ebook img

Guilherme Lima Cardozo A questão onomástica no encontro entre jesuítas e índios no Brasil do PDF

226 Pages·2016·1.26 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Guilherme Lima Cardozo A questão onomástica no encontro entre jesuítas e índios no Brasil do

Guilherme Lima Cardozo A questão onomástica no encontro entre jesuítas e índios no Brasil do século XVI: tradução, perspectivismo e metalinguagem Tese de Doutorado Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Letras/Estudos da Linguagem Orientadora: Profª. Helena Franco Martins Rio de Janeiro Dezembro de 2016 Guilherme Lima Cardozo A questão onomástica no encontro entre jesuítas e índios no Brasil do século XVI: tradução, perspectivismo e metalinguagem Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor pelo Programa de Pós- graduação em Estudos da Linguagem da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Profa. Helena Franco Martins Orientadora Departamento de Letras – PUC-Rio Profa. Maria Paula Frota Departamento de Letras – PUC-Rio Profa. Maria Cláudia de Freitas Departamento de Letras – PUC-Rio Profa. Ana Paula Grillo El-Jaick UFJF Profa. Márcia Atálla Pietroluongo UFRJ Profa. Monah Winograd Coordenadora Setorial do Centro de Teologia e Ciências Humanas – PUC-Rio Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2016. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e da orientadora. Guilherme Lima Cardozo Graduou-se em Letras (Português/Italiano) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 2009. Mestre em Estudos da Linguagem/Letras pela PUC-Rio, em 2013. Concluiu doutorado- sanduíche no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal), onde publicou o livro A questão da linguagem nas cartas de Paulo. Participou de diversos congressos na área de estudos linguísticos. É professor-instrutor da Escola de Administração Judiciária do TJERJ. Ficha Catalográfica Cardozo, Guilherme Lima A questão onomástica no encontro entre jesuítas e índios no Brasil do século XVI: tradução, perspectivismo e metalinguagem / Guilherme Lima Cardozo; orientadora: Helena Franco Martins. – 2016. 226 f.; 30 cm Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2016. Inclui bibliografia 1. Letras – Teses. 2. Jesuítas. 3. Ameríndios. 4. Onomástica. 5. Catequese. 6. Tradução. I. Martins, Helena Franc o. II. Po ntifícia Univer sidade Católic a do R io de J a n e i r o. Departamento de Letras. III. Título. CDD: 400 Agradecimentos À minha amada mãe, Solange, que com seus vastos conhecimentos filosóficos me incentivou, apoiou, outras vezes financiou meus sonhos, e, com seu amor materno infinito, acompanhou-me em viagens, congressos, doutorado-sanduíche no exterior, entre outras peripécias. Obrigado, mãe! Ao meu querido pai, Agostinho, que, em muitos momentos difíceis na minha jornada como doutorando, praticamente me carregou nos braços, sempre compreensivo e bem disposto no auxílio mútuo. À minha futura esposa, Vanessa, por ter suportado com muito companheirismo essa minha fase “chata” como doutorando (conclusão de disciplinas, viagens ao exterior para estudo, preparação de tese, etc.), e não enxergar óbices para estar ao meu lado – o que já me basta como inspiração. Ao meu irmão Michel, simplesmente por estar presente em momentos em que precisava sorrir, gargalhar. E por ter me socorrido, algumas vezes, via Skype. À professora Helena Martins, minha orientadora neste projeto, a quem devo muito de meu desenvolvimento como pesquisador, proporcionando-me oportunidades de aprimorar conhecimentos e melhorar como profissional. Às professoras Maria Paula Frota e Vanise Medeiros, que participaram de minha qualificação e me auxiliaram – e muito – na confecção de elementos primordiais desta tese, com feed back em e-mails, livros, dicas, entre outras colaborações. À professora Clara Keating, que me acolheu no Centro de Estudos Sociais e me orientou com muita sapiência e gentileza. Ao meu amigo e professor, José de Paiva Netto, cujas obras literárias sempre subsidiam meus escritos e produções. Devo-lhe tudo o que sei sobre a filosofia de Jesus e seus desdobramentos no universo acadêmico. À Chiquinha, por me ajudar a resolver problemas de toda e qualquer natureza acadêmica, seja no Brasil ou em Portugal. Da mesma forma aos amigos que vibraram por mais esta vitória em minha vida. À CAPES, por me proporcionar a indelével experiência de um doutorado- sanduíche no exterior, enriquecendo meus intelecto e espírito. Ao CNPQ, que financiou minha pesquisa de doutorado, bem como possibilitou participações em congressos, simpósios e conferências, no Brasil e no exterior. Agradeço, em especial, a Deus – pela força espiritual que me concede – e ao Cristo – de cuja filosofia me valho para crescer como ser humano e, sempre, rever meus conceitos como pesquisador. Resumo Cardozo, Guilherme; Martins, Helena Franco. A questão onomástica no encontro entre jesuítas e índios no Brasil do século XVI: Tradução, perspectivismo e metalinguagem. Rio de Janeiro, 2016. 