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As Periferias em Antonio Gramsci PDF

138 Pages·2012·0.45 MB·Portuguese
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SARA TATIANY CURCIO DOS SANTOS As Periferias em Antonio Gramsci Apoio: Marília-SP 2011 SARA TATIANY CURCIO DOS SANTOS As Periferias em Antonio Gramsci Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências, da Universidade Estadual Paulista / UNESP – Campus de Marília, como requisito para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Marcos Del Roio Linha de pesquisa: Trabalho e Sociabilidade Marília –SP 2011 2 Curcio dos Santos, Sara Tatiany. C975p As periferias em Antonio Gramsci / Sara Tatiany Curcio dos Santos. – Marília, 2011. 137f. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2011. Bibliografia: f. 137 Orientador: Marcos Del Roio 1. Centro-periferia. 2. Europa-América. 3. Oriente- Ocidente. 4. Norte-Sul. 5. Filosofia da práxis. 6. Gramsci, Antonio, 1891-1937. I. Curcio dos Santos, Sara Tatiany. II. Título. CDD 320.531 3 SARA TATIANY CURCIO DOS SANTOS As Periferias em Antonio Gramsci Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UNESP/ Marília-SP, para obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais. BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________________________ Orientador: Dr. Marcos Del Roio Departamento de Ciências Políticas e Econômicas Universidade Estadual Paulista – UNESP __________________________________________________________________ Titular: Dr. Francisco Luiz Corsi Departamento de Ciências Políticas e Econômicas Universidade Estadual Paulista – UNESP _________________________________________________________________ Titular: Dr. Lincoln Secco Departamento de História Econômica Universidade Estadual de São Paulo –USP Marília, 21 deMarço de 2011. 4 RESUMO Antonio Gramsci é um autor que pensa a partir do ponto de vista das periferias e dos subalternos. Suas reflexões foram fundadas numa sociedade marcada por um desenvolvimento econômico desigual e combinado e tem, como tema central, a Revolução Socialista nas periferias. A hipótese que procuramos demonstrar nesse trabalho é a de que, ao longo das reflexões do revolucionário sardo, existeuma dialética entre centro e periferia, na qual esta última se faz centro sempre que ela expressa uma inovação revolucionária. Para tanto, consultamos essencialmente os cadernos do cárcere (1929-1935), mas também os escritos políticos (1910-1926) e as cartas do autor (1926- 1930),realizando um trabalho de exegese. A pesquisa parece demonstrar a pertinência da perspectiva gramsciana para pensar quem é a periferia, de uma forma dinâmica. Palavras-chave: Centro-Periferia, Europa-América, Oriente-Ocidente, Norte-Sul, Filosofia da Práxis. 5 ABSTRACT This research aims to investigate the notion of periphery expressed by Gramsci, mainly in the prison notebooks (1929-1935), from the new Brazilian Edition, organized by Carlos Nelson Coutinho. However, the political writings were also consulted (1910- 1926) and the letters of the author (1926-1930). The choice of edition is due to the fact that it represents, in an accessible way, the junction of the elements considered positive noted in previous editions. The research seems to demonstrate the relevance of Gramscian perspective to think dynamically the peripheral condition, which suggests werethink concepts such as the notion ofperiphery. Keywords: center-periphery, Europe-America, East-West, North-South, Philosophy of Praxis. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................................08 CAPÍTULO 1: O RISORGIMENTO ITALIANO:.............................................................12 A Revolução Francesa como o centro irradiador de processos revolucionários...........12 O Risorgimento como revolução passiva: uma revolução típica da periferia...............17 Antecedentes do Risorgimento......................................................................................26 CAPÍTULO 2: A QUESTÃO MERIDIONAL:.................................................................35 O Norte da Itália e a fábrica como o centro da revolução comunista italiana...............35 O Sul como periferia do Estado italiano........................................................................44 O Sul do Mundo como periferia dos grandes Estados Industriais.................................66 CAPÍTULO 3: A REVOLUÇÃO RUSSA..........................................................................71 A Russia