas finalidades, tais como: 1 Parte da Dissertação de mestrado da primeira autora. Projeto subvencionado pela CAPES e pela FAPEMA. 2 Depto. de Biologia, UEM, Av. Colombo, 5790, Maringá - PR, CEP: 87020-900 3 Depto. de Botânica, 1B/UNESP - Caixa Postal 199, Rio Claro, São Paulo, CEP: 13506-900. ACTA AMAZÔNICA 25(1/2): 11-32. 1995. Impresso em Maio 1996 construções civis, construções navais responsabilidade da Secretaria do Meio e carpintaria (PIO CORRÊA, 1926; Ambiente e Turismo do Estado do PESCE, 1934; CALZAVARA, 1970; Maranhão (SEMATUR), situada a 2" 32' CAVALCANTE, 1976; LOUREIRO de latitude sul e 44" 17'de longitude oeste, et ai, 1979). no município de São Luís (MA). No fruto de Platonici insignis, a Os estudos morfológicos e presença de polpa branco-amarelada, anatômicos foram realizados em material macia, agridoce, perfumada e comestível, fresco, trazido ao laboratório em sacos envolvendo as sementes, é citada por plásticos para exame imediato, e em ma diversos autores (PIO CORRÊA, 1926; terial fixado. PESCE, 1934; MANIERI & LOUREIRO, Para a fixação de material visando 1964; CAVALCANTE, 1976 e estudos morfológicos e anatômicos foi LOUREIRO et ai, 1979), que não utilizado F.A.A. 50% (JOHANSEN, mencionam porém, a natureza morfològica 1940). A conservação desse material foi desta estrutura. feita em Etanol 70% (JENSEN, 1962). ENGLER (1888) e PAULA(1945) No estudo anatômico do pericarpo e afirmam ser o endocarpo, a polpa branca das sementes em desenvolvimento, foram e mucilaginosa, que constitui a principal utilizados cortes transversais, longitudinais parte comestível do fruto. Diferente e paradérmicos, realizados à mão livre, interpretação é dada por BERG (1982) e com auxílio de lamina de barbear comum, ROOSMALEM(1985), que afirmam ou utilizando-se um micrótomo rotatório. tratar-se de um arilo. Não foram Na obtenção de lâminas semi- encontrados porém, estudos ontogênicos permanentes, os cortes realizados à mão dos frutos que pudessem elucidar a origem livre foram corados com Safrablau morfològica desta estrutura. (Safranina + Azul de Astra), segundo Diante desta diversidade de técnica descrita por BURGER & interpretações, no presente trabalho são TEIXEIRA {apud MILANEZE, 1992) e fornecidas informações anatômicas montados em gelatina glicerinada. pormenorizadas a respeito do fruto e Para confecção das lâminas da semente de P. insignis, em permanentes, as peças fixadas foram desenvolvimento, visando esclarecer desidratadas em série etilica, passando em de maneira definitiva, a origem e estrutura seguida por série xilólica, sendo incluídas da polpa. em parafina e cortadas ao micrótomo rotatório (SASS, 1951), coradas com MATERIAL E MÉTODOS Safranina/Azul de Astra (GERLACH, O material botânico utilizado no 1969), e montadas em Balsamo do Canadá presente trabalho constou de botões florais, Para os testes histoquímicos, os flores e frutos de Platonici insignis Mart., cortes de material fresco foram submetidos em diferentes estádios de desenvolvimento, a corantes e reagentes específicos: como sendo as amostras provenientes de 20 prova geral para açúcares utilizou-se indivíduos. As coletas foram realizadas no solução de Timol erri Etanol 95%, Parque Estadual do Itapiracó, área sob a acrescida de duas a três gotas de Ácido Sulfurico concentrado, que foi colocada fotografando-se a lâmina com escala sobre cortes de material fresco, micromètrica, nas condições adequadas aquecendo-se levemente a lâmina. A a cada caso. presença foi confirmada pela coloração RESULTADOS avermelhada do material (MILLER, comunicação