UNIVERSIDADE DE SˆO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CI˚NCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS PROGRAMA DE P(cid:211)S-GRADUA˙ˆO EM L˝NGUA ESPANHOLA E LITERATURAS ESPANHOLA E HISPANO-AMERICANA EDUARDO TADEU ROQUE AMARAL Nomes pr(cid:243)prios: anÆlise de antrop(cid:244)nimos do espanhol escrito Sªo Paulo 2008 1 UNIVERSIDADE DE SˆO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CI˚NCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS PROGRAMA DE P(cid:211)S-GRADUA˙ˆO EM L˝NGUA ESPANHOLA E LITERATURAS ESPANHOLA E HISPANO-AMERICANA Nomes pr(cid:243)prios: anÆlise de antrop(cid:244)nimos do espanhol escrito Eduardo Tadeu Roque Amaral Tese apresentada ao Programa de P(cid:243)s- Gradua(cid:231)ªo em L(cid:237)ngua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e CiŒncias Humanas da Universidade de Sªo Paulo, para a obten(cid:231)ªo do t(cid:237)tulo de Doutor em Letras. Orientadora: Profa. Dra. Mirta Mar(cid:237)a Groppi Asplanato de Varalla. Sªo Paulo 2008 2 Aos nossos nomes. 3 AGRADECIMENTOS (cid:192) Profa. Dra. Mirta Groppi, pela dedica(cid:231)ªo e empenho com que me orientou. (cid:192) CAPES, pelos recursos concedidos durante o segundo ano de desenvolvimento desta pesquisa. Aos professores Maria Elizabeth Fonseca Saraiva, Neide GonzÆlez, Rodolfo Ilari, Zilda Zapparoli, pelos esclarecimentos e pelas sugestıes. Aos colegas e alunos da Universidade Federal do Tri(cid:226)ngulo Mineiro, pelo apoio que me deram. A todos do Programa de P(cid:243)s-gradua(cid:231)ªo em Letras (`rea de L(cid:237)ngua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana), pela oportunidade oferecida e pelo (cid:243)timo conv(cid:237)vio. (cid:192) minha fam(cid:237)lia, por estar sempre ao lado. Aos amigos Junia dos Santos Cruz, MÆrcia Souto Ferreira, Maria de Lourdes Lima e Daniel Mazzaro. Ao Renan ChÆcara, pelo apoio e compreensªo. Ao amigo Wellington Costa, pelo incentivo e pela colabora(cid:231)ªo com a l(cid:237)ngua francesa. Ao amigo e prof. Dr. Bruno Zen(cid:243)bio, pelas sugestıes de corre(cid:231)ªo e demais contribui(cid:231)ıes. 4 (cid:147)pois uma personagem pode ter diversos nomes, conforme o caso, pode ser designada pelo primeiro nome, pelo apelido, pelo sobrenome ou pelo patron(cid:237)mico e, tambØm, por coisas como (cid:145)a viœva de Jan(cid:146) ou (cid:145)o atendente do cerealista(cid:146). Mas o que importa sªo os detalhes f(cid:237)sicos que o romance sublinha, as unhas ru(cid:237)das de Bronko, a pelugem nas faces de Brigd, assim como os gestos, os utens(cid:237)lios manejados por um e outro, o martelo de carne, o escorregador de agriªo, a espÆtula de manteiga, de modo que toda personagem receba uma primeira defini(cid:231)ªo segundo seu gesto ou atributo, ou melhor, Ø sobre isso que se deseja obter mais informa(cid:231)ıes, como se a espÆtula de manteiga jÆ determinasse o carÆter e o destino de quem no primeiro cap(cid:237)tulo manipula um utens(cid:237)lio desses, e como se, a cada vez que a personagem reaparecesse no curso do romance, vocŒ, Leitor, se preparasse para exclamar: (cid:145)Ah, Ø aquela da espÆtula de manteiga!(cid:146), for(cid:231)ando assim o autor a atribuir-lhe atos e eventos relacionados a essa espÆtula inicial.(cid:148) Italo Calvino (Se um viajante numa noite de inverno) 5 RESUMO O objetivo principal desta tese Ø apresentar uma anÆlise dos diferentes usos de antrop(cid:244)nimos (nomes pr(cid:243)prios de pessoa) em textos do espanhol escrito contempor(cid:226)neo. Primeiramente, sªo discutidas questıes relacionadas ao sentido e (cid:224) referŒncia, retomando-se teorias clÆssicas sobre os nomes pr(cid:243)prios desenvolvidas a partir do sØculo XIX principalmente por l(cid:243)gicos e fil(cid:243)sofos: a teoria descritivista ou teoria do sentido e a teoria referencial direta ou teoria causal. JÆ no (cid:226)mbito dos estudos gramaticais, sªo expostos alguns pressupostos de Kleiber (1981), com Œnfase nas idØias sobre predicado de denomina(cid:231)ªo e nomes pr(cid:243)prios modificados, as quais servem de base para diversos trabalhos de ling(cid:252)istas contempor(cid:226)neos que se dedicam ao tema (FernÆndez Leborans, 1999a; Gary-Prieur, 1994; Gary-Prieur, 2001; Jonasson, 1994; Leroy, 2004; entre outros). TambØm sªo comentadas diferentes propostas de classifica(cid:231)ªo dos nomes pr(cid:243)prios. Essa exposi(cid:231)ªo te(cid:243)rica possibilita apresentar defini(cid:231)ıes importantes para a anÆlise como a de antrop(cid:244)nimo, referente e uso referencial ordinÆrio do antrop(cid:244)nimo. Para alcan(cid:231)ar o objetivo inicialmente proposto, foi utilizado um corpus constitu(cid:237)do pelos textos da se(cid:231)ªo Entretenimientos (EspectÆculos) publicados na pÆgina web do jornal argentino La Naci(cid:243)n durante o mŒs de julho de 2005. Devido aos problemas que o uso do termo nome pr(cid:243)prio modificado acarreta (cid:150) conforme jÆ apontado por trabalhos recentes (Gary-Prieur, 2005; Kleiber, 2006; Noailly, 2000) (cid:150), a anÆlise o abandona e, partindo de critØrios sem(cid:226)nticos (principalmente relativos (cid:224) referŒncia), mas sem ignorar os sintÆticos, sªo identificados trŒs grupos de usos antropon(cid:237)micos, cujas ocorrŒncias sªo apresentadas em um cont(cid:237)nuo referencial que toma por base a referŒncia ao indiv(cid:237)duo portador do nome pr(cid:243)prio. No primeiro grupo, estªo os casos em que o referente do SN antropon(cid:237)mico se identifica com o portador inicial do antrop(cid:244)nimo. No segundo, aqueles em que o SN antropon(cid:237)mico nªo corresponde com o portador inicial, mas mantŒm com este uma rela(cid:231)ªo que pode surgir a partir de propriedades ou produtos seus. No terceiro grupo, jÆ saindo dos casos autŒnticos de antrop(cid:244)nimos, enquadram-se as ocorrŒncias em que o referente discursivo do SN nªo mantØm nenhuma rela(cid:231)ªo com o indiv(cid:237)duo portador do nome pr(cid:243)prio. AlØm de oferecer uma nova classifica(cid:231)ªo para os usos dos antrop(cid:244)nimos, este trabalho revŒ a no(cid:231)ªo de nome pr(cid:243)prio modificado, postula um uso pr(cid:243)prio do antrop(cid:244)nimo relacionado (cid:224) nomea(cid:231)ªo e comprova que uma anÆlise de nomes pr(cid:243)prios deve considerar toda a diversidade sintÆtica e sem(cid:226)ntica das constru(cid:231)ıes em que ocorrem. Palavras-chave: nomes pr(cid:243)prios; antrop(cid:244)nimos; sentido; referŒncia; l(cid:237)ngua espanhola. 6 RESUMEN Esta tesis tiene como objetivo principal presentar un anÆlisis de los diferentes usos de antrop(cid:243)nimos (nombres propios de persona) en textos del espaæol escrito contemporÆneo. En primer lugar, se discuten cuestiones relacionadas con el sentido y la referencia propuestas por teor(cid:237)as clÆsicas sobre los nombres propios desarrolladas a partir del siglo XIX principalmente por l(cid:243)gicos y fil(cid:243)sofos: la teor(cid:237)a descriptiva o teor(cid:237)a del sentido y la teor(cid:237)a referencial directa o teor(cid:237)a causal. En el Æmbito de los estudios gramaticales, se exponen algunas ideas de Kleiber (1981), con Ønfasis en aquellas en torno al predicado de denominaci(cid:243)n y a los nombres propios modificados, las cuales sirven de base a varios trabajos de ling(cid:252)istas contemporÆneos que se dedican al tema (FernÆndez Leborans, 1999a; Gary-Prieur, 1994; Gary-Prieur, 2001; Jonasson, 1994; Leroy, 2004; entre otros). Se comentan asimismo distintas propuestas de clasificaci(cid:243)n de los nombres propios. Esa exposici(cid:243)n te(cid:243)rica nos posibilita la presentaci(cid:243)n de definiciones importantes para el anÆlisis, como la de antrop(cid:243)nimo, referente y uso referencial ordinario del antrop(cid:243)nimo. Para alcanzar el objetivo inicial, se utiliz(cid:243) un corpus constituido por textos de la secci(cid:243)n Entretenimientos (EspectÆculos) publicados en la pÆgina web del peri(cid:243)dico argentino La Naci(cid:243)n durante el mes de julio de 2005. Debido a los problemas que presenta el tØrmino nombre propio modificado (cid:150)segœn trabajos recientes (Gary-Prieur, 2005; Kleiber, 2006; Noailly, 2000)(cid:150), el anÆlisis lo abandona y, a partir de criterios semÆnticos (relacionados a la referencia principalmente), pero sin ignorar los sintÆcticos, se identifican