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Alquimia da Crítica - Benjamin e As Afinidades Eletivas de Goethe PDF

199 Pages·2014·1.61 MB·Portuguese
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Claudia Castro A Alquimia da Crítica Benjamin e As afinidades eletivas de Goethe PAZ & TERRA Copyright © 2011, herdeiros de Claudia Castro Direitos de edição da obra em língua portuguesa no Brasil adquiridos pela EDITORA PAZ E TERRA. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação etc., sem a permissão do detentor do copirraite. EDITORA PAZ E TERRA LTDA. Rua do Triunfo, 177 — Sta Ifigênia — São Paulo Tel: (011) 3337-8399 — Fax: (011) 3223-6290 http://www.pazeterra.com.br Texto revisto pelo novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ Castro, Claudia A alquimia da crítica [recurso eletrônico] : Benjamin e as afinidades eletivas de Goethe / Claudia Castro. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2013. ISBN 978-85-7753-241-4 (recurso eletrônico) 1. Benjamin, Walter, 1892-1940 - Crítica e interpretação. 2. Goethe, Johann Wolfgang von, 1749-1832 - Crítica e interpretação. 3. Livros eletrônicos. I. Título. Bibliografia. 11-03142 CDD: 831 CDU: 821.112.2-1 Índice para catálogo sistemático: 1. Romance Goethiano: Comentário crítico: Literatura alemã, Filosofia, Estética,Crítica, Johann von Goethe, Walter Benjamin 883.6 Aos meus pais AGRADECIMENTOS Este livro foi concebido originalmente como uma tese, defendida em maio de 2000, na PUC do Rio de Janeiro. Agradeço a todos que, de alguma maneira, contribuíram muito para a sua realização e publicação: ao CNPq e a CAPES pela bolsa que me foi concedida; a Sérgio Cláudio de Castro e Marly de Castro, sempre; a Therezinha e Edson Alves Mey pela casa de Petrópolis; a José Otávio Guimarães, Stella Penido, José Thomaz Brum, Tessy Callado, Rodrigo Moraes e Juva Batella; e especialmente aos meus queridos alunos. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO BREVE HISTÓRIA DO ROMANCE CAPÍTULO PRIMEIRO Químicos e alquimistas: a teoria do conhecimento CAPÍTULO SEGUNDO Beatitude em miniatura: a ética CAPÍTULO TERCEIRO Beleza e mistério: a teoria da arte ANTES DA CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA APRESENTAÇÃO Escrito em Heidelberg, entre o verão de 1921 e fevereiro de 1922, As afinidades eletivas de Goethe talvez seja o trabalho mais difícil de Walter Benjamin. Sempre lembrado e frequentemente citado, o longo ensaio que o filósofo consagrou ao romance de Goethe As afinidades eletivas permanece pouco explorado — preservado por seus intérpretes como um tesouro oculto que guarda o mistério em torno de sua obra. Apesar do interesse crescente pelo pensamento de Benjamin, na literatura de comentário de língua portuguesa não há nenhum estudo dedicado precisamente a esse texto importantíssimo. Registro da tentativa de decifrar esse ensaio hermético, e sem a pretensão de desvelar o segredo de sua prosa a um só tempo literária e filosófica, este livro se lança, num mesmo gesto, a uma tarefa dupla: introduzir o leitor ao comentário crítico de Benjamin sobre o romance goethiano e oferecer uma apresentação de sua filosofia. Segundo Hugo von Hofmannsthal — o responsável por sua publicação —, todo o fascínio deste ensaio, a sua beleza e o seu alto teor metafísico constituem a expressão de um “pensamento puro” e “seguro de si”, do qual ele mesmo encontrou poucos exemplos. Apontado pelo próprio Benjamin como o modelo perfeito de crítica, esse texto esconde, sob a sua extrema beleza, uma “profundidade enigmática” que possui vários níveis de compreensão, uma inesgotabilidade de sentido que sempre encantou os leitores mais exigentes. Desenvolvida em torno de três estratos de reflexão — a teoria do conhecimento, a ética e a teoria da arte —, esta investigação procura delinear o “sistema virtual” que, no início da década de 1920, Benjamin declarou ser a sua grande preocupação como “princípio do grande trabalho de crítica literária”; o “pensamento ao menos virtualmente sistemático” que, entre a arte e a filosofia, permitirá recriar a crítica como gênero e transformar o seu exercício. Dentro da obra de Benjamin, o estudo sobre As afinidades eletivas ocupa uma posição estratégica. Como observou Gershom Scholem, ele marca um giro decisivo em sua produção em direção à atitude de comentador, possivelmente inspirada pela tradição talmúdica. Benjamin faz da realização da crítica a elaboração de sua própria teoria, e é em As afinidades eletivas de Goethe que ele expõe, pela primeira vez, o seu conceito de crítica estética. Ao esclarecer o estatuto filosófico da crítica, este ensaio permite compreendê-la como a construção do “conceito superior de experiência”, a “experiência religiosa e histórica” que o jovem Benjamin apontara, em 1918, como o objetivo primeiro de sua filosofia ainda por vir. Por outro lado, a profunda ligação entre crítica e verdade que se anuncia neste estudo sobre o livro de Goethe dimensiona o alcance dos trabalhos posteriores do autor, tanto os numerosos ensaios de crítica literária que ele escreveu a partir do início dos anos 1920, quanto os de crítica da cultura e outros, muitas vezes inclassificáveis. Visto como um farol que ilumina do alto o antes e o depois, o estudo sobre As afinidades eletivas confere à obra de Benjamin uma curiosa unidade. À primeira vista, a natureza própria do corpus benjaminiano parece comprometer essa interpretação. Seu caráter ensaístico e fragmentário, aliado ao esoterismo do estilo, remete-nos, antes, a uma estranha ilegibilidade. Mas esta filosofia, inegavelmente inovadora, é também obstinada. Os mesmos motivos, os mesmos conceitos, insistentemente se repetem, ainda que modificados, reenviando um ensaio a outro e de forma que os textos se relacionem entre si. Assim, ao traçar as correspondências entre o estudo sobre As afinidades eletivas e aqueles que com ele se conectam intimamente — principalmente quer encontrar a engrenagem dessa reflexão. Ou seja, trazer à luz essa configuração recorrente, que apresenta tanta unidade e coerência que se impõe afinal como “ideia”. Expor a “ideia” Benjamin: este é o objetivo. Segundo a epistemologia benjaminiana, a estrutura da ideia é “monadológica”; ela se manifesta como um todo em cada obra individual. Benjamin deixou bem claro o seu método: “na obra o conjunto da obra, no conjunto da obra a época e na época a totalidade do processo histórico”.1 Para os propósitos desta síntese, adotarei na leitura de Benjamin o seu próprio método, e o estudo sobre As afinidades eletivas se constitui como uma mônada, uma imagem em miniatura de seu pensamento. Mas se o pormenor nos faz chegar ao todo é porque permanece como rastro de um pensamento em movimento, de uma lógica que se repete. Será sempre uma ilusão enganosa tentar estabelecer uma imagem acabada desta filosofia. Nota 1 BENJAMIN, W., “Sobre o conceito de História”, tese XVII, in Obras escolhidas, vol. I, trad. Sérgio Paulo Rouanet, São Paulo, Brasiliense, 1985, p. 231.

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