pessoal); Reação de Ovàrio Fehling para identificação de açúcares redutores (SASS, 1951); solução de O ovario (Figs. 1 a 3) apresenta Lugol, acrescida de uma gota de Ácido secção transversal circular, sendo Sulfurico concentrado (SASS, 1951) e normalmente pentaloculado e havendo, em Cloreto de Zinco Iodado (JENSEN, cada loculo, vários óvulos, de placentação 1962) para identificação de celulose e axial, dispostos em duas fileiras (Figs. 3 e lignina; Floroglucinol Ácido para 11). evidenciar paredes lignificadas (SASS, No botão floral, a epidemie extema 1951); Sudan IV para a localização de do ovàrio è unisseriada, recoberta por cutina, suberina e outros materiais espessa cutícula, sendo composta por lipídicos (JOHANSEN, 1940); solução células que vão se tornando radialmente aquosa de Cloreto Fèrrico a 10%, alongadas e cujas paredes tangenciais adicionada de pequena porção de externas e internas se espessam Carbonato de Cálcio, e fixação em gradualmente (Figs. 12 e 13). Após a solução aquosa contendo 3 a 5% de antese, essa epidemie ovariana mostra Formalina e 10% de Sulfato Ferroso por pequenas reentrâncias (Fig. 13). 24 a 48 horas para localização de O mesofilo ovariano é constituído de compostos fenólicos (JOHANSEN, parênquima fundamental, no qual ocorrem, 1940); Ácidos Clorídrico e Sulfurico dispersos, idioblastos contendo drusas. para identificação de cristais de oxalato Nesse mesofilo podem ser distintas três de cálcio, e Lugol para a localização de diferentes regiões: uma região periférica, amido (JOHANSEN, 1940). provida de cloroplastos, uma região Os desenhos e diagramas mediana e uma intema (Figs. 10 e 11). referentes aos aspectos morfo- No ovàrio do botão floral, observa- anatômicos de frutos e sementes foram se, na região periférica, a predominância de obtidos com auxílio de câmara clara, divisões periclinais (Fig. 12), sendo que no adaptada ao estereomicroscópio Wild a ovàrio completamente formado, essas ao microscópio óptico Carl Zeiss. As divisões passam a ocorrer em todas as fotomicrografias foram obtidas em direções (Fig. 13). fotomicroscópio Carl Zeiss modelo A região mediana do mesofilo AXIOSKOR As escalas referentes ovariano, desde a fase de botão floral, pode aos desenhos foram obtidas projetando- ser distinta pela presença de feixes se uma lâmina micromètrica, nas vasculares e de numerosos dutos secretores mesmas condições ópticas utilizadas para ramificados, estes dispostos paralelamente cada caso. As escalas das ao eixo longitudinal do ovàrio. A região fotomicrografias foram obtidas interna pode ser caracterizada pela escassez de feixes vasculares e pela células poligonais, ricas em amido, ausência de dutos secretores (Figs. 10 e 11 ). cujas paredes dão reação positiva para Os dutos secretores podem ser lipídios. observados em sucessivos estádios de Um feixe vascular percorre o desenvolvimento, sendo que os mais funículo curto e espesso, e através da rafe diferenciados geralmente ocorrem dirige-se à calaza. A partir dessa região, delimitando a região interna da parede emite extensões pós-calazais que se do ovàrio (Figs. 10 e 11). ramificam por todo o tegumento extemo do Os dutos são aparentemente de óvulo (Figs. 18 e 21). origem esquizógena (Figs. 15 e 16) e Frutos e sementes em começam a se formar a partir de urna desenvolvimento célula que sofre uma série radial de divisões, em torno de um ponto cen Após a fecundação, ocorre a tral. A partir deste ponto, abscisão da corola, observando-se o posteriormente as células se afastam cálice e os feixes estaminais dando origem à luz do canal. Este se