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Feminilidade, parceria amorosa e a entrada das adolescentes no tráfico de drogas PDF

105 Pages·2014·0.59 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA THAÍS LIMP SILVA Feminilidade, parceria amorosa e a entrada das adolescentes no tráfico de drogas: uma contribuição da psicanálise Belo Horizonte 2014 THAÍS LIMP SILVA Feminilidade, parceria amorosa e a entrada das adolescentes no tráfico de drogas: uma contribuição da psicanálise Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Psicologia. Área de concentração: Estudos psicanalíticos Orientadora: Profa. Dra. Andréa Maris Campos Guerra Belo Horizonte 2014 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na publicação Biblioteca Prof. Antônio Luiz Paixão - FAFICH 150 Silva, Thaís Limp S586a Feminilidade, parceria amorosa e a entrada das adolescentes 2014 no tráfico de drogas: uma contribuição da psicanálise [manuscrito] / Thaís Limp Silva. - 2014. 102 f. Orientadora: Andréa Maris Campos Guerra. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. 1. Psicologia – Teses. 2. Psicanálise – Teses. 3. Adolescência – Teses. 4. Criminalidade urbana – Teses. I. Guerra, Andréa Maris Campos. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título. Nome: Thaís Limp Silva Título: “Feminilidade, parceria amorosa e a entrada das adolescentes no tráfico de drogas: uma contribuição da psicanálise” Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Psicologia. Aprovado em: Banca examinadora: _________________________________________________ Prof(a) Dra. Andréa Maris Campos Guerra Orientadora- UFMG ___________________________________________________ Profa. Dra. Rita Maria Manso de Barros Membro titular externo – UERJ _____________________________________________________ Profa. Dra. Márcia Maria Rosa Vieira Luchina Membro titular interno _______________________________________________________ Profa. Dra. Nádia Laguardia Lima Membro suplente Agradecimentos À minha mãe, que vibra, torce e se alegra a cada conquista. Ao meu avô, que com sua forma discreta e simples de viver me ensina que a vida pode ser mais leve e com mais música. Aos meus tios Del, Mara e Lívia, pelo apoio incessante e certo nos momentos necessários. Ao meu querido Ronielle, que suportou as ausências estando ao meu lado. À professora Andréa Guerra, que me abriu as portas da UFMG e que com seu carinho e sua orientação precisa me incentivou a cada dia a escrever mais. Às professoras Dra. Nádia Laguardia e Dra. Cristina Marcos, pelas contribuições na banca de qualificação. Às professoras Dra Márcia Rosa e Dra Rita Manso, pela leitura cuidadosa e por terem aceitado com muita gentileza constituírem a banca de defesa. Aos colegas de mestrado, que tornaram todo o percurso mais divertido e mais leve. À Mari, Flavia G., Ana Elisa, Raquel, Gleice, Carina, Valéria e Ramon, que acompanharam tudo desde o início e torceram e comemoraram comigo a entrada no mestrado. À Sandrinha, pela torcida constante e pelo carinho que muitas vezes facilitou o dia a dia. À Ana Pereira, pelo “colinho virtual” nos momentos difíceis. À Juliana Motta, pela escuta orientadora. À equipe do Liberdade Assistida, por me ensinar que clínica e política coincidem, principalmente, aos supervisores Márcia, Morelli e Carolina. À equipe da Semiliberdade, por me abrir mais uma oportunidade de trabalho com os adolescentes. Aos alunos do estágio básico I (1º semestre de 2013), que me acolheram tão bem em sala de aula. Aos adolescentes que confiaram em minha escuta e que, todo dia, me ensinam um pouco. Obrigada! “[...] Até mais de treze anos, por exemplo, eu estava atrasada quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. Ou será que eu adivinhava, mas turvava minha possibilidade de lucidez para poder, sem me escandalizar comigo mesma, continuar a me enfeitar para os meninos? [...] Até que um dia, já passados os treze anos, como se só então me sentisse madura para receber alguma realidade que me chocasse, contei a uma amiga íntima o meu segredo: que eu era ignorante e fingida de sabida. Ela mal acreditou, tão bem eu havia fingido. Mas terminou sentindo minha sinceridade e ela própria encarregou-se ali mesmo na esquina de me esclarecer o mistério da vida. Só que também ela era uma menina e não soube falar de um modo que não me ferisse a sensibilidade de então. Fiquei paralisada olhando para ela, misturando perplexidade, terror, indignação, inocência mortalmente ferida. Mentalmente eu gaguejava: mas por quê? Mas pra quê? O choque foi tão grande – e por uns meses traumatizante- que ali mesmo na esquina jurei alto que nunca iria me casar. Embora meses depois esquecesse o juramento e continuasse com meus pequenos namoros. Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez. Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. Esse adulto saberia como lidar com uma alma infantil sem martirizá-la com a surpresa, sem obrigá-la a ter toda sozinha que se refazer para de novo aceitar a vida e seus mistérios. Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino. Pois juro que a vida é bonita.” Clarice Lispector RESUMO Silva, T.L. (2014). Feminilidade, parceria amorosa e a entrada das adolescentes no tráfico de drogas: uma contribuição da psicanálise. Dissertação de mestrado. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte Esta dissertação de mestrado busca elucidar a relação entre as parcerias amorosas e a entrada das adolescentes no tráfico de drogas. O estudo só foi possível a partir da prática de trabalho com a Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida no município de Belo Horizonte. As Medidas Socioeducativas estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente e podem ser aplicadas ao adolescente quando do cometimento de um ato infracional. Na execução da Medida de Liberdade Assistida, os atendimentos realizados com algumas adolescentes meninas traziam como impasse o próprio processo de responsabilização, essencial no cumprimento de uma Medida, quando ao vincularem sua atuação infracional de tráfico de drogas ao amor, elas acabariam por se desresponsabilizar pelo ato cometido. Com isso, fizemos um percurso no sentido de elucidar aquilo de que se trata na adolescência, assim como o processo de tornar-se mulher, buscando a relação que pode haver entre a posição assumida pelas mulheres na parceria amorosa e o envolvimento das mesmas na criminalidade. Nosso caminho foi orientado pela psicanálise de Freud e Lacan, mas antes, buscamos em outros campos de saber um panorama sobre as mulheres na criminalidade. Com esses dados, percebemos que o crescimento da população carcerária feminina tem sido mais veloz que a masculina, e que o tráfico de drogas tem sido responsável por 60% das prisões. Com a psicanálise, buscamos dar prosseguimento ao ponto onde as ciências sociais pararam, ao acrescentarmos a causalidade inconsciente na discussão. A partir do aporte psicanalítico, verificamos que a adolescência pode ser tomada como um sintoma da puberdade e, assim, cada adolescente dará sua resposta sintomática mais singular. Para as meninas, há um trabalho a mais, pois ela terá que dar também uma resposta para o enigma da feminilidade. Frente à não existência d´A Mulher, a menina precisa criar a sua saída feminina e tornar-se uma mulher. Essa é a proposta de Lacan. Ele ainda acrescenta que aí o amor toma um lugar privilegiado, pois a mulher tenta formar seu ser aliando-se a um homem. Nesse sentido, buscamos, como metodologia, estudar dois casos atendidos. A partir destes, verificamos que o amor é necessário para a vida de uma mulher, enquanto o crime é contingente. Além disso, foi possível constatar também que, nos casos em questão, a entrada na criminalidade se dá apenas de forma transversal e não por uma decisão pela criminalidade. Palavras-chave: Psicanálise. Adolescência. Feminilidade. Parceria amorosa. Infração. ABSTRACT Title: Femininity, loving partnership and the entry of female adolescents in drug trafficking: a contribution of psychoanalysis. This dissertation seeks to elucidate the relationship between loving partners and the entry of female adolescents in drug trafficking. The study was only possible from practical work with the Socio Penalty Probation in the city of Belo Horizonte.The Socioeducational Penalties are contained in the Statute of Children and Adolescents and can be applied to the teenager when perpetrates an offense. In implementing Penalty Probation , the appointments with some teenage girls brought to halt the process of accountability itself, essentially in compliance with a penalty when the infraction bind their drug trafficking activities of love , they would not ultimately accept responsibility for the act committed . With that, we made a movement towards elucidating that which it comes in adolescence, as well as the process of becoming a woman, seeking the relationship that may exist between the position taken by women in loving partnership and involvement in the same crime. Our path was guided by the psychoanalysis of Freud and Lacan, but rather seeks other fields of knowledge an overview of women in crime. With