como centro revolucionário...........................................................................71 A tradução gramsciana do centro revolucionário russo à realidade italiana.................79 A recomposição da Russia como periferia....................................................................92 CAPÍTULO 4: EUROPA-AMÉRICA.................................................................................105 O Fascismo como revolução passiva.............................................................................105 O movimento fascista e o movimento operário de Turim como periferia do Americanismo................................................................................................................121 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................135 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................137 7 INTRODUÇÃO Mais do que perguntar se os escritos de Antonio Gramsci trazem ferramentas teóricas para a análise dos países periféricos ou se serve como estímulo para tal, essa pesquisa parte do princípio de que esse autor pensa a partir do ponto de vista das periferias e dos subalternos. Sardo de origem, suas reflexões foram fundadas no terreno de uma sociedade complexa, porém, desarticulada e típica do capitalismo tardio, marcada por um desenvolvimento econômico desigual e combinado, como era a Itália de seu tempo e tem, como tema central, a Revolução Socialista nas periferias. Como amplamente conhecido pelos leitores de Antonio Gramsci, seus escritos carcerários, produzidos em circunstâncias extremamente difíceis, possuem o caráter de investigações ainda em andamento ou de um pensamento em construção. Devido a essa especificidade, as categorias conceituais apresentam-se nesses escritos de forma móvel, repensados à medida que se aumenta a complexidade e compreensão dos problemas analisados e registrados em notas fragmentárias, não se tratando, portanto, de conceitos fechados. Essa característica decorre também do fato de que o autor se fundamenta na filosofia da praxis, tendo, então, a dialética como categoria central de seu pensamento, o que exige que os conceitos se exponham na realidade em movimento, assim, as formulações do autor estão sujeitas a desdobramentos sucessivos e reconstruções semânticas, o que, por sua vez, demonstra a originalidade de suas reflexões. Outra característica dos escritos carcerários, também presente no marxismo de Lênin, com o qual Gramsci se afina, é o amplo uso de imagens que desempenham funções metafóricas como método de tradutibilidade1. Algumas delas têm um papel destacado nesse trabalho, entre as quais citamos Norte-Sul, cidade-campo, Europa- América, Oriente-Ocidente, centro-periferia, com seus valores de contraposição de espaço e tempo. A hipótese que procuramos demonstrar é a de que, ao longo das reflexões gramscianas, encontramos uma dialética entre centro e periferia, na qual a periferia se faz centro sempre que ela expressa uma inovação revolucionária. Realizando um trabalho de exegese, consultamos essencialmente os cadernos do cárcere (1929-1935), em sua nova edição brasileira, organizada por Carlos Nelson Coutinho, a qual nos propiciou maior acessibilidade aos escritos, sem desconsiderar o rigor filológico da 1Método para “transpor” conceitos de uma determinada cultura nos termos de outra cultura que pode ser nacional, popular, hegemônica ou subalterna, Cf. Cap. 3, p. 81. 8 edição Gerratana, além de ajudar a não nos perder no labirinto das anotações carcerárias de Gramsci. Todavia, também foram consultados os escritos políticos (1910-1926) e as cartas do autor (1926-1930). A nova edição brasileira tem como base a conhecida edição Gerratana, mas também incorpora alguns critérios da velha edição temática togliattiana, bem como algumas propostas do filólogo Francioni. Acima de tudo, supera a antiga versão publicada no Brasil por Ênio Silveira entre 1966 e 1968, que, embora tenha o mérito de ter introduzido Gramsci na vida cultural brasileira, contém muitos problemas decorrentes da necessidade de se esquivar da censura ditatorial do período, que limitam a compreensão honesta do autor. Essa versão, por sua vez, baseia-se na primeira edição italiana dos apontamentos carcerários de Gramsci, organizada por Palmiro Togliatti. Togliatti publicou os apontamentos do revolucionário sardo, não a partir da ordem cronológica em que foram redigidos, mas agrupando-os por temas em seis volumes. O problema era que essa edição induzia o