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as intermitências do atendimento socioeducativo de adolescentes em semiliberdade PDF

273 Pages·2009·1.57 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UNB INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – IH DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICA SOCIAL TELHADO DE VIDRO: AS INTERMITÊNCIAS DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE ADOLESCENTES EM SEMILIBERDADE Análise nacional no período de 2004-2008 ANDRÉA MÁRCIA SANTIAGO LOHMEYER FUCHS BRASÍLIA – DF 2009 ANDRÉA MÁRCIA SANTIAGO LOHMEYER FUCHS TELHADO DE VIDRO: AS INTERMITÊNCIAS DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE ADOLESCENTES EM SEMILIBERDADE Análise nacional no período de 2004-2008 Tese de doutorado apresentada ao Departamento de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília, como requisito para obtenção do título de doutora em Política Social. Orientadora: Profª. Drª. Denise Bomtempo Birche de Carvalho. BRASÍLIA – DF 2009 ANDRÉA MÁRCIA SANTIAGO LOHMEYER FUCHS TELHADO DE VIDRO: AS INTERMITÊNCIAS DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE ADOLESCENTES EM SEMILIBERDADE Análise nacional no período de 2004-2008 Tese de doutorado apresentada como requisito para obtenção do título de doutora em Política Social do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília. Banca Examinadora: Professora Doutora Denise Bomtempo Birche de Carvalho (Presidente) – SER/UNB Professor Doutor José Geraldo Sousa Júnior – UNB Professora Doutora Inês Gandolfo Conceição – Departamento de Psicologia/UNB Professora Doutora Marli Palma Souza – UFSC Professor PhD Benedito Rodrigues dos Santos – Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da Universidade Católica de Goiás Brasília, 7 de agosto de 2009. Corredor obscuro.... 8 horas da manhã, vamo acordar! O dia começou já em clima de tensão O perigo é constante no meu pavilhão 14 menor todos na atividade São os pit bull a espera da liberdade Esquecido, isolado na cela da Febem Sou mais um preto discriminado também Meus pensamentos bailam pela mente Eu sou mais um humilde chamado de elemento Dividido entre a angústia e a raiva Aqui dentro o sofrimento não para Vira e mexe eu entro em ação Quando cai safado no meu pavilhão [...] É lei da cadeia, prevalece o certo [...] 24 horas de tensão São as muralhas que seguram os irmão Durante o dia eu ouço vozes tentando me intimidar São os safado que tentaram me atrasar Em vez de dar apoio pro seu irmão Que hoje está lutando contra a discriminação racial, classial, moral e tal Mas hoje eu sou conhecido como um marginal, a sociedade que me chama assim Esquecem dos safados que estão por trás disso tudo aqui Que financiam a criminalidade Depois posam na TV falando de honestidade Políticos corruptos que só querem roubar Esquecem do meu povo que não tem lugar nem onde morar Mas eles são obrigados a sobreviver Fazendo a correria, é matar prá não morrer Pra esse povo não tem final feliz, é só mãe chorando pela perda do filho Olha onde eu vim parar, no fundo do abismo O tempo vai passando a liberdade vai chegando Meu deus onde estão os meus manos 2ª. voz - morreram atirando// 1ª. voz – será que estou sozinho?!// 2ª. voz – não deus está do seu lado Antes sozinho do que mal acompanhado E quanto mais o tempo passa a solidão me abraça Estou aqui trancado, pagando os erros que eu fiz no passado (....) Aqui nesse inferno vou sobrevivendo tipo gladiador O tempo aqui dentro foi meu professor Com ele aprendi que a paciência é a chave pra eu sair desse lugar ganhar a liberdade Deitado na minha cela construí vários castelos [...] Com 16 anos meu primeiro homicídio [...] A minha mãe desesperada chorando sem ter o que fazer Prometo mãe um dia vou ser orgulho de você Não deu pra conter as lágrimas no primeiro dia de visita Ela não suportou passar pela revista Tirar a roupa, teste do espelho Quando me falou aquilo me bateu um desespero O sistema realmente é malicioso Transforma um pacato cidadão num homem pronto para a guerra, apetitoso Não tive alternativa, não me deram trabalho Só vieram me falar que eu