these data, we noticed that the growth of the female prison population has been faster than the male, and that drug trafficking has been responsible for 60 % of prisons. With psychoanalysis, we seek to continue from the point wherethe social sciencesstopped, to add to the discussion unconscious causality. From the psychoanalytic contribution, we find that adolescence can be taken as a symptom of puberty and thus each one will give a more natural symptomatic response. For girls, there is some extra work, because it will also have to give an answer to the riddle of femininity. Facing the lack of The Woman, the girl needs to create her female output and become a woman. This is the proposal of Lacan. He adds that in this point love takes a privileged place because the woman tries to form her existence entering into an alliance with a man. In this sense, we seek, as a methodology, study two cases treated. From these, we see that love is necessary for the life of a woman, while crime is contingent. Furthermore, it was also possible to observe that in the cases in question, the entry in the crime occurs only horizontally and not by a decision by the crime. Keywords: Psychoanalysis;Adolescence;Femininity;Loving partnership; Infraction. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Esquema do véu............................................................................................ 57 Figura 2: Duplicidade da posição feminina na parceria amorosa................................ 58 Figura 3: Tábua da sexuação ....................................................................................... 67 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9 2. O CONTEXTO DA PESQUISA: AS MULHERES, A CRIMINALIDADE E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS ..................................................... 15 2.1 As mulheres envolvidas com o tráfico de drogas no Brasil .......................... 17 2.2 Justificativa de escolha do tema de pesquisa................................................. 24 2.3 Sobre o sistema Socioeducativo..................................................................... 25 3. ADOLESCÊNCIA, SEXUAÇÃO E O TORNAR-SE MULHER ............. 30 3.1 A adolescência............................................................................................. 30 3.1.1 Freud: puberdade e adolescência............................................................. 31 3.1.2 Édipo, sexuação e adolescência: a leitura lacaniana do Édipo freudiano................................................................................................... 34 3.1.3 O despertar da primavera com Lacan..................................................... 36 3.1.4 Os pós- lacanianos e a discussão da adolescência................................... 40 3.2 Freud e o tornar-se mulher............................................................................ 44 4. AS POSIÇÕES FEMININAS E SUA RELAÇÃO COM O AMOR: A FORMALIZAÇÃO LACANIANA.............................................................. 52 4.1 A significação fálica e a mascarada: a mulher e o fazer-se de objeto na parceria amorosa........................................................................................... 53 4.2 Amante e amado: não há coincidência no par amoroso................................. 59 4.3 Amor, desejo e gozo...................................................................................... 63 4.4 A Mulher não existe e a devastação.............................................................. 66 5. A ARTICULAÇÃO COM A CLÍNICA....................................................... 75 5.1 A pesquisa em psicanálise .............................................................................. 75 5.2 Caso Amanda................................................................................................. 78 5.2.1. Discussão................................................................................................... 81 5.3 Caso Camila................................................................................................... 85 5.3.1. Discussão.................................................................................................... 87 5.4 . Considerações finais..................................................................................... 90

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Feminilidade, parceria amorosa e a entrada das adolescentes Às professoras Dra Márcia Rosa e Dra Rita Manso, pela leitura cuidadosa e por
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