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Gênero, feminismos e ditaduras no Cone Sul PDF

296 Pages·2010·2.397 MB·Portuguese
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Gênero, Feminismos e DitaDuras no Cone sul J M P o a n a a r i a e d r o e C s W r i s t i n a C h e i b e o l f f (Organização) Gênero, Feminismos e DitaDuras no Cone sul ilha de santa Catarina editora mulheres 2010 © 2010, Joana maria Pedro e Cristina scheibe Wolff série ensaios Coordenação editorial Zahidé lupinacci muzart Revisão dos artigos em português Valéria andrade Revisão dos artigos em espanhol Jair Zandoná Capa Gracco Bonetti Editoração rita motta - ed. tribo da ilha APOIO: seCretaria esPeCial De PolÍtiCas Para as mulHeres Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP Leny Helena Brunel CRB 14/540 G326 Gênero, feminismos e ditaduras no Cone sul / apresentação Joana maria Pedro e Cristina scheibe Wolff. – Florianópolis : ed. mulheres, 2010. p. 296 isBn 978-85-86501-88-3 1. Feminismo. 2. Ditadura – Cone sul. 3. Clandestinidade. 4. exílio. i. Pedro, Joana maria. ii. Wolff, Cristina scheibe. CDu 396 editora mulheres rua Joe Collaço, 430 88035-200 Florianópolis, sC Fone/Fax: (048) 3233-2164 e-mail: [email protected] SUMáRIO Apresentação .............................................................................................................7 Joana Maria Pedro e Cristina Scheibe Wolff A R T I G O S E E N S A I O S ¿Qué le hace el género a la memoria? ..................................................................13 Alejandra Oberti De novelas, sexo e rock’ and roll: as relações amorosas em dias de revolução .....31 Andrea Andújar Los desafíos del Cono Sur desde las perspectivas de las mujeres. La demo- cratización de la democracia o la reinvención de una democracia latinoame- ricana ..........................................................................................................................52 Margarita Iglesias Represión Política y Género en la Dictadura Paraguaya .................................74 Alfredo Boccia Paz Memoria y memorias de mujeres en el relato de la dictadura (Uruguay, 1973-1985) ...................................................................................................................94 Graciela Sapriza Narrativas do feminismo em países do Cone Sul (1960-1989) .........................115 Joana Maria Pedro O Gênero da Esquerda em tempos de Ditadura ................................................138 Cristina Scheibe Wolff Memórias da clandestinidade: Criméia Alice de Almeida Schmidt e a Guerrilha do Araguaia ............................................................................................156 Margareth Rago O feminismo brasileiro em tempos de Ditadura Militar .................................174 Ana Alice Alcântara Costa A palavra como um bisturi .....................................................................................191 Cláudio Pereira Elmir Mulheres Brasileiras no Exílio e Consciência de Gênero ................................208 Rachel Soihet O corpo como campo de batalha ...........................................................................225 Olivia Rangel Joffily D E P O I M E N T O S Memoria, experiencia política y testimonio .......................................................246 Alejandra Ciriza Recordar pensando el pasado para repensar el presente .................................264 Miriam Suarez Memórias do cárcere de uma feminista ex post .................................................276 Albertina de Oliveira Costa Lembranças de um tempo sem sol... .....................................................................284 Maria Amélia de Almeida Teles autoras / autores ..........................................................................................293 APRESENTAçãO as narrativas sobre os “anos de chumbo” ou os “tempos de ditadura”, nos países do Cone sul: argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e uruguai têm sido bastante freqüentes. nos livros, escritos em forma de depoimentos ou coletâneas em sua maioria, são narradas as prisões, as torturas, os exílios, os atos de exceção promovidos pelos governos militares, as organizações armadas, os movimentos de resistência e de direitos humanos. De outro lado também a histo- riografia tem focalizado ultimamente os movimentos de mulheres e feministas, tanto aqueles chamados de Primeira onda, como os da segunda onda. o que este livro traz como novidade é justamente juntar estas duas questões: gênero e feminismo com ditaduras e todas as suas conseqüências e desdobramentos. os capítulos deste livro são oriundos das mesas redondas apresentadas no Colóquio internacional Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone sul, realizado na uFsC - universidade Federal de santa Catarina, entre 4 e 7 de maio de 2009. este evento teve por objetivo principal constituir uma rede de pesquisadoras/es envolvidas com pesquisa e recuperação da história recente no Cone sul sobre a temática Gênero, feminismos e ditaduras, produzindo