leitor a pensar que Gramsci tinha se ocupado de redigir seis livros sistemáticos sobre vários temas das Ciências Sociais. Muito embora contenha um prefácio explicativo dos critérios adotados pelo editor, há uma tentativa de orientar o leitor segundo uma determinada perspectiva. Assim, apesar de seu reconhecido valor histórico, essa versão dos cadernos apresenta limites que a condicionam. Como observa F. Gerratana, a escolha em agrupar as notas em volumes independentes poderia possivelmente ter sido feita por Gramsci, mas ele não a fez, e isso não pode deixar de ser levado em conta na leitura dos cadernos. Em 1975, em vista da necessidade sentida já anteriormente de superar os limites citados, a edição temática dos cadernos foi superada pela edição de F. Gerratana, que retoma os cadernos do cárcere, respeitando sua sucessão cronológica, sem intervir nem omitir os trechos que apresentam diferentes elaborações. Além de conter a totalidade dos textos suprimidos na edição temática, a crítica também contém um aparato que situa os interlocutores de Gramsci e define o contexto em que haviam sido redigidos os seus apontamentos. Todavia, apesar de suas virtudes, a edição crítica já foi posta em questão por uma nova proposta apresentada pelo filólogo Gianni Francioni, relativa ao novo ordenamento cronológico para notas e a inclusão dos cadernos de traduções, tanto devido ao seu valor teórico, quanto de leitura e tradução genuína. Francioni propôs, então, uma nova versão crítica, na qual os cardernos miscelâneos (apontamentos diversos) e os cadernos especiais (em que retomou e reescreveu seus apontamentos de 9 forma mais orgânica) estejam separados para melhor compreensão do processo de trabalho do autor. Diante disso, Coutinho adota de Togliatti a sua concepção menos fragmentária dos cadernos do cárcere, mantendo os eixos temáticos que serviram de fio condutor nas reflexões de Gramsci. Assim, na nova edição brasileira, os cadernos especiais foram agrupados por temas em seis volumes, cada qual seguido das notas miscelâneas agrupadas conforme o respectivo tema do caderno. Da edição Gerratana, Coutinho incorporou o critério de datação em ordem cronológica das notas e dos cadernos, o aparato critico e a perspectiva do caráter unitário dos escritos do cárcere. Já da proposta de Francioni, adotou a divisão entre “cadernos miscelâneos” e “cadernos especiais”, ou seja, a importância em se compreender a distinção entre método de pesquisa e método de exposição do trabalho de Gramsci. Esse conjunto de elementos nos propiciou maior acessibilidade aos escritos, sem desconsiderar o rigor filológico da edição Gerratana, além de ajudar a não nos perder no labirinto das anotações carcerárias de Gramsci. No primeiro capítulo, procuramos demonstrar que, em suas reflexões, Gramsci apresenta o Risorgimento Italiano como movimento periférico em relação à Revolução Francesa, manifestando-se como uma revolução passiva. De acordo com essa concepção, os acontecimentos da Revolução Francesa impactaram a península italiana, provocando a reação das forças dominantes e dominadas, resultando num processo de restauração das classes sociais em crise. No segundo capítulo, objetivamos demonstrar, partindo dos estudos de Gramsci, como o Estado Italiano se territorializa segundo uma definição das forças internas estabelecidas entre o Norte e o Sul do país ou entre a cidade e o campo ou, mesmo, entre a Itália setentrional e a meridional, numa relação em que o Sul se expressa como periferia, especificamente, como colônia de exploração do Norte. Posteriormente, já no cárcere, Gramsci amplia o modelo Norte-Sul da Itália para a análise das periferias dos impérios ocidentais, entendido metaforicamente como o “sul do mundo”. No terceiro capítulo, procuramos desenvolver a hipótese de que Gramsci viu a Rússia como a grande periferia, que se tornou, a partir de 1917, o centro revolucionário, impactando tanto o Ocidente quanto o Oriente. Nesse processo, a Nova Política Econômica poderia ser considerada a expressão de uma guerra de posição produzida pelo oriente russo, com o intuito de enfrentar a revolução passiva desencadeada pelo ocidente. Entretanto, por volta de 1929, com o estabelecimento da ditadura stalinista e a 10

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Centro-periferia. 2. Europa-América. 3. Oriente-. Ocidente. 4. Norte-Sul. 5. Filosofia da práxis. 6. Gramsci,. Antonio, 1891-1937. I. Curcio dos Santos,
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