persistentes na base do fruto jovem amplia, gradualmente, ao mesmo (Fig. 4). Nessa fase a organização tempo em que ocorrem novas divisões. estrutural do ovàrio é basicamente A epiderme interna do ovàrio mantida (Figs. 5, 6, 24 e 26), (Fig. 14) é unisseriada, com células ocorrendo porém, muitas divisões aproximadamente quadradas, em celulares e principalmente aumento no secção transversal, e revestidas por tamanho das células. As sementes uma delgada cutícula. crescem concomitantemente chegan Os óvulos (Figs. 17 a 21) são do, no fruto maduro, a ocupar todo o anátropos, bitegumentados, tenuinu- lòculo (Figs. 5 e 6, 8 e 9). celados, sendo ambos os tegumentos O exocarpo é unisseriado e constituídos por 7-8 camadas de derivado da epiderme externa do células. Em todas as camadas do ovàrio. Suas células apresentam tegumento interno as células mostram- paredes periclinais externas se radialmente alongadas, em especial espessadas, cobertas por cutícula, e os as da epiderme interna, constituindo o estômatos encontram-se em elevações endotèlio (Figs. 18 e 20). São (Fig. 22). Com o desenvolvimento do observadas as cutículas externa, fruto, o exocarpo mostra externamente mediana (entre os dois tegumentos) e sulcos longitudinais, visíveis em cortes a interna (entre o tegumento interno e transversais como reentrâncias que vão se o nucelo). O canal micropilar é tomando bastante acentuadas (Fig. 23). formado pelo endóstoma e pelo Ocasionalmente, nos frutos mais exóstoma, sendo essas aberturas não desenvolvidos aparecem estruturas coincidentes (Fig. 19). esparsas, semelhantes a lenticelas, O nucelo è distalmente alongado e, originadas pela atividade de um meristema na região calazal, mostra uma extensa que produz células suberificadas, em hipóstase (Fig. 18) constituída por direção ao exterior (Fig. 25). Figuras 1 a 9. Ovàrio -1: Aspecto geral externo; 2 e 3: Diagramas, respectivamente, das seções longitudinal e transversal medianas; 4 - 6: Fruto imaturo - 4: Aspecto geral externo; 5 e 6: Diagramas, respectivamente, das seções longitudinal e transvesal medianas; 7-9: Fruto maduro ; 7: Aspecto geral externo; 8 e 9: Diagramas, respectivamente, das seções longitudinal e tansversal medianas, (ds = duto secretar; ec = endocarpo; fv = feixe vascular; lo = lòculo; mp = mesocarpo; se = semente; oa = óvulo abortado; ov = óvulo). Figuras 17 Λ 21. 17: Seção longitudinal do óvulo cm desenvolvimento. Sela indica cclula-mãc do megisporo: 18: Seção longitudinal do óvulo: IV: Detalhe tia região niicropilar: 20: Detalhe dos legumenlos do ovulo em seção longitudinal: 21: Seção transversal do óvulo (ca = região cala/al; cd = emlóstoma; el = endotelio; ex = exóstoma; IV = feixe vascular rateai; fu = fimículo; hi = hipóstase; mi = região niicropilar; nu = núcleo; ι a = rafe; re = ramificação pós-calaziil (lo feixe rateai; te = tegumento externo; ti = tegumento interno). SOÜlim 24 , 25 l'i» uras 22 a 27. 22: Oct a lhe do exoearpo no Fruto jovem (2.0 em de comprimento i. seção li an — versai: mostrando estõmatos; 23: Detalhe tio exoearpo no fruto quase maduro i5.o ani. em seção transversal, evidenciando as paretics penclinais externas espessadas. 2 1 1 xocaipo e camadas mais internas tio mesocarpo em seção transversal (Inno com 2.0 cm ι. 25: Seção traii>- versal do liuto quase maduro (5.0 cm de comprimento), mostiando estrutura semelhante a lentieela: 20: laidocarpo e camadas mais internas do mesocarpo em seção transv cisai ι liuto com 2.0 em): 27: Seção transversal tio pericarpi) evidenciando o feixe ν acculai c)uc delimita a região ile separação (sela), cm trillo desenvolvido (imaturo), ice = célula epidérmica: cg =célula-»uarda; cs = câmara subestomática; ds = (luto secretor; ec = endocarpi); ep = exoearpo; fv = feixe vascular; le = estrutura semelhante a lentieela; nip = mesocarpo ι Kiguras 28 a 30. Epiderme interna c camadas subepidérmicas do cndocarpo no fruto jovem, em sucessivas fases de diferenciação. 