na troca e exposição dos trabalhos, um momento de debate e de produção original de conhecimentos so- bre a temática. Desde março de 2006 Joana maria Pedro vem coordenando uma pesquisa em História Contemporânea que vem focalizando os movimentos de mulheres e feministas que num movimento de expansão, atingiram, através das notícias, dos livros, da circulação de pessoas, diferentes países e em diversas épocas. este processo teve início nos estados unidos em meados dos anos sessenta, na eu- ropa começou ainda no final dos anos sessenta e no Brasil e na América Latina em período posterior: no início dos anos setenta. o que temos observado é que diferente dos estados unidos e de vários países da europa, a américa latina e em especial o países do Cone sul, ou seja: Brasil, argentina, Bolívia, Chile, Para- guai e Uruguai, viveram nestes mesmos anos ditaduras militares que dificulta- 8 • Gênero, Feminismos e DitaDuras no Cone sul vam a circulação de informação, impediam qualquer manifestação e possuíam um caráter altamente conservador. Por outro lado, Cristina scheibe Wolff vinha trabalhando desde 2005 com as organizações armadas de esquerda que, neste momento da ditadura militar, atuaram nestes países, começando a pesquisa pelo Brasil, sempre com uma abordagem centrada nas relações de gênero. a partir destas pesquisas, formamos uma equipe no laboratório de estudos de Gênero e História da universidade Federal de santa Catarina que vem se em- penhando em realizar investigações comparativas que enfocam o tema Gênero, feminismos e ditaduras nos países do Cone sul. entre estes projetos estão “mo- vimento de mulheres e Feminismos em tempos de ditadura militar no Cone sul (1964-1989)”, coordenado por Joana maria Pedro e “relações de gênero na luta da esquerda armada: uma perspectiva comparativa entre os países do Cone sul. 1960-1979”, coordenado por Cristina scheibe Wolff, além de vários projetos de pós- doutorado, doutorado, mestrado, trabalhos de conclusão de curso e iniciação cien- tífica. A equipe total desta pesquisa conta com cerca de 15 pesquisadores. Para realizar o trabalho investigativo, contamos ao longo destes anos com financiamentos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Cien- tífico (CNPq – através do Edital conjunto com a Secretaria Especial de Políti- cas para as mulheres; edital universal, edital de Ciências Humanas, Bolsas de Produtividade em Pesquisa, Bolsas de Iniciação Científica e de Pós-doutorado Júnior) da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de santa Catarina (FaPesC, através de editais universais). Com estes recursos visi- tamos os vários países do Cone sul e entramos em contato e conhecemos várias/ os pesquisadoras/es que trabalham com temáticas semelhantes, realizamos en- trevistas, coletamos dados do período de 1960 a 1990 e adquirimos livros. nesta atividade o movimento realizado foi o nosso, de sair do Brasil e ir para estes países. o que propusemos com o Colóquio internacional Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone sul foi um movimento contrário: a vinda de algumas pessoas que significaram, para além da escrita de uma história comparativa – nosso projeto inicial – a formação de uma rede de pesquisadoras/es; a constituição de intercâm- bios entre universidades e, principalmente, programas de pós-graduação; ainda, a elaboração de projetos coletivos de pesquisa, a troca de experiências e principal- mente a formulação de novos conhecimentos sobre este período da história recente em que os países do Cone sul, e entre eles o Brasil, viveram processos semelhantes, porém, certamente, reagiram a estes conforme suas configurações culturais, sociais e históricas. esta proposta se materializa especialmente neste livro, que apresenta um panorama amplo do que de mais inovador tem sido produzido no campo dos estudos de gênero sobre o período das Ditaduras militares no Cone sul. a escolha dos intelectuais que participaram no evento foi pautada por suas trajetórias de pesquisa no assunto, por sua vida relacionada com os acontecimentos apresentação • 9 que estamos focalizando e, também, por serem pessoas importantes para a cons- tituição de redes de relações acadêmicas. além disso, são pessoas que têm uma produção sobre uma temática comum, se considerarmos o Cone sul. outra ques- tão que convém salientar é que o tema do debate não é apenas a história recente do Cone sul, mas a articulação entre “Gênero, Feminismo e Ditaduras”. ou seja, o que foi destacado no debate foi a forma como as ditaduras nestes diversos países interferiram ou não nos movimentos feministas e de mulheres dos anos setenta e oitenta, na produção de mudanças ou permanências nas relações de gênero. De- batemos ainda de que maneira os movimentos sociais e as próprias ditaduras uti- lizaram o gênero em suas estratégias discursivas e em suas práticas de luta e/ou repressão, como viveram homens e mulheres suas trajetórias de luta e de exílio, a partir de uma perspectiva de gênero. estes são os temas que aparecem neste livro em dois tipos de textos. os textos