226p. Tese de Doutorado – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Este trabalho tem por objetivo analisar a problemática da significação onomástica concernente ao encontro sócio-político-linguístico-cultural entre os ameríndios brasis e os jesuítas portugueses, no Brasil do século XVI. Com foco nos valores atribuídos aos nomes, a pesquisa se debruça sobre um corpus de textos que agrega como fontes: cartas jesuíticas, especialmente as de José de Anchieta, bem como dados provenientes de pesquisas antropológicas, históricas e linguísticas acerca das missões, da catequese, dos esforços de tradução e mediação, das particularidades das línguas envolvidas no que tange à dimensão onomástica. Investigamos a hipótese de que os atos de nomeação e de tradução onomástica ocorridos no âmbito do encontro entre as culturas cristã ocidental e indígena, no século XVI, destacam a necessária relação entre perspectivismo e atos metalinguísticos, manifesta no latente antagonismo quanto aos modos como cada parte parece conceber a linguagem e esses atos. Analisamos o processo onomástico entre as culturas ameríndia e jesuítica cristã, em que muitos nomes podem ser adquiridos na primeira, sobretudo através da guerra e da vingança, enquanto na segunda, um novo nome é dado por Deus, premiando o espírito misericordioso e pacífico de quem o recebe. Preliminarmente, ao contrário do que se pode pensar quando há uma relação de dominação política – caso de Portugal e Brasil, no século XVI –, esta pesquisa apresenta uma dinâmica de aculturamento mútuo mais equilibrada do que se poderia supor: nosso estudo mostra que os jesuítas passam a nomear com a língua tupi, enquanto os índios, igualmente, adotam novos nomes cristãos. Contudo, a prática onomástica indígena envolve um ato de transubstanciação cíclica: comer a carne do inimigo é também uma antropofagia em relação ao seu nome e aos nomes que este possuía; ao passo que, para os cristãos ocidentais, o novo nome é resultado da renúncia ao nome de batismo (com água), e com ele, de todas as ações gentílicas anteriores ao novo batismo (do espírito), através do qual “todas as coisas se fazem novas” (Apocalipse 21:5), substanciadas no novo nome. Palavras-chave Jesuítas; ameríndios; onomástica; catequese; tradução. Abstract Cardozo, Guilherme; Martins, Helena Franco (Advisor). The onomastic question regarding the encounter between Jesuits and Indians in the sixteenth-century Brazil: Translation, perspectivism and metalanguage. Rio de Janeiro, 2016. 226p. Doctoral Thesis – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. This study aims at analyzing the problematics of the onomastic signification concerning the social, political, linguistical and cultural encounter between the Brazilian Amerindians and the Portuguese Jesuits in sixteenth-century Brazil. Focusing on the values assigned to names, the research analyzes texts which gather some sources, such as Jesuit letters, especially José de Anchieta’s, as well as data from anthropological, historical and linguistical research on the missions, catechesis, efforts regarding translation and mediation, particularities of the languages involved concerning the onomastic dimension. It was investigated the following hypothesis: if the acts of naming and the onomastic translation that happened during the encounter between the cultures of the Western Christians and of the Indians, in the sixteenth century, highlight the necessary relation between perspectivism and metalinguistic acts, manifest in the latent antagonism regarding the ways each part seems to conceive language and these acts. It was analyzed the onomastic process between the cultures of the Amerindians and of the Christian Jesuits, in which many names can be acquired in the former, especially through wars and vengeance, whereas in the latter a new name is given by God, rewarding the receiver’s merciful and peaceful spirit. Preliminarily, different from what could be imagined when there is a relation of political dominance --- Portugal and Brazil in the sixteenth century, for instance --- this research presents a mutual acculturation which is more balanced than it could be presumed: this study shows that the Jesuits start to name with the Tupian language, and the Indians adopt new Christian names. Nevertheless, the Indian onomastic practice involves an act of cyclic transubstantiation: eating the enemy’s flesh is also anthropophagy concerning their names and the names which they own; whereas the Western Christians conveive the new name as a result of the renouncement regarding the name of baptism (with water) and all the gentile actions prior to the new baptism (the spirit’s), through which "All things are made new" (Revelation 21: 5), substantiated in the new name. Keywords Jesuits; Amerindians; onomastics; catechesis; translation. Sumário 1. Introdução 10 2. Perspectivismos 14 2.1. A matriz ocidental 17 2.1.1. O ponto de vista nietzschiano 19 2.1.1.1. Todos os pontos de vistas se equivalem? 