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Anamorfoses: poemas da Grécia arcaica PDF

178 Pages·2022·5.404 MB·Portuguese
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1ª Edição Engenheiro Coelho, SP 2022 Copyright©Milton L. Torres 1ª edição 2022 Editoração: Patrick V. Ferreira IMPRESSO NO BRASIL/Printed in Brazil Projeto Gráfico: Patrick V. Ferreira Todos os direitos reservados. Proibida a Revisão de Texto: Juliana Sanches Vicente reprodução total ou parcial, incluídos textos, Imagens: Freepik imagens e desenhos, por qualquer meio, quer por sistemas gráficos, reprográficos, ISBN: 978-65-00-57861-4 fotográficos, etc., assim como memorização e/ou recuperação parcial ou inclusão deste trabalho em qualquer sistema ou arquivo de processamento de dados, sem prévia autorização escrita do autor e da editora, sujeitando o infrator às penas da lei disciplinadora da espécie. CONSELHO EDITORIAL Dra. Ana Maria de Moura Schäffer (Centro Universitário Adventista de São Paulo) Dr. Christie Goulart Chadwick (Centro Universitário Adventista de São Paulo) Dr. Fábio A. Darius (Centro Universitário Adventista de São Paulo) Dr. Flávio Schmitt (Escola Superior de Teologia) Dr. Frank Viana Carvalho (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) Dr. João Batista Ribeiro Santos (Universidade Metodista de São Paulo) Dr. Orlando Kelm (Universidade do Texas) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Torres, Milton Luiz Anamorfoses [livro eletrônico] : Poemas da Grécia arcaica / Milton Luiz Torres. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Ed. do Autor, 2022. PDF. Vários coautores. Bibliografia. ISBN 978-65-00-57861-4 1. Anamorfose 2. Literatura clássica 3. Poesia (Literatura) 4. Poesia - Crítica e interpretação 5. Poesia - Estudo e ensino 6. Poesia épica grega - Adaptações 7. Poesia lírica 8. Poesia grega 9. Poesia grega - Período Arcaico I. Título. 22-137632 CDD-881 Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia grega clássica 881 Henrique Ribeiro Soares - Bibliotecário - CRB-8/9314 “Podia-se fazer tudo com ela [a poesia]: promover magicamente uma empreitada, obrigar um deus a aparecer, aproximar-se ou ouvir; moldar o futuro de acordo com a própria vontade; descarregar algum excesso (de medo, loucura, piedade ou vingança) da alma, e não apenas da própria alma, mas também do demônio mais maligno. Sem versos, não se era nada; pelo verso era possível se tornar quase um deus” (NIETZSCHE, 2001, livro 2, § 84). SUMÁRIO Apresentação .........................................................................09 Introdução .............................................................................11 Capítulo 1 A POESIA ÉPICA E LÍRICA NA GRÉCIA ARCAICA ...13 Capítulo 2 A POESIA ÉPICA ....................................................................19 Homero ............................................................................22 Hesíodo ............................................................................45 Capítulo 3 A POESIA ELEGÍACA .............................................................51 Calino de Éfeso ...................................................................52 Tirteu ...................................................................................56 Arquíloco de Paros ...............................................................63 Mimnermo de Cólofão .........................................................66 Semônides de Amorgo ..................................................71 Sólão ............................................................................73 Xenófanes de Cólofão .........................................................79 Teógnis de Mégara ..............................................................82 Capítulo 4 A POESIA JÂMBICA .............................................................85 Arquíloco de Paros .........................................................86 Semônides de Amorgo ........................................................96 Hipônax de Éfeso ................................................................99 Capítulo 5 A POESIA MONÓDICA ........................................................102 Alceu de Mitilene ..........................................................103 Safo de Éreso ......................................................................108 Anacreonte de Teos .............................................................117 Anacreôntica .......................................................................125 Capítulo 6 A POESIA CORAL ..................................................................131 Álcman de Sardes ................................................................132 Estesícoro de Hímera ..........................................................138 Simônides de Iúlis ...............................................................144 Íbico de Régio .....................................................................148 Baquílides de Iúlis ...............................................................151 Píndaro de Tebas .................................................................155 Telesila de Argos .................................................................163 Praxila de Sicião ..................................................................165 Considerações Finais ....................................................167 Referências ..........................................................................169 Palavras-chave ..................................................................176 9 APRESENTAÇÃO Patrick V. Ferreira Se os poemas devem ser traduzidos ou reescritos é um tema controverso que, por muito tempo é assunto de discussão no círculo da tradução. Talvez a solução para esse dilema seja dar uma olhada na origem dos poemas que remontam à Grécia antiga. Como se sabe, a poesia era considerada uma arte de caráter educativo para a sociedade arcaica, em que os poetas e rapsodos eram vistos como donos do saber. Platão fala sobre a origem dos poemas no Íon, um de seus primeiros diálogos. Trata-se do registro mais antigo da origem dos poemas. Em Íon, Sócrates argumenta que, diferentemente dos generais que orientam os soldados na guerra utilizando suas habilidades, assim como um médico, cocheiro, escultor ou juiz, o poeta não possui uma “arte”. Sendo assim, como podem falar os poetas? Pelo que falam? Apesar de o Sócrates de Platão não pretender exaltar a função do poeta, atribui esse fenômeno estranho e miraculoso, no Íon (534), a um processo de inspiração de ordem divina: Coisa leve é o poeta, e alada [ptênon] e sacra [hieron], e incapaz de fazer poemas antes que se tenha tornado entusiasmado [entheos] e ficado fora de seu juízo [ekphrôn] e o senso [nous] não mais esteja nele [...] não é em virtude de uma técnica [technê] que fazem poemas e dizem muitas e belas coisas acerca desses assuntos [...] o deus retira deles o senso [nous] e se serve deles como servidores [hypêretai] [...] o próprio deus é quem fala e, através deles, se faz ouvir por nós [...] não são humanos estes belos poemas [poiêmata], nem de homens, mas divinos e de deuses, e os poetas não são nada além de intérpretes [hermênês] dos deuses, possuídos por aquele que possui cada um. (PLATÃO, 2011, p. 39-40 – grifos e transliterações acrescentados). Os poetas seriam, então, os porta-vozes da Musa, deusa da poesia, que dá alento àqueles que, por sua vez, contam com a inspiração que dela recebem (533e). A inspiração divina seria, 10 | Anamorfoses: poemas da Grécia arcaica portanto, a verdadeira fonte de todos os poemas. Ou seja, os poemas não se originariam dos poetas, nem seriam fruto de sua imaginação, nem de seu uso consciente da linguagem. Em vez disso, seriam os pensamentos, sentimentos e experiências de um ser superior que transcendem o indivíduo. A inspiração divina é que concederia à poesia sua excelência estética, seu poder de comover e seu valor de verdade. Esta obra diz respeito ao processo de reescrita de poemas. Aqueles que os reescrevem, de modo análogo ao do tradutor, reinterpretam o texto com suas próprias experiências e modelos cognitivos, preenchendo as lacunas de textos fragmentários. Apesar disso, tentam interpretar o texto de acordo com seu próprio entendimento, transferindo esse entendimento para a linguagem. Ou seja, são também movidos por inspiração. Os autores entregaram-se à recriação de mitos e utopias, como quem reabre vias, que se foram fechando paulatinamente, para nelas voltarmos a transitar. A obra liga os tempos, conectando-os ao tempo presente, mas também unindo-os à realidade das emoções, a partir da recriação e da apropriação de sentimentos de outrora. O que os motiva é a grande necessidade de se conectar com elementos do passado, estando conscientes, entretanto, dos impedimentos para absorvê-los em sua plenitude. Por isso, recriam-nos. Em vez de meramente reproduzir pacientemente, sem alcançar uma real compreensão do significado dos poemas originais, esta obra trata de desvendar, reescrever e recriar cada poema em função da realidade vivida por seus criadores, inclusive em função dos próprios sonhos e projetos. E é essa relação que torna a obra tão significativa. Sendo assim, a obra está dividida em seis capítulos que incluem uma introdução aos gêneros e poetas, além de poemas seletos da Grécia arcaica, principalmente excertos de epopeias, elegias, jambos, poesia monódica e poesia coral. 