colocados no início do livro são textos que fazem análises de processos ocorridos em um ou mais países, estabelecem comparações e apresentam resultados de pesquisas minuciosas. Ao final do livro, no entanto, consideramos importante também apresentar quatro textos que são também de- poimentos de pessoas que viveram o momento estudado, mas que não deixam de também apresentar uma reflexão, calcada na experiência ulterior de cada uma das “depoentes”, sobre a centralidade do gênero e da discussão feminista para a compreensão do processo histórico em foco. no primeiro capítulo, ao centrar sua discussão sobre a relação entre gênero e memória, Alejandra Oberti analisa depoimentos de mulheres militantes de es- querda da argentina que evidenciam como elas colocavam a militância e as tarefas da organização acima de tudo em suas vidas. Depoimentos sobre como se sen- tiam nas organizações, sobre partos realizados em situações difíceis, entre outros, mostram outras possibilidades de pensar as relações entre público e privado, va- lorizando questões que dificilmente foram pensadas como objeto da história e das ciências sociais. Andrea Andújar, no capítulo seguinte, analisa a questão das relações amorosas nas décadas de 1960 e 1970 na argentina marcada pela emergência dos movimentos revolucionários, do rock’ and roll e do amor livre, usando como contraponto para as novas relações propostas aquelas que as novelas mostravam no cotidiano e que expressavam valores bastante tradicionais. em seu capítulo Los desafíos del Cono Sur desde las perspectivas de las mujeres. La democratización de al democracia o la reinvención de una democracia latinoamericana, Margarita Iglesias Saldaña focaliza a emergência, nos anos setenta e oitenta de movimentos de mulheres, especialmente os dedicados aos direitos humanos no uruguai, no Chile e na Bolívia. articula esta história com a das mulheres que desde o final do século XVIII e especialmente no século XIX vem clamando por igualdade e cidadania. 10 • Gênero, Feminismos e DitaDuras no Cone sul Alfredo Boccia Paz em seu capítulo Represión política y gênero em la dictadura paraguaya, apresenta uma ampla pesquisa sobre as formas de repressão sofridas por homens e mulheres no Paraguai. Fala de violações, torturas, exílio. Compara os nú- meros e principalmente, focaliza a diferença no tratamento que homens e mulheres receberam da polícia de alfredo strossner. Para Graciela Sapriza no capítulo Memória y memórias de mujeres em el relato de la dictadura (Uruguay, 1973-1985), memória e esquecimento tem um sentido éti- co e político. a autora se utiliza de vários tipos de fontes para empreender uma abordagem de gênero sobre o processo de repressão às iniciativas políticas de esquerda no uruguai. mostra como o corpo se constituiu em um espaço político nas mãos dos torturadores e constata assim que não era somente informações o que se buscava na tortura. Joana Maria Pedro apresenta narrativas sobre o feminismo nos vários países do Cone sul, realizando uma comparação através de quadros em que demonstra a existência de muitas semelhanças e diferenças significativa também, nas trajetórias e nos discursos de mulheres que se tornaram feministas, ou se identificaram de alguma maneira com o feminismo no período das Ditaduras militares. em seu capítulo, Cristina Scheibe Wolff procura apresentar maneiras al- ternativas de se estabelecer comparações entre os diversos países do Cone sul, com respeito às relações de gênero e a participação de mulheres em diversas organizações de esquerda armada. utilizando especialmente depoimentos orais, e alguns documentos escritos, a autora atenta também para as diferenças entre as linhas ideológicas das organizações, e nas conjunturas sociais, econômicas e políticas entre os países. através da analise do depoimento oral de Criméia alice de almeida schmi- dt, que participou do episódio da Guerrilha do araguaia, sendo uma das únicas sobreviventes, Margareth Rago chama a atenção em seu capítulo para as manei- ras pelas quais o fato de ser mulher atuava na clandestinidade e na situação dada pela prisão e pela tortura. Ana Alice Alcântara Costa no capítulo O feminismo brasileiro em tempos de ditadura militar, narra a história do feminismo no Brasil durante o período da dita- dura, articulando esta narrativa com sua própria trajetória de vida como feminista. Fala dos principais eventos que, desde o início da década de 1970 marcaram a formação dos grupos de mulheres, o surgimento de periódicos feministas, debates entre feministas e partidos de esquerda. em seu texto, Cláudio Elmir problematiza a memória e a escrita autobio- gráfica ao analisar o livro Memórias do Esquecimento, de Flávio Tavares. Na narrativa da prisão, da tortura, de seus longos anos de exílio, o autor vai mos- trando como tavares explora elementos de seu corpo masculino, a sexualidade que perpassava as sessões de tortura e o próprio processo narrativo que se torna uma reconstrução do eu do narrador, também marcado pelo masculino.

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