COORDENADORES Paulo de Tarso Brandão Davi do Espírito Santo ORGANIZADORES Maria Claudia da S. A. de Souza Gilson Jacobsen DIREITO, DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE Apresentação de Mário Cesar dos Santos – Reitor da UNIVALI ISBN: 978-85-7696-171-0 2016 Reitor Diagramação/Revisão Mário César dos Santos Alexandre Zarske de Mello Heloise Siqueira Garcia Vice-Reitora de Graduação Cássia Ferri Capa Alexandre Zarske de Mello Vice-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Comitê Editorial E-books/PPCJ Valdir Cechinel Filho Presidente Vice-Reitor de Planejamento e Dr. Alexandre Morais da Rosa Desenvolvimento Institucional Carlos Alberto Tomelin Diretor Executivo Alexandre Zarske de Mello Procurador Geral da Fundação UNIVALI Vilson Sandrini Filho Membros Dr. Clovis Demarchi Diretor Administrativo da Fundação UNIVALI MSc. José Everton da Silva Renato Osvaldo Bretzke Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho Dr. Sérgio Ricardo Fernandes de Aquino Coordenadores Dr. Bruno Smolarek Dias Paulo de Tarso Brandão Davi do Espírito Santo Créditos Este e-book foi possível por conta da Organizadores Editora da UNIVALI e a Comissão Organizadora Maria Claudia da S. A. de Souza E-books/PPCJ composta pelos Professores Gilson Jacobsen Doutores: Paulo Márcio Cruz e Alexandre Morais da Rosa e pelo Editor Executivo Autores Alexandre Zarske de Mello. Alan Felipe Provin Arturo Trapote Jaume Projeto de Fomento Davi do Espírito Santo Obra resultado de Convênio com o Instituto das Denise Schmitt Siqueira Garcia Águas e Meio Ambiente na Universidade de Elizete Lanzoni Alves Alicante; bem como é resultado do Projeto de Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto Pesquisa intitulado “Análise comparada dos Gilson Jacobsen limites e das possibilidades da avaliação Heloise Siqueira Garcia ambiental estratégica e sua efetivação com Jesús Conde Antequera vistas a contribuir para uma melhor gestão Juliete Ruana Mafra Granado ambiental da atividade portuária no Brasil e na Marcelo Buzaglo Dantas Espanha”, aprovado pelo CNPq com fomento Maria Cláudia Silva Antunes de Souza por meio do MCTI/CNPq - CHAMADA UNIVERSAL Paulo de Tarso Brandão (Edital nº. n. 14/2014). Zenildo Bodnar Endereço Rua Uruguai nº 458 - Centro - CEP: 88302-901, Itajaí - SC – Brasil - Bloco D1 – Sala 427 Telefone: (47) 3341-7880 FICHA CATALOGRÁFICA D628 Direito, desenvolvimento urbano e meio ambiente [recurso eletrônico] / coordenadores Paulo de Tarso Brandão, Davi do Espírito Santo ; organizadores Maria Cláudia Silva Antunes de Souza, Gilson Jacobsen - Dados eletrônicos. - Itajaí : UNIVALI ,2016. Livro eletrônico. Modo de acesso: World Wide Web: <http://www.univali.br/ppcj/ebook> Incluem referências. Varios Autores Idioma: Português e Espanhol ISBN 978-85-7696-171-0 (e-book) 1. Direito. 2. Desenvolvimento urbano. 3. Meio ambiente. I. Brandão, Paulo de tarso. II. Santo, Davi do espírito. III. Souza, Maria Cláudia Silva Antunes de. IV. Jacobsen, Gilson. V. Título. CDU: 349.6 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central Comunitária – UNIVALI SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................... VI Professor Doutor Mário Cesar dos Santos ...................................................................................... IX PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS, DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE ............................. 10 Paulo de Tarso Brandão ................................................................................................................. 10 ESBOÇO PARA UMA ANÁLISE POLÍTICO-JURÍDICA DAS PRODUÇÕES SIMBÓLICAS DO CAMPO JURÍDICO SOBRE OS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS ...................................................................................... 24 Davi do Espírito Santo .................................................................................................................... 24 SOCIEDADE DE RISCO, POBREZA E DESENVOLVIMENTO URBANO: PARA ALÉM DE CIDADES SUSTENTÁVEIS ............................................................................................................................................................ 43 Gilson Jacobsen .............................................................................................................................. 43 A CONTEXTUALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA (AAE) NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM O IMPLEMENTO DO PROCESSO DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO .. 63 Maria Cláudia Silva Antunes de Souza ........................................................................................... 