tres grupos de usos antropon(cid:237)micos, cuyas ocurrencias se presentan en un continuo referencial que tiene como base la referencia al individuo portador del nombre propio. En el primer grupo, se encuentran los casos en que el referente del SN antropon(cid:237)mico se identifica con el portador inicial del antrop(cid:243)nimo. En el segundo, aquellos en que el SN antropon(cid:237)mico no corresponde con el portador inicial, pero mantiene con Øste una relaci(cid:243)n que puede surgir a partir de propiedades o productos suyos. En el tercero, ya sin autØnticos ejemplos de antrop(cid:243)nimos, estÆn las ocurrencias en que el referente discursivo del SN no mantiene ninguna relaci(cid:243)n con el individuo portador del nombre propio. AdemÆs de ofrecer una nueva clasificaci(cid:243)n de los usos de antrop(cid:243)nimos, este trabajo revØ la noci(cid:243)n de nombre propio modificado, defiende un uso propio del antrop(cid:243)nimo relacionado con el acto de nombramiento y comprueba que un anÆlisis de nombres propios debe considerar toda la diversidad sintÆctica y semÆntica de las construcciones en que ocurren. Palabras clave: nombres propios; antrop(cid:243)nimos; sentido; referencia; lengua espaæola. 7 ABSTRACT The main purpose of this work is to present an analysis of the different uses of anthroponyms (proper names) in contemporary written Spanish texts. At the outset, issues related to meaning and reference are discussed, recovering classic theories about proper names which have been developed since the XIX Century mainly by logicians and philosophers: the descriptivist theory or the meaning theory and the direct referential theory or causal theory. Regarding grammatical studies, a group of assumptions by Kleiber (1981) are exposed, with emphasis on the ideas about predicate of denomination and modified proper names which are basis for several studies by current linguists who are dedicated to this theme (FernÆndez Leborans, 1999a; Gary-Prieur, 1994; Gary-Prieur, 2001; Jonasson, 1994; Leroy, 2004; among others). Different proposals for classification of proper names are also discussed here. This theoretical framework enables the presentation of important definitions for the analysis such as anthroponym, referent and ordinary referential use of anthroponym. To accomplish our goal, we gathered a corpus composed by texts from the section Entretenimientos (EspectÆculos) published on the web page of the Argentinian newspaper La Naci(cid:243)n during July 2005. Due to the complications caused by the expression modified proper name (cid:150) in accordance with recent works (Gary-Prieur, 2005; Kleiber, 2006; Noailly, 2000) (cid:150), the analysis here disregards this expression. Based on semantic criteria (related to reference), without nevertheless abandoning the syntactic ones, three groups of anthroponymic uses are identified. Their occurrences are presented in a continuous referential which is based on the reference to the subject that bears the proper name. The first group is composed by cases in which the referent of the anthroponymic NP is identified to the initial bearer of the antroponym. In the second group, there are cases in which the anthroponymic NP does not correspond to the initial bearer, but keeps a relationship with this one that may arise from properties or products. In the third group, without authentic cases of anthroponyms, there are occurrences in which the discursive referent of the NP does not have any relationship with the subject that bears the proper name. Beyond offering a new classification for the use of anthroponyms, this work revisits the notion of modified proper name, postulates a proper use of anthroponym related to nomination, and attests that analysis of proper names must consider the whole syntactic and semantic diversity of the constructions in which they appear. Keywords: proper names; anthroponyms; sense; reference; Spanish. 