27 2.1.2. O ponto de vista deleuziano 34 3. Perspectivismo, tradução e metalinguagem 51 3.1. Diálogos possíveis com o Pós-Colonialismo 52 3.2. Sobre a tradução 55 3.2.1. A tradução no Brasil 56 3.2.2. Perspectivismo e antropofagia 64 3.2.3. Tradução e perspectivismo 67 3.3. Uma tradução que tropeça 76 3.4. Um (des)encontro que (des)orienta 79 3.5. José de Anchieta: tradutor luso-tupi 82 4. História das ideias linguísticas e revolução da gramatização 92 4.1. A Doutrina Cristã, de Santo Agostinho 103 4.2. Um olhar crítico sobre as relações estrangeiro x nativo 105 4.3. A revolução tecnológica da gramatização e as gramáticas missionárias 108 4.3.1. O nascimento das metalinguagens 109 4.3.2. Olhares sobre alguns escritos missionários 115 4.4. Peculiaridades culturais e linguísticas do Brasil colonial 119 4.4.1. Empecilhos para o letramento e o efeito Anchieta 120 4.4.2. Processo de redução por onomástica 123 4.4.3. A língua oficial da colônia 125 5. Perspectivismo ameríndio 127 5.1. O nativo em análise 128 5.2. Facetas do perspectivismo ameríndio 133 6. Documentos jesuíticos 137 6.1. Análise se relatos do pe. José de Anchieta 137 6.1.1. Carta aos irmãos da Companhia em Portugal, 1555 141 6.1.2. Carta nº V (15 de março de 1955) 148 6.1.3. Carta nº VII (Trimensal de maio a agosto de 1556) 150 6.1.4. Carta VIII (Fim de dezembro de 1956) 152 6.1.5. Carta XI (1 de junho de 1560) 155 6.2. A potência onomástica em torno de Jesus 164 6.3. A Doutrina Cristã e a Lírica Tupi 177 6.4. Diálogos e sermões catequéticos 192 6.4.1. Os batismos 199 6.5. Perspectivismo e metalinguagem nos documentos jesuíticos 203 6.5.1. Profetismo tupi 205 6.5.1.1. Santidades 206 6.5.1.2. Santidade como perspectivismo 210 6.5.2. Os rebatismos: velhos nomes e novos novos-nomes 213 7. Considerações finais 216 8. Referências bibliográficas 220 1 INTRODUÇÃO A pesquisa desenvolvida nesta tese de doutorado é resultado de minhas investigações no campo religioso, as quais datam de muitos anos, e do contato recente – mais ou menos seis anos – entre estudos filosóficos, linguísticos, políticos e culturais com as ciências teológicas. No mestrado, investiguei como as cartas de Paulo de Tarso aos romanos e aos coríntios eram influenciadas pelo legado epistemológico da Filosofia Clássica e pela mística judaica, entretanto rompiam com o primado representacionista de linguagem, aproximando-se de um modelo mais pragmático. No doutorado, o estudo de textos considerados sagrados recebeu um banho lustral da influência dos estudos de Eduardo Viveiros de Castro, em especial suas pesquisas acerca do universo ameríndio e o seu ponto de vista sobre um perspectivismo que emana da cosmologia indígena. E se existe algo que violentamente liga as culturas ocidentais judaico-cristãs às ameríndias é o destaque fulcral que ambas conferem às práticas onomásticas: o nome permeia todas as relações possíveis, ligando o campo da vida à senda do sagrado. A questão onomástica entre jesuítas e indígenas no Brasil do século XVI é nosso tema central nesta tese, todavia o tema não escapa a outras questões que, inevitavelmente, interferem e dialogam com o objeto de nossa pesquisa. Por ser um tema central em nosso trabalho, considero oportuno trazer, resumidamente, alguns conceitos sobre onomástica: etimologicamente, o termo indica o ato de nomear objetos ou pessoas. Dentro dos estudos da linguagem, a onomástica ocupa um lugar em que os estudos históricos e geográficos, aliados aos filológicos, comparecem fortemente como fontes de intercessão. Estudos como os toponímicos e antroponímicos são parte da onomástica, no entanto, nossa pesquisa buscou ampliar o seu alcance, sondando algumas outras intercessões que não somente com a história, mas também com a filosofia, a antropologia, e com diversas particularidades dos estudos sobre as línguas, especialmente a morfologia e a semântica. O tema do perspectivismo é tão importante que permeia quase todo o nosso trabalho. Sua reincidência se nota na confecção dos capítulos e seções: o

Description:
para o jaguar é cauim; o que para nós é barro lamacento, para as antas é uma dizia Nóbrega, após o que punham-se os padres a “tanger e a.
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.