63 Juliete Ruana Mafra Granado ........................................................................................................ 63 LA REGULACIÓN DE LOS RESIDUOS DE CONSTRUCCIÓN Y DEMOLICIÓN EN ESPAÑA: NUEVAS FÓRMULAS DE CONTROL AMBIENTAL DE LA ACTIVIDAD URBANÍSTICA ................................................... 89 Jesús Conde Antequera .................................................................................................................. 89 SISTEMAS URBANOS DE DRENAJE SOSTENIBLE (SUDS): IMPLICACIONES HIDROLÓGICO- HIDRÁULICAS Y AMBIENTALES ............................................................................................................................ 115 Arturo Trapote Jaume .................................................................................................................. 115 A COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS DOMICILIARES COMO FORMA DE ALCANCE DA META 6 DO 11º OBJETIVO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ....................................................................................... 138 Denise Schmitt Siqueira Garcia .................................................................................................... 138 Heloise Siqueira Garcia ................................................................................................................ 138 DIREITO À CIDADE: POR UMA EPISTEMOLOGIA INTERDISCIPLINAR EMANCIPATÓRIA ..................... 155 Zenildo Bodnar ............................................................................................................................. 155 O ATIVISMO JUDICIAL E O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE EM MATÉRIA AMBIENTAL ............................. 172 Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto .................................................................................. 172 CONSIDERAÇÕES SOBRE LOTEAMENTOS FECHADOS .................................................................................. 194 Marcelo Buzaglo Dantas .............................................................................................................. 194 A PARTICIPAÇÃO DO PODER PÚBLICO PARA A EFETIVIDADE DA SUSTENTABILIDADE NO MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL ............................................................................................................................................ 212 Alan Felipe Provin ........................................................................................................................ 212 GESTÃO SOCIOAMBIENTAL NO PODER PÚBLICO: PERSPECTIVAS DE SUA RESPONSIVIDADE E INSTRUMENTALIDADE ........................................................................................................................................... 231 Elizete Lanzoni Alves .................................................................................................................... 231 APRESENTAÇÃO O Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica – PPCJ/UNIVALI, ao direcionar estudos para uma linha de pesquisa que insira o Direito, o Desenvolvimento Urbano e o Meio Ambiente passa a ser um fecundo solo, em que nascem com intenso vigor ramificações que se enraízam no cotidiano das cidades, cada vez mais conurbadas e que tem trazido a seus munícipes e a sociedade em geral, o drama que se convencionou denominar de “mobilidade urbana”. Esta linha de pesquisa é lançada com a presente obra, intitulada “Direito, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente”, concebida com debates profícuos acerca deste tema desafiador, apresentando uma coletânea de contribuições científicas que elevam as discussões do Direito Ambiental Urbano a outro patamar, concebidas pelos autores entre professores doutores, doutorandos, magistrados, cartorários Brasileiros e dois professores Espanhois convidados para estas reflexões. O olhar do jurista tem alcance e contornos que margeiam o infinito, para sempre orientar uma visão técnica ou de melhor precisão, sob os variados aspectos da vida social e do seu crescente desenvolvimento e descobertas, regulando, limitando ou orientando condutas e procedimentos. A abrangência ou o vasto campo de aplicação do direito é daquelas situações mutantes, que não comportam restrições ou fronteiras a serem demarcadas, aliás, que sempre mais se ampliam na medida em que o conhecimento avança e se aperfeiçoa em diferentes direções, especialmente nesta crescente conurbação das cidades, que antes tinham entre si espaços ociosos e agora as cidades estão cada vez mais próximas. A ameaça à governança das cidades traz como consectário a necessidade