estava condenado Por necessidade virei bandido Mais um soldado do morro lutando contra o inimigo Veja até que ponto a vida do crime me leva Agora estou aqui sobrevivendo nessa guerra A lei da cadeia é matar ou morrer Você tem que ser forte para sobreviver Corredor obscuro, sentimento de maldade esse é o inferno, bem vindo realidade. (Clodoaldo – 19 anos) 1 1 Este Rap foi escrito quando este jovem se encontrava em cumprimento de medida socioeducativa de internação em Santa Catarina. Em outubro de 2008, por ocasião da pesquisa de campo, ele cumpria medida de semiliberdade em uma das unidades de atendimento do estado. Gentilmente compartilhou suas composições e me autorizou a torná-las pública. Este jovem tem como sonho se tornar um cantor profissional de Rap. A letra apresentada foi, respeitando a ideia central da crítica social, preservada tendo apenas algumas partes suprimidas para constar como epígrafe. Dedico este trabalho Aos grandes amores da minha vida e razão da minha busca por ser melhor: Ao meu amor Marcus Fuchs, pela partilha e contribuição crítica; sem ele nada disso seria possível; Ao amoroso filho Lucas Fuchs, que me dá motivos e razões para ser mãe; À determinada filha Laura Fuchs, guerreira, decidida e que está a cada dia se constituindo numa grande amiga e companheira; À divertida filha Helena Fuchs, a caçula de todos, pela paciência nos momentos de privação da companhia e dos “chamegos”. AGRADECIMENTOS Construir uma tese não é nada fácil, todos que passaram por isso sabem “a dor e a delícia de ser o que é”. Contudo, seria impossível sem a parceria, colaboração, crítica e envolvimento de muitas pessoas, algumas muito queridas e especiais, durante esses quatro anos. Assim, resta- me reconhecer que foi um trabalho produzido por muitas mãos e agradecer: À professora Denise Bomtempo Birche de Carvalho, que caminhou comigo nesses seis anos, acreditou e investiu em mim e mostrou-me o caminho da pesquisa e docência, quando eu mesma ainda não o compreendia muito bem. Obrigada por ter compartilhado comigo acadêmica e humanamente seus conhecimentos; Aos professores da banca examinadora, Marli Palma Souza, Inês Gandolfo Conceição, Benedito Rodrigues dos Santos e José Geraldo Souza Junior, pela participação construtiva e pela possibilidade de compartilhar comigo os seus conhecimentos; À professora Marli Palma Souza, que me conheceu ainda na graduação, me orientou para a vida e para a academia e está partilhando um momento importante desse percurso; Aos meus pais, José e Lenita, pelo amor incondicional, pela firmeza de princípios, responsabilidade na educação e formação dos filhos e, sobretudo, por terem me ensinado a ter coragem e nunca desistir frente aos desafios da vida; Ao meu querido irmão Márcio Luiz Lohmeyer, que, com sua paciência histórica e incondicional e competência tecnológica, trouxe credibilidade ao processo de coleta e análise dos dados da pesquisa; Aos queridos irmãos Alessandro Lohmeyer, meu verdadeiro amigo, e Marcus Vinícius Lohmeyer, por poder fazer parte de suas vidas e aprender com cada um deles; A Luana Wedekin, irmã por escolha, que me inspira intelectualmente, por sua postura inquieta e inteligente na busca pelo conhecimento; A Bárbara Sampaio Costa, que surgiu no final deste percurso e, com toda competência, objetividade, firmeza e sensibilidade, como todos que são do bem, contribuiu para a organização das ideias e para transformar o grosso angu em saboroso mingau, como disse Manuel Bandeira ao se referir aos revisores; A Silvana Soares Miranda que, com sua presença, quase sempre silenciosa, mostrou-se uma aliada nesta caminhada final e, sobretudo, pelo afeto e atenção sinceros dispensados a mim, ao meu companheiro e aos meus filhos; À amiga Márcia Guedes Vieira, mesmo longe, mas sempre presente, parceira na socialização do conhecimento; A Natália Boaventura, que, com sua extrema competência e seriedade, apesar da pouca idade, transcreveu todas as entrevistas, e algumas mais de uma vez, permitindo-me a necessária análise dos dados; Ao corpo profissional das instituições de semiliberdade, em especial a Maria