8 LISTAS ABREVIATURAS Adj. (cid:150) adjetivo Antr. (cid:150) antrop(cid:244)nimo Art. (cid:150) artigo Art. def. sing. (cid:150) artigo definido singular Art. def. pl. (cid:150) artigo definido plural Dem. (cid:150) demonstrativo NC (cid:150) nome comum Num. (cid:150) numeral NPr (cid:150) nome pr(cid:243)prio Pos. (cid:150) possessivo SN (cid:150) sintagma nominal SPrep (cid:150) sintagma preposicionado FIGURAS FIGURA 1.1 (cid:150) Obras representativas das teorias sobre os nomes pr(cid:243)prios publicadas entre 1843 e 1981 FIGURA 4.1 (cid:150) Esquema classificat(cid:243)rio de nomes pr(cid:243)prios (L(cid:243)pez Garc(cid:237)a, 2000: 186) GR`FICO GR`FICO 3.1 (cid:150) Compara(cid:231)ªo entre os pesos lexicais de antrop(cid:244)nimos e de antrop(cid:244)nimos modificados segundo as variÆveis QUADROS QUADRO 2.1 (cid:150) Exemplos de usos do nome pr(cid:243)prio (elaborado a partir de FernÆndez Leborans, 1999a) QUADRO 4.1 (cid:150) Rela(cid:231)ªo e defini(cid:231)ªo dos itens considerados antrop(cid:244)nimos TABELA TABELA 3.1. Rela(cid:231)ªo de antrop(cid:244)nimos modificados por nœmero de palavras de quatro se(cid:231)ıes do jornal La Naci(cid:243)n referentes ao per(cid:237)odo de 01/07/05 a 07/07/05 9 SUM`RIO INTRODU˙ˆO............................................................................................................12 1. OS ESTUDOS SOBRE OS NOMES PR(cid:211)PRIOS...................................................18 1.1. As diferentes abordagens sobre os nomes pr(cid:243)prios.........................................19 1.1.1. Os nomes pr(cid:243)prios na tradi(cid:231)ªo gramatical................................................19 1.1.2. Os nomes pr(cid:243)prios: objeto de estudo interdisciplinar.................................20 1.2. Nome pr(cid:243)prio: questıes de sentido e referŒncia..............................................20 1.2.1. A teoria descritivista ou teoria do sentido..................................................22 1.2.1.1. Frege e Russell..................................................................................23 1.2.1.2. Strawson e Searle..............................................................................26 1.2.2. A teoria referencial direta ou teoria causal.................................................30 1.3. Nomes pr(cid:243)prios e predicados...........................................................................39 1.3.1. O nome pr(cid:243)prio como predicado...............................................................39 1.3.2. A teoria do predicado de denomina(cid:231)ªo.....................................................40 2. OS NOMES PR(cid:211)PRIOS NOS ESTUDOS LING(cid:220)˝STICOS....................................42 2.1. O predicado de denomina(cid:231)ªo e os nomes pr(cid:243)prios modificados......................44 2.2. Abordagem cognitiva do nome pr(cid:243)prio (Jonasson, 1994).................................46 2.3. Por uma gramÆtica do nome pr(cid:243)prio (Gary-Prieur (1994); Gary-Prieur (2001))50 2.4. O fim do predicado de denomina(cid:231)ªo (Kleiber (1995) e Kleiber (1996))............55 2.5. Os nomes pr(cid:243)prios modificados: antigos problemas, questıes recentes..........58 2.6. Os nomes pr(cid:243)prios nos estudos da l(cid:237)ngua espanhola......................................60 3. ASPECTOS METODOL(cid:211)GICOS............................................................................62 3.1. O nascimento da pesquisa e as primeiras op(cid:231)ıes metodol(cid:243)gicas....................63 3.2. A coleta de dados: sobre os dados de l(cid:237)ngua oral e de l(cid:237)ngua escrita..............64 3.2.1. Corpora de l(cid:237)ngua oral...............................................................................65 3.2.2. Corpus de l(cid:237)ngua escrita............................................................................67 3.3. A anÆlise .........................................................................................................67 3.3.1. A utiliza(cid:231)ªo de um mØtodo matemÆtico-estat(cid:237)stico-computacional............67 3.3.2. A anÆlise de Leroy (2001) e o tratamento automÆtico da antonomÆsia.....70 3.4. As escolhas metodol(cid:243)gicas definitivas.............................................................72
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