28. Células cm divisilo: 29: Células cm alongamento: 30: Células já alongadas, (ec = cndocarpo; ei = epiderme interna; fv = feixe vascular). O mesocarpo, que deriva do acentuado alongamento radial (Figs. 28 mesofilo ovariano, permanece a 31). parenquimático e as camadas celulares Nos lóculos em que não se da região periférica dividem-se, desenvolvem sementes podem-se observar intensamente, produzindo gradativo óvulos abortados, sendo as camadas mais aumento no diâmetro do fruto. internas do endocarpo e dos septos, Do mesmo modo que no ovàrio, também nesse caso, constituídas por na região mediana do mesocarpo células alongadas (Fig. 31). encontram-se os dutos secretores, Ao se iniciar o desenvolvimento da agora mais numerosos e anasto- semente, observa-se um aumento gradativo mosados, formando uma rede e, do número de camadas celulares, em também, os feixes vasculares bastante ambos os tegumentos (Figs. 37 e 38) e ramificados. Na região adjacente ao também o aparecimento do embrião (Figs. endocarpo, o qual deriva da região 35 e 45). interna do mesofilo ovariano, os dutos A epiderme externa da testa é secretores possuem maior calibre e se formada por células ligeiramente dispõem paralelamente ao eixo central alongadas, de paredes finas, e do fruto. Feixes vasculares de maior acompanhada pelo mesofilo adjacente, diâmetro também delimitam essa gradativamente formando interdigitações região (Figs. 5, 6, 24, 26 e 27). com o endocarpo (Figs. 32 a 34, 37 e 39). Com o desenvolvimento do O mesofilo da testa é inicialmente fruto, no limite entre o meso e o constituído por células arredondadas, de endocarpo, logo se diferencia uma paredes delgadas, que deixam poucos faixa constituída por várias camadas espaços intercelulares, ocorrendo de células menores que as demais, que dispersos, alguns idioblastos contendo mais tarde darão origem à região em drusas. Imersos neste mesofilo que ocorre a separação do endocarpo encontram-se vários feixes vasculares (Figs. 27 e 50). anficrivais, provenientes da O endocarpo é representado por ramificação do feixe rafeal (Figs. 32, um tecido parenquimático com células 37, 38 e 40). de paredes finas, derivado da parte Nessa fase, o tègmen consta de cerca interna do mesofilo ovariano e da de 12-13 camadas celulares, sendo que sua epiderme interna que delimita o epiderme interna se torna papilosa ou lòculo. Os dutos secretores nessa desenvolve curtos pêlos (Figs. 38 e 40) que região estão ausentes e os feixes posteriormente degeneram, à medida que vasculares aparecem em menor todo o tègmen se toma colapsado (Figs. 41 quantidade (Fig. 26). a 44). Com o desenvolvimento da semente, Nas camadas parenquimáticas todo o nucelo, inclusive a hipóstase, vai mais próximas da epiderme interna, sendo consumido até desaparecer tanto no endocarpo quanto nos septos, completamente (Fig. 36). observa-se uma zona em que as Em uma fase mais avançada do células vão sofrendo um gradual e desenvolvimento, as células que

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Concluiu-se que a camada carnosa branco-amarelada, vulgarmente conhecida por "bacuri", afirmam ser o endocarpo, a polpa branca.
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