Vitória, Lucília, Daniela, Marisol, Joca, Ivan, Sabrina, Vera, Joseane, Alexandre, Geraldo, Jerusa, e Aline, pela disponibilidade em compartilhar comigo sua experiência institucional; Ao adolescente Clodoaldo, de Santa Catarina, que gentilmente compartilhou comigo suas composições e me mostrou que, mesmo em uma sociedade desigual, é possível acreditar em sonhos; Ao Mário Volpi, do UNICEF, que sempre acreditou no meu trabalho e esteve sempre disponível para colaborar nos meus projetos; Ao Fábio Silvestre, pela importante ajuda na mediação feita com os estados brasileiros para a coleta de dados, dando provas de que ainda existem gestores com alma e interesse públicos; A Carmen Oliveira, Subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente – SPDCA/SEDH (Presidência da República), que contribuiu na abertura do campo de pesquisa e coleta de dados junto aos gestores brasileiros; A todos aqueles que lutam pelo direito e buscam o diálogo entre os homens. LISTA DE SIGLAS CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal CEAD Centro de Atendimento ao Adolescente CEIP Centro de Internação Provisória CIA Centro de Internação do Adolescente CMT Centro Mineiro de Toxicomania CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente DOS Diretoria de Orientação Socioeducativa ECA Estatuto da Criança e do Adolescente FEBEM Fundação Estadual do Bem Estar do Menor Fórum DCA Fórum Nacional de Entidades Não-Governamentais de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente FUNABEM Fundação Nacional do Bem Estar do Menor FUNASE Fundação de Atendimento Socioeducativo FUNDAC Fundação da Criança e do Adolescente HP Hermenêutica de Profundidade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDJ Índice de Desenvolvimento Juvenil IDH Índice de Desenvolvimento Humano ILANUD Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente LOAS Lei Orgânica da Assistência Social PIA Plano Individual de Atendimento do Adolescente SAMS Superintendência de Atendimento às Medidas Socioeducativas SAREMI Superintendência de Atendimento e Reeducação ao Menor Infrator SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos SIAFI Sistema de Administração Financeira SIGEF Sistema Integrado de Planejamento de Gestão Fiscal SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo SIPIA Sistema de Informação para a Infância e Adolescência SUS Sistema Único da Saúde SUAS Sistema Único da Assistência Social SUASE Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas SPDCA Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente STN Secretaria do Tesouro Nacional ONG Organização Não Governamental ONU Organização das Nações Unidas TAC Termo de Ajustamento de Conduta UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância VIJ Vara da Infância e Juventude LISTA DE TABELAS Tabela 1 Instituições de semiliberdade pesquisadas – 2008........................................... 38 Tabela 2 Instituições de semiliberdade na região Norte – 2004 a 2008......................... 95 Tabela 3 Instituições de semiliberdade na região Nordeste – 2004 a 2008.................... 96 Tabela 4 Instituições de semiliberdade na região Centro-Oeste – 2004 a 2008 ............ 97 Tabela 5 Instituições de semiliberdade na região Sul – 2004 a 2008............................. 99 Tabela 6 Instituições de semiliberdade na região Sudeste – 2004 a 2008...................... 100 Tabela 7 Execução da semiliberdade com outros regimes de atendimento – 2008....... 102 Tabela 8 Comparação segundo capacidade e lotação – internação e semiliberdade...... 104 Tabela 9 Capacidade e lotação semiliberdade região Nordeste – 2004 a 2008.............. 104 Tabela 10 Capacidade e lotação semiliberdade região Norte – 2004 a 2008................... 105 Tabela 11 Capacidade e lotação em semiliberdade região Centro-Oeste – 2004 a 2008. 106 Tabela 12 Capacidade e lotação semiliberdade região Sudeste – 2004 a 2008................ 107 Tabela 13 Capacidade e lotação semiliberdade região Sul – 2004 a 2008....................... 108 Tabela 14 População em semiliberdade – 2004 a 2008.................................................... 