de se ampliar a discussão desta relevante temática, propiciando que a linha de pesquisa que se inicia tenha por premissa a realização de estudos interdisciplinares capazes de aprofundar questões de elevada importância no contexto do Direito Ambiental Urbano. A ampliação das pesquisas e dos estudos a que se dedicam com perspicácia os juristas, nessa vocação de definir os contornos do agir com legalidade, resulta na possibilidade de que as diferentes e mesmo inovadoras questões da sociedade possam ter recomendações ou mesmo regramentos capazes de facilitar as relações. VI As cidades na proporção em que se agigantam passam a representar um considerável ecossistema de interação humana, em que dimensões políticas da organização da vida urbana podem confrontar direitos fundamentais como moradia e meio ambiente, exigindo administração adequada no tratamento deste conjunto, possibilitando incursões teóricas capazes de elaborar planos de gestão, políticas públicas e outras medidas passíveis de enfrentar os desafios que se multiplicam no cotidiano. Esta proposta de linha de pesquisa, que se propõe a mais ampla análise da implementação de normas ambientais e urbanísticas, também observando a necessidade de normas claras e bem debatidas com a sociedade, que dispensem, na maior parte dos casos, a Judicialização dos diferentes entendimentos, para a observância de normas ambientais e urbanísticas de modo específico, suprindo demandas socioambientais contemporâneas e contribuindo para a construção de cidades mais justas e sustentáveis. Nesta assentada, para as reflexões iniciais da obra, que é inaugurada com o capítulo denominado “Princípios Constitucionais, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente”, e constitui contribuição de Paulo de Tarso Brandão, que trata com profundidade a abordagem das Normas Constitucionais que declaram os Direitos Fundamentais e sua necessária compreensão voltada à Política de Desenvolvimento Urbano e à proteção do Meio Ambiente. O segundo capítulo, o autor Davi do Espírito Santo intitulou de “Esboço para uma análise político-jurídica das produções simbólicas do campo jurídico sobre os conflitos socioambientais”, e apresenta uma análise da Política Jurídica como saber voltado à compreensão do modo de produção do Direito e da Ecologia Política como etnografia dos conflitos socioambientais. No terceiro capítulo, denominado “Sociedade de Risco, Pobreza e Desenvolvimento Urbano: para além de cidades sustentáveis” Gilson Jacobsen trata da importância das cidades no contexto histórico atual, apontando os riscos do isolamento decorrente do medo e da desigualdade e defendendo a premissa de que as cidades detêm o poder de serem ambiental e socialmente sustentáveis, constituindo assim espaços de encontro e de maior igualdade. No quarto capítulo, intitulado “A contextualização da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) no Brasil: a experiência brasileira com o implemento do processo de pensamento estratégico”, apresenta uma análise de Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza em coautoria com Juliete Ruana Mafra Granado, em que abordam a utilidade da Avaliação Ambiental Estratégica como VII instrumento de prevenção de danos ambientais quando da tomada de decisões estratégicas capazes de viabilizar um desenvolvimento sustentável. No quinto capítulo, denominado “La regulación de los residuos de construcción y demolición en España: nuevas formulas de control ambiental de la actividad urbanística”, apresenta uma contribuição de Jesús Conde Antequera, que retrata a influência da configuração urbanística na geração de resíduos urbanos como uma problemática ambiental complexa e aponta mecanismos capazes de promover o desenvolvimento urbano sustentável. O sexto capítulo analisa os “Sistemas urbanos de drenaje sostenible (SUDS): implicaciones hidrológico-hidráulicas y ambientales”, Arturo Trapote Jaume abordando os impactos negativos decorrentes do crescimento das cidades como fatores ensejadores de mudanças socioambienais, especialmente no que tange ao processo de drenagem das águas, apresentando mecanismos sustentáveis. No sétimo capítulo as autoras Denise Schmitt Siqueira Garcia e Heloise Siqueira Garcia escrevem sobre “A Coleta Seletiva de Resíduos Domiciliares como forma de alcance da meta 6 do 11º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável”, onde buscam realizar uma análise conceitual da Coleta Seletiva de resíduos domiciliares e sua importância para o alcance da meta 6 do 11º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável. No oitavo capítulo, intitulado “Direito à Cidade: por uma epistemologia interdisciplinar emancipatória”, Zenildo Bodnar