0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ALLAN MARTINS MOHR AQUÉM DOS IDEAIS DA EDUCAÇÃO OU DAS (IM)POSSIBILIDADES DO TRABALHO DO PSICANALISTA EM ATENDIMENTO INDIVIDUAL NA ESCOLA CURITIBA 2011 1 ALLAN MARTINS MOHR AQUÉM DOS IDEAIS DA EDUCAÇÃO OU DAS (IM)POSSIBILIDADES DO TRABALHO DO PSICANALISTA EM ATENDIMENTO INDIVIDUAL NA ESCOLA Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Psicologia, Área de Concentração em Psicologia, Linha de Pesquisa em Práticas Educativas e Produção de Subjetividade, Departamento de Psicologia, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, como requisito obrigatório para a obtenção do título de Mestre em Psicologia. Orientadora: Prof.ª Dra. Luciana Albanese Valore CURITIBA 2011 2 Catalogação na publicação Sirlei do Rocio Gdulla – CRB 9ª/985 Biblioteca de Ciências Humanas e Educação – UFPR Mohr, Allan Martins Aquém dos ideais da educação ou das (im)possibilidades do trabalho do psicanalista em atendimento individual na escola / Allan Martins Mohr. – Curitiba, 2011. 117 f. Orientadora: Profª. Dra. Luciana Albanese Valore Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. 1. Psicanálise e educação. 2. Psicanalistas – Escolas. I. Título. CDD 616.8917 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes Coordenação de Pós-Graduação em Psicologia MESTRADO EM PSICOLOGIA ALLAN MARTINS MOHR “AQUÉM DOS IDEAIS DA EDUCAÇÃO OU DAS (IM)POSSIBILIDADES DO TRABALHO DO PSICANALISTA EM ATENDIMENTO INDIVIDUAL NA ESCOLA” Dissertação apresentada como requisito obrigatório para a obtenção do Título de MESTRE EM PSICOLOGIA, pelo Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Psicologia, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPR – Universidade Federal do Paraná, e _____________(aprovado/reprovado) pela Banca Avaliadora abaixo assinada. Prof.ª Dr.ª Luciana Albanese Valore Prof.º Dr.º Sidney Nilton de Oliveira Universidade Federal do Paraná Universidade Federal do Paraná Orientadora Co-Orientador Prof.º Dr.º Leandro de Lajonquière Prof.º Dr.º Fabio Thá Universidade de São Paulo – USP Faculdades Dom Bosco Titular Titular Prof.ª Dra.ª Nadja Nara Barbosa Pinheiro Universidade Federal do Paraná Titular Curitiba, 26 de agosto de 2011. 3 À Tatiane, minha esposa. Aos meus pais. Ao meu irmão. Por todo amor e apoio ao longo desta jornada da vida. 4 AGRADECIMENTOS “Somos anões apoiados em ombros de gigantes”, já ensinaria a sabedoria medieval em análise por Umberto Eco. E de fato, por esse motivo, somos compelidos a agradecer. Não tanto aos gigantes que nos suportam, pois, a eles nosso respeito e consideração perpassam nossos escritos e ditos, mas àqueles que nos auxiliaram a escalar suas costas. Agradeço a Deus, a minha esposa, a meus pais e ao meu irmão a companhia nesta jornada. A Professora Luciana Albanese Valore o olhar crítico e acolhedor. Aos colegas de mestrado – em especial Aline Anselmo, Angela Cristina Silva, Carolina Bosse, Christopher Santos, Daniel Brepohl, Rafaela Kamaroski, Renan Brezolin, Rodrigo Ceccon, Vanessa Soler, Vitor Hugo Paese e todos os demais nesses representados – as discussões e reflexões. Agradeço a Suely Poitevin e a Verônica Fleith a escuta cuidadosa. Agradeço aos colegas de trabalho a oportunidade de sempre aprender e (re)pensar minha atuação. E por fim – com certa licença poética e tomando de Machado de Assis e Alfredo Jerusalinsky seus pensamentos – agradeço ao leitor que singularmente, porque sujeito, corroerá as fibras mortas deste papel. Que faça bom proveito das palavras vivas nele inscritas e as distorça como bem desejar! 5 De Testimonio Animae Novum testimonium advoco immo omni litteratura notius, omni doctrina agitatius, omni editione vulgatius toto homine maius, id est totum quod est hominis. Consiste in medio, anima (...). Sed non eam te advoco, quae scholis formata, bybliothecis exercitata, academiis et porticibus atticis pasta sapientiam ructas. Te simplicem et rudem et impolitam et idioticam compello qualem te habent qui te solam habent, illam ipsam de compito, de trivio, de textrino totam. Q. SEPTIMIVS FLORENS TERTVLLIANVS. (TERTULLIANUS, s.n.). Of the Witness of the Soul I call a new witness: yea one more known than all writings, more a- stir than all doctrine, more public than all publications, greater than the whole of man, in other words that which is the whole of man. Soul, stand thou forth in the midst (…). But I summon thee not such as when, formed in the Schools, exercised in libraries, nourished in the academies and porches of Athens, thou utterest thy crude wisdom. I address thee as simple, and rude, and unpolished, and unlearned, such as they have thee who have nothing else but thee, the very and entire thing that thou art in the road, in the highway, in the shop of the artizan.1 Q. SEPTMIUS FLORENS TERTULLIAN. (TERTULLIAN, s.n.). 1 Eu invoco uma nova testemunha: sim, uma que é mais conhecida que todos os escritos, mais discutida que todas as doutrinas, mais pública que todas as publicações, maior que o todo do homem, em outras palavras, aquela que é o todo do homem. Alma, apresenta-te no centro (...). Mas eu não te invoco como quando formada nas escolas, exercitada nas bibliotecas, alimentada nas academias e nos pórticos de Atenas, mostra tua pura sabedoria. Dirijo-me a ti, simples e rude, bruta e ignorante, como em aqueles que têm a ti, e nada além de ti; única e inteira, como és na rua, na estrada, na loja do artesão. (Tradução do Autor). 