112 Tabela 15 Adolescentes segundo grupos etários e região – 2004 a 2008......................... 114 Tabela 16 Adolescentes segundo grupo étnico-racial – 2004 a 2008............................... 115 Tabela 17 Adolescentes segundo frequência à escola antes da medida – 2004 a 2008................................................................................................................. 118 Tabela 18 Adolescentes segundo origem da aplicação da medida de semiliberdade – 2004 a 2008...................................................................................................... 119 Tabela 19 Adolescentes segundo origem da medida e sexo – 2004 a 2008.................... 121 Tabela 20 Adolescentes segundo grau de escolaridade antes da medida – 2004 a 2008. 122 Tabela 21 Adolescentes em semiliberdade segundo vínculo familiar – 2004 a 2008...... 126 Tabela 22 Adolescentes em semiliberdade segundo composição familiar–2006 a 2008. 128 Tabela 23 Adolescentes segundo renda familiar e região – 2004 a 2008......................... 130 Tabela 24 Adolescentes segundo sexo e frequência a curso profissionalizante – 2004 a 2008................................................................................................................. 132 Tabela 25 Adolescentes segundo curso profissionalizante e região – 2004 a 2008......... 132 Tabela 26 Adolescentes segundo situação de trabalho antes da semiliberdade – 2004 a 2008................................................................................................................. 134 Tabela 27 Adolescentes segundo situação de trabalho no momento do cumprimento da semiliberdade – 2004 a 2008...................................................................... 135 Tabela 28 Adolescentes em semiliberdade segundo uso de drogas ilícitas – 2004 a 2008................................................................................................................. 138 Tabela 29 Adolescentes segundo tipo/associações de drogas ilícitas por região – 2004 a 2008............................................................................................................... 140 Tabela 30 Comparação de atos infracionais com maior incidência na semiliberdade e internação........................................................................................................ 144 Tabela 31 Adolescentes segundo tipificação do ato infracional e regiões – 2004 a 2008................................................................................................................. 146 Tabela 32 Adolescentes segundo agrupamento de atos infracionais e sexo – 2004 a 2008................................................................................................................. 148 Tabela 33 Adolescentes segundo passagens pela VIJ – 2004 a 2008.............................. 149 Tabela 34 Adolescentes segundo tempo de cumprimento de medida de semiliberdade – 2004 a 2008................................................................................................... 150 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Instituições de semiliberdade segundo ano de implantação.................. 92 Quadro 2 Participação percentual dos gastos com Programas de Atendimento às Medidas Socioeducativas no estado pesquisado.................................. 164 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Metodologia quanti-qualitativa: Hermenêutica de Profundidade ....... 33 Figura 2 Adolescentes em semiliberdade segundo região – 2004 a 2008 ............ 113 Figura 3 Adolescentes em semiliberdade segundo vínculo familiar – 2004 a 2008............................................................................................................. 127 Figura 4 Adolescentes em semiliberdade segundo tráfico de drogas e regiões – 2004 a 2008.............................................................................................. 147

Description:
do Distrito Federal. CEAD. Centro de Atendimento ao Adolescente. CEIP. Centro de Internação Provisória. CIA Brasília, n.8, p.145-. 171, 1. sem.
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