11 INTRODUÇÃO Embora não assuma a natureza exata de um relato de experiência, esta obra apresenta os resultados de uma experiência didática no ensino de Literatura Clássica, especialmente da poesia grega arcaica, para alunos dos cursos de Letras e Tradução, na modalidade presencial, durante o segundo semestre de 2022. A turma contava com 18 alunos, sendo que uma metade estava matriculada no curso de Letras e a outra metade, no curso de Tradutor e Intérprete do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP-EC). Apenas quatro discentes pertenciam ao sexo masculino. Portanto, a classe era constituída principalmente por estudantes do sexo feminino. Além de discentes regularmente matriculados na disciplina, o projeto contou também com a participação de uma aluna ouvinte do curso de Letras EaD da mesma Instituição. Cada aluno assinou um termo de consentimento livre e esclarecido por meio do qual concordou não apenas em participar da experiência pedagógica, mas também autorizou a publicação dos poemas que resultaram de sua participação e envolvimento. A tarefa consistiu na anamorfose (isto é, recriação), por cada participante, de dez poemas, fragmentos ou excertos de poemas da Grécia Arcaica. Durante o semestre, os poemas foram apresentados e brevemente analisados em sala de aula pelo instrutor. Assim, os poemas eram apresentados na língua original e comparados com traduções modernas para o inglês, português e espanhol. Os alunos eram incentivados, então, a recriarem os poemas, respeitando o teor do conteúdo e preservando sua poeticidade, mas sem se preocuparem excessivamente com a tradução exata dos versos. Além disso, desejava-se certa sonoridade nos poemas, uma vez que a poesia arcaica da Grécia considerava a escrita como um estorvo e, por isso, valorizava intensamente a oralidade. Ao final da aula, a cada grupo aleatório de discentes era atribuído um dos poemas estudados em sala de aula para que fosse feita, de forma individual, uma recriação de cada um a fim de atualizar sua linguagem e perspectiva. A instrução era que, para isso, as referências mitológicas ou históricas fossem atenuadas por expressões equivalentes mais atuais. Uma vez recriados, os poemas eram, então, 12 | Anamorfoses: poemas da Grécia arcaica enviados ao instrutor por meio eletrônico para avaliação. Os poemas que conseguiram uma avaliação de pelo menos 80% da pontuação distribuída, foram incluídos na obra. Os outros foram rejeitados. De fato, as dez anamorfoses de cada estudante corresponderam a 60% da nota final da disciplina. Como se percebe pela antologia disponibilizada nesta obra, alguns discentes conseguiram inserir mais poemas do que outros. No final do semestre, aplicou-se aos alunos que deram anuência, um questionário de avaliação da experiência pedagógica, cujos resultados são brevemente discutidos nas considerações finais, no final desta obra. Assim, produziu-se uma antologia de anamorfoses dos poemas da Grécia arcaica. A obra se organiza, primeiramente, com base nos diferentes gêneros e, em segundo lugar, com base nos principais poetas. Por isso, faço uma pequena introdução a cada gênero abordado e a cada poeta representado. Nessas introduções, não me preocupei em citar as fontes exatas das informações, a não ser no caso de citações literais. O fato é que a maior parte dessas informações foi coletada a partir das obras listadas nas referências bibliográficas e só ocasionalmente cedi à tentação de meter o bedelho e dar minhas opiniões. De qualquer forma, não quis dar à antologia a aparência de uma obra acadêmica. Muito rigor prejudicaria o seu fervor. Tampouco me preocupei muito com a datação dos poetas e seus poemas. Há pouca certeza nas datas propostas pelos especialistas e creio piamente que é possível estudar poemas, sem saber muita coisa sobre a vida de seus poetas, inclusive a data. Homero é o melhor exemplo disso. Pouco sabemos sobre ele, mas nos deliciamos com sua poesia.

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