analisa o direito à cidade em perspectiva interdisciplinar visando a compreensão do complexo fenômeno urbano, apresentando amplitude conceitual da categoria cidade e do significado e do alcance do que vem a ser o direito à cidade. O nono capítulo, por sua vez, trabalha com “O Ativismo Judicial e o Princípio da Legalidade em Matéria Ambiental”, desenvolvido por Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto, enfrenta questão pontual ao analisar a forma como tem sido exercida a jurisdição em matéria socioambiental, trazendo como premissa a análise dos princípios da legalidade e da igualdade. O décimo capítulo, de autoria de Marcelo Buzaglo Dantas, tece “Considerações sobre loteamentos fechados” e analisa as consequências jurídicas da realidade fática em que os loteamentos fechados, cada vez mais comuns e sofisticados, hoje já reconhecidos pela doutrina e jurisprudência com suas diferentes abordagens. O capítulo onze, intitulado “A participação do Poder Público para a efetividade da VIII Sustentabilidade no Meio Ambiente Artificial”, de Alan Felipe Provin, que discute a participação do governo na aplicação de políticas públicas capazes de promover a sustentabilidade das cidades e de seus habitantes, analisando ainda a atuação do poder público como protetor dos ditames constitucionais. Por fim, no capítulo doze, “Gestão Socioambiental no Poder Público: perspectivas de sua responsividade e instrumentalidade”, tem-se uma contribuição de Elizete Lanzoni Alves, que se volta a uma reflexão sobre como a Administração Pública deve fazer uso de instrumentos que consigam transformar intenções em ações efetivas, capazes de impactar positivamente a proteção do meio ambiente. Esperamos que esta Linha de Pesquisa – Direito, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, que também se sobrepõe ao nome e conteúdo desta obra, possa estimular reflexões que sirvam de maneira diferenciada a compelir que o crescimento urbano se faça com os cuidados a ampliar os aspectos positivos da vida em sociedade, maximizando os proveitos do conhecimento para humanizar as relações e evitar os aparentes conflitos, a partir do planejamento que o desenvolvimento nos outorgue como herdeiros. Com a certeza de proveitosos debates e contribuições ímpares aos interessados no tema, ao cumprimentarmos os Autores, desejamos uma agradável leitura. Professor Doutor Mário Cesar dos Santos Reitor da UNIVALI IX PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS, DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE Paulo de Tarso Brandão1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente artigo visa lançar os fundamentos para um debate sobre a função que desempenham os Princípios Constitucionais na regulação do Desenvolvimento Urbano e na proteção do Meio Ambiente no Brasil. Em primeiro lugar é preciso ter claro que tanto o Desenvolvimento Urbano sustentável quanto o Meio Ambiente saudável, mas também sustentável, integram o rol de Direitos Fundamentais, no sistema plasmado na Constituição da República Federativa do Brasil. Em razão disso, os Princípios Constitucionais operam na garantia e na limitação dessas duas ordens de direitos. Os Princípios Constitucionais que importarão para o âmbito deste artigo serão especialmente os Princípios espécie de Normas Constitucionais, embora seja necessário aclarar os demais sentidos que a palavra Princípios possui e esclarecer como eles operam no âmbito do Direito. A necessidade de estudar-se os temas envolvidos neste artigo, que pretende também ser a base para a disciplina com o mesmo nome a ser ministrada na Nova Linha de Pesquisa denominada Direito, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, a ser instalada proximamente no Programa de Pós-Graduação em Ciências Jurídicas da Universidade do Vale do Itajaí, está definida na seguinte lição de Robert Alexy: “Se não há clareza acerca da estrutura dos direitos fundamentais e de suas normas, não é possível haver clareza na fundamentação nesse âmbito”.2 Buscando contribuir para o debate que possa ajudar no caminho para encontrar, no Brasil, a clareza de que trata Alexy, o trabalho inicia tratando, de forma muito rápida, do caráter de Direito Fundamental do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente. A seguir tratará dos 1 Mestre e Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor dos Cursos de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciência Jurídia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Membro da Academia Catarinense de Letras Jurídicas – ACALEJ. E-mail: [email protected]. 2 ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 45 10
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