6 RESUMO Esta pesquisa, desenvolvida como um estudo teórico, tem por objetivo responder a questão das possibilidades e impossibilidades de se fazer psicanálise numa instituição escolar. Para tanto, inicialmente, estuda-se a escola na contemporaneidade – e o que essa instituição social demanda de seus alunos e dos profissionais da psicologia – e a psicanálise conforme descrita e desenvolvida por Sigmund Freud – mais precisamente, o método psicanalítico, as teorias componentes da psicanálise e os instrumentos técnicos da psicanálise. Em seguida, partindo de reflexões sobre a psicanálise aplicada delineiam-se algumas possibilidades de atuação do psicanalista em um ambiente de ensino. Finalmente, apoiando-se em estudos sobre a interface psicanálise e educação propõe-se pensar os impossíveis de ambos os campos de saber e as (im)possibilidades do trabalho do psicanalista na escola. Conclui-se, então, que é válido falar em psicanálise aplicada na escola, muito embora não se possa garantir, a priori, que um ato será um ato analítico. Palavras-chave: Psicanálise. Psicanálise e Educação. Atuação do Psicanalista na Escola. 7 ABSTRACT This research, developed as a theoretical study aims to answer the question of the possibilities and impossibilities of doing psychoanalysis on an educational institution. For that, initially, we study the school in contemporary times – and what this social institution demands for its students and for the professionals in psychology – and Psychoanalysis, as described and developed by Sigmund Freud – more precisely, the psychoanalytic method, psychoanalytic theories components and the technical tools of psychoanalysis. Then, starting from the reflections on applied psychoanalysis, some possible performances of the psychoanalyst in a teaching environment are outlined. Finally, relying on studies of the interface between psychoanalysis and education we propose to think the impossible from both fields of knowledge and the (im)possibilities of the psychoanalyst's work at school. Then, we conclude that it is valid to speak of applied psychoanalysis in the school, although it cannot be guaranteed, a priori, that an act will be an analytical act. Key words: Psychoanalysis. Psychoanalysis and Education. Psychoanalyst’s Work at School. 8 SUMÁRIO 1. DA NEGATIVA PRIMORDIAL, O CERNE DE UM DESEJO ............................... 9 1.1. Trabalhos e dias............................................................................................. 9 1.2. Por uma genealogia da questão .................................................................. 11 1.3. Das partes em jogo ...................................................................................... 15 1.4. Por uma delimitação inicial .......................................................................... 19 2. AS DEMANDAS DA ESCOLA CONTEMPORÂNEA À LUZ DA PSICANÁLISE .................................................................................................... 23 2.1. Mas... e o aluno?.......................................................................................... 32 3. O OURO PURO DA PSICANÁLISE LIVRE ....................................................... 34 3.1. Do que (se) trata a psicanálise?.................................................................. 37 3.2. Fala que eu te escuto .................................................................................. 41 3.3. A Transferência ........................................................................................... 43 3.4. Deita que eu te escuto ................................................................................ 45 3.5. ‘Tantos florins, tantos ratos’ ........................................................................ 47 3.6. ...há tempo para todo propósito debaixo do céu .......................................... 48 3.7. Para toda ação, uma reação: a atenção flutuante....................................... 49 4. A PSICANÁLISE APLICADA ............................................................................. 51 4.1. Possibilidades de aplicação da psicanálise ................................................ 56 4.2. A instituição aplicada .................................................................................. 61 4.3. O psicanalista aplicado ............................................................................... 63 5. PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO: UMA LEITURA ................................................ 67 5.1. O surgimento da educação e da escola: um mito ....................................... 68 5.2. Os impossíveis da educação escolar .......................................................... 75 6. AS POSSIBILIDADES E IMPOSSIBILIDADES DO TRABALHO DE UM PSICANALISTA NA ESCOLA ........................................................................... 86 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 97 8. PÓS-ESCRITO: UM BREVE ENSAIO SOBRE O AMOR E